No pacote de Guedes, figuravam cortes em benefícios destinados aos mais necessitados. Bolsonaro não concordou. E, sabido, criou uma frase de efeito pra ganhar uns pontinhos nas pesquisas de opinião: “Não podemos tirar do pobre pra dar ao paupérrimo”.
A fala ganhou espaço em jornais, rádios e tevês. A razão: Sua Excelência fugiu da mesmice. Usou paupérrimos em vez de muito pobres. O significado é o mesmo. Mas surpreendeu. E a surpresa, sabe-se, é uma das qualidades do estilo.
Supersuper
O adjetivo tem graus. Um deles é o superlativo. Como o nome diz, ele joga no time dos mais mais. Trata-se do elevado grau de determinada qualidade. O supersuper tem duas formas. Uma sintética, formada por uma só palavra. A outra analítica, formada por mais de uma.
Há exemplos pra dar, vender e emprestar. Um deles foi usado por Bolsonaro. Outros: inteligente (muito inteligente, inteligentíssimo), elegante (muito elegante, elegantíssimo), fácil (muito fácil, facílimo), difícil (muito difícil, dificílimo), amigo (muito amigo, amicíssimo), amável (muito amável, amabilíssimo), bom (muito bom, boníssimo), fiel (muito fiel, fidelíssimo).
Jeitos de dizer
A língua é pra lá de criativa. Às vezes quer dar ideia de superlativo sem usar o superlativo. Há jeitos. Um deles é repetir o adjetivo. Veja o exemplo de Castro Alves:
Teus olhos são negros, negros
Como as noites sem luar…