Autor: Dad Squarisi
Fique a distância A locução a distância, à distância é outra vítima da incompreensão gramatical. Às vezes, o substantivo distância anda na companhia do artigo. Outras, dispensa o acompanhante. Vale o exemplo do aviso que aparece na traseira de ônibus e caminhões: Mantenha distância. Daí: À distância só tem vez se a distância for determinada: Vi Maria à distância de mais […]
Falsa crase, a enganadora Nem sempre o grampinho resulta da fusão de dois aa. Às vezes, a clareza fala mais alto. Apela-se, então, para a falsa crase. Usa-se à. É o caso de vender à vista. Aí, não ocorre o encontro dos dois aa. No tira-teima, fica clara a ausência do artigo: vender a prazo. Por que o à? Para evitar […]
Ora, a hora Que escravidão! O relógio não dá sossego. É hora de pular da cama, hora do banho, hora do café, hora do ônibus, hora do ponto, hora da reunião, hora do almoço, hora do banco, hora da consulta, hora do lanche, hora da carona, hora da faculdade. Ufa! Conclusão: hora é pra lá de poderosa. Contra ela, não adianta lutar. […]
O nome dela, questão de preferência Nome próprio pede artigo? Depende da região. Os nordestinos não suportam pôr o a ou o o na frente do nome. Dizem: Encaminhei as cartas para Maria.Maria saiu.Paulo é irmão de Luiza. Os sulistas, só pra contrariar, adoram o artigo: Encaminhei as cartas para a Maria. A Maria saiu. O Paulo é irmão da Luiza. […]
Demonstrativo, amor oculto Na língua rolam muitas histórias de amor. Uma é velha conhecida nossa. Trata-se da paixão da preposição a pelo artigo a. Eles juntaram os trapinhos há tempo. Desde então, perderam a individualidade. Viraram à. Outra é o da preposição com os demonstrativos. Tudo começou com o nascimento dos pronomes aquela e aquele. Eles têm irmãozinhos gêmeos – a e o. […]
Masculino, será que é? “Bebê à bordo”, anunciam decalques cidade afora. “Estou à caminho”, escreve o namorado à amada. “Carro movido à álcool”, dizem os classificados. Nada feito. A regra é pra lá de sabida: o acento grave não tem vez antes de nome masculino. A razão? Machinhos não aceitam o artigo a. Sem ele, nada de casório. Mas há construções em […]
Possessivo, aparências que enganam – Crase antes de pronome possessivo? Os precipitados têm a resposta na ponta da língua: – É facultativa. Os atentos pensam duas vezes: – Depende da frase. E daí? O pronome possessivo goza de privilégios. Ora vem acompanhado de artigo. Ora não. Por isso, a gente pode dizer: Minha cidade tem duas agências dos Correios. A minha cidade tem duas agências dos Correios. […]
Palavras repetidas Que tentação! Certas construções dão coceira na mão. Diante delas, o desejo parece irresistível. Ao menor descuido, lá está o acentinho comprometedor. Com ele, lá vamos nós arder no mármore do inferno. Seguuuuuuuuuuuuuuuuuu! Uma tentação satânica são as palavras repetidas. Ao vê-las, dobre os cuidados. Pare, pense e controle-se. Lembre-se de que as duplinhas têm alergia à crase. Não aceitam o sinalzinho nem […]
Os casadinhos Que confusão! De…a. Da…à. Um a tem crase. O outro vem soltinho e feliz como pinto no lixo. Por quê? A razão é uma só: mania de imitação. A língua copia a vida. Lá e cá existem os casais. A duplinha tem uma marca. Um par anda com o outro. Em outras palavras: o que acontece com um acontece com o outro. […]
Vou a Brasília? Vou à Brasília? Fui a Paraíba? Fui à Paraíba? Ia a França? Ia à França? Eta dor de cabeça! Nome de cidades, estados e países são cheios de caprichos. Ora dão vez ao grampinho. Ora, não. No aperto, a gente chuta. O resultado é um só. A Lei de Murphy, gloriosa, pede passagem. O que pode dar errado dá. Como safar-se? […]