DESDE 1960 »
jornalista_aricunha@outlook.com
Circe Cunha e MAMFIL
Está complicada a vida no Distrito Federal, cuja qualidade de vida ganhou fama mundo afora. Problemas e mais problemas têm surgido diariamente, atormentando a vida de todos. Congestionamentos constantes no trânsito, principalmente nas vias que dão acesso ao Plano Piloto, racionamento e má qualidade da água, faltas e cortes de luz repetidos, especulação imobiliária, precariedade do transporte público, aumento dos índices de poluição do ar e desmatamento e aterramento de nascentes.
Não há exagero nas reclamações. A lista de queixas inclui ainda poluição sonora e visual, sujeira e lixo amontoados por toda a cidade, esgotamento da capacidade dos aterros sanitários, multiplicação das invasões e de assentamentos precários, descaracterização da cidade com puxadinhos e outros aleijões arquitetônicos.
Mas não acabou. Há também reformas e construção de elefantes brancos onerosos e desnecessários, aumento assustador da violência e da criminalidade urbana, escolas e hospitais públicos superlotados e de baixa qualidade e aumento geométrico de tributos para cobrir rombos crescentes.
O desânimo só aumento diante da perda da qualidade geral de vida, da decadência e da desvalorização dos espaços urbanos, da incapacidade dos órgãos de segurança e de saúde de atenderem a tantos chamados diários, da corrupção e dos desvios de recursos públicos constantes numa máquina pública inchada e ineficiente, das notícias constantes sobre negociatas envolvendo agentes públicos, tribunais e órgãos de fiscalização.
Esses e muitos outros pesadelos, que, até bem pouco tempo, eram problemas típicos de grandes cidades brasileiras, já fazem parte de nosso cotidiano. E, pior, vieram para ficar. O mais perturbador é que essas pragas foram libertadas quase de uma só vez de dentro do baú dos políticos locais. Durante três décadas, essa foi a semente plantada por eles no planalto central. É essa a colheita que temos agora. A capital está seriamente doente.
A frase que foi pronunciada
“O imposto é a arte de pelar o ganso fazendo-o gritar o menos possível e obtendo a maior quantidade de penas.”
John Garland Pollar
Abuso
» É certo que haja livre concorrência, mas aceitar um refrigerante por R$10 é fora de propósito. A reclamação chegou de um leitor e turista horrorizado com o preço cobrado no Aeroporto de Brasília.
Leitor 1
» Por falar em aeroporto e leitor, Roldão Simas envia opinião para a redação com o seguinte teor: “Nas vias de acesso ao centro da cidade, as placas indicativas assinalam Brasília em vez de Centro, (termo correto e usado nas cidades do mundo inteiro). Isso ocorre, por exemplo, na saída do aeroporto bem como na EPTG desde Águas Claras para o centro da cidade.
Leitor 2
» O aeroporto fica em Brasília, Águas Claras fica também em Brasília, que é o nome da cidade capital federal. E completa: “O centro de Brasília é o cruzamento do eixo rodoviário com o eixo monumental. Fica na Estação Rodoviária. Todo o mundo sabe disso”.
Impressionante
» Falta muito para que a alimentação no Brasil seja saudável. O uso de gordura em frituras, a falta de frutas, legumes e verduras na alimentação, o excesso de sal e açúcar, além do abuso de salgadinhos industrializados para as crianças são o cenário para tantos obesos morando à beira mar.
Educador
» Mário Sérgio Mafra, superintendente da Fubrae, nos conta numa missiva que tentou implementar no Brasil a estrutura e funcionamento da Escola da Ponte, hoje as mais adiantadas da Europa. Elas tratam do interesse dos alunos como prioridade para o aprendizado. Mesmo lutando para implementar a metodologia educacional de cultura colaborativa, Mafra não encontrou gestores que o ouvissem. “A ideia ficou estancada nos ouvidos moucos dos tomadores de decisões educacionais. O Brasil perdeu o norte e dificilmente sairá desse hiato pedagógico. Estamos a remendar o modelo educacional do século 19.”
História de Brasília
A verdade dessa afirmativa está no fato de alcançarmos a primeira metade de mês de governo e nenhuma providência de alto alcance ter sido tomada até agora. (Publicado em 21/9/1961)