VISTO, LIDO E OUVIDO

Publicado em Íntegra

circecunha@gmail.com; arigcunha@ig.com.br

Vem ai um novo mundo
Antes que a alvorada de um novo tempo se anuncie no horizonte, a humanidade irá experimentar ainda o gosto amargo  da experiência do ocaso do capitalismo consumista tal como conhecemos hoje. O motivo é simples e ocorre em âmbito planetário de modo irreversível.  O esgotamento dos recursos naturais, causado pela exploração predatória baseada no lucro desenfreado para atender a uma demanda gigantesca vai, pouco a pouco levando a Terra à um estado de stress e escassez . Os primeiros sintomas já se apresentam na poluição dos recursos hídricos, na extinção de muitas espécies, na acidificação das águas dos oceanos e mais recentemente nas grandes migrações de massas humanas fugidas da fome e da devastação das múltiplas guerras. Esse cenário de crise anunciada leva os cientistas a acreditarem inclusive que estamos, a passos acelerados, na direção da sexta extinção em massa, na qual 3/4 das espécies do planeta simplesmente irão desaparecer. Ainda assim, a  mesma espécie humana que tratou de destruir o planeta com uma das mãos , irá sobreviver à hecatombe que provocou, e através do atributo da inteligência e da razão irá reerguer seu lar no universo. Sinais desse renascimento, implantados lá trás nos anos sessenta pela filosofia das comunidades hippies começam a dar frutos ainda tímidos. Organizações não governamentais lutam pelo fim da poluição, a difusão dos lemas reciclar, reutilizar, reduzir e repensar, a crescente  tomada de consciência sobre o destino comum e sobretudo a utilização das redes de informações, vão aos poucos esclarecendo as populações para a necessidade vital de respeito ao meio ambiente como única forma de sobrevivência e perpetuação da espécie . Uma dessas ações que vem ganhando grande  impulso global é justamente a chamada economia  do compartilhamento, no qual a acumulação  pessoal e egoísta de bens é substituída pelo ato de compartilhá-lo , emprestá-lo ou simplesmente cede-lo a outrem. É a volta do escambo, feito agora também com a ajuda da tecnologia, nos moldes do século XXI.  Economia compartilhada do tipo colaborativa  é feita de pessoa para pessoa diretamente, movimentando hoje bilhões de dólares ao redor do mundo.  Steven Strauss, da Universidade de Harvard alega que a classe adepta dessa nova modalidade de economia solidária não está preparada para liderar ou assumir um emprego dentro dos moldes da economia moderna. Nota-se uma pontinha de inveja no professor por ter descoberto que a matemática da felicidade não é a soma, nem multiplicação, mas a divisão. Neste tipo de comércio o valor do produto é dado pela necessidade. Um bom exemplo de EC é a start-up (empresa ponto com) de partilhamento de carro, taxi. Através de um aplicativo (Über, Zipcar, Car2Go…) a pessoa escolhe um carro cadastrado indo na direção desejada e embarca por um custo mais em conta. Outros exemplos são o Ebay, OLX, ou a forma de pagamento seguro pelo PayPal. Compartilhar casas pelo House in Rio, 9flats, Wimdu  ou Airbnb para conhecer outros estados e países, livros, Tradesy para roupas e uma infinidade de produtos com impactos mínimos no médio ambiente e sobre os recursos naturais. Ainda é cedo para saber os reais efeitos que este tipo de transação pessoa a pessoa provocará na economia mundial, na arrecadação de impostos e outros reflexos. O certo é que o movimento veio para ficar e cresce em proporções geométricas. De outro lado crescem as expectativas de que num futuro próximo cada casa, rua ou bairro irá produzir seu próprio volume de energia elétrica, reciclando também a água (reuso) e destinando corretamente sua produção de lixo para reciclagem. Vem ai um novo mundo, com novos padrões de consumo e talvez a esperança de nos redimir de séculos de desperdícios, destruições e ostentações.

A frase que não foi pronunciada:
“Só os juízes com audácia são capazes de mudar o mundo.”
Anotado na capa de um livro da parada da 512

Corruptômetro nacional
Ao lado do impostômetro poderia ter outro dispositivo com a soma dos valores engolidos pela corrupção. Vale a pena saber quanto os brasileiros doam com o próprio trabalho para  a impunidade.
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