Autor: Dad Squarisi
“A senhora sabe latim? Não. É por isso que me pergunta se prefiro Pope a Virgílio. Ah, minha senhora, todas as nossas línguas modernas são secas, pobres e sem harmonia em comparação com as que falaram nossos primeiros mestres — os gregos e os romanos. Somos apenas violinistas de aldeia.”
O complemento se escreve sempre no plural: caixa de fósforos, caixa de joias, caixa de bombons, caixa de balas, caixa de cotonetes, caixa de grampos, caixa de surpresas.
Pagar joga no time dos verbos generosos. Oferece mais de uma forma para que o freguês escolha. O mão aberta tem dois particípios — pago e pagado. Com os auxiliares ter e haver, aceita um e outro sem fazer cara feia: Os brasileiros têm pago (ou pagado) preços extorsivos. O cliente havia pago (ou pagado) a conta quando a sobremesa chegou. A dissílaba e a […]
Postos elevam o preço de combustíveis. O motorista, sem alternativa, paga. Mas põe a boca na rede. Denuncia quem abusa do direito de abusar. As consequências, como repete o conselheiro Acácio, vêm depois. Os clientes sumirão. Que doooooooooooor! Atingirão a parte mais sensível do comércio. Vale, pois, conhecer a origem da poderosa criatura. Boicote vem do nome de Charles Cunningham Boycott. Ele administrava propriedades de […]
“Boa sorte, Neymar, Tite e cia.”, escrevemos na primeira página. Nota mil. Neymar, Tite e cia. são vocativos. Marginal da oração, o termo não se mistura. Separa-se sempre, sempre mesmo, por vírgula. É o caso de Pra frente, Brasil. Fora, Temer. Deus, ó Deus, onde estás que não me escutas?
“…e ressaltou que, para chegar aos R$ 0,46 de redução, o governo está assumindo sacrifícios no Orçamento”, escrevemos na pág. 2. Viu? Tropeçamos na concordância. Zero é singular. O artigo que o acompanha deve se submeter a ele. Assim: …e ressaltou que, para chegar ao R$ 0,46 de redução, o governo está assumindo sacrifícios no Orçamento.
Olha a pressa, gente. Cheque e xeque soam do mesmo jeitinho. Mas não se conhecem nem de elevador. Cheque é documento bancário. Pode ter fundos ou não. Daí cheque sem fundos, cheque com fundos (não fundo). Xeque é jogada de xadrez (xeque-mate). Xeque-mate significa “o rei está morto”. A expressão pôr em xeque quer dizer pôr em dúvida o valor, a importância, o mérito. É […]
Alan Kevedo assistia ao Fantástico. Estava atento, interessado na notícia. De repente, não mais que de repente, a reportagem disse que “as formigas se proliferam”. Bobeou. Ele explica: “Proliferar não joga no time dos verbos pronominais. Intransitivo, dispensa complementos: As formigas proliferam. Os ratos proliferam nos terrenos baldios”.
Temer fez pronunciamento em rede nacional. Lá pelas tantas, disse que o movimento dos caminhoneiros “pode fazer perecer também vidas”. Você entendeu? O dicionário diz que perecer é morrer: Paulo, depois de muito sofrimento, pereceu. Sem apoio, a candidatura pereceu no nascedouro. As plantas precisam de cuidado para não perecer. Talvez Sua Excelência tenha querido dizer isto: O movimento dos caminhoneiros pode matar. O movimento […]
“O governador de São Paulo media as negociações com os caminhoneiros”, disse o repórter. Ele, como 99% dos brasileiros, tropeçou num dos verbos mais traiçoeiros da língua portuguesa. Mediar e remediar fazem parte da gangue do MARIO. Conhece? O nome da turma barra pesada se formou com a letra inicial de cada membro — mediar, ansiar, remediar, incendiar e odiar. Todos se conjugam como odiar: odeio (medeio, anseio, remedeio, incendeio), […]