As aspas são os urubus do texto. Use-as com a parcimônia do pai mineiro que aconselha o filho ansioso por criar asas e voar:
– Meu filho, não saia. Se sair, não gaste. Se gastar, não pague. Se pagar, pague só a sua.
Uso obrigatório.
Quando dar a vez às casadinhas? Em cinco ocasiões, muitas pra lá de conhecidas. Ei-las:
1. Citações: “Quem tem medo do ridículo não alcança o extraordinário.” (Margarida Lima) “Tudo vale a pena se a alma não é pequena.” (Fernando Pessoa) “É melhor cair das nuvens que do 6º andar.” (Machado de Assis)
2. Declarações literais. É o que o outro diz, sem tirar nem pôr: O presidente criticou duramente o que os adversários chamaram de “oportunismo”. “Vou mudar o ensino médio”, disse o presidente Michel Temer. “Greve de militar tem nome — motim”, afirmou o governador.
3. Palavras usadas em sentido diferente do habitual (em geral com ironia): Os participantes dos arrastões querem “administrar” os bens dos banhistas. O presidente cedeu “cordialmente” à pressão dos congressistas.
4. Nome de capítulo de livro, poema, crônica, conto e similares: O conto “Dia da caça”, de Rubem Fonseca, faz parte do livro O cobrador. Conhece o poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Manuel Bandeira? Li o artigo “As cidades e a prática da cidadania”, de Jaime Pinsky.
5. Apelido intercalado ao nome próprio: Maria das Graças “Xuxa” Menegel.
Olho vivo, marinheiro de poucas viagens. Se o apelido é incorporado oficialmente ao nome, xô aspas: Luiz Inácio Lula da Silva. (Lula era apelido. Virou nome com registro em cartório.)