Ana Castro & Cosette Castro
Brasília – Na última sexta-feira, dia 04, começamos o dia com sessão de autocuidado no Coletivo Filhas da Mãe.
Autocuidado realizado no coletivo, que extrapola a porta da casa e o mundo individual. Mas não é fácil sair do mundo do cuidado do outro para cuidar de si mesma.
A maior parte das pessoas compreende o autocuidado como um prazer solitário. Entende autocuidado apenas como, por exemplo, um longo banho ou uma massagem.
Autocuidado é isso. E é muito mais.
Ele convida a sair do conforto do conhecido. Pode estar relacionado a novos tipos de alimentação ou a fazer exercícios. Mas em geral, o autocuidado é estimulado quando nos permitimos fazer novas experiências olhando para nós mesmas.
Experiências que estimulam novos sentimentos. Ou antigos, que estavam quase esquecidos.
Como dissemos anteriormente, não é fácil. Nem todo mundo gosta do que vê quando olha para si. Por isso, a prática do autocuidado exige disciplina.
Inclui dizer não. Mas principalmente, pressupõe dar prioridade para si em, pelo menos, algumas horas do dia. Sem se considerar egoísta por isso.
Isso pode ser difícil para quem cuida de alguém. Pra quem tem um familiar com demência.
Em geral ocorre pelas exigências da doença. Porém, não somente por isso. Muitas pessoas não se permitem sentir prazer. Nem conseguem buscar tempo para si mesmas. Estão emocionalmente “presas” à dor e ao cansaço cotidiano.
Outras sequer se dão conta que podem encontrar espaços de autocuidado. Há vida além de atividades como tomar um banho relaxante.
Uma opção seria participar de uma oficina poético-literária presencial. Como aquela oferecida pelo Coletivo na sexta-feira.
Entretanto, há quem pense: “eu não sei escrever. Nem adianta sair de casa”. Ou imaginam que é necessário “saber escrever bem para começar a escrever”. Essas se autoboicotam, sem se dar o direito de fazer a experiência de conhecer coisas novas.
Existem pessoas que não conseguem acreditar que participar de uma oficina poético-literária de escrita autobiográfica seja uma forma de autocuidado. Que seja possível se emocionar e se surpreender.
Entretanto, o exercício da escrita individual e da leitura coletiva pode ofertar momentos de autocuidado e de cuidado em grupo. E de muita emoção. Foi o que aconteceu, como relata uma das participantes da oficina, Rosa Manzan, a quem abrimos a palavra.
Rosa Manzan – ” Cada poema selecionado e apresentado pela poetisa Cristiane Sebastião nos levava a uma reflexão, a uma provocação.
Fomos colocadas diante de um espelho imaginário e convidadas a nos ver intimamente, em toda nossa inteireza. A nos ver e a nos acolher amorosa e generosamente.
Os poemas escolhidos foram de autoria da poetisa que vive em Santos /SP e de outras escritora, todas mulheres.
Isso foi uma opção deliberada de Cristiane Sebastião. A poetisa prestigiou e privilegiou as mulheres. O feminimo e o feminismo, para pensar os direitos das mulheres.
Na sexta-feira tivemos uma manhã muito prazerosa. Saímos de lá desafiadas a estabelecer novos tratados e acordos. Cada qual consigo mesma”.
Sobre o Cuidado
Na sexta-feira a noite o Globo Repórter dedicou uma edição especial sobre um tema que também é caro para o Coletivo Filhas da Mãe: o cuidado.
Vale a pena assistir a edição que mostrou que cuidado vai além de uma relação de família ou de trabalho individual.
Tem muita gente interessante cuidando das outras. Inclusive de quem cuida. Coletivamente.