Tretas e tetas das estatais

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Tudo o que já foi dito nas centenas de milhares de páginas sobre a crise que se abateu sobre a Petrobras e que culminou com a instalação da maior investigação criminal de todos os tempos, reunida na Operação Lava-Jato, caberia completamente numa singela e despretensiosa fotografia tirada à época do anúncio oficial da descoberta do pré-sal.

Não se trata aqui de uma foto extraordinária por suas qualidades técnicas ou artísticas e que ganharia um desses concursos de melhor fotografia do ano, mas o que se tem imprimido para a posteridade é o registro exato de um instante que retrata, como nenhum outro, o momento em que o governo Lula, vergando o uniforme laranja da estatal, parecia ter tocado no mais alto do céu quando contempla extasiado as mãos, cobertas pelo ouro negro, vindo das profundezas abissais do pré-sal.

As falas ufanistas que se seguiram à visita ao campo de petróleo naquela ocasião se perderam confirmando o dito latino “verba volant, scripta manent”. O que está escrito, em forma de imagem, impressa no papel é a quintessência de 500 anos de história do Brasil, mostrando a apropriação parasitária do Estado pelas elites dirigentes e políticas de qualquer matiz ideológico, se é que isto tem algum sentido por aqui.

A cantilena patriótica “o petróleo é nosso” é entoada por políticos, burocratas e sindicalistas e quer dizer exatamente isso mesmo. Agora vem a público o balancete da estatal Correios, registrando um rombo, em 2016, de R$ 2 bilhões, atribuído, pelos dirigentes, ao plano de saúde da empresa, que, por incrível que pareça, detém o monopólio do setor em todo o território nacional.

A solução encontrada pelos políticos que parasitam a estatal é, obviamente, aumentar os preços dos serviços, numa ponta, e eliminar uns 20 mil funcionários, em outra, por meio de um Plano de Demissão Voluntária (PDV), trazendo, para cobrir o caixa arrombado dos Correios, parte significativa dos salários pagos aos pobres carteiros e a outros empregados da base da pirâmide da empresa. Também no caso da estatal dilapidada, ficaram para registro impresso da história, as imagens do então subchefe de Assuntos Parlamentares, Waldomiro Diniz.

Em 2004, esse assessor direto de José Dirceu foi filmado enfiando displicentemente na algibeira do paletó um volumoso maço de dinheiro recebido, como propina de um contraventor conhecido e enrolado com a polícia. Não precisa ir buscar muito longe exemplos dessa razia promovida por políticos e sindicalistas nas estatais para demonstrar que o modelo do tipo capitalismo de Estado ou capitalismo cartorial é danoso para o cidadão e para o país.

A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), outrora rica e poderosa, detentora da maioria das áreas públicas do DF, depois de sucessivos governos e de seguidos casos de corrupção e de grilagem oficial, apresenta agora aos brasilienses um rombo em suas contas de R$ 1,5 bilhão, ocasionados , em grande parte pelos desvios sofridos durante a construção do Estádio Mané Garrincha.

No caso da Terracap que, segundo o noticiário, bem como Metrô, Caesb e CEB, fez a alegria de muitos políticos na capital, não existem imagens mostrando os gatunos diretamente com a mão na cumbuca. As provas, nesse caso, são bem mais concretas e podem ser vistas na forma de um enorme estádio, que não tem serventia alguma para os brasilienses. É concreto. Cada uma das centenas de colunas é uma homenagem ao descaso e à incúria, perfiladas para a posteridade.

 

A frase que não foi pronunciada

“Eu desencorajo um culto de personalidade.”

Newt Gingrich, ex-membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos

 

Cheiro estranho

O pessoal que conhece o Sindilegis aconselha: aceite toda conversa, mas só depois de conferir o passado de quem estiver envolvido no assunto. Enquanto Câmara e Senado compartilham conhecimento e se unem pela economia no gasto público, membros do Sindilegis começam nessa segunda-feira tentativas estranhas para se separarem em dois sindicatos: um da Câmara e outro do Senado.

 

João 15:16

Passando por uma escola vi um rapaz com Jesus estampado em uma camiseta. Curiosa pela desarmonia do visual, perguntei o que o fez ter tanta fé a ponto de usar uma camiseta que ninguém ali usava. Como se nos conhecêssemos há muito tempo, ele disse com honestidade: “Pedi para minha mãe parar de ir à igreja. Ela disse que Deus era mais importante que eu. Daí concluí: então, Ele deve ser bom mesmo. Passei a ir com ela e gostei”.

 

História de Brasília

Para que não haja dúvida em futuro, nem exploração no presente, seria conveniente que a DAC concluísse rapidamente esse inquérito, e desse a público o seu resultado (o que faria pela primeira vez) para que todos ficassem conhecendo os motivos do desastre. (Publicado em 28/9/1961)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin