ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Com uma frota que já se aproxima dos 2 milhões de veículos, circulando diariamente por todo o Distrito Federal, ou um carro para cada 1,5 habitante, a questão da mobilidade urbana na capital vai caminhando rapidamente para o colapso, restando, cada vez mais, poucas alternativas para conter a saturação das vias.
O mais impressionante é que a cidade foi concebida justamente numa época de grande expansão e entusiasmo pelo advento da indústria automobilística, num período em que se acreditava que o carro representaria a grande conquista do homem moderno, capaz de proporcionar-lhe agilidade e independência, num mundo em que a velocidade e as máquinas iriam libertar a sociedade de um passado lento e moroso.
Com o traçado de suas vias retas e largas, Brasília era o protótipo da cidade pensada para ser a capital onde os automóveis poderiam literalmente voar de um extremo ao outro, em questões de minutos, sem impedimentos e com segurança. O problema com previsões otimistas, num país conhecido pelos improvisos de última hora, é que a cada futuro que vai chegando, as expectativas simplesmente deixam de acontecer e, para contornar essas frustrações, vão sendo feitos remendos sobre remendos, de modo a adiar, sine die, uma solução definitiva e satisfatória.
Exemplo desses improvisos são as obras, sem fim, que acontecem no traçado das vias, com o alargamento das pistas, o encolhimento de calçadas, a construção apressada e com pouco planejamento de atalhos, viadutos, pontes, novos acessos, mudanças de direção nas vias e outras obras viárias que resolvem apenas problemas de momento, mas que em breve se mostram ainda mais danosas para a questão da mobilidade.
O pior nesses casos é quando uma questão eminentemente técnica e delicada como essa, cai nas mãos de políticos e se transforma em assunto de barganhas e quedas de braços inúteis e, portanto, sem solução minimamente adequada.
As retenções e congestionamentos cada vez mais intensos, até fora das horas de pico, provocam prejuízos de grande monta para a economia da cidade. Num ambiente de desordem como esse, os únicos beneficiados são os órgãos arrecadadores de trânsito, incluindo aí os pardais, os donos de postos de combustível, os serviços de mecânica, as revendedoras de automóveis e os proprietários de transportes piratas.
A opção do brasiliense pela utilização diária do carro próprio, decorre, basicamente da precariedade geral dos transportes públicos, que circulam lotados, em péssimas condições de manutenção, sem o cumprimento de horários fixos e ainda por cima sujeitos à ação de criminosos que constantemente promovem assaltos à passageiros, tanto nas paradas, como dentro dos veículos. Em 2017 houve, em média, oito assaltos a ônibus por dia. A situação tem se tornado tão corriqueira que os usuários do transporte público, passaram a adotar medidas próprias para minimizar os efeitos da criminalidade, como sair de casa sem celular, com pouquíssimo dinheiro e sem carregar objetos de valor.
Mesmo a Secretaria de Segurança, diante da violência no transporte público, pouco pode fazer. Apenas recomenda que os usuários de ônibus saiam de casa prevenidos e sem levar pertences de valor. A falta de uma fiscalização séria tem sido apontada por especialistas como o maior fator a comprometer o transporte popular. São quase 900 mil usuários que dependem de melhores políticas públicas de mobilidade.
A frase que não foi pronunciada:
“ Está vendo alguma autoridade de Brasília andando no transporte público? Então ele não é bom.”
Alguém do controle de qualidade
Feira dos Países
Similar à agricultura familiar, a exposição que está no Shopping Iguatemi é a forma de sobrevivência de famílias de vários países. Até o dia 29, o brasiliense poderá apreciar a cultura de vários continentes, desde bijuterias a artigos de decoração. A realizadora do evento é Ana Carolina de Souza Ribeiro, da catarinense Novita Comunicação.
Link: https://www.facebook.com/FeiradosPaisesOficial/
Release
Autor de um minucioso estudo publicado com diversas sugestões para a reconstrução da política brasileira, o senador Fernando Collor defende uma profunda reforma constitucional. O Congresso Nacional renovado precisa enxugar a Constituição e tornar seu texto mais claro e arejado em nome da governabilidade e da segurança jurídica. Uma das ideias do senador é a convocação de uma nova assembleia constituinte, de preferência exclusiva e concomitante à legislatura de 2022. O ponto de partida seria a retomada do debate para instituir o parlamentarismo e, consequentemente, promover a tão sonhada reforma política.
Milton Ramos
Ana Cristina Ramos agradece a homenagem prestada a Milton Ramos, seu pai, na abertura da exposição “Desenhando para um Palácio – o Itamaraty e o design”.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Outro erro da nota, prova que o ministro não vai ao seu gabinete, quando diz que o Ministério ocupa apenas um andar na Esplanada. Não é verdade. Ocupa dois. (Publicado em 18.10.1961)