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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
instagram.com/vistolidoeouvido
Existe um fenômeno arraigado em nossa cultura que deveria nos tornar obrigatoriamente objeto de estudo para, quem sabe, buscar uma terapia coletiva ou mesmo um tratamento mais objetivo e firme, antes que essa mania venha a destruir-nos como nação ou país. A questão aqui é ir ao encontro de respostas que possam esclarecer essa propensão nacional em depredar todo e qualquer bem público, seja ele de valor artístico, histórico ou outro qualquer ao alcance das nossas mãos. Nossas cidades são o reflexo dessa mania niilista coletiva.
Essa situação se agrava ainda mais quanto mais nos afastamos dos centros urbanos, onde o policiamento é mais escasso, se não, inexistente. Com isso, nada escapa da ação quase coordenada da multidão de vândalos. Basta um descuido das autoridades e lá se vão estátuas, bancos de praça, ornamentos, postes de iluminação, jazigos, universidades, tampas de bueiros, chafarizes e todo e qualquer equipamento mobiliário público.
Nessa insanidade coletiva, entram ainda ônibus e trens urbanos, metrôs, ponto de paradas, rodoviárias, banheiros públicos, placas de orientação. A sequência de bens da coletividade que são pichados, quebrados, incendiados, roubados ou que desaparecem no ar, é infinita. Há como que uma espécie de compulsão por arruinar o que é de todos, transformando nossas cidades em cenários de guerra.
Talvez, essa psicose em massa reflita um pouco as consequências de um país, onde, aproximadamente, 60 mil pessoas são vítimas de violência, a cada ano. Sabe-se, hoje, que morrem mais pessoas assassinadas, em nosso país, do que na maioria das guerras e conflitos que ocorrem pelo mundo, na atualidade. Desse modo, para um país reconhecidamente violento, nada mais natural do que um cenário de fundo, onde tudo parece ruínas.
Num primeiro momento, o que parece claro é que duas medidas de profilaxia se mostram necessárias e urgentes. A primeira, é a educação de base, com as escolas incumbidas de ensinar as boas práticas urbanas, ensinando nossas crianças a respeitar e preservar todo e qualquer bem público, afinal, eles são para o usufruto comum e estão onde estão graças aos recursos oriundos de cada um de nós. É preciso que as escolas se ocupem da tarefa de civilizar ou recivilizar as novas gerações. Talvez, essa seja uma missão mais importante ou prioritária do que ensinar outras disciplinas. Antes até do que aprender a ler e escrever e fazer outras operações de aritmética, é necessário aprender a ser um cidadão. Esse papel humanizador das escolas parece ter se perdido com o tempo em meio a outras exigências enganosamente mais urgentes.
Outra media profilática necessária é a punição exemplar para os protagonistas dessa psicose em massa. Nesse sentido, somente a rápida intervenção punitiva, obrigando vândalo a pagar pelos estragos, pintar muros e paredes ou cumprir pena de restrição de liberdade pode resolver parte desse problema que afeta a todos.
É do conhecimento das áreas de psicologia que ambientes degradados fisicamente, sujos, mal iluminados ou sem segurança, aumentam também os casos de distúrbios mentais, pois o indivíduo, mesmo inconscientemente, vê-se imerso num cenário de pesadelo, onde todo o entorno parece se constituir numa ameaça. Não é por outra razão que a maioria de nossas cidades são vistas pelos estrangeiros como feias, deterioradas ou ameaçadoras. Essa percepção negativa tem consequências também negativas para nossa economia, pois afugentam os turistas.
É preciso destacar que essas atitudes irracionais em massa, de destruir nossos bens públicos, decorrem ainda e com grande frequência dos exemplos de comportamento que vêm de cima, com o comportamento recorrente de nossas autoridades do não respeito e comedimento pelos recursos públicos. Lembrem-se que o vandalismo é sempre uma corrupção do indivíduo ou das massas, que enxergam, nessas atitudes, um meio de vingança contra os poderosos e seus modos de agir no comando do Estado.
Nesse caso, como ensinava o psicólogo Gustave Le Bom (1841-1931): “As massas nunca têm sede de verdade; elas se afastam de evidências que não agradam seus gostos, preferindo deificar o erro, caso este as seduza.” Mais do que deificar os erros, os brasileiros buscam, nessas manifestações de depredação dos bens públicos, imitar tudo aquilo que enxergam nos andares de cima. Esse modelo de comportamento nacional demonstra também a urgência, cada vez mais premente, de retirar esse lobo que parece devorar cada indivíduo de dentro para fora, transformando-o numa espécie sui generis, digna de todo o cuidado de uma junta médica e mental.
A frase que foi pronunciada:
“Um homem que rouba por mim, fatalmente, roubará de mim.”
Theodore Roosevelt
História de Brasília
Os três diretores acusados pelo sr. Hélio Fernandes como “traquejados no manejo da maior máquina de corrupção” são os senhores Frank Ballalai May, Vasco Viana de Andrade e Jaime Almeida. O dr. Frank, antes da Novacap, era diretor do Banco do Nordeste. Valeu sempre como um homem de bem. O dr.Vasco substituiu o dr. Moacir Gomes e Sousa e o dr. Bernardo Sayão. Fêz um milhão e meio de metros quadrados de asfalto dentro do Distrito Federal, afora as outras obras, e o dr. Jaime Almeida, lidando sempre com a parte financeira, tem mantido a impecabilidade que todos conhecem. (Publicada em 25.04.1962)
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Imagens que circulam nas redes sociais vêm despertando indignação geral, pois mostram hordas de moradores de rua perambulando nas madrugadas pela Asa Norte, cometendo todo o tipo de vandalismo e crimes. As imagens foram captadas por diversos moradores locais e em ângulos diferentes. Escondidos detrás de cortinas e persianas, apavorados com o que documentavam, os brasilienses residentes em muitas áreas desse bairro assistem a tudo, com um misto de terror e desamparo.
São dezenas desses catadores de papéis e outros mendigos que se juntam e saem pelas ruas revirando lixeiras, quebrando e danificando placas e postes de iluminação, invadindo casas e roubando o que encontram do lado de fora nas varandas. Tudo é pilhado, desde vasos de plantas, containers, carros e tudo o mais que encontram pela frente.
Essas arruaças perigosas são sempre impulsionadas por um grande consumo de drogas e bebidas, tornando esses bandos ainda mais perigosos. O que espanta é que, nesses casos e por repetidas vezes, os moradores acionam a polícia, que raramente é vista para conter esses desocupados. Não é de hoje que se sabe que boa parte do dinheiro arrecadado com a coleta de papéis e outros produtos, assim como o que é amealhado com esmolas, é gasto na compra de drogas e bebidas.
Muitos desses moradores de rua também conseguem alguns trocados com a venda de drogas, principalmente o crack. A situação, como mostram as imagens, saiu de controle. Ao que os cidadãos assistem agora, na forma de um imenso problema social, é a formação embrionária das cracolândias, que migraram de outras partes da cidade para a Asa Norte e parte da Asa Sul.
Quando a madrugada chega, muitos moradores sabem que o pesadelo recomeçará. Ninguém, nesse momento, se atreve a sair de casa. Naquelas quadras situadas acima do Eixão, a situação é fora de controle. O prejuízo para moradores e comerciantes é sempre grande e constante. As ruas de nossa cidade, outrora tranquilas como cidades do interior, de uns anos para cá, se transformaram em verdadeiros cenários de guerra. As polícias militar e civil parecem que não estão dando conta do recado, tamanha é a quantidade de chamadas pedindo socorro.
Nessas regiões, o que impera é o medo dos cidadãos que pagam impostos para serem usados em educação, saúde e segurança. Mas não é o que veem. Não bastasse as áreas verdes terem se transformado em locais de acampamento, agora toda a cidade vai se rendendo a um fenômeno que mistura problema social severo com criminalidade incontrolável e crescente.
O governo, ao qual a cidade e a segurança de seus habitantes são confiadas, precisa, o mais urgente possível, vir a público e apresentar um plano de segurança efetivo que ponha fim a essas ondas de banditismo. Ou se faz algo agora, ou a situação ganhará escala para um processo de guerrilha urbana, onde o “salve-se quem puder” será voz corrente.
A frase que foi pronunciada:
“Nós, o povo, não compreendemos nossos representantes.”
Entrelinhas do preâmbulo da Constituição brasileira
Aparências
Tocado pela situação do lavador de carros que trabalhava mesmo tendo deficiência, o morador da 213 Norte resolveu atender ao pedido. Comprou uma boa cadeira de rodas para o rapaz. Passados alguns meses, percebeu que o homem não lavava mais carros por ali. Perguntou ao porteiro que respondeu com um sorriso nos lábios: “Ele vendeu a cadeira que o senhor deu e sumiu daqui”. Meses depois, o destino colocou os dois cara a cara. O doador da cadeira, revoltado com o golpe, falou sem titubear: “Mas você usou a única perna que tem para passar em mim!”
Conquista
Um aumento de mais de 50% nas candidaturas de pessoas negras para prefeituras e câmaras municipais. A Justiça Eleitoral afirma que é apenas a segunda vez na história que isso acontece.
Consume dor
O deputado Jorge Viana, da Câmara Legislativa do DF, está no grupo que vai sair pela cidade para defender os absurdos praticados contra os consumidores. Um deles é desembolsar R$ 15,00 por uma garrafinha de água mineral, valor cobrado no aeroporto de Brasília. A solução vai ser instalar bebedouros, tanto no saguão de embarque quanto no desembarque.
História de Brasília
O assunto veio à baila, mesmo quando o deputado Ademar Costa Carvalho resolveu contar tudo ao prefeito Sette Câmara, e inúmeras acusações foram feitas à administração Laranja Filho. (Publicada em 18/4/1962)