Autor: Dad Squarisi
Sem trocas Trabalhadores não paralisam as atividades por nada. Eles reivindicam direitos ou vantagens. Muitos acertam na meta, mas tropeçam na língua. Ao falar em reivindicação, brindam a palavra com uma letra a mais. Dizem “reinvindicação”. Nada feito. Pra evitar acidentes de percurso, melhor treinar — pronunciar devagarinho as sílabas em voz alta: rei-vin-di-car, rei-vin-di-ca-ção.
Por falar em letra… Atenção, moçada antenada. Paralisia, paralisação, paralisar se escrevem assim mesmo — com s.
Aquiles, o herói grego Tétis tinha um desejo. Queria que o filho fosse imortal. Como? Consultou deuses, mágicos e feiticeiros. Descobriu. Ela teria de mergulhar o bebê nas águas do Rio Estige. Oba! Segurou o garotinho pelo calcanhar e obedeceu à ordem. O calcanhar não se molhou. Virou o ponto fraco do gurizinho. Com o banho, Aquiles ficou com o corpo fechado. Não sentia dor […]
“Paulo Roberto Costa acredita que Nestor Cerveró e Fernando Baiano podem ter embolsado até US$ 30 milhões”, escrevemos na pág. 2. Ora veja! Muitos mataram e enterraram o subjuntivo. Nós estamos entre eles. Mas o homem põe e o texto dispõe. O período exige que o ressuscitemos. Assim: Paulo Roberto Costa acredita que Nestor Cerveró e Fernando Baiano possam ter embolsado até US$ 30 milhões.
“Embora sendo justas, as reivindicações dos trabalhadores não podem ser atendidas”, diz o secretário ao falar sobre a greve de servidores. Convenceu? Não. O homem tropeçou em estrutura pra lá de sofisticada. Trata-se do emprego da conjunção embora. A trissílaba bate pé e não abre. Inimiga do gerúndio, recusa a companhia de sendo, amando, partindo etc. e tal. A mocinha exige o subjuntivo: Embora sejam […]
“Não está descartado que represas como a de Cantareira sequem, provocando estragos na economia e no estado e do país”, escrevemos na pág. 8. Viu? Faltou releitura. Melhor: … provocando estragos na economia do estado e do país.
Alberto Nisman apareceu morto no apartamento dele em Buenos Aires. Ao lado, uma arma. As autoridades não perderam tempo. Rapidinho disseram que ele havia tirado a própria vida. Ninguém acreditou. Os argentinos juram que não foi suicídio. Foi homicídio. Enquanto não chegam a acordo, vale lembrar. Suicidar-se é sempre, sempre mesmo, pronominal (eu me suicido, ele se suicida, nós nos suicidamos, eles se suicidam): Nisman […]
DAD SQUARISI Mais de meio milhão de zeros no Enem? A notícia surpreendeu. Não pela nota. Mas pela quantidade de reprovados. Explicações caíram do céu e saltaram do inferno. Entre elas, a falta de familiaridade com o tema, a fuga do tema, a incompreensão do tema. Muitos responsabilizaram a internet pela calamidade. A rede teria o poder de deseducar. Quem escrevia deixou de escrever. Será? […]
Tenho percebido pessoas escrevendo “encontrasse” para dizer sobre a situação ou localização de algo ou alguém em frases do tipo: O sistema encontrasse operante. O professor encontrasse de férias. Pensei, por um momento, estar desatualizado. Pesquisei, mas não encontrei nenhuma resposta que me tranquilizasse. Você pode, por gentileza, ajudar-me na questão? (Paulo Passos) Quem cai na esparrela do troca-troca, Paulo, assina atestado de que não […]
“Candidato à presidência da Câmara, o líder do governo, Arnaldo Chinaglia, rebateu as acusações de que estaria oferecendo a congressistas cargos em troca de apoio na eleição para a presidência da Casa”, escrevemos na pág. 3. Ops! Que desperdício! O fim do período repete o princípio. Melhor conter-se. Assim: Candidato à presidência da Câmara, o líder do governo, Arnaldo Chinaglia, rebateu as acusações de que estaria […]

