Autocuidado, Cuidado Coletivo e Saúde Mental

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Cosette Castro

Brasília –   Há mais de 10 anos janeiro é o  mês da campanha sobre Saúde Mental. E em 2025, o  tema  é “O que fazer pela saúde mental agora e sempre”. É preciso autocuidado constante, mas não apenas cuidado individual. É urgente o cuidado coletivo.

“No que diz respeito ao Coletivo Filhas da Mãe, diariamente as pessoas que participam contam os desafios que enfrentam com seus familiares com demências, entre elas o Alzheimer. Através do WhatsApp  relatam a sua experiência e comentam como resolveram determinada situação.

A dor emocional está presente nas historias. E os primeiros sinais de adoecimento psíquico das cuidadoras familiares também. Diariamente há relatos que revelam sofrimento, angústia, horas sem dormir. Insônia. Pensamentos repetitivos. Sobre o desejo de muitas pessoas de curar ou salvar seus entes queridos. Algo impossível de acontecer.

Na rede de acolhimento diário, há relatos sobre mudança de comportamento e violência de alguns pacientes. Sobre mágoa, sobre tristeza, porque é difícil entender que o ato violento não é especificamente contra a pessoa cuida. É uma característica das demências e o quadro só pode ser reduzido com a medicação adequada.

Em outros pacientes a violência não aparece, mas a falta de freio social é mais evidente com ações,  comentários que causam constrangimento e até indignação na família ou em público.

Também recebemos relatos diários sobre medicamentos que não estão funcionando e sobre como é difícil falar rapidamente com os médicos para obter uma nova orientação. Lemos sobre a falta de ajuda de outros familiares. E sobre o avassalador sentimento de solidão e medo do futuro que as cuidadoras  familiares sentem.

Não é por acaso que no Coletivo Filhas da Mãe a ênfase são as cuidadoras familiares e ex-cuidadoras sem remuneração, assim como amigas e vizinhas de pessoas que vivem sós. Elas vivenciam a invisibilidade do trabalho de cuidado diário, cansativo, não reconhecido e gratuito. E, em geral, se dedicam tanto a cuidar dos outros que deixam de lado a si mesmas, adoecendo física e emocionalmente.

No janeiro branco, mês dedicado à saúde mental, fica aqui a sugestão de que as pessoas cuidadoras  abram espaço para o autocuidado, uma prática necessária no ano todo. É tempo de cuidar de si, se proteger e fortalecer para ter forças para cuidar de um ou mais familiares doentes, dos filhos, da casa ou de animais domésticos.

Outro passo importante no autocuidado é cuidar a própria alimentação (e não apenas a da pessoa enferma). E fazer exercícios, ainda que seja uma caminhada de meia hora por dia. Os exercícios ajudam a liberar seratonina,  conhecida como hormônio da felicidade. Ela contribui para a melhora do humor e para ter uma visão mais positiva da vida. Não é por acaso que o Coletivo criou o projeto Caminhantes, que volta a suas  atividades em fevereiro.

Um fator importante para manter a saúde mental de quem  cuida é procurar um especialista, seja uma psicanalista ou uma psicóloga para atendimento contínuo semanal. A médica psiquiatra deverá ser procurada em caso de sofrimento psíquico que necessite medicação.

Também sugerimos estimular a saúde mental praticando um hobby e atividades lúdicas. É importante criar espaços para o riso, para brincadeiras e para o encontro sem que haja responsabilidade constante de fazer algo “sério”.

No Coletivo Filhas da Mãe, há 05 anos escolhemos o Carnaval como espaço de brincadeira, de diversão e de relaxamento. Mesmo que as cuidadoras familiares não tenham nenhuma experiência anterior em bloco carnavalesco, em marchinhas e em samba no pé. Ou que tenham medo de passar vergonha ou “fazer feio”. Convidamos todas a rir de si mesmas e passar por novas experiências.

O carnaval também é um momento de chamar a atenção das famílias, da sociedade e das autoridades sobre as demências, reduzindo o medo e o preconceito da população.”

Enquanto o carnaval não chega, marque na agenda duas atividades importantes em janeiro. Na próxima terça feira, dia 28, começa a Oficina de Samba no Pé, no Espaço Longeviver (Quadra 601 da Asa Sul, edificio Providência, 2o. Andar), das 10h às 12h. Os encontros gratuitos acontecerão as terças e quintas-feiras.

Na noite de 28/01, recomeça o Programa de Entrevistas online Terceiras Intenções – Ano 04, com apresentação da jornalista Mônica Carvalho, das 19h às 20h.

PS: Hoje o mundo acompanhou com atenção a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As novas medidas têm repercussão a curto, médio e longo prazo para outros países, como o Brasil. Trump é conhecido por  desconsiderar os direitos humanos, as questões relacionadas ao cuidado coletivo e desqualificar minorias.

PS: Em janeiro o Blog está reproduzindo textos de anos anteriores, como este que trata do Janeiro Branco, tendo sido atualizado para esta edição.

Cosette Castro

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