A harmonização do vinho e a teoria dos 3 corpos
Atenção pessoal da correção de texto, não são 3 copos, são 3 corpos mesmo.
Meu desconhecimento sobre algumas matérias atinge as raias da perfeição, mas, sobre a gravitação universal, minha falta de sabença é ainda mais que perfeita. Mesmo assim vou me arriscar a dar uns pitacos sobre o tema.
Assistindo a série O Problema dos 3 Corpos. Já estava reclamando que os tais 3 corpos não apareciam quando entendi que eram corpos celestes e que o título da série se referia a um conceito da física, coisa derivada das leis de movimento de Newton.
Seria algo assim, vou citar o que pesquisei: “quando dois corpos de massa concentrada interagem gravitacionalmente entre si, sempre será possível prever seus movimentos. A partir disso, é possível calcular suas rotas e velocidades.” Guardem esta informação: com apenas dois corpos a situação é previsível.
Mas se um terceiro corpo for incluído nesta roda, não há como saber o comportamento de tais corpos. Este é o chamado “problema dos 3 corpos”. Na série um planeta distante possui 3 sóis e as estações são um caos e duram séculos.
Na hora lembrei da minha última aula sobre harmonização de vinhos para uma turma de uns 20 alunos.
As regras de harmonização não são lei entalhadas na rocha que não podem ser alteradas, mas sua origem está na experiência acumulada de milhares de degustadores. Seguem as reações normais da fisiologia humana. Ex. acidez nos faz salivar. Um esquimó que nunca viu um limão na vida irá salivar com o seu sumo.
Já consigo ouvir aquela história do meu vinho minhas regras. Conversa cansativa. Vamos em frente.
Não vou dar um curso agora de harmonização, apenas alguns exemplos das regras básicas.
A harmonização pela proporção das forças talvez seja uma das regras mais básicas, comida leve com vinho leve; comidas de peso médio com vinhos de corpo médio e comidas pesadas com vinhos mais intensos.
Acidez harmoniza com acidez e com doçura. Amargor com doçura dá match, já com sal não forma. Imaginem o café amargo com sal.
Repararam uma coisa? Lembram da informação que pedi para guardarem? A regras funcionam com apenas dois corpos, comida e vinho. E quando o terceiro corpo entra na equação? O degustador! Pelo exemplo que tive com os alunos imagino que seja impossível prever o que virá.
Um não gosta de verdinho, outro não suporta acidez, mais alguns que só gostam de vinho encorpado e com tudo muito; aí tem quem só quer vinho docinho. E a cebola? “Crua faz croc quando eu mastigo!” Acreditem tem até quem não coma arroz!
Como fazermos para resolver este problema quando nos consultam sobre harmonização? Adotando a mesma solução que os cientistas e físicos adotam para a interação gravitacional dos 3 corpos celestes. Simplesmente ignoram um deles.
Nós também, quando tratamos de harmonização, ignoramos este terceiro corpo, o degustador, e nos concentramos nas regras de harmonização que são mais precisas, ou talvez, só menos imprecisas. A outra opção que aprendi nesta aula para a turma de 20 alunos seria pedir uma garrafa de vinho diferente para cada um deles (alerta de ironia).