Autor: Dad Squarisi
Noventa entre 100 brasileiros tropeçam na regência do verbo preferir. Dizem “prefiro isto do que aquilo”. Valha-nos, Deus. Pisam feio na construção da frase. A gente prefere uma coisa a outra (não do que outra). Prefere alguém a outro alguém (não do que outro). Nota 10 para: Prefiro morrer de pé a ficar de joelhos. Os brsilienses preferiram ir às ruas a ficar em casa. […]
“Terroristas fazem mais mal à causa do que bem.” A frase acendeu uma dúvida na cabeça dos leitores. Não sobre o conteúdo da afirmação, mas sobre o emprego de “mais mal”. Está certo?Está. Mais bem e mais mal têm vez em dois empregos: 1. Comparação de características: Alimentos gordurosos fazem mais mal à saúde do que bem. Em certos casos, correr faz mais bem do […]
Que medão! A gripe veio furiosa. Está levando adultos e crianças para o outro mundo. O que fazer? Melhor prevenir que remediar. Ou morrer. Hoje começa a vacinação contra a gripe. Vamos lá? Por falar em gripe… O nome da doença que dá moleza, dor no corpo, febre e rouba o apetite vem do francês. Gripper, na língua de Cervantes, quer dizer agarrar. O verbo […]
Surpreender o outro. O presidente de um banco comunicou ao colega que mudara a sede da agência do centro de São Paulo para Paraty. A resposta: “Que inveja! Quem me dera estar em seu lugar!”
Olho vivo, moçada. Escrever os numerais ordinais por extenso provoca uma senhora tentação. A vontade de pôr o hífen é quase irresistível. Seja forte. Resista. A indicação de ordem é livre e solta — sem o tracinho: quinquagésimo oitavo, décimo primeiro, vigésimo quarto, centésimo sexagésimo quinto.
Você é apressado? Então é do time dos que comemoram o “aniversário” de um mês do namoro, do casamento, do nascimento do filho. Manda convites. Promove festa. Apaga velinha. Abra o olho. Nesse ritmo, o calendário vencerá você. Tudo envelhecerá rapidinho, rapidinho. Para que a carroça não vá na frente dos bois, bata palmas para o 1º mês disto ou daquilo. Aniversário? Tenha paciência. Espere […]
Brasília completou 58 anos. Bandas de música e tapetes vermelhos não faltaram. Abusos tampouco. No calor dos festejos, lá estava: “A capital comemora o aniversário de 58 anos”. Valha-nos, Deus! Xô, redundância! Aniversário contém a palavra ano. Significa dia em que se somam 12 meses que se deu certo acontecimento. Aniversário dispensa ano. Ano dispensa aniversário. Em bom português: Brasília comemorou 58 anos. Brasília comemorou […]
“O ato central da minha vida foi a existência das palavras e a possibilidade de tecê-las em poesia.”
Haja visto é forma do verbo haver. Flexiona-se: É importante que eu haja visto o filme para fazer o comentário. É importante que ele haja visto o filme para fazer o comentário. É importante que nós hajamos visto o filme para fazer o comentário. É importante que eles hajam visto o filme para fazer o comentário. Haja vista é invariável. Significa veja-se: Ele viu […]
Alguém disse que a língua é um sistema de ciladas. Pensava, com certeza, no haver. O verbo ora é pessoal. Conjuga-se em todas as pessoas. Ora, impessoal. Só se flexiona na 3ª pessoa do singular. Lidar com ele parece difícil. Mas não é. Basta entender-lhe as manhas. Uma vez conhecidas, fica a certeza: o leão é manso como o gatinho lá de casa. Pessoal O […]