Cosette Castro & Maria Bezerra
Brasília – Dezembro começa com o Dia Mundial de Luta Contra à AIDS, campanha que começou oficialmente há 38 anos em meio a muito medo, preconceito e falta de informações.
Mas a criação do Dia Internacional só foi possível porque, em 1987, um grupo de ativistas e pessoas convivendo com HIV/AIDS nos Estados Unidos se posicionaram do lado de fora da 3ª. Conferência Internacional sobre Aids em Washington.
Elas queriam ser ouvidas pela comunidade científica e pelas autoridades em um momento em que milhares de pessoas estavam morrendo, a maioria homossexuais, não havia tratamento e nada se falava sobre o tema.
Foi preciso muita mobilização, sensibilização das autoridades no mundo inteiro e muita pesquisa para que hoje a situação tenha se modificado. Isso aconteceu inclusive no Brasil, referência internacional em estudos, campanhas e acesso público e gratuito pelo SUS ao tratamento de HIV/AIDS.
Hoje existe no país prevenção combinada, teste rápido para diagnóstico, tratamento eficaz e, quando o paciente faz a manutenção correta do tratamento, pode viver saudável e com qualidade de vida. Ainda assim, a busca tardia por diagnóstico é um desafio a ser enfrentado.
A campanha contra o HIV/AIDS é dos exemplos de que quando a sociedade se mobiliza, mesmo em meio a dor, é possível barrar o estigma, a falta de informações e o preconceito. Outro exemplo potente no Brasil são as mulheres negras, que representam 28% da população.
Elas têm vidas marcadas por apagamentos, silenciamentos e desigualdades. Ainda assim, resistiram e se tornaram um movimento social potente que esteve nas ruas recentemente na Marcha das Mulheres Negras.
Para escrever sobre a Marcha e as mulheres negras, convidamos a assistente social, benzedeira e co-cuidadora familiar Maria Bezerra que participa do Coletivo Filhas da Mãe. Um olhar de quem esteve acolhendo as mulheres antes da Marcha e também de quem marchou pelas avenidas da Capital Federal.
Maria Bezerra – “Começo o texto com uma citação a Conceição Evaristo: ‘Eles combinaram de nos matar, mas a gente combinamos de não morrer” (Olhos d’Água, 2014) e volto ao mês de novembro.
Novembro de 2025 foi diferente. Em muitos lugares pelo país as mulheres se preparavam. Conforme o combinado, havia de ser após 10 anos a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver. Haja o que houver!
Chama a mulherada! Chama pra cuidar, chama pra acolher!
Foi assim que no dia 21/11, véspera do dia combinado, o Conselho Regional de Psicologia/DF montou seu terreiro para acolher quem chega. Em “gira”, as práticas integrativas para saúde e bem estar foram ofertadas por voluntárias terapeutas de biodança, benzedeiras, massoterapeutas, entre outras, para recepcionar e cuidar, preparar os corpos físicos e os corpos sutis para pôr os pés em Marcha.
Dez anos após, lá estávamos nós nos preparando e seguindo em centenas de ônibus pelas estradas do país, assim como nossas antepassadas rumo a Serra da Barriga/AL (local do Quilombo dos Palmares). Desta vez, para fazer um aquilombamento pelas vias largas de Brasília.
A madrugada e a manhã seguinte foi de lavagem, a chuva lavou e levou, mas também trouxe desconfortos para aquelas irmãs que não foram bem acomodadas. A chuva expôs ainda mais os pontos críticos da organização que precisarão estar na mesa de avaliação.
A estiagem que trouxe o céu de sol entre nuvens no meio da manhã do dia 22 foi como um ponto cardeal comum a anunciar tempo bom para marchar.
Próximo ao meio dia já era possível perceber a energia e vibração de Marielle, Dandara, Mahin e suas lutas que ainda são nossas, ecoadas nas vozes eloquentes e potentes de Anielle, Benedita, Conceição e também em tantas Anas, Claudias, Franciscas, Cidas, Marias, Deusas, Divinas e maravilhosas em cima e embaixo dos trios elétricos e carros de som.
Milhares de jovens, crianças, mais velhas e mais novas, batuques, chocalhos, cores e mais cores em pele, cabelos, tecidos, turbantes – essas coroas deslumbrantes que enfeitam cabeças e retomam o orgulho de nossa africanidade, de nossa originalidade e criatividade de ir à rua, de ir à luta por uma sociedade mais justa e solidária.
Marchar para denunciar, marchar para reivindicar, marchar para não morrer! ”
O Coletivo Filhas da Mãe esteve presente na Marcha das Mulheres Negras 2025. Uma Sociedade do Cuidado não cai do céu. É preciso estar presente e buscar políticas públicas para o fim da desigualdade e da discriminação. Isso é cuidado coletivo.
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