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com Circe Cunha e Mamfil
Falar em arte e cultura num país onde nem o básico para a sobrevivência de muitos brasileiros está disponível soa como alienação, despropósito ou assunto de interesse apenas das elites. O contingenciamento imposto pelos seguidos desgovernos local e federal só tem agravado ainda mais o problema da produção de arte no Brasil. Mesmo os poucos recursos oficiais disponíveis acabam sendo destinados para determinados nichos, de acordo com a vontade e gosto pessoal de cada governo, e nunca chegam onde são necessários e úteis.
Muitas galerias conhecem essa realidade e tratam de eleger artificialmente alguns artistas, inflando suas biografias e o valor de seus trabalhos. O grande mercado de arte, que existe em pequena quantidade aqui e ali no Brasil, não tem alma ou coração e segue o comportamento comum em todo o mundo, tratando a arte como um segmento da economia, no qual o lucro é a peça mais bela e fundamental a ser exposta.
Ainda assim, é possível afirmar que nunca faltou entusiasmo a muitos artistas e realizadores para seguir em frente, principalmente para aqueles que, desde logo, entenderam a arte como o ofício da paixão, em que o dinheiro, sempre escasso, nunca teve força suficiente para interromper o processo de criação. Esse tipo de gente é motivada muito mais pela largueza da imaginação do que pelo vil metal. Movem-se por um ideário que, às vezes, não sabem nem de onde vem.
O fato é que o que o público brasiliense tem apreciado costumeiramente nos principais teatros e galerias da cidade, nesses últimos anos, é sobretudo o resultado do esforço invisível de pessoas abnegadas, chamadas, com justiça, de quixotescas, tamanho é o esforço com que operam entre a realidade e o sonho. Um desses casos que chamam a atenção e que bem exemplifica, pelo volume e pela qualidade de realizações de sucesso, vem do Museu da República.
Dificilmente, um espaço cultural desse porte teria a efervescência que tem se não fosse o trabalho dedicado e a motivação de Wagner Barja. Na exposição aberta agora ao público, intitulada Não Matarás – Em Tempos de Crise é Preciso Estar com os Artistas, impressiona a todos como é possível realizar tanto com tão pouco ou nenhum recurso. A questão aqui é que, enquanto uns poucos fazem regime por conta dos banquetes pantagruélicos que sorvem com os recursos dos contribuintes, outros passam fome, mas, ainda assim, dividem o pouco que têm.
A frase que foi pronunciada
“Temos duas escolhas nesta vida: uma é aceitar as coisas como são; a outra é assumir a responsabilidade de mudá-las.”
Denis Waitley, escritor americano
Pauta
» O Coro Italiano da UnB faz um convite. Quem gosta da boa música italiana tem a chance de ingressar no grupo. Vagas para todas as vozes. Apenas às terças-feiras, até o dia 29, os candidatos serão recebidos para classificar a voz. Soprano, contralto, tenor ou baixo. Os ensaios e as audições serão sempre das 18h às 18h50 , na Sala BT – 240 – ICC Sul ( ao lado do Anfiteatro 10). Adriano Dantas informou que o local é iluminado e com segurança da UnB em ronda.
Busca
» Vai começar a CPI no Senado sobre os últimos 20 anos de atividades do BNDES. O senador Roberto Rocha, autor do pedido, será o relator. O senador João Alberto conduziu, à Presidência, Davi Alcolumbre e, como vice, o senador Sérgio Petecão. As conclusões desse trabalho dirão mais do que o que aparecerá no relatório. Vale acompanhar.
Superavit
» Sobre a CPI da Previdência, o senador Paim disse que os setores do patronato arrecadam por ano em torno de R$ 25 bilhões e não repassam à Previdência o que cabe ao trabalhador. Segundo o senador, isso é crime; apropriação indébita. Bancos, montadoras e grandes empresas devem mais de R$ 500 bilhões à Previdência.
Release
» Conhecer para gostar. A série #MinhaBrasília Entre Asas e Eixos, dirigida e apresentada por Zukko, teve como inspiração um espetáculo homônimo, do Instituto de Dança Juliana Castro (2009), que gentilmente cedeu a utilização da expressão, que agora batiza a série. Ela vai ao ar todas as segundas-feiras, às 11h, no seu canal do YouTube, #minhabrasilia
Pensamento
» Uma nota de apoio ao governo venezuelano foi publicada em 3/4/2017 e atualizada em 19/7/2017 no site do PT. O texto é assinado por Rui Falcão e afirma que a oposição ao governo venezuelano é maioritária no parlamento e justifica as ações do presidente da seguinte forma: “O que existe é uma situação de desobediência do parlamento no que tange a realizar novas eleições para definir três mandatos de deputados, impugnados pela Justiça Eleitoral, por terem comprado votos para se elegerem. Além disso, como o parlamento se recusou a votar determinadas propostas administrativas advindas do Executivo, o Tribunal decidiu sobre o mérito a pedido do governo. Neste aspecto, não há diferenças entre o que ocorre na Venezuela e o que se passa corriqueiramente no Brasil na relação entre o STF e o Congresso Nacional”, diz a nota.
História de Brasília
Dona Tereza Goulart deve saber que o governo americano mandou, há meses, centenas de sacas de fubá de milho, para serem distribuídos nos acampamentos, e até agora a pilha de sacas está mofando no galpão da Catedral de Brasília. (Publicada em 3/10/1961)