Cosette Castro
Brasília – No domingo fui fazer o registro na V Conferência Nacional de Políticas das Mulheres em Brasília. Havia uma longa fila de mulheres incríveis que atuam diariamente, formando redes de apoio, em busca de uma vida com dignidade.
São mulheres de todas as cores, raças, etnias, idades, profissões e territórios que estão enfrentando longas horas para chegar à Capital Federal. E elas estão chegando. São 4 mil mulheres oriundas de diferentes municípios e estados do país, entre elas delegadas eleitas, observadoras, convidadas e conferencistas.
As delegadas representam as Conferências Livres realizadas por movimentos sociais e órgãos de governo, e que posteriormente foram eleitas nas Conferências oficiais realizadas nos estados e Distrito Federal. Foram mais de 3 mil conferências em 2025, inclusive a Conferência Livre da Mulher Idosa coordenada em parceria pelo Fórum da Mulher Idosa e pelo Coletivo Filhas da Mãe. Este é um país em processo de envelhecimento, principalmente o feminino, que representa quase 19% dos 35 milhões de pessoas idosas no Brasil.
A última Conferência Nacional de Políticas para Mulheres aconteceu em 2016. Naquele ano, mais de 2,2 mil delegadas aprovaram propostas de políticas públicas para trazer “Mais Direitos, Participação e Poder para as Mulheres”.
Ninguém imaginava que haveria um golpe de Estado em 2016 contra a primeira presidenta mulher do Brasil, Dilma Rousseff, deposta por supostas “pedaladas fiscais” pelo Congresso Nacional.
As acusações se mostraram falsas na justiça e Dilma Rousseff foi inocentada em 2023. Atualmente ela é a presidenta do Banco dos Brics, nome do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição financeira multilateral criada em 2014 para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.
Em 31 de agosto de 2016 o ex vice-presidente Michel Temer assumiu o poder e, durante o seu mandato, congelou as verbas para educação e saúde, essenciais para reduzir a desigualdade social do país. E, em 2019, após ser eleito, Jair Bolsonaro, fechou vários ministérios e conseguiu a aprovação no Congresso da Reforma da Previdência Social. Ela diminuiu os direitos sociais e de aposentadoria das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros.
Foi preciso esperar até janeiro de 2023 para que o governo do Brasil voltasse a destinar orçamento para a população em situação de vulnerabilidade. Para sair do Mapa da Fome. Para estimular as vacinas, a saúde pública e o SUS, que acaba de completar 35 anos. Para reconstruir o Ministério das Mulheres, o Ministério dos Direitos Humanos e o Ministério da Cultura. Para criar os Ministérios da Igualdade Racial e dos Povos Indígenas, dando visibilidade e atenção às pessoas que mais necessitam no país. Entre elas, as pessoas idosas.
Foram longos anos de espera para criar as condições de voltar a fortalecer a Política Nacional para Mulheres que estava quase sem orçamento até 2022.
Menos mal que já estava consolidada a institucionalização das Conferências Nacionais de Políticas para as Mulheres, realizadas em 2004, 2007, 2011 e 2016 com a elaboração dos Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres delas resultantes.
Em 2025, 4 mil mulheres estão chegando com propostas aprovadas nas Conferências realizadas em seus territórios para construir um país com “Mais Democracia, Mais Qualidade e Mais Conquistas Para Todas”.
Elas querem mais orçamento público, mais participação das mulheres na política em todos os níveis e o fim da violência política de gênero. Querem o fim de todos os tipos de preconceito, o fim da violência de gênero, inclusive contra as mulheres idosas. E, como tem defendido o Coletivo Filhas da Mãe, querem uma Sociedade do Cuidado com políticas públicas e orçamento para todas as fases da vida, da infância à velhice.
A Conferência Livre da Mulher Idosa aprovou quatro delegadas na V Conferência Nacional, entre elas Natalia Duarte, da Coordenação do Coletivo Filhas da Mãe.
Na terça-feira dia, 30, das 8h30 às 11h30, Maria do Carmo Guido, Socorro Morais e eu estaremos participando como Conferencistas no Painel ” Mulheres que Envelhecem, Desafios e Direitos”. Já Natalia Duarte será conferencista no Painel “A Política da Saúde e a Garantia dos Direitos para Mulheres”.
Juntas às outras 4 mil mulheres, daremos mais um passo para construir uma Sociedade do Cuidado inclusiva para todas as idades.

