Envelhecimento Sem Idadismo

Publicado em Envelhecimento

Ana Castro & Cosette Castro

Brasília  – Estudo lançado na semana passada pela Companhia de Desenvolvimento do Distrito Federal, Codeplan, aponta que a população idosa vai crescer 63% até 2030.

O aumento da população 60+ mostra que haverá 95 pessoas idosas a cada 100 jovens, mudando significativamente o panorama do Distrito Federal.

Dados de 2020 contam que, há dois anos, o DF tinha uma população idosa de 346.221 pessoas. Em 2030, a previsão é que esse número chegue a 565.382 pessoas entre uma população de 3,4 milhões de pessoas.

Em um país que se sente jovem e age como se não estivesse envelhecendo, é preciso pensar urgentemente as relações entre os diferentes grupos sociais.

São  tempos de muito preconceito contra as pessoas em processo de envelhecimento. Pensando nisso,  abrimos espaço para Daniela Stein, gerontóloga e educadora física, que atua no Sul do país e traz algumas reflexões sobre o tema.

Daniela Stein  – “Em pleno século XXI as relações com o envelhecimento, envelhescência e velhice vão do glamour romantizado  para uns a uma guerra silenciosa, a do preconceito, para outros.

Muitas vezes, essa “guerra”  inicia em casa e se sustenta por toda vida, baseada na idade…E, embora haja quem negue,  se trata de puro preconceito .

A Organização Mundial de Saúde  (OMS) define o idadismo  como o preconceito em relação a qualquer pessoa por causa da sua idade.

Em geral, predomina  o idadismo com adultos  e idosos, mas pode ocorrer também  o preconceito através das diferentes idades. Por exemplo, em relação aos jovens. Ocorre particularmente quando a palavra dos mais jovens não é levada em conta ou é silenciada.

Algo que volta a acontecer quando a pessoa entra na envelhescência, período compreendido entre os 45 e 65 anos pelo sociólogo Manoel Berlinck.

A mesma OMS, em 2021 quase se compromete com grande retrocesso sobre a ideia de envelhecimento. Se não fosse a pressão da sociedade civil, em especial do Brasil e da América Latina,  o idadismo encontraria lugar dentro da organização internacional. Isso quase aconteceu com a tentativa de considerar a velhice como  doença dentro da Classificação Internacional de Doenças (CID).

Na prática, se isso fosse aprovado,  toda vez que você, como 60 anos ou mais,  fosse consultar um profissional da saúde,  constaria no seu prontuário médico e atestados que você é uma pessoa doente. Pasmem!

Diante dessa realidade,  no Brasil um grupo de profissionais liderados pelo médico Alexandre Kalache ( ILC-BR) e  por Yeda Duarte (SABE), entre outros profissionais e instituições  da  sociedade civil criaram o movimento Velhice Não É doença no Instagram e Facebook.

Nós, do DS Saúde Para Longevidade, apoiamos e participamos no Sul do país, assim como o Coletivo Filhas da Mãe, no Distrito Federal. As redes sociais digitais foram utilizadas para informar, divulgar e pressionar a OMS. Foi uma grande vitória!

Sem muito tempo para celebrar o feito social  histórico, de engajamento e muito trabalho, o Brasil, por sua participação ativa,  ganhou voz. O movimento cresceu. E foi assim que nasceu em 2022, o Coletivo Velhices Cidadãs, também apoiado por nós, do  DS Saúde Para Longevidade, e pelo Coletivo Filhas da Mãe.

O movimento foi ampliado para abarcar todos os ismos. Todos os preconceitos sociais,  além do IDADISMO. Entre eles,  o SEXISMO, O RACISMO, ANTISEMITISMO, o CAPACITISMO (discriminação a pessoas com deficiência)  e a GORDOFOBIA, que não aceita os diferentes corpos.

Tais preconceitos  constrangem, renegam direitos, maltratam e até matam. E apenas por uma pessoa ser diferente!

É realmente chocante vermos as mulheres sendo atacadas ou recebendo salários menores que os homens.

É aviltante ver pessoas LGBTs precisando esconder sua orientação sexual (por quem sentem atração) para não sofrerem violências ou morrer.  E ainda assistir a violência contra comunidade negra  ou contra comunidade judaica  devido a  raça ou religião. Em tempos de fundamentalismo religioso, é necessário incluir também a perseguição às religiões afros, que não para de crescer.

Humilhações, constrangimentos, abusos, abandonos e negligencia, em especial  contra as pessoas idosas, alvos de todos os ISMOS.

Negar a vida e suas diferenças é prestigiar a morte. Está na hora de sermos protagonistas da mudança, protegendo todos os cidadãos”.

Nós, do Coletivo Filhas da Mãe, acreditamos no valor do grupo e da comunidade. Precisamos proteger todas as idades, todos os corpos e desejos, todas as raças, todos os gêneros. Está na hora de valorizar as vidas. Com qualidade de vida.

 Em Tempo: mais informações sobre idadismo  aqui.

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