O dia D de Frejat: se o PR não der autonomia para escolher a chapa, ele ficará fora das eleições

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ANA MARIA CAMPOS

Hoje é o dia D para Jofran Frejat (PR). Em uma reunião com o dirigente nacional de seu partido, Valdemar Costa Neto, o pré-candidato ao Palácio do Buriti vai decidir hoje (17/07) se permanece ou não no páreo. Como ele mesmo revela ao Correio, tudo depende de autonomia para tocar a campanha (veja entrevista).

Sai amanhã (hoje) uma decisão?
Espero que sim. Estou no aguardo da conversa com o presidente do PR que deve ocorrer amanhã (hoje).

Depende de quê?
Da autronomia que me for dada.

Depende de liberdade para escolher a chapa?
Sim.

Quem o senhor quer ter como vice?
Por enquanto, o Vasco da Gama.

Ibaneis (Rocha)?
Nada definido.

Que horas será essa conversa com Valdemar (Costa Neto)?
Estou aguardando contato. Estava em São Paulo.

De 0 a 10, qual é a chance de o senhor ser candidato?
Minha bola de cristal quebrou.

E o Diabo? Continua incomodando muito?
Continuo rezando.

Frejat quer escolher os integrantes de sua chapa, sem interferências políticas. Enquanto o líder nas pesquisas não se define, começam a surgir novos nomes no páreo.

O deputado Rogério Rosso (PSD/DF), que governou o Distrito Federal durante nove meses em 2010, revelou, em entrevista ontem (16/07) ao programa CB.Poder, que pretende concorrer ao GDF, caso Frejat se retire da disputa.

Rosso, inclusive, fez uma promessa polêmica: pretende conceder no primeiro mês do governo a última parcela do reajuste salarial de 32 categorias de servidores públicos, suspensa pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), por falta de recursos. E mais: assegurou que também dará a paridade dos contracheques dos policiais civis aos da Polícia Federal. “Não faltam recursos”, afirma.

Rosso deixou a decisão para hoje, depois que Frejat anunciar como ficará a sua situação nas eleições deste ano. No grupo do ex-secretário de Saúde, o suspense permanece. Frejat não deixa transparecer o que vai colocar na mesa na conversa com Valdemar. Mas a indicação do vice é uma das exigências. Ao Correio, Frejat, que é vascaíno, faz uma brincadeira, para despistar sua preferência: “Por enquanto, (o vice) é o Vasco da Gama”.

Um dos motivos da crise seria uma interferência de José Roberto Arruda (PR) na escolha do vice. O ex-governador vinha costurando um acordo nacional com o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, coordenador da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), e com Valdemar Costa Neto para que o deputado Izalci Lucas (PSDB/DF) seja o vice. Mas, pelo acordo fechado por Frejat com o ex-vice-governador Tadeu Filippelli, a indicação caberá ao MDB. A avaliação na cúpula do PR é de que o partido pode mesmo exigir esse lugar na chapa pela estrutura que deverá oferecer na campanha: tempo de televisão e recursos dos fundos públicos de campanha.

Viva-voz

No último domingo, em reunião na casa de Frejat, o deputado Alberto Fraga (DEM/DF), pré-candidato ao Senado, telefonou para Valdemar Costa Neto e colocou a ligação no viva voz. O líder do PR garantiu a todos que dará todas as condições para que o ex-secretário de Saúde concorra, escolha as nominatas e a chapa. Ressaltou a importância dessa candidatura para o partido. Frejat, no entanto, não se sentiu satisfeito e disse aos aliados que prefere decidir depois de uma conversa “olho no olho”. A expectativa de todos é de que, depois do encontro, Frejat anuncie a sua decisão.

Frejat está há quatro dias afastado da campanha. Na última sexta-feira, ele anunciou que repensaria a sua pré-candidatura ao GDF e reclamou de interferências. Disse que “algumas pessoas têm pacto com o Diabo” e garantiu que “não venderia a alma”. Também afirmou que não aceitará um “balcão de negócios”. Em nenhum momento, externou a quem estava se referindo.

Esse recuo movimentou o mundo político. Além de Rosso, que já dá a largada numa possível candidatura, Fraga também se coloca como um concorrente. Arruda, nos bastidores, tem conversado com outras chapas para a formação de uma nova aliança. Todos comentam que, se Frejat não tiver as demandas de autonomia atendidas, ficará fora da campanha e assim tudo começará do zero.

Entre os que reagiram ao lançamento de uma possível candidatura de Rosso está o deputado Izalci Lucas. Os dois vinham conversando sobre a formação de um grupo alternativo à chapa de Frejat, numa aliança com o senador Cristovam Buarque (PPS/DF). Ao tomar conhecimento da atitude de Rosso, o tucano garantiu que continua candidato ao GDF. E ainda criticou a promessa do aliado: “Eu não prometeria os reajustes dos salários de servidores no primeiro mês. Acho que esse é um compromisso que realmente precisa ser feito e cumprido, mas não sei se será possível realizar dessa forma”.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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