A frase tem três virtudes. A primeira: clareza. A segunda: clareza. A terceira: clareza. Montaigne deu essa lição há 400 anos. Até hoje as coisas não mudaram. A clareza ainda é a maior qualidade do texto. Por isso, todos que escrevem para ser entendidos não poupam esforços para chegar lá.
Há truques que facilitam a tarefa. Um deles: livrar-se de palavras que tornam o enunciado obeso. Elas parecem inofensivas. Mas causam estragos. É o caso do pronome possessivo:
No seu pronunciamento, o presidente frisou a importância das reformas.
Reparou? O seu não tem função. Sobra. Pau nele:
No pronunciamento, o presidente frisou a importância das reformas.
Mais um caso
No acidente, quebrou a sua perna direita, fraturou os seus dedos da mão esquerda, arranhou o seu rosto.
Cruz-credo! Rua! Antes das partes do corpo, o possessivo não tem vez. Sem ele, a frase respira aliviada:
No acidente, quebrou a perna direita, fraturou os dedos da mão esquerda, arranhou o rosto.
Outro
Temer garantiu aos parlamentares que o seu esforço levaria à aprovação da reforma da Previdência Social.
Esforço de quem? Do presidente? Dos deputados? Melhor jogar luz sobre o enunciado:
Temer garantiu aos parlamentares que o esforço deles levaria à aprovação da Reforma da Previdência.