Apesar de dividido, setor produtivo no DF defende respeito a resultado das urnas

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Maioria dos empresários na capital federal apoiou Bolsonaro. Mas Lula teve importantes aliados no setor

Por Samanta Sallum

O Distrito Federal se confirmou como reduto bolsonarista no segundo turno da eleição presidencial. E, nesse resultado, está refletida também a preferência do empresariado local. A maioria ajudou e muito nos votos conquistados por Jair Bolsonaro (PL), que alcançou 58,81% dos válidos na capital federal — bem à frente de Lula (PT), que obteve 41,19%.

O petista não contou com eventos de campanha promovidos pelo setor produtivo, aqui, mas recebeu apoio de duas importantes lideranças: do superintendente do Sebrae no DF, Valdir Oliveira, e do presidente da Federação das Indústrias do DF (Fibra), Jorge Jamal Bittar.

Grande parte dos representantes de sindicatos empresariais se juntou ao governador Ibaneis Rocha (MDB) na mobilização para eleger Bolsonaro. Conseguiram aumentar a votação do candidato do PL em Brasília, que subiu de 51,65% para 58,81% entre o primeiro e o segundo turno. Lula também avançou no DF, passando de 36,85% para 41,19%. Mas não foi o suficiente para a virada no âmbito local.

Apesar de dividido, a preocupação com pautas nacionais referentes à economia une o segmento empresarial, como a revisão da reforma trabalhista e a reforma tributária. A grande expectativa, agora, é o anúncio de quem será o ministro da Economia.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do DF (Fape), Fernando Cezar Ribeiro, declarou voto em Bolsonaro. O presidente da Fecomércio do DF, José Aparecido Freire, não se manifestou oficialmente. Segundo ele, em respeito à grande e diversa base que representa. A entidade corresponde a 50% do PIB do DF. Mas ele participou ativamente de evento organizado em prol da campanha de Bolsonaro há duas semanas, que reuniu mil empreendedores.

O encontro foi liderado pelo presidente do Sindivarejista, Sebastião Abritta, e pela deputada federal Bia Kicis (PL), com a presença de Ibaneis.

“Sabíamos que a eleição seria apertada. E o resultado mostra que o país está dividido. No entanto, o mais importante, no momento, é respeitar o resultado das urnas. Vamos torcer para que o próximo governo seja bom, que a economia fique estabilizada e que os empresários sejam respeitados. Continuaremos trabalhando pela geração de empregos e renda”, comentou Freire após a confirmação da vitória de Lula pelo TSE.

Desafio continua

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do DF, Wagner Silveira Jr., fez uma análise em defesa da democracia.

“Tivemos uma demonstração da democracia com eleições tranquilas. Infelizmente, os extremos não são bons. A decisão do povo deve ser soberana. E contestar resultado depois de eleição é algo inócuo. Para nós, empresários, o desafio continua. Precisamos que a economia se estabilize”, avaliou.

Na semana passada, ele foi reeleito para mais dois anos de mandato à frente da CDL.

Silveira não declarou voto para não provocar divergências internas na entidade. “Tinha de respeitar a diversidade da minha base”, explicou.

O presidente do Sindiatacadista, Álvaro Silveira Jr., simpatizante de Bolsonaro, também manifestou respeito ao resultado.

“Não ganhamos nada em fomentar uma guerra política agora. E as urnas foram as mesmas que elegeram o Congresso conservador”, apontou.

O presidente da Fibra, Jamal Bittar, pregou a pacificação do país.

“Precisamos unir o Brasil, para voltar a crescer de forma robusta. O Lula mostrou nos seus mandatos, entre 2002 e 2010, que tem capacidade para fazer isso. E teremos um vice-presidente, o Alckmin, que também tem competência”, destacou.

O presidente da Fibra foi uma voz destoante do segmento industrial, já que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) teve a maioria dos seus integrantes inclinados a Bolsonaro.

Cotado

Lideranças empresariais que ficaram isoladas no DF por apoiar Lula ganham, agora, protagonismo nacional. O superintendente regional do Sebrae, Valdir Oliveira, participou diretamente da campanha de Lula e Alckmin ajudando a elaborar o programa de governo para as micro e pequenas empresas.

Valdir está cotado para participar do governo do presidente eleito na esfera federal, já que há a previsão de se criar o Ministério da Micro e Pequena Empresa.

“Abraçamos na campanha o micro e pequeno empresário. Sabemos bem quais são as dores que esse segmento sente na pele. E a sobrevivência dele é vital para a economia do país, para preservação e geração de empregos. Precisamos resgatar milhares de empreendedores que estão endividados, necessitando de ajuda”, disse Valdir.

samantasallum

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