Abram alas, que o samba vai passar

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É carnaval. Abram alas, que o samba quer passar. E passa. Na alegre Pindorama, a cantoria começou com Donga. “Pelo telefone” abriu o caminho. Cartola, Pixinguinha, Monsueto de Menezes, Noel Rosa, Clementina de Jesus seguiram-no. Hoje existe uma certeza: “Quem não gosta de samba / Bom sujeito não é / É ruim da cabeça / Ou doente do pé”. E uma dúvida: qual o berço da palavra carnaval?

Carnaval vem de carne. Significa dias em que a carne é liberada. Opõe-se à quaresma, período de abstinência. Como festa pagã, escreve-se com a inicial minúscula. Antes de chegar a este país tropical, a palavrinha bateu pernas. Desembarcou aqui por via do italiano carnevale. Mas seu berço é o latim. Lá, significava adeus à carne.

Verde-amarela

A festa deitou e rolou nesta terra mestiça. Ganhou identidade verde-amarela e deu filhotes. Dela nasceu carnavalesco. O sufixo –esco, velho conhecido nosso, aparece em adjetivos. Mas não qualquer adjetivo. Só em derivados de substantivos. As quatro letrinhas querem dizer semelhante, parecido. Carnavalesco é semelhante a carnaval; dantesco, a Dante; burlesco, a burla (zombaria); momesco, a momo; quixotesco, a Quixote, o cavaleiro da triste figura.

Às vezes, o -esco muda de cara. Vira -isco. Mas mantém o significado. É o caso de mourisco, referente ou semelhante a mouro.

Neto & cia.

A família cresceu. Veio o neto – o advérbio carnavalescamente. Reparou? Ele é filho do adjetivo (carnavalesco). Cuidado ao usá-lo. Dizer que uma pessoa se comporta carnavalescamente às vezes ofende. O recado é este: você age como se estivesse no carnaval. Parece palhaço.