Ana Castro, Cosette Castro & Convidada
Brasília – Dentro da campanha mundial Setembro Roxo, o Coletivo Filhas da Mãe organizou no último sábado, 25, o V Sarau Virtual de Música, Poesia, Informação e Afeto, em parceria com a ABRAz-DF. Foram duas horas (e um pouquinho mais) de arte, cultura, mesclados com momentos de cuidado e autocuidado e informações sobre Alzheimer.
Na foto aparecem (da esquerda para direita acima) os apresentadores André Barbosa Filho, direto de São Paulo, e Maria Alice Campos, de Portugal, e a dançarina e cuidadora Laura Virginia (DF). Abaixo (da esq. para direita), a poetisa Eva Leondes, de São Paulo, a cuidadora familiar Toshiko Araki e o artista Filho da Mãe, Adriano Roza, ambos do DF.
Se você não assistiu, ainda dá tempo. O vídeo completo está disponível no Canal do You Tube do Coletivo. (link aqui). Mais de 20 pessoas contribuíram para a realização do Sarau, todas de forma voluntária e amorosa. Também anunciamos mais uma edição do Sarau Virtual em 2021. Desta vez para o começo de dezembro.
No Projeto Histórias da Memória desta semana, a convidada é jornalista e radialista aposentada. Luiza Inez Vilela, cuja mãe, Abadia Joana, faleceu com Doença de Alzheimer.
Luiza Inez Vilela- “Minha mãe, Abadia, sempre foi minha companheira. Até eu me casar éramos praticamente só nós duas pois meu pai estava sempre ausente. Mais tarde, quando eu já tinha filhas, uma vez por ano saíamos de férias, só nós duas, para as praias do nosso Brasil.
Eram momentos só nossos. Ela era uma mulher vibrante, alegre, muito simples. Boa de contas, administração da casa e orçamento.
Aos 70 anos, depois de repetidas e repetidas cistites dolorosas, um câncer, em seis meses, tomou conta da sua bexiga. Teve que extrair um rim e a bexiga, substituída por uma bolsa de urostomia. Depois disso, mamãe começou a mudar. Entrou em depressão e em seguida, chegou a Doença de Alzheimer.
Os primeiros sintomas foram os esquecimentos, fazendo as mesmas perguntas repetidas vezes. O diagnóstico, para a família, foi um pesadelo. Mas ela o encarou com indiferença.
Foram cerca de 10 anos com a Doença de Alzheimer. Felizmente a doença não chegou ao estágio crítico, nunca se esqueceu de mim nem das minhas filhas, mas não lembrava qual bisneto era filho de quem. E escondia, rapidamente, tudo que lhe caía nas mãos.
Sua carinha assustada ou indiferente, sua falta de ânimo e uma dor de cabeça insuportável a acompanhavam todo dia. O dia todo. Às vezes mal conseguia se levantar da cama. Mas mamãe nunca reclamava.
Recordo de um momento feliz que chamo de “último banho da mamãe”.
Era um domingo de setembro e ela e o papai foram almoçar lá em casa. Mais tarde, preparei para ela um banho de banheira. Água morninha, sais de banho perfumados, meia luz. Ela ficou lá, rindo e brincando como criança, especialmente quando liguei a hidromassagem.
Disse que estava se sentindo uma rainha. E brincava dizendo coisas tipo ” vassala, me dê isso ou aquilo, esfregue minhas costas”. Enquanto isso, lavei seus cabelos cuidadosamente.
Depois de um tempão, ela quis sair. Eu mesma a enxuguei. Passei hidratante por todo o seu corpo, fiz massagens. Depois, vesti nela uma roupa nova que havia comprado de presente. Uma surpresa.
Ela parecia nas nuvens, toda feliz , sorridente, relaxada. Saiu desfilando pela casa como uma rainha, fazendo gestos “reais” com a mãozinha pequena como costumava brincar antigamente. Foi uma tarde maravilhosa!
Dois dias depois passou mal, com sintomas difusos e foi internada. Só três dias após os médicos localizaram uma ruptura de intestino. Operada, não resistiu à septicemia e partiu. Estava com 80 anos.
A lembrança daquele último banho “luxuoso” e amoroso me consola. Ali ela estava feliz e eu pude fazer isso, tão simples, por ela. Durante a Doença de Alzheimer as alegrias estão nesses pequenos momentos, que agora se transformaram em doces lembranças”.
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