Autor: Dad Squarisi
O governo promove tarifaço. Caminhoneiros fazem buzinaço. Mascarados se envolvem em badernaço. Brasileiros planejam manifestaço país afora. Eleitores recorrem ao telefonaço pra frear a farra dos deputados. Ufa! São tempos aumentativos. O sufixo -aço dispensa adjetivos. Sozinho, dá ideia de grandeza ou intensidade. O golaço de Neymar tem mais brilho que um simples gol. O ricaço tem conta bancária mais gorda que o humilde rico. A festança […]
Brasília parou. Manifestações fecham ruas e impedem o ir e vir da população. O assunto ganhou manchete do Correio Braziliense. “Cidade refém de protestos”, diz o texto. Leitores interessados na notícia e na língua, pararam, pensaram e perguntaram: “Por que reféns tem acento e hifens não? Ambas as palavras terminam em ens. A resposta tem tudo a ver com um dos caprichos da língua. Desde […]
O Acre vai morrer afogado? O estado, que sofre a maior cheia em 132 anos, virou notícia. Com as manchetes pintaram duas dúvidas. Uma delas: qual o adjetivo pátrio de Acre? É acriano. Assim mesmo, com i. A outra: por que enchente se grafa com ch? Em português, impera esta regra — a família fica acima de tudo. Daí por que cheio, encher, enchente. Se a […]
“Quem tiver de pagar, vai pagar”, escrevemos na capa. Ops! A vírgula separa o sujeito do verbo. É frasecídio. Melhor devolver a cabeça ao corpo. Assim: Quem tiver de pagar vai pagar.
O radialista Airton Medeiros entrevistava ao vivo na Rádio Nacional a presidente de uma associação de cegos. Dizia que ela era cega. Lá pelo meio do programa, recebeu um papelzinho com a recomendação de que a tratasse de “deficiente visual”. Antes de obedecer à ordem, Airton perguntou se deveria continuar tratando-a de cega ou de deficiente visual. Ela aproximou as mãos do rosto dele até tocar os […]
Grosso modo ou a grosso modo? Ouço as duas formas. Não sei qual delas é correta. Pode me ajudar? Júlia Nóbrega) A expressão é pra lá de ardilosa. Muitos a presenteiam com a preposição a. Nada feito. Ela dispensa a muleta. Prefere manter a duplinha — grosso modo. As duas palavras querem dizer de modo grosseiro, impreciso, aproximado: A pesquisa revelou, grosso modo, mais de […]
A gente chama atenção ou chama a atenção? (Carmem Silva) A gente chama a atenção de alguém. Eu chamei a atenção de Maria. Maria chamou a atenção de Paulo. O chefe chama a atenção para o uso das máquinas.
“O fisco cobra valores de imposto de renda que ela não recolheu”, escrevemos na pág. 2. Ops! Imposto é nome próprio. Escreve-se com a inicial grandona: Imposto de Renda (IR), Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Flatônio José da SilvaNo título “É preciso saber gastar”, saiu este texto: “Mesmo assim, Dilma se precavê“. Corrigindo: Mesmo assim, Dilma se previne. Explicação – O verbo precaver é regular, mas defectivo, ou seja, só é conjugado nas formas rizotônicas (sílaba tônica no radical). Por isso, o presente do indicativo possui apenas a 1ª e a 2ª pessoa do plural: nós precavemos, vós precaveis. Não […]
Somos criaturas sociais. Por isso, adoramos conversar. No bate-papo, contamos casos, emitimos opiniões, citamos falas alheias. O verbo, claro, entra na roda e desempenha senhor papel no texto. Ele dá nuanças à declaração. Dizer — claro, pequeno, íntimo — é o mais neutro, mas nem sempre o mais adequado. Ao substituí-lo, abra os olhos e limpe os ouvidos. Sem atenção plena, você pode confundir as bolas […]

