Qual É O Seu Lugar?

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Cosette Castro

Brasília – Na mesma semana em que uma Ministra de Estado foi desrespeitada no Senado, o Coletivo Filhas da Mãe começa os preparativos para a campanha de conscientização sobre a violência contra a pessoas idosas.

O desrespeito atingiu Marina Silva, ex- Senadora e atual ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima no Brasil. O presidente da Comissão de Infraestrutura,  Marcos Rogerio, do PL/RO,  decidiu “impor respeito” desrespeitando o direito de fala da Ministra. O que ocorreu não tem caráter apenas pessoal. É um desrespeito coletivo. (Saiba mais aqui).

Trata-se de um desrespeito à todas as mulheres brasileiras. E ocorreu em um Congresso onde ainda hoje, em pleno 2025, elas são minoria. No Senado há 81 senadores, sendo apenas 16 mulheres. E na Câmara dos Deputados, dos 513 eleitos, somente 90 são mulheres.

Além do desrespeito de gênero, trata-se também de um desrespeito às pessoas idosas. Um etarismo. Marina Silva, aos 68 anos, faz parte dos 35 milhões de pessoas idosas no Brasil. Um grupo social invisível e infantilizado por pessoas de diferentes idades. Inclusive Senadores que não respeitam a liturgia do cargo e esquecem que foram eleitos para defender a população. E não para desrespeitar representantes do governo federal ao qual fazem oposição.

Marina Silva, acreana, mãe de quatro filhos, é também uma mulher negra. E faz parte dos 55,5% da população que se autodeclarou negra ou parda. Somente em 2023 elas e eles passaram a ter representação ministerial. Uma maioria minorizada socialmente que ainda sofre racismo, apesar de ser crime previsto em lei.

Na política, o que aconteceu com Marina Silva tem nome. Chama-se Violência Política de Gênero e têm acontecido com assustadora frequência na também na Câmara dos Deputados, em Assembléias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores em todo país. Foi-se o tempo em que os debates eram de ideias entre partidos que se opunham. Hoje, sem argumentos ou formação, políticos homens desrespeitam e ameaçam as mulheres políticas de Norte a Sul do país.

A violência de gênero se caracteriza por interrupções na fala, ameaças, desqualificação, difamação. Também aparece quando não são chamadas para participarem de comissões, quando são excluídas dos debates, quando são questionadas sobre sua aparência física e sobre a forma de vestir.  Ou quando são questionadas por sua vida privada, entre outras práticas invisíveis, como a violência psicológica. (Saiba mais aqui)

Considera-se violência política de gênero todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. As mulheres podem sofrer violência quando concorrem, quando já eleitas e durante o mandato. Aliás, nesta legislatura os episódios de violência e misoginia na Câmara dos Deputados aumentaram consideravelmente.

Por isso, não se trata de mera “opinião pessoal” quando um homem diz para uma mulher “coloque- se no seu lugar”. Ainda mais um Senador. É desrespeito, falta de ética e machismo aliada a interesses econômicos que vão em contra o bem estar da população. E, no caso de Marina Silva, da defesa do meio ambiente.

Qual seria o lugar de Marina Silva, com sua longa trajetória como política e como ambientalista? Ela é uma mulher reconhecida internacionalmente quando o tema é defesa do meio ambiente e mudança climática.  Uma referência para diferentes gerações.

Aqui é possível enumerar os vários lugares que Marina Silva ocupa e que merecem respeito todos os dias.

É uma mulher
É uma pessoa idosa
É uma mulher negra
É uma Ministra de Estado
É uma representante do Governo federal
É uma representante da população brasileira
É uma ativista em defesa do meio ambiente. E é uma ex-senadora da República.

Mesmo que ela fosse uma pessoa anônima, Marina Silva, assim como todas as mulheres brasileiras, merece respeito.

PS: Para quem não conhece a Ministra, ela se chama Maria Osmarina Marina da Silva Vaz de Lima, mas é conhecida por Marina Silva. É  historiadora, professora, psicopedagoga e ambientalista . A atual ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil já foi ministra anteriormente (no mesmo cargo) entre 2003 e 2008.

PS2: Este domingo, 01/06, haverá Caminhada no Parque Olhos D’Água, na quadra 413/414 Norte. Encontro às 8h30 ao lado dos banheiros. Às 9h30 haverá lanche compartilhado e às 10 tem Café com Chorinho.

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