Categoria: Erramos
“Bad boys e foras da lei no futebol americano”, escrevemos na capa. Uiiiiiii! Tropeço na flexão. Fora da lei é invariável. Masculino, feminino, singular ou plural é tudo igual: o fora da lei, os fora da lei, a fora da lei, as fora da lei.
“Segundo estudo, uma vez degradadas, as chamadas florestas primárias — trechos de mata onde houve pouca ou nenhuma ação humana — nunca mais conseguem recuperar sua diversidade”, escrevemos na pág. 32. De uns tempos pra cá, não assumimos a afirmação. Pra fugir da responsabilidade, apelamos para o tal “chamado”. Melhor livrar-se do modismo medroso: … uma vez degradadas, as florestas primárias…
“A moratória virá mais cedo ou mais tarde, o tempo para a banca europeia se por a salvo”, escrevemos na pág. 11. Viu? Esquecemos as exceções da reforma ortográfica. Ela mandou os acentos diferenciais plantar batata no asfalto. Só manteve dois. Um deles: pôde, passado do verbo poder. O outro: o verbo pôr. Que tal devolver o chapéu ao pôr do texto? Ele agradece.
“Em entrevista ao Correio, Garcia-Sayan chama atenção ainda para as históricas desigualdades sociais na América Latina”, escrevemos na pág. 3. Cadê o artigo? A dupla é trio — chamar a atenção.
“Dilma brinca com o neto Gabriel no palanque lotado de ministros”, escrevemos na pág. 2. Tradução: Dilma tem mais de um neto. Falso, não? Ela só tem um. Termo explicativo, Gabriel vem entre vírgulas: Dilma brinca com o neto, Gabriel, no palanque lotado de ministros. No box da mesma página, cometemos a mesma falha a torto e a direito: “O talento do filho do ministro […]
“Em um telão, serão mostradas imagens das defesas e dos gol de Ceni”, escrevemos na pág. 2 do Super Esportes. Cadê o esse? Gol tem plural. É gols.
“No fim, eles levaram mais de R$ 2 mil que havia na caixa dos dois estabelecimentos e fugiu”, escrevemos na capa. “Vem mais mudanças por aí”, na pág. 25. Viu? Dois tropeços na concordância. Em ambos, ignoramos o sujeito. Por quê? No primeiro, porque ele está longe. No segundo, porque está depois do verbo. Nos dois, porque a distração falou alto. Melhor fazer as pazes […]
“Seis de cada 10 câmpus de instituições de ensino superior instaladas no DF estão espalhados pelas cidades”, escrevemos na pág. 19. Ops! Tropeçamos na concordância. Os câmpus é que foram instalados. Que tal fazer as pazes com a língua? Assim: Seis de cada 10 câmpus de instituições de ensino superior instalados no DF estão espalhados pelas cidades.
O ministro Marco Aurélio leu. Não acreditou. Leu de novo. Duvidou dos próprios olhos. Tornou a ler… era aquilo mesmo. Lá estava, na pág. 10, esta frase atribuída a ele: “De bens intencionados o Brasil está cheio”. O problema? O plural de bem-intencionado é bem-intencionados. Bens intencionados? Ops! É outra história. O ministro não tem nada a ver com ela.