A TERCEIRA MARGEM DO VINHO

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A TERCEIRA MARGEM DO VINHO

Existem vinhos, poucos é certo, de tal qualidade e com uma tal soma de informações, que não se definem à primeira prova sensorial. Trazem tantas possibilidades de análises, que para defini-los precisamos transitar por muitos saberes. Mas insistimos, pois o que está oculto ainda pode se revelar

Parafraseando Roland Barthes, crítico literário e filósofo francês, conhecer este vinho seria “um beber levantando a cabeça”, procurando desvendar o enigma que se encontra dentro da taça.

Como sabido, as coisas não possuem apenas dois lados. Assim também é na degustação, que não se resume apenas ao vinho e ao degustador. Existe o momento da degustação, o seu ambiente, clima, taças adequadas e circunstâncias. Se para Guimarães Rosa, no seu conto A Terceira Margem do Rio, a canoa traça uma terceira margem temporária por onde passa, o momento da degustação se torna transitoriamente um terceiro lado junto ao vinho e o degustador. A degustação é obra de um instante.

O mesmo degustador, com o mesmo vinho e repetindo todas as mesmas circunstâncias, não obterá o mesmo resultado da experiência anterior.

“Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras.” (Heráclito)

“e a canoa saiu se indo….”

“…., eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — (final do conto)

 

TRILHAS DO TEXTO

conto  “A terceira margem do rio” de Guimarães Rosa, autor do Grande Sertão: Veredas

Roland Barthes, “O prazer do texto”

Heráclito de Éfeso. filósofo pré-socrático

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