Revolução dos Bichos

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Imagem: Divulgação

Não seria surpresa se, num futuro muito próximo, o conceito de antropocentrismo, surgido na Europa, entre os séculos XV e XVI, e que conduziu a humanidade a ser o que ela é hoje, venha a ser suplantado por uma nova representação; desta vez colocando como o centro do universo nem Deus, nem o homem, substituídos agora pela ideia do animalismo, que visa igualar o ser humano com todas as espécies de seres vivos que habitam o planeta. Com isso, o que se pretende é posicionar todos os seres viventes numa mesma base de igualdades de direitos, visando obter sua inserção social.

O que pode, à primeira vista, ser considerado uma maluquice, para outros é fruto da própria evolução humana, que, ao abrir espaço para outras criaturas, reconhece toda a natureza como parte integrante da vida e, como tal, digna e merecedora de figurar como o centro da atenção e do universo.

Para alguns, essa nova concepção ruma no sentido de uma involução, deixando Deus e o homem perdidos no cenário de toda a criação, dissolvendo-os numa mesma massa de vida, onde todos são importantes e sem hierarquias.

O animalismo forma hoje uma corrente de opinião que reduz a importância do antropocentrismo, de forma a igualá-la aos demais seres vivos. Para muitos pensadores, o antropocentrismo está ligado diretamente às ideias de desvalorização das outras formas de vida, presentes em nosso planeta, sendo associado a problemas como a degradação do meio ambiente, o aquecimento global e a destruição de todo o ecossistema da Terra.

Para os defensores do animalismo, é falsa a ideia de que as peculiaridades da raça humana, como sensibilidade e consciência, estejam acima de outras formas de vida e, por isso, justifique colocar todas as outras espécies a serviço dos homens. Essa história de que todo o universo deve servir aos humanos tem nos levado em direção à ruína.

Ideias de que há no universo um modelo de desenho inteligente, concebido para servir apenas àqueles que se consideram mais inteligentes, é falsa. Depois de deixarmos para trás os conceitos de Teocentrismo, que vigorou em toda Idade Média para ingressarmos na ideia de que o homem é o centro do Universo, trazidos pelo Humanismo, eis que agora, dentro do perpétuo ciclo da evolução das espécies e das ideias, é chegada a hora de deixamos o homem à beira do caminho e seguirmos adiante nessa nova Arca de Noé, salvando todas as espécies desse dilúvio provocado pela insensatez dos homens.

A antiga exaltação da racionalidade levou-nos a um beco sem saída do aquecimento global e da extinção de muitas espécies, num movimento de verdadeiro suicídio global. Agora, buscamos, dentro do cientificismo, brechas para escapar dessa destruição anunciada. Numa dessas brechas, é possível visualizar aspectos de um humanismo perdido no tempo e que, já no passado, clamava no deserto por mais humildade e compreensão para o esplendor da vida, presente em todo o planeta e sua intrincada delicada inter-relação.

Hoje é possível visualizar em um lugar da cidade, pichado em muros, frases do tipo: “salvem as abelhas, pois existência humana corre risco de extinção”. A obra distópica “A revolução dos Bichos”, de George Orwell, best seller publicado no fim da Segunda Grande Guerra, para muitos, marcou o surgimento do conceito de animalismo. Em um dos trechos lê-se: “O Homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar o arado, não corre o suficiente para alcançar uma lebre. Mesmo assim, é o senhor de todos os animais. Põe-nos a trabalhar, dá-nos de volta o mínimo para evitar a inanição e fica com o restante. Nosso trabalho amaina o solo, nosso estrume o fertiliza e, no entanto, nenhum de nós possui mais do que a própria pele.

As vacas, que aqui vejo à minha frente, quantos litros de leite terão produzido este ano? E que aconteceu a esse leite, que deveria estar alimentando robustos bezerrinhos? Desceu pela garganta dos nossos inimigos. E as galinhas, quanto ovos puseram este ano, e quantos se transformaram em pintinhos? O restante foi para o mercado, fazer dinheiro para Jones e seus homens.”

Surgida como uma teoria política dentro da ficção, o animalismo, vem ganhando, ao logo dos anos, status de corrente político-filosófica. Ao longo dos séculos, ficou por demais provado que nossa espécie não só trata os outros animais como escravos, com escraviza o próprio semelhante, submetendo-os às mais terríveis situações. Desse modo, fica acertado que qualquer um que ande sobre duas pernas, beba álcool e mate os outros animais é um inimigo e, portanto, deve perder o trono e a supremacia sobre as outras espécies.

 

A frase que foi pronunciada:

“Desde esse dia, os ladrões nunca mais se arriscaram a entrar na casa, o que foi ótimo para os quatro músicos de Bremen, que nela se instalaram, vivendo tão regaladamente que nunca mais quiseram sair. E quem por último a contou, ainda a boca não lhe esfriou.”

Os músicos da cidade de Bremen, dos Irmãos Grimm

Ilustração: grimmstories.com

 

História de Brasília

Se a NOVACAP resolver importar pescado, nós teremos uma Semana Santa a muito menor custo de alimentação. Já que o assunto está entregue ao desenfreio, seria o caso de o sr. Laranja aproveitar e utilizar os mercadinhos da W-4. (Publicada em 14.03.1962)

O uso do Santo Nome em vão

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Capela Sistina: representação da criação do homem, Gênesis, Deus e Adão

 

Na história das civilizações, a figura de Deus foi usada, repetidas vezes e de forma totalmente distorcida, para justificar diversas atitudes insanas dos seres humanos. Nas Cruzadas do século XI ao XIII, o morticínio dos não-cristãos era a justificativa da Igreja para recuperar Jerusalém. Durante a Inquisição, entre os séculos XII ao XV, os tribunais da Igreja, em nome do combate as heresias, blasfêmias, bruxaria e outros comportamentos, condenavam pessoas a torturas e mortes horrendas. Do mesmo modo, os Islamitas, a partir do final do século VI, passaram a perseguir e matar todos aqueles que não reconheciam Alá como o único Deus.

A transformação dos aspectos espirituais da fé e do amor, que, em tese, formariam o arcabouço dos ensinamentos de Deus aos homens, em igrejas, seitas e outras instituições terrenas, com regras e rituais rígidos, transformariam o que seria a herança divina em algo que, ao fim ao cabo, serviram especialmente ao propósito de grupos que passaram a comandar, com mão de ferro, essas religiões.

O uso da fé e do nome de Deus para a consecução de interesses puramente materiais ainda hoje é comum, basta verificar o número de igrejas ditas neopentecostais, que agem como verdadeiros caça-níqueis, explorando a boa fé de gente humilde. Também os atentados que se seguem na Europa e nos Estados Unidos, perpetrados por radicais islâmicos, é uma realidade de nosso mundo atual, em que covardes fazem suas vítimas em nome de um Deus vingativo e cruel.

No Brasil essa usurpação do divino, por parte da direita e da esquerda política, tem sido uma realidade constante, principalmente depois do golpe que instaurou a forma republicana de governo. Não é de hoje que a igreja tradicional e dogmática se encontra em conflito com a chamada Teologia da Libertação, de Harvey Cox e Leonardo Boff, entre outros teóricos.

Embora, em nosso tempo, a dualidade entre o mundo terreno e o espiritual, pareça já suplantada pela oposição imediata entre mundo proletário e mundo burguês, o que temos ainda é uma leitura ou um uso dessas correntes para fins humanos e não espirituais. É como repetia o filósofo de Mondubim: Deus criou a fé e o homem, as diversas igrejas, à imagem e conforme a semelhança dos próprios homens.

Também é sabido que seria impossível ao ser humano se apropriar daquilo que, em verdade, não consegue entender pela razão. A construção de catedrais, mesquitas e outros templos suntuosos seria, assim, a materialização da concepção humana de como seria a morada de Deus. Quando o profeta Jesus expulsou os vendilhões do Templo, com sua fúria santa, estava pondo em prática a separação do que seria de César e do mundo e o que seria, de fato, de Deus. Um Deus que ainda hoje é mal compreendido pelos homens, que seguem, por todo o planeta, usando seu Santo Nome em vão.

 

A frase que foi pronunciada:

Vivi no tempo em que um vírus violou os direitos humanos: a liberdade, a justiça e a paz no mundo.”

Dona Dita, pensando enquanto tricota

Charge do Galhardo

 

Novidade a prazo

Até agora, só o ministro Toffoli demonstrou simpatia à Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 5.422 movida pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM, contra a tributação do Imposto de Renda sobre pensão alimentícia e verbas destinadas à sobrevivência. O julgamento foi suspenso no STF depois do pedido de vista do ministro Barroso.

Foto: Jorge William 24/04/2019 / Agência O Globo

Falecimento

Diretores nacionais do IBDFAM prestam homenagens a Zeno Veloso, cofundador e diretor nacional do Instituto Brasileiro do Direito de Família.

Foto: Akira Onuma / Jornal O Liberal

 

Convite

Influenciadora digital mais famosa de Brasília, Mônica de Araújo Freitas compartilha uma ação social e convida a comunidade a fazer parte. A iniciativa é adquirir máscaras N95 ou PPF2 e presentear entregadores de supermercado, motoboys, carteiros, pedintes. São pessoas que precisam de proteção e nem sempre conseguem adquiri-la.

Motoboy carrega kit de prevenção ao Coronavírus. Foto: Brener Gonçalves

 

Lembrete

Reginaldo Marinho lembra que, há 11 meses, todo o poder foi dado aos estados para atuar contra o Covid-19, pelas mãos da Suprema Corte. O resultado, os cidadãos veem de perto: verbas desviadas e muitos mortos. A recusa do tratamento precoce foi o pior negacionismo durante a pandemia.

Charge do Cazo

 

Boas novas

Quem estiver buscando boas notícias, o Ministério da Infraestrutura informa: Os 172 km que faltavam da ferrovia Norte-Sul estão completos.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Quem mora em Brasília há muito tempo conhece o esforço do arquiteto, jardinista e paisagista Zanine para produzir flores e plantas ornamentais no cerrado. Conseguiu, e não tem tido a oportunidade que vem sendo dada a outros. (Publicado em 25/01/1962)

Assim caminha a humanidade

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The Seven Deadly Sins – Obra do espanhol Hieronymus Bosch (1450-1516)

 

Para alguns autores da história econômica, os pecados capitais se inscrevem no próprio mecanismo desenvolvido pelo capitalismo, como uma espécie de subproduto desse sistema. Se formos analisar hoje quais seriam os efeitos colaterais da instalação, sem regras rígidas, do capitalismo do tipo predador, veríamos que, nesse caso, o surgimento dos pecados capitais viria como uma condição sine qua non desse sistema.

Hoje, mais do que em qualquer outro tempo ou lugar na história da humanidade, os vícios que o cristianismo classifica como sendo pecados capitais tornaram-se comuns nas relações sociais, a tal ponto que passaram a compor, com naturalidade, o trato das pessoas no dia a dia. A presença constante desses vícios humanos faz parte integrante da paisagem da contemporaneidade e, de tão comuns, já não nos apercebemos de seus efeitos nefastos.

Curiosamente, a lista desses vícios apareceria justamente com o desenvolvimento da fase pré-capitalista, configurado no chamado capitalismo comercial. Por essa e por uma série de outras razões, é comum confundir e mesmo associar os pecados capitais com o capitalismo propriamente dito.

De uma maneira até sintomática, não se verifica em escola alguma, seja pública ou não, a educação de jovens alertando-os para os danos causados por esses vícios para a sociedade e a vida em comum. Não se trata aqui de destacar o combate a esses vícios como uma espécie de moral cristã rasa e sem sentido. O que importa nesse caso é a formação de jovens dentro dos princípios cristãos de sociabilidade, condição que se alcança, sobretudo, por meio da solidariedade e do respeito à dignidade das pessoas.

É importante para os jovens alertá-los para os efeitos da gula, que se relaciona diretamente com a falta de amor próprio. A cobiça com o egoísmo humano. Esse é um dos traços mais visíveis hoje na sociedade de consumo, com as pessoas desejando cada vez mais, comendo e consumindo além da conta e da temperança. Os shoppings hoje representam uma espécie de catedral dedicada exclusivamente ao culto da gula e do consumo.

Obviamente que aquelas legiões de jovens que passam parte da semana dentro desses shoppings, na impossibilidade de consumir tudo o que ali se apresenta, acabam, na sequência, desenvolvendo um tipo de comportamento ligado ao segundo vício humano que é a avareza, ou seja, o apego descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro. Nesse ponto, passa a desenvolver uma relação de idolatria pelo poder das posses materiais e pela capacidade que esses bens têm para adquirir tudo nesse mundo, inclusive, aqueles que normalmente não se comprariam com moedas, como é o caso da amizade, solidariedade e do amor.

Nesse mundo, sem freios morais de toda a espécie e sem decepções naturais à vista, essas gerações, independentes da classe social que pertençam, passam a recorrer a um terceiro vício ou pecado capital representando pela luxúria ou a busca pelo prazer sensual e material, deixando-se levar pelas paixões e pelos desregramentos carnais, experimentando de tudo em matéria da busca pelo prazer sexual.

Daí decorrem os abusos com sexos grupais, como em bailes funks, homossexuais, com animais, ou mesmo a abstinência total de sexo, motivado por padrões anormais e opostos a esse tipo de comportamento.

Na impossibilidade de conquistar todo o mundo de uma braçada só, esses seres humanos da modernidade desenvolvem ainda o que seria um quarto vício ou comportamento negativo representado pela Ira, ou o sentimento de ódio a tudo e a todos, resultando em brigas de gangues, espancamentos de pessoas diferentes, mortes por motivos torpes, feminicídios, ligação a grupos extremistas e outros comportamentos destrutivos.

Com esse desejo exacerbado por tudo conquistar, dentro do que ensina e induz o capitalismo inumano, muitos jovens e até mesmo adultos passam a desenvolver também o sentimento de um quinto vício, caracterizado pela Inveja. Nesse ponto a pessoa despreza suas próprias conquistas, passando a compará-las com outras mais exitosas, mesmo que isso não reflita a realidade.

A preguiça, como quinto pecado ou vício capital, vem na sequência do que chamamos vida moderna e pode ser vista na inaptidão dos jovens para enfrentar as tarefas da vida diária. São aqueles indivíduos que não trabalham, nem estudam, conhecidos popularmente hoje como “nem, nem”.