Ana Castro, Cosette Castro & Convidados
Brasília – Estamos prestes a começar um novo ano conjugando o verbo esperançar, como propôs Paulo Freire. E este é o momento ideal de esperançar, praticando autocuidado e realizando atividade física semanal.
Hoje abrimos espaço para o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Atividade Física para Idosos/UnB, que semanalmente oferece atividades físicas gratuitas on line para pessoas 60+.
Equipe GEPAFI – “A comparação mais interessante que podemos fazer sobre o envelhecer é pensar no nosso corpo como uma máquina, só que uma máquina que nunca é desligada.
Essa máquina trabalha incessantemente com suas engrenagens 24 horas por dia e 365 dias por ano. Como qualquer máquina, ela perde força, potência, resistência e, por vezes é preciso trocar algumas peças ao longo do caminho.
Quando fomos forçados a ficar em casa por causa da pandemia, nos deparamos com os desafios de manter o corpo ativo, saudável, independente, em movimento… Mas como fazer tudo isso de forma eficiente dentro de casa?
Os desafios dos exercícios físicos para os 60+ são semelhantes tanto no formato presencial quanto em aulas pela internet. A consciência corporal, materiais adequados para prática, local seguro e com boa luminosidade, adesão, frequência, disciplina dos alunos e profissionais habilitados são alguns deles.
Esse novo jeito de dar aulas online exigem outros desafios dos 60+, entre eles habilidade digital, ter uma boa internet, conexão em casa e audição e visão aguçados para boa visibilidade dos movimentos do professor. Materiais alternativos adaptados para usar dentro da casa do aluno.
É muito importante ter profissionais capacitados e especializados nas limitações e especificidades comuns ao avançar da idade. Esses professores têm que apresentar características pessoais muito peculiares como paciência, não enxergar o idoso como uma pessoa frágil, mas sim como uma pessoa com um potencial de resposta ao treino elevadíssimo. Nem usar músicas altas. Nas academias, por exemplo, não são agradáveis aos ouvidos das pessoas idosas.
Um fator desmotivador à prática e comprometedor de resultados é a infantilização do idoso. Frases como “levanta o pezinho”, “segura com a mãozinha” devem ser abolidas do linguajar do professor durante a aula. Até porque a geração prateada com o passar dos anos está cada vez mais ativa, madura, esperta, antenada, dinâmica e independente.
O estereótipo da “vovó Dona Benta”, sentada, tricotando, tomando chá, está mudado para as “vovós fitness” que sustentam famílias, cuidam dos netos todos os dias, trabalham e viajam. E ainda são as responsáveis por organizar e cuidar das rotinas da casa. E dão conta de tudo com a maior vitalidade!
Retomando os desafios de manter os 60+ fazendo exercício, não é fácil “fazer” o idoso participar dessa geração ativa.
Temos que insistir e convencer muitos a fazer uma atividade física, ingressar em um grupo, mexer em novos dispositivos e lidar com todas essas máquinas. Sejam elas as de tecnologia digital – computadores e celulares –, sejam as máquinas nas salas de musculação, pilates, reabilitação, estúdios etc.
Por ser um mundo novo e diferente muitos alunos ainda apresentam resistência, acham complicado e preferem não ousar, não aprender coisas novas. Os desafios que esta geração possui são enormes e com o avanço da medicina e acesso aos melhores tratamentos eles ganham em longevidade. Mas NADA substitui o cuidado com a prática de exercícios. É preciso cuidar! Exercício Físico é remédio!
O Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Atividade Física para Idosos (GEPAFI), funciona há 24 anos na Universidade de Brasília e lida com esses desafios diariamente. O GEPAFI desenvolve metodologias e estratégias de ensino para que estas “novidades” sejam desmistificadas para as pessoas idosas, estimulando-as a compreender que eles e elas podem muito mais do que imaginam.
Com relação aos exercícios físicos, os 60+ são estimulados a entender o que estão fazendo, o por quê de estarem fazendo determinados exercícios e como esta prática pode ajudá-los nas atividades de vida diária. Através dos exercícios, há também estímulos cognitivos, contribuindo para a neuroplasticidade. Isso torna as pessoas mais independentes e com um corpo mais ativo. Temos alunos com 94 anos, que são ativos, felizes e não tomam remédio algum. São dinâmicos, saudáveis e antenados no mundo.
Quantos anos faltam para você completar 94 anos? Você pode passar todos esses “x” anos ainda da sua vida parada, reclamando, sedentária, com a máquina corporal sem uso, em um canto. Ou pode escolher se mexer, começar o ano injetando VIDA no dia a dia.
Isso significa colocar na rotina pequenos movimentos, respirar vida, ter sonhos e metas, preparando a sua máquina para onde quiser, com a potência que existe dentro do corpo e mente. O GEPAFI (gepafi@gmail.com) está ao seu dispor”.
Nós, do Coletivo Filhas da Mãe, convidamos você a prática do autocuidado através de exercícios físicos semanais, independente da idade. Que venha 2022!