Dad Squarisi // dad.squarisi@correioweb.com.br
Algo está mudando neste país de muitos discursos e pouca coerência. O professor serve de exemplo. Todos vêem o mestre com reverência. Referem-se a ele com respeito. Lembram-se de docentes que lhes marcaram a vida. Não faltam os que afirmam que se tornaram referência nesta ou naquela disciplina graças à influência exercida pelo professor. Pela mesma razão escolheram a carreira na qual brilham.
As louvações não são de hoje. Dom Pedro II repetia sem cansar: “Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências juvenis e preparar os homens do futuro”. Nenhum governante, de lá até cá, ousou dizer o contrário. Mas às palavras não correspondiam atos. O magistério virou carreira de quem não tinha condições de disputar vaga de médico, advogado ou administrador. Empregadas domésticas tornaram-se as principais candidatas aos cursos de pedagogia.
A deterioração da qualidade do ensino seguiu progressão geométrica. Hoje nem as escolas particulares oferecem porto seguro. Elas, como as públicas, recrutam os profissionais no mesmo mercado. Alunos, depois de 2, 3, 4, 5 anos de estudos, não se alfabetizam. Ou, alfabetizados, não entendem o que lêem. Avaliações nacionais e internacionais mostram o fiasco em que se transformou a educação. A sociedade globalizada exigiu mudanças. Elas estão vindo.
A aprovação do piso do magistério de R$ 950 é uma delas. (Nada menos que 40% dos professores brasileiros ganham menos que esse valor.) O GDF foi além. Anunciou o 14º salário para a categoria. Mas o bônus não é automático. Para recebê-lo, o professor tem de cumprir metas fixadas no Ideb. Engenhosas, elas combinam dois indicadores — fluxo e aprendizagem. Ao exigir que a criança aprenda o que tem de aprender na idade certa, o GDF derruba duas indústrias — a da repetência e a da aprovação automática. Põe abaixo, também, a vitimização do professor. Professor é profissional e como tal deve ser tratado. Competência, produtividade, dedicação e desempenho contam. Devem ser recompensados.
(Artigo publicado na editoria de Opinião do Correio Braziliense)