Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Na medida que a demência avança, a nossa tristeza, falta de tempo e frustração tendem a ir aumentando. A solidão também.
Autocuidado praticamente desaparece da lista de prioridades das cuidadoras familiares.
Deixar o familiar sozinho com outras pessoas? Espaço na agenda para fazer caminhadas no bairro ou pilates? Encontro com amigas? Um show ou cineminha? Parecem realidades muito longe de se alcançar. É quase proibido estar alegre por estar viva ou apreciar a beleza do dia.
Isso acontece mais forte quando não temos rede de apoio, presencial ou online, amigas e parentes ao redor. Ou quando falta suporte psicoterapêutico que contribua para compreender os nossos – as vezes conflituosos – sentimentos.
Sim, temos sentimentos conflituosos.
Amor, raiva, frustração (muitas frustrações). Medos (de não saber como agir, de fazer algo errado, de dormir e não escutar o familiar, de acontecer algo quando sair de casa. Ufa! a lista é grande). Tudo se mistura com pequenas alegrias. E não deveria ser motivo para esconder o que cada uma de nós sente. Significa apenas que você é uma pessoa humana. Contraditoriamente humana.
É possível amar nossa familiar e sentir raiva ao mesmo tempo. Sentir que todo esforço não é reconhecido. Nem pela pessoa doente nem pelos familiares.
Também é possível sentir que não fez o suficiente frente a determinada situação. Que poderia ter “se esforçado mais”. Mesmo que esteja exausta física e emocionalmente.
Essa autocobrança constante gera culpa. Esconde uma tentativa de perfeição. E estimula o perfeccionismo, um ideal impossível de alcançar que gera sofrimento.
Isso pode ocorrer quando a cuidadora acredita que é a melhor pessoa para cuidar do seu familiar, diminuindo o valor do trabalho realizado por cuidadoras particulares. Ou inibindo as iniciativas de outros familiares.
Toda ajuda deveria ser bem-vinda. Venha de onde for, inclusive de amigas e vizinhas. Sugerimos levar em conta que somos pessoas diferentes, com hábitos e formas de organização diferenciadas. E jeito de cuidar também. Não existe uma única forma de cuidar.
Com as redes de apoio e ajuda profissional é possível (tentar) lidar com um lado de nós que, em geral, desconhecemos ou sequer levamos em consideração: a nossa própria rigidez, que, por sua vez, não permite o autocuidado.
Autocuidado
E por falar em autocuidado, final de maio criamos um Grupo de Caminhadas no Coletivo Filhas da Mãe. No domingo, dia 11/06, demos nossos primeiros passos e fizemos mais um movimento coletivo em direção às práticas de autocuidado. Andamos 6 km ao lado do Grupo Caminhadas Brasília (GCB) na trilha Jatobá, da Floresta Nacional de Brasília (Flona), em comemoração ao 24o aniversário da Flona.
Além de estar na natureza, do encontro, do exercício e da prevenção de saúde, começamos a nos preparar, em grupo, para a II Caminhada da Memória, que vai acontecer em setembro de 2023 na Capital Federal. Quer participar? Envie uma mensagem aqui no Blog ou através das nossas redes sociais digitais.
PS: Nesta segunda-feira, 12 de junho, estaremos na terceria edição da Conferência Livre em Defesa da Pessoa Idosa em parceria com o Fórum da Sociedade Civil em Defesa da Pessoa Idosa/DF. A III Conferência acontece presencialmente em Brasília/DF. Há quase 200 pessoas inscritas para pensar e levar propostas sobre o direito ao cuidado, à inclusão social, o direito a conviver e o direito a envelher com dignidade levando em conta as diferentes velhices e a diversidade brasileira.
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