Adeus ao espelho d’água

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

 

Seria impossível hoje repetir a epopeia da construção de Brasília, principalmente nos moldes como foi feita no final dos anos cinquenta do século passado. As razões são inúmeras, a começar pela dimensão da obra, pelo sítio escolhido, pela fabulosa movimentação de terras que se seguiu para o nivelamento das grandes áreas centrais da capital, pelo assoreamento de diversos curso d’água, pela derrubada de extensas áreas nativas de cerrado e por diversas outras transgressões e crimes contra o meio ambiente.

Brasília existe hoje, porque na época não existiam códigos de preservação da natureza e muito menos informação sobre o delicado equilíbrio dos biomas e de questões sobre o aquecimento global. Do ponto de vista da atual legislação e do entendimento que temos hoje sobre fenômenos como o efeito estufa, do conhecimento da importância do cerrado para a formação das principais bacias hidrográficas do país e sobretudo sobre os alertas acerca da crescente escassez de água potável, a implantação de Brasília cometeu uma série contínua dos mais graves crimes ambientais que se tem notícia.

Obviamente que não se pode julgar o passado, mas é possível aprender com os erros cometidos e corrigir futuros rumos. No entanto, entre nós, não parece que tenhamos aprendido coisa alguma com os erros passados. Prosseguimos na mesma rota de destruição da natureza ao nosso redor, apesar saber que isto irá comprometer gravemente as gerações futuras.

Cada pequeno gesto e ação que perpetramos contra o meio ambiente irá se somar aos grandes e irreversíveis estragos que tornarão nosso planeta um lugar cada vez mais inóspito para o próprio ser humano. Neste sentido não é possível compreender que o Lago Paranoá continue a sofrer cotidianamente agressões de todo o tipo.

Quem atravessa a ponte do Braguetto, no sentido Norte/Sul, já pode observar, do lado direito, que o plácido e belo espelho d´água, formado pela contribuição das águas do Rio Bananal, a cada dia que passa vai desaparecendo, dando lugar ao mato. Assoreado pelas construções do Setor Médico Norte, pela construção do bairro Noroeste e agora pelas obras do Trecho de Triagem Norte (TTN), essa pequena bacia natural está desaparecendo e todas as nascentes ao redor estão também com os dias contados.

O avanço do progresso, feito de forma apressada e sem maiores estudos prévios e preocupações ambientais, está destruindo, diante de todos, esta parte bucólica do Lago Paranoá e que compõe o que os ambientalistas chamam de corredor ecológico.

O governo, por meio da Secretaria do Meio Ambiente, faz cara de paisagem e não toma providências. A obra do TTN, que para muitos irá livrar aquela saída dos constantes engarrafamentos é, na visão dos urbanistas experientes neste assunto, apenas um remendo provisório que, em pouco tempo apresentará os mesmos problemas de represamento do trânsito nas horas de pico.

Estudiosos dessa matéria sabem que quanto mais se alargam e duplicam as pistas, mais carros aparecem para congestioná-las, num ciclo sem fim. A solução, que seria a implantação de transporte público de massa, não é, sequer, pensada. Enquanto as obras paliativas e a poeira avançam, a natureza vai recuando silenciosamente. Até quando?

 

A frase que não foi pronunciada:

“A personalidade do homem determina antecipadamente o grau da sua fortuna.”  Schopnhauer

Humano

Há que se registrar a hombridade do ministro Barroso em reconhecer e se desculpar sobre uma frase infeliz que disse. Foi um fecho de luz em um período de transição para o Brasil.

 

Arte

Recebemos um convite de Heloise Velloso presidente da ACEHU para conhecer o trabalho realizado em São Sebastião para meninas de 10 a 14 anos em situação vulnerável. Mais Arte! é o nome do projeto que abriga as crianças em ambiente de paz, música, fotografia e teatro. Totalmente gratuito à comunidade, o Mais Arte! é mantido pela Associação de Assistência Cultura e Educação Humana, ACEHU, entidade sem fins lucrativos.

 

Ciência

Um rapaz cumpria pena alternativa em uma instituição filantrópica de Brasília. Ele havia dado um murro no homem que o chamou de macaco. Ao ser questionado se havia se arrependido do feito ele disse com convicção. Passaria minha vida toda dando murros em preconceituosos e trabalhando aqui. Com o maior prazer. Dados: 1,2 mil pessoas cumprem pena em postos de trabalho no GDF, órgãos federais, empresas privadas e do terceiro setor.

 

Inoperância

Por falar em cumprimento de pena, a ONG mexicana Conselho Cidadão pela Seguridade Social Pública e Justiça Penal apresentou um ranking das cidades mais violentas do mundo. Um dado interessante é o nível de impunidade. Para os homicídios a impunidade no Brasil é estarrecedora. Em 92% dos casos de morte não há punição para o criminoso.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Resultado geral do acidente com o Caravelle: não houve perdas de vida, havendo, entretanto, perda total do aparelho. (Publicado em 28.09.1961)

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