Como parecer que entende de vinhos mesmo sem saber de nada.
(ATENÇÃO ESTE ARTIGO SÓ CONTÉM IRONIAS APESAR DE UTILIZAR INFORMAÇÕES VERDADEIRAS)
Quando se deparar com algum destes temas balance a cabeça em negação e fale mal, afinal quem entende de vinho NÃO pode gostar de:
(ATENÇÃO NOVAMENTE: este texto contém fortes doses de ironia)
- bag in box
- uvas Primitivo e Carménère
- Vivino
- Vinho de lata
- Vinhos tintos brasileiros
- Clubes de venda de vinho
- Mesas de queijos e vinhos (coisa superada)
- Regras de harmonização (cada um faz o que gosta)
- Vinhos chaptalizados (mesmo sem saber o que é e quais são)
- Vinhos em que a madeira passa por eles (mesmo sem saber quais são)
- Vinhos com passagem em barrica que não seja de 1º. uso
- Vinhos com menos de 13% de álcool
Quando degustar o vinho de uma destas uvas quem ACHA que entende de vinho TEM que comentar: (ATENÇÃO: as verdades e as ironias continuam)
- Este gewürstrazminer tem aroma de lichia.
- O Sauvignon Blanc é da Nova Zelândia? Aroma de xixi de gato.
- O Cabernet Sauvignon é do Chile? Tem muito mentol e pimentão verde (pirazina, sugiro decorarem este termo).
- Pinot Noir só da Borgonha (esqueceram que não podem gostar de chaptalização, que é o acréscimo de açúcar ao mosto da uva para aumentar o grau alcoólico do vinho durante a fermentação).
Já lembrei de mais outras daquelas afirmações categóricas: quem entende de vinho não compra suas garrafas em supermercados. Elogia, mesmo antes de provar, os vinhos que estão em garrafas pesadas, com rótulos negros e que tenham aquele buraco do fundo bem grande.
Na verdade, ninguém precisa entender de vinho para gostar dele, esta preocupação em entender pode acabar por prejudicar o prazer em desfrutar desta bebida tão especial. Eu, por exemplo, não entendo nada sobre iogurte, mas gosto muito. Mas, sou professor em cursos de vinhos e não posso deixar de afirmar que à medida que temos mais conhecimento poderemos extrair mais informações do vinho que degustarmos, no mínimo valorizando o nosso investimento financeiro.
Porém o problema está naqueles eno-gênios que quase nada sabem, mas que acham que conhecem muito. Aquele cara com um menor conhecimento sobre vinho, mas, porque toma vinhos caros e famosos se considera melhor qualificado que os especialistas para deitar falação e explicações.
Isto tem até nome na psicologia. É o efeito Dunning-Kruger: quanto menos uma pessoa sabe, mais ela acha que sabe! A explicação para isto é relativamente simples, para estarmos cientes da nossa própria ignorância sobre um tema, temos que ter um mínimo de conhecimento sobre ele. Assim, quem quase não sabe nada, tem a certeza que conhece tudo. Atenção! Não estou me referindo aos Sommeliers de vacina, aqui tratamos apenas de vinho.
Mas, todo mundo sofre do efeito Dunning-Kruger em algum grau; afinal, ninguém consegue ser especialista em tudo. Querem um exemplo, eu aqui sofrendo da Síndrome do Sabe-Tudo e deitando falação sobre o efeito Dunning-Kruger.
2 thoughts on “Como parecer que entende de vinhos mesmo sem saber de nada.”
O conhecimento sobre vinhos, real ou imaginário, virou capital social, jogado na mesa igual carta de truco. Na era do relativismo ninguém admite ser questionado, por mais surreal que seja a afirmação (“acho esse círculo bem quadrado, é a minha opinião”).
Tem um acadêmico chileno que publicou um estudo comprovando o efeito Dunning-Kruger em consumidores de vinho, vou te mandar. Parabéns pelo artigo! 😀
Vou ler o estudo. Obrigado