Entrevista: Deputado Iolando Almeida
O distrital defende responsabilidade social e medidas duras como forma de sair da fase aguda da pandemia que tem provocado superlotação nos hospitais do DF
Remédio amargo, mas necessário
Primeiro secretário da Câmara Legislativa, o deputado Iolando Almeida (PSC), da base do governo Ibaneis Rocha, é uma das vozes a favor da responsabilidade social como forma de conter a propagação do novo coronavírus.
O distrital acredita que, sem distanciamento e comprometimento da população, medidas amargas como o lockdown e o toque de recolher se tornaram inevitáveis. “É um remédio amargo, mas inevitável”, acredita.
Outra medida defendida pelo distrital é a flexibilização total na aquisição de vacinas para proteger o maior número possível de pessoas em menos tempo. Para isso, na opinião do parlamentar, os governos estaduais e até a iniciativa privada deveriam comprar e fornecer os imunizantes contra covid-19 para grupos específicos.
A seguir a entrevista:
Qual é a sua opinião sobre o toque de recolher decretado pelo governador Ibaneis Rocha? Tem eficácia para conter a propagação do novo coronavírus?
É um remédio amargo, mas necessário. A melhor medida em termos de eficácia é uma maior responsabilidade social em agir conforme os protocolos sanitários já definidos e que todos nós já conhecemos, mas que infelizmente não vinham sendo respeitados pela maioria. Pode até não conter, mas reduz a taxa de transmissão.
E o lockdown? Comércio, bares e restaurantes, além de outras atividades fechadas, são uma boa solução para evitar mais contaminações?
Como afirmei, se a maioria respeitasse os protocolos sanitários estabelecidos não haveria nenhuma necessidade de lockdown, pois essa medida reflete no emprego, na saúde mental, no sustento das famílias e na queda da atividade econômica. A melhor solução, em qualquer caso, é o respeito aos protocolos e começar a vacinar em larga escala a nossa população. Essas medidas de lockdown e toque de recolher são paliativas, não têm como se sustentar ao longo do tempo.
Como o DF chegou a essa situação de pré-colapso, com os hospitais superlotados de casos de covid-19?
Foi um reflexo do período de carnaval e da quebra dos protocolos sanitários. Essa taxa de contágio que se verifica agora não está acontecendo apenas no Distrito Federal. É uma situação nacional.
Foi um erro desativar o hospital de campanha do Mané Garrincha?
Antes dessa segunda fase, o Distrito Federal estava registrando uma taxa em torno de 67% nas ocupações das UTIs, não justificando pagar para manter por eles sem ter demanda. A rede fixa vinha atendendo normalmente. Agora o quadro mudou e decisões devem ser tomadas urgentemente para reativá-lo.
Acha que os governadores deveriam comprar as vacinas diretamente sem passar pelo Ministério da Saúde?
Acho que, nesse momento de pandemia, qualquer iniciativa para que as vacinas cheguem ao DF é positiva. Acho que deveriam flexibilizar inclusive para a iniciativa privada também adquirir e aplicar em seus empregados.
O Brasil tem sido visto no exterior como um péssimo gestor da pandemia. Onde está o erro?
Não vejo assim. Estamos em 5º lugar no mundo como o país que mais comprou e aplicou vacina na população. A nossa taxa de mortalidade é de apenas 3%, ou seja, 97% das pessoas que se contaminaram foram recuperadas. E nossa taxa de mortalidade por um milhão de pessoas também não é das piores. Uma coisa é oferecer respostas em um país como Israel, outra, é olhar o Brasil em dimensão continental e populacional. Mas temos que avançar ainda muito para dar uma resposta mais ágil.
A postura do presidente atrapalha?
São visões diferentes. O seu foco não está no papel da ciência. Ele está muito preocupado com o reflexo dessa pandemia na atividade econômica e suas consequências na vida de todos nós. Uma economia quebrada não interessa a ninguém. Ele prega o funcionamento da atividade econômica respeitando-se aqueles que têm alguma comorbidade e determinada idade.
Como a Câmara Legislativa pode ajudar o DF a encontrar uma solução para a crise?
Aprovando as matérias necessárias para reduzir a pandemia e trabalhando na publicidade institucional de educar as pessoas quanto ao seu papel individual na redução da transmissão do vírus.
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