Autor: Dad Squarisi
Cruzamento sintático Imagine a cena. Paulo tem na mão meio copo de Coca Cola. Luís tem meio copo de guaraná. Eles resolvem fazer uma combinação. Misturam a Coca com o guaraná. Dá uma bebida estranha. Ninguém sabe o que é. A única certeza é esta: a bebida não é Coca Cola. Nem guaraná. Na língua também ocorrem misturas heterodoxas. São os cruzamentos. […]
Adivinha de onde vem a palavra glamour? Vem de grammar, gramática em inglês. Os escoceses lançaram a moda. No século 17, grammar virou glamer – qualidade de quem falava bem, sem erros, de acordo com a norma culta. Quem tinha glamer? As pessoas educadas, vestidas com elegância, pra lá de chiques. A palavra andou por diversas línguas. Daí para significar charme, encanto pessoal, magnetismo […]
Domingo o povo votou. Escolheu os mandachuvas municipais. Das oito da manhã às cinco da tarde, eleitores saíam de casa e se dirigiam à zona eleitoral. Foi a festa da democracia. Depois, veio a apuração. Prefeitos que se elegeram de primeira. Outros terão de continuar a luta. Sem conseguir a maioria dos votos, vão disputar o segundo turno. Será um pega-pra-capar. A […]
O português é uma língua muito difícil”, escreveu o barão de Itararé. “Tanto que calça é uma coisa que se bota, e bota é uma coisa que se calça.” Como quem não quer nada, o sabido ensinou uma lição. Na brincadeira, frisou a importância da propriedade vocabular. A gente calça sapato, bota, tênis, meias e luvas. E veste, bota ou põe saias, blusas, […]
“Todas as cartas de amor são ridículas / não seriam cartas de amor se não fossem ridículas…/ Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas.” (Fernando Pessoa)
No post “Redação 19”, você escolheu o período sem eco. Qual é ele? a. O crescimento sem desenvolvimento pode implicar incremento do subdesenvolvimento. b. Crescer sem preocupação com o desenvolvimento pode implicar mais atraso. Escolheu a letra b? Acertou. A letra a maltrata o ouvido até de operador de britadeira. Cruz-credo!
“O servidor é quem deve decidir como e quando irá pagar”, escrevemos na pág. 21. Que coisa! Bobeamos na indicação de futuro. No português nosso de todos os dias, há duas formas de anunciar o porvir. Uma é o futuro simples (pagarei, pagarás, pagará). A outra, o composto, formado pelo presente do verbo ir + o infinitivo do verbo principal (vou pagar, vai […]
A crise trouxe os economistas ao cartaz. Com eles, a tal história da “fuga massiva de capitais”. Massiva? Cruz-credo! A trissílaba não existe. A palavra que figura no dicionário é maciça — fuga maciça de capitais.
O segundo turno está no ar. Os candidatos querem fazer bonito. Contratam marqueteiros. Fantasiam-se de bonzinhos, trabalhadores e competentes. Ensaiam o discurso. Esbanjam próclises e mesóclises. Acertam formas rizotônicas e arrizotônicas. Sobretudo evitam o eu. O pronomezinho dá a impressão de arrogância. Saída? Os sabidos recorrem a truques. A maioria parte para o plural de modéstia. Em vez do eu, usa nós. É […]