A arte da medicina

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Imagem: cajademedicos.com.

          Saúde talvez seja o maior bem que um ser humano pode usufruir ao longo de sua vida. Também não é para menos, já que viver em plenitude só é possível para quem goza de boa saúde.  Por isso mesmo é que a prestação de serviços de saúde, realizada por hospitais, clínicas e consultórios, sejam eles públicos ou privados, é de suma importância para a manutenção de uma sociedade produtiva.

          A questão é também um assunto de segurança e deve ser sempre tratada com a máxima atenção pelos governos federal, estadual e municipal. Aqui é tão importante a qualidade como a quantidade. O Distrito Federal, com uma população em torno de 3 milhões de habitantes, possui oficialmente 13.230 profissionais médicos registrados. Esse montante equivale à uma proporção de 4,35 médicos por cada mil habitantes. É uma média duas vezes maior que a nacional, que é de 2,18 médicos para cada mil brasileiros.

         Nesse universo local, os especialistas somam mais de 70%, contra aproximadamente 26,5% de médicos generalistas o chamado clínico geral. Também essa relação entre generalistas e especialistas é a melhor do Brasil. Mesmo que o Distrito Federal possua, entre todos os estados da Federação, a maior concentração de médicos, tanto na rede pública como nos estabelecimentos de saúde privados, ainda assim não são poucas as reclamações dos usuários sobre a qualidade desses serviços.

         Obviamente que, em comparação com o restante do país, Brasília pode ser considerada um paraíso. Isso porque quase 3% de todos os médicos do Brasil estão aqui na capital. Isso confere ao Distrito Federal uma responsabilidade enorme, já que essa proporção de médicos, de hospitais e clínicas, obriga a capital a atender praticamente todos os municípios em seu entorno e de outros estados.

          Por isso, é comum ver-se ambulâncias de outras localidades, trazendo pacientes de longe para serem atendidos na capital. Aqui está ainda a maior força de trabalho cirúrgica do Brasil, o que atrai muitos brasileiros para nossos hospitais. Ao todo, o Brasil conta com 562.206 médicos – ou 80% a mais do que há uma década atrás.

         Olhando de perto esses números exuberantes da relação médico por habitantes em Brasília, o que se nota é a existência ainda de nichos de atendimento de saúde que deixam muito a desejar, tanto nos hospitais públicos como nas clínicas particulares.

         Há, do ponto de vista dos pacientes, um problema que parece inerente à própria formação de médicos, sobretudo dos profissionais mais jovens. De um modo geral, o que os pacientes observam é que o atendimento é frio, distante e burocrático. Com uma prática descuidada dessa natureza, não surpreende que os diagnósticos, não raro, resultam erros primários, isso quando não levam o doente a outas enfermidades e à morte. Talvez falte às gerações mais novas aquilo que os filósofos e médicos gregos chamavam de anamnese, que é o diálogo estabelecido entre o profissional de saúde e o paciente, de modo a estimulá-lo a lembrar de situações e fatos que, possivelmente, o levaram a sua doença. Prática que torna possível reconstituir a história clínica dos pacientes.

         O que parece é que esse diálogo – que, muitas vezes, pode ser longo e redundante – foi substituído hoje por uma bateria de exames clínicos, feitos por máquinas e patologistas que, muitas vezes, dão um diagnóstico que não ajuda o doente e pode até complicar seu caso. Boa parte dos erros médicos decorre justamente da simples incapacidade de o médico mal escutar o que diz seu paciente. Com isso, multiplicaram-se os casos de erros médicos a tal ponto que hoje já existe inclusive diversos advogados e médicos legistas especializados nesses casos e que recebem grandes somas de dinheiro por essa atividade.

         Também os pedidos, junto aos tribunais de justiça, de indenizações milionárias, aumentam significativamente, trazendo, para a profissão de médico, um risco adicional cada vez maior. Casos de negligência, imperícia e imprudência lotam os tribunais de justiça em todo o país, inclusive em Brasília. Se em medicina nada é absoluto, já que ela não é uma ciência exata, sendo mais uma arte situada, isso sim, na confluência de várias outras ciências, o erro, como condição humana, acaba sendo inerente à sua prática.

          Para um profissional experiente não existe, pois, doenças e sim doentes, já que cada indivíduo responde de forma distinta a um mesmo problema. Não é por outra razão que aqueles pacientes que, por sua condição de portadores de bons planos de saúde, preferem escolher médicos mais idosos e mais experientes, principalmente na arte da paciência, que é a de escutar o que diz o interlocutor. Essa capacidade de escutar e refletir sobre o que se ouve, tem sido um os dons humanos que mais tem diminuído de uns tempos para cá, talvez provocado pela retração da empatia nesses tempos modernos.

         E não pense que esse é um problema afeito apenas ao atendimento médico público. Também médicos particulares, mesmo os mais afamados, incorrem no erro de não escutar adequadamente seus pacientes, convencidos de sua infalibilidade. Mas esses são apenas os iludidos por um ego gigante.

A frase que foi pronunciada:

“A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. Conservarei imaculada minha vida e minha arte.”

Parte do Juramento de Hipócrates adotado pelas escolas de Medicina

 

História de Brasília

Ocorre que a carta sobrescrita à máquina veio parar em Brasília. E para piorar, a AP n. 7 mandou para o Ministério da Educação, que não tem nada com o caso. A carta, finalmente veio parar em nossas mãos, e já seguiu para a Bahia por nossa conta. A importância gasta será debitada ao DCT, para doutra vez trabalhar melhor. (Publicada em 28.03.1962)

Barbitúricos

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Foto: sjrbrasil.com

 

         Insegurança, que os dicionários explicam ser um sentimento a induzir nas pessoas uma sensação de mal-estar, ansiedade e nervosismo, é hoje, infelizmente, um mal comum a afetar a maioria de nossa população. Dizer que nada neste mundo eterno é uma coisa normal. Outra, totalmente diferente, é observar a população ser submetida a experiências de mudanças bruscas de entendimento, de orientação, de leis, de costumes, de tradições e tudo mais.

         Insegurança jurídica, provocada sobretudo por decisões intempestivas do Judiciário e dos outros Poderes, e que não leva em conta a lenta e gradativa evolução natural da sociedade, é hoje o que mais tem provocado nos brasileiros essa sensação de vulnerabilidade da realidade e das próprias leis, alteradas ao sabor dos ventos ideológicos e feitas sob medida para atender às demandas daqueles que estão instalados em posição de mando.

          Chamar à razão os que, de posse de um poder momentâneo, creem, por bem, reinventar uma espécie de roda quadrada, é perda de tempo. O pior é quando toda essa insegurança institucional passa a invadir a esfera da psicologia humana, em nosso caso, induzindo os brasileiros a um estado emocional que conduz e desencadeia um verdadeiro ataque de pânico geral.

          Não por outra razão, o Brasil é hoje o campeão em mais uma modalidade pouco virtuosa, no caso aqui, de consumo de ansiolíticos, sobretudo os classificados na classe dos benzodiazepínicos. Não se iluda: o aumento expressivo nas crises de ansiedade, detectados pelos serviços de atendimento médico, em todo o país, resulta não apenas de pré-disposições pessoais ou familiares, mas possuem suas raízes também nessa insegurança disseminada aos quatro ventos, que torna o injusto em justo e que passa a confundir o virtuoso com o vicioso e dissipado.

         É o caso aqui de construir uma paráfrase com o que disse Rui Barbosa, quando observou: de tanto verem triunfar as nulidades, a desonra e a injustiça, os brasileiros, sujeitos à realidade nacional distorcida, entregam-se em grande número aos barbitúricos, às bebidas e outras drogas lícitas e ilícitas.

         Não há mais como antes, o exemplo vindo de cima ou o consolo trazido por lideranças aptas a conduzir pelos caminhos seguros da ética. O estresse psicossocial, por suas origens e por seus efeitos reais sobre a mente dos indivíduos, tem boa parte de suas causas justamente no âmbito da sociedade.

         É no meio social, em que o indivíduo está inserido e onde busca laços afetivos e de segurança que, no nosso caso, está-se a induzir, em doses cavalares, os sentimentos de perda de identidade e de valores, que vão sendo destruídos pelos próceres no poder. É o caso aqui da legalização do aborto, das drogas, do desmanche das leis de improbidade administrativa, da lei da ficha limpa, da prisão em segunda instância e de uma série de outras modificações feitas para atender os iconoclastas e niilistas, todos eles dispostos a fazer vingar um mundo distópico e em ruínas.

A frase que foi pronunciada:

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.”

Preâmbulo da Carta Magna. Só para relembrar

Charge: humorpolitico.com.br

 

Descaso

Impossível compreender a razão de não se colocar uma barra de proteção que impeça a passagem de carros no momento em que o trem se aproxima. Primeiro o alarme e depois a trava desce, impedindo que os carros sigam em frente até que o trem passe. É o mínimo de segurança que se pode oferecer à população. O acidente do ônibus na linha do trem em Brasília é prova desse descaso.

Acidente entre trem e ônibus deixa um morto e 4 feridos | Jornal da Noite – YouTube

 

Segredo

Hoje, no Anfiteatro 9 da UnB, às 19h30, o maestro David Junker vai receber uma homenagem do pessoal do Madrigal. Presença maciça do Coro Sinfônico, ex-alunos, amigos e participantes de vários corais regidos por Junker. Afastado para cuidar da saúde, o maestro nem sonha com essa homenagem. Junker é o maior educador de audiência da música erudita em Brasília.

Nesta Rua – Concerto Jubileu de Prata Madrigal UnB: Regência: Maestro David Junker – YouTube

 

Debate

Interessante a discussão na audiência pública que discutiu o papel do hidrogênio verde no Brasil e no mundo, em Brasília. O evento, promovido pela Subcomissão Especial de Hidrogênio Verde e Concessões da Câmara dos Deputados, conduzido pelo deputado Leônidas Cristino (PDT/CE), contou com a presença do presidente do Conselho Regional de Química da 21ª Região Alexandre Vaz Castro. Na Europa, as plantas de hidrogênio não são mais feitas onshore, em terra, e sim no mar, por questão de segurança.

Hidrogênio Verde no Brasil e no Mundo – CME – Subcomissão Especial – 13/11/2023 – YouTube

 

História de Brasília

O Serviço de Meteorologia, do ministério da Agricultura, que funcionava em Brasília, foi abandonado totalmente. O chefe foi transferido, funcionários entraram em férias, e ninguém foi substituído. (Publicada em 27.03.1962)

Aos que conheceram o câncer

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Imagem: grupooncoclinicas.com

 

         Deixando de lado as possíveis interpretações psicanalistas, físicas e mesmo pessoais que a perda da visão possa a vir a acarretar para um indivíduo, o fato é que muitos de nós, que tivemos a sorte duvidosa de caminhar para a velhice, vamos deixando pedaços do nosso corpo ao longo da estrada. Assim, vão ficando pelo caminho vesículas, parte dos rins, do fígado, dedos, pernas, crianças abortadas e outras partes de nossa carne. Como repetia o filósofo de Mondubim: a velhice é um naufrágio lento. Presos a esses estigmas, esquecemos do principal.

         Ao longo da vida, deixamos escapar o viço da juventude. Matamos lentamente a criança dentro de nós e, aos poucos, vamos nos transformando naquilo que já não reconhecemos ser e que nos faz fugir de frente dos espelhos. Nesse sentido, somos todos iguais. Perdemos nossa carne, nossos amigos e parentes. Todos deixados para trás, enterrados na poeira do esquecimento. Talvez, por isso, vamos nos apegamos a abstrações como a espiritualidade, ao poder da oração, ao fortalecimento da alma. Não como fuga ou último recurso, mas com a esperança de que é nesse ponto incerto que estão guardados nossos sonhos e tudo aquilo que é imutável e indestrutível pelo mundo.

          Para quem não teve a felicidade de manter presos à íris os sonhos de criança, todo o mundo é um enfado sem fim. Para os que aprenderam a fechar os olhos para fora e abri-los para dentro, a vida segue como no primeiro dia, cheio de cores e sons.

         Também não nos foi ensinado a diferença em olhar e ver. Por isso, passamos a vida vendo coisas sem jamais enxergá-las de fato. Passamos milhares de vezes pela mesma rua e sempre parece haver algo novo que não foi notado antes. Esquecemos também o que vemos no dia a dia. Qual foi a primeira coisa que você viu ao acordar hoje? E ontem? Vemos demais e enxergamos muito pouco. Enxergar é sentir com o olhar. É tatear com a visão. Diferentemente de alguns povos do Oriente, não aprendemos a explorar o terceiro olho, ou agya chakra, ligado à glândula pineal, à intuição e à espiritualidade. Seguimos, ao longo da vida, movendo-nos mais pelo instinto, como faz a maioria dos animais, do que pela intuição e pelo sexto sentido. De um certo modo, somos todos meio cegos, quando não queremos enxergar certas realidades. Quando perguntamos aos outros que impressão lhe causou certo acontecimento: você viu o que eu vi? Costumamos perguntar de forma automática, surpresos com o acontecido. De outra forma, também dizemos: prefiro não ver isto.

         Somente aqueles que experienciaram os maus augúrios anunciados pelo diagnóstico de um câncer podem imaginar o que essa sentença é capaz de provocar no íntimo de um ser. Dizer que o câncer é uma metáfora ajuda a entender o processo, como sendo algo ligado à vida e ao seu avesso. “Qualquer doença encarada como um mistério e temida de modo muito agudo será tida como moralmente, senão literalmente, contagiosa “, dizia a escritora Susan Sontag. Além do palavrório todo, que outros unguentos podemos oferecer a alguém acometido por essa enfermidade que não possa parecer demasiado piegas e sem sentido e até desprovido de sentimentos reais?

         Talvez, o mais prático e, por certo, mais inacreditável é dizer que temos seu nome inscrito em nossas orações e que seguiremos com essa lembrança até que o Criador, mesmo que não creias, tome nota de seu nome e, em atendimento aos nossos pedidos, passe sua mão sobre seu rosto, restaurando, se não sua visão, a vontade e o ânimo pela vida, que é um direito que nos cabe até os últimos dias. Rogo ao Criador para que seus dias sejam de paz.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Câncer é aquela palavra terrível que todos tememos quando vamos ao médico para um exame físico, mas, naquele breve momento sombrio, ouvimos o mundo em que vivemos e as pessoas com quem o compartilhamos começam a iluminar coisas que não conhecíamos.”

BD Phillips

 

Volta à saga

Via Crucis tirar novo RG de criança ou adulto. Quando se consegue marcar no Paranoá e Valparaiso, é bom dar-se por satisfeito. Isso acontece na capital do país.

Arte: pefoce.ce.gov

 

Repensar

Cada vez menos notícias úteis em jornais televisivos. É tanta violência que a audiência desliga a TV com uma angústia pulsando no peito. Cenas que antes eram terminantemente proibidas, agora são exibidas no horário em que crianças assistem. Entre uma garfada de frango, uma mulher é jogada no asfalto e o carro passa por cima. Vem a salada e outra mulher leva 5 tiros disparados pelo marido, a queima roupa. Impossível!

Charge do Cazo

 

História de Brasília

O cine Brasília vai de mal a pior. Sábado, na apresentação do filme, começou pela última parte, o que provocou revolta e vaias da plateia. (Publicada em 20.03.1962)

Até quando?

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Frasco da vacina anticovid da AstraZeneca-Oxford – AFP

 

Pudessem servir aos reais interesses da sociedade, e não às veleidades políticas momentâneas, as comissões parlamentares de inquérito (CPIs) – principal instrumento de regulação da República e uma das mais importantes atribuições conferidas ao Poder Legislativo – poderiam ser invocadas, neste momento aflitivo de pandemia sem fim, para buscar esclarecer até que ponto a indústria farmacêutica e os laboratórios de análises clínicas estariam sendo beneficiados com esse verdadeiro oceano de dinheiro que foi gerado a partir do surgimento da Covid-19.

A questão não é apenas com os lucros obtidos por esse segmento da economia, o que num sistema capitalista é permitido e incentivado. Mas quando essa bonança se faz às custas do sofrimento de milhões de cidadãos, a questão ganha outra dimensão, passando a resvalar em pontos como a ética humana, ou mesmo ligando-se a razões impostas por uma calamidade pública sem precedentes.

Em tempos de guerra, como agora vivemos, valeriam regulações excepcionais, feitas sob medida para tempos adversos, o que acabaria também por submeter esses segmentos a regulações mais afirmativas. Por certo, os resultados das comissões apontariam, além de outros problemas que jazem submersos, para a necessidade de obrigar esses importantes segmentos a assumirem maior protagonismo cívico e humano no combate a pandemia, destinando parte desses volumosos recursos para hospitais públicos e postos de saúdes, aliviando parte do sofrimento daquelas populações que não têm acesso a planos de saúde e que não podem pagar por exames.

O que se sabe, de antemão, é que há muitos recursos sendo drenados para esses setores e, por certo, fazem falta em outras pontas. Sabe-se que, dentro do sistema capitalista, o lucro é a razão de ser de toda e qualquer iniciativa. Mas quando essa razão passa a ser feita às custas de vidas humanas, todo esse sistema desmorona, adquirindo não uma feição de busca pela saúde, mas tendo na própria doença um motor a propiciar ganhos extraordinários.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O surto da nova pneumonia por Coronavírus inevitavelmente terá um impacto relativamente grande na economia e na sociedade… Para nós, isso é uma crise e também um grande teste”.

Presidente Chinês

Presidente chinês Xi Jinping. Foto: Reprodução

 

Interesses diversos

Vitor Ramos Correia, Pedro Sérgio de Melo Coe, Pedro Ivo Batista, Maria Consolación Udry e Andrew Moccolis assinaram um documento público pelo Conselho de Desenvolvimento Rural e Sustentável do Lago Norte, Associação dos Moradores do Núcleo Rural Córrego do Urubu, Instituto Oca do Sol e Instituto Sálvia (veja, no Blog do Ari Cunha). O problema é que duas novas áreas de conservação na categoria Monumento Natural foram criadas à sorrelfa,  o que compromete a permanência dos moradores no local (muitos com contrato de Direito e Uso), além de colocar em risco os projetos de proteção e preservação na região.

Documento Público

Foto: comdono.com

 

História de Brasília

E pasmem: o registro não é feito no momento do nascimento porque se a criança morrer, o que ocorre com frequência, os pais terão que enfrentar dificuldades tremendas com a papelada do atestado de óbito. (Publicada em 17.02.1962)

Da competição à colaboração

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Foto: paho.org

 

Para tempos excepcionais, medidas excepcionais. Assim deveriam proceder todos aqueles países que, uma vez tendo dominado a tecnologia e a fórmula biológica, capaz de trazer, à luz, a vacina contra o vírus da Covid-19, abririam mão dessas patentes preciosas e de todo o segredo industrial dessa produção em socorro à humanidade, nessa hora de desespero para todos. Mais do que um segredo e uma conquista do intelecto, capaz de render altíssimos lucros aos seus detentores e aos laboratórios farmacêuticos, a questão das vacinas ganhou, nesse momento específico, uma tal importância e urgência sanitária que qualquer outro conceito de valorização material dessas fórmulas perde seu significado diante do fato de ser essa a única alternativa para bilhões de habitantes do planeta.

Trata-se, como afirma muitos cientistas, de uma decisão que poderá antepor a ética e os valores humanos, como a dignidade e a vida, contra outros conceitos como o lucro e o poder. O presidente dos Estados Unidos, onde a vacinação da população é a mais adiantada, entre todos os países do ocidente, já se pronunciou, extraordinariamente, a favor da quebra de patentes de vacinas, numa postura historicamente contrária às adotadas por essa nação, que tem como seus princípios a defesa de todas as suas propriedades intelectuais.

Para que sirva de lição para outros mandatários claudicantes e que não enxergam, no ensino de qualidade e no incentivo à pesquisa, um fator de prosperidade, hoje, países ricos em minérios, petróleo e outros ativos primários estão literalmente à mercê daquelas nações que, mesmo sem recursos materiais, são capazes de gerar tecnologia de ponta, como é o caso desses remédios providenciais.

Tecnologia, não custa dizer, é hoje o referencial a indicar se um país é ou não rico e próspero. O Brasil que, até há pouco tempo, detinha ao menos um conhecimento na administração em massa de vacinas, perdeu terreno nessa importante área da medicina, pela falta de políticas e de incentivos do Estado, cujo corte nos orçamentos e a pouca valorização das pesquisas nas universidades é a parte mais visível.

Ir contra a ciência em pleno século XXI é muito mais do que uma aposta errada. É suicídio. Mais e mais lideranças, prêmios Nobel e personalidades de todo o mundo estão se unindo numa corrente para que vacinas contra essa virose sejam um bem comum a todos os habitantes da Terra.

Pode ser que essa universalização de esforços, para salvar a humanidade, seja uma das boas consequências geradas pela pandemia e quarentena mundial, capaz de mudar o referencial da nossa espécie, de competidor insaciável para colaborador solidário.

A frase que foi pronunciada:

A maioria das pessoas (cerca de 80%) se recupera da doença sem precisar de tratamento hospitalar.”

Na folha informativa divulgada pela OPAS (Organização Panamericana da Saúde). Veja a íntegra no link Folha informativa sobre COVID-19

Foto: paho.org

 

Honra ao mérito

Comunidade musical de Brasília e diversas cidades do país e do mundo vibram com o final do doutorado de Neviton Barros. Figura incrível, de uma garra invejável e talento inquestionável. Fica aqui o registro.

Neviton Barros. Foto publicada em seu perfil oficial no Facebook.

 

Competitiva

A Maternidade Brasília Dasa, que fica no Sudoeste, está realmente preocupada com a opinião dos pacientes. Uma pessoa da ouvidoria vai, pessoalmente, quarto por quarto, anotar as observações. Coisa rara nessa cidade.

Foto: tourmkr.com

Brasil Paralelo

Produzidos com a participação popular, os documentários e séries disponíveis pelo grupo do Brasil Paralelo são importantíssimos por uma simples razão: são 100% informativos. Vale conferir e se inscrever. Veja mais detalhes a seguir.

Volta

Ao lado do pacote Pró-Economia, divulgado pelo governador, outra iniciativa seria bem-vinda ao brasiliense: colocar o GDF para voltar ao trabalho. Parques, Detran, Viveiros da Novacap, Zoonose e por aí vai.

Publicação do dia 06/05 no perfil oficial da Secretaria de Economia do DF no Instagram

Cuidado

Ao contratar o Uber, tenha alguns cuidados. O primeiro é a opção por pagamento em dinheiro. Se não for trocado, dificilmente o motorista terá troco. Fica o impasse. Outro inconveniente de pagar com dinheiro é que o cambalacho é certo. A corrida era R$15, não havia troco. A ideia foi entregar os R$50 e o cliente teria um crédito. Resultado: a viagem custou o dobro. Veja a seguir.

História de Brasília

Disse o dr. Francisco Mangabeira a amigos, que pior que o incêndio no poço de petróleo da Bahia, é o incêndio da luta interna na Petrobras. (Publicada em 01.02.1962)

O que será dos bons velhinhos?

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Charge: pt.linkedin.com/pulse/envelhecimento-populacional-cuidado-e-cidadania-velhos-marques

 

Com mais pessoas idosas do que jovens, a reestruturação total de todos os serviços públicos, incluindo mudanças na infraestrutura das cidades oferecidas à população, será uma necessidade. Pelas estimativas do IBGE, a razão de dependência da população atualmente é de 44%, o que equivale a dizer que 44 indivíduos com menos de 15 anos e com mais de 64 anos dependem de cada grupo de 100 em idade de trabalhar.

Nas próximas três décadas, a população brasileira continuará a crescer, atingindo, ao final do ano 2047, 233,2 milhões de pessoas. Daí para frente o número de brasileiros cairá gradualmente, chegando a se estabilizar em 228,3 milhões de pessoas no ano de 2060. Pelo menos é o que apontam os estudos contidos na revisão 2018 da Projeção de População elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por essas projeções, um em cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos em 2060 e é aí que o país terá pela frente que enfrentar novas realidades e novos desafios. Nesse caso tudo dependerá das medidas que vier a adotar desde agora, para não vir a ter surpresas desagradáveis e até trágicas quando esse futuro chegar. Além da queda média na taxa de fecundidade, haverá paralelamente um aumento na expectativa de vida dos brasileiros, passando dos atuais 72 anos para os homens e 79 anos para as mulheres, para 77 para os homens e 84,5 para as mulheres em 2060. O envelhecimento da população será um fato, com a população com mais de 65 anos chegando a 25,5% da população em 2060.

Em 2039 essa razão será de 51,5%, aumentando para 67,2% em 2060. Apenas com base nesses dados, ficam patentes que reformas no sistema de previdência e de seguridade social, que até o momento não foram realizadas por questões políticas e eleitoreiras, terão que retornar à pauta, sob pena de simplesmente colapsar todo o sistema, empurrando uma imensa legião brasileiros para a miséria. É preciso notar que o envelhecimento da população brasileira poderá acarretar uma redução sensível no Produto Interno Bruto potencial. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), parte do crescimento potencial do país, nas últimas décadas, derivou da força de trabalho que ainda crescia.

Com a mudança acentuada desse cenário daqui para a frente, a situação deve se inverter, com o crescimento econômico encolhendo, assim como a força de trabalho e de contribuintes. Especialistas no assunto recomendam a busca e a exploração por novas fontes de crescimento, como é o caso de mais investimentos e de uma forte poupança externa. Questões simples como a requalificação dessa mão-de-obra mais idosa terão que ser pensadas, de modo a reinseri-las no sistema. Fora das variáveis econômicas, que são fundamentais, também questões mais simples e que dizem respeito ao dia a dia dessa população mais idosa deverão ser repensadas com urgência, como saúde, mobilidade, segurança, moradia, adaptação das cidades às necessidades específicas desse público entre outros problemas.

O século XXI, pelo que já deu para observar, trará desafios ainda maiores para os brasileiros e sobretudo para os próximos governos. É possível mensurar a importância crescente no instituto do voto. Votar agora, de forma esclarecida, em candidatos sérios, é mais do que necessário, é uma questão vital e irá dizer muito sobre nosso próprio futuro.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Ergui um monumento mais duradouro que o bronze, mais elevado que as pirâmides dos reis. Nem a chuva cortante nem o vento devastador; nem a sequência inumerável dos anos nem a passagem das eras conseguirão destruí-lo. Não morrerei de todo, pois de Libitina (deusa da morte) grande parte de mim escapará.”

Horácio, poeta e filósofo. séc. I a.C., da Roma antiga.

Imagem: oexplorador.com

 

 

Nunca

Outra reclamação chega sobre o cartão para transitar no metrô. Apenas uma pessoa para atender a massa de passageiros. Ainda sobre transporte, o pessoal que mora na Asa Norte reclama demais da demora do ônibus que vai para Taguatinga. Infelizmente o portal que dá essa informação com os horários está sempre desatualizado.

Foto: Pedro Ventura / Arquivo

 

 

Descriminação

Conversando com uma atendente no shopping, vislumbramos todas as possíveis razões para que um funcionário não tenha a permissão de concorrer a prêmios divulgados no local de trabalho. Conclusões absurdas! O fato é que a comunicação resolve tudo. Eles estão fazendo dobradinhas com os colegas que trabalham em outros shoppings. Resolveram o problema.

Exemplo de uma das promoções de fim de ano. Cartaz: conjuntonacional.com

 

 

Desrespeito

De extremo mau gosto o humor do grupo Porta dos Fundos sobre a fé cristã. Sem mais comentários, para não dar cartaz, conclui-se que o nome do grupo diz tudo. Pela porta da frente, jamais irão conseguir entrar.

Postagem na página oficial do ator Carlos Vereza no Facebook

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

As passagens estão caríssimas, para que os passageiros tenham o tratamento que recebem. E fiquem sabendo, que tratamento não é aeromoça sorridente, uísque em viagem de meia hora. Tratamento é respeito pelo direito do passageiro, é avião em hora certa, é equipamento equivalente ao da passagem, é consideração ao passageiro nas ocasiões excepcionais. (Publicado em 12/12/1961)

 

Câncer sob a mira certeira das ciências médicas

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ARI CUNHA

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Foto: Sam YEH/AFP (gazetadopovo.com.br)
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           Outubro chega trazendo não só a estação mais festejada de todo ano, mas sobretudo a maior e mais importante campanha, realizada em todo o país, de combate ao câncer de mama. Não faz muito tempo que a simples menção a palavra câncer era considerada um verdadeiro tabu. O diagnóstico, confirmando a detecção dessa doença, em qualquer parte do corpo, significava, para uma imensa maioria, um atestado de morte certa, lenta, dolorosa.

          Graças à intensificação, no Brasil e em todo o mundo, de campanhas de conscientização e de movimentos de combate ao câncer, uma série de iniciativas e de novos procedimentos começaram a chegar ao conhecimento da população, fazendo ver que o acompanhamento precoce e minucioso de casos suspeitos é tão importante quanto a mudança de hábitos de vida. Nesse sentido, tanto a campanha Outubro Rosa, de combate ao câncer de mama, como a campanha Novembro Azul, destinada a incentivar o diagnóstico precoce do câncer de próstata, são hoje reconhecidas como peças fundamentais no esclarecimento da população sobre esses males e a melhor terapia para cada caso, o que pode levar a tratamentos menos dolorosos e custosos e uma maior chance de controle total da doença.

       Nos casos de combate ao câncer, uma doença que, por séculos, tem desafiado a medicina, quanto mais informação e esclarecimento, mais oportunidade de se livrar desse mal. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deve registrar, nesse ano e no próximo, 600 mil novos casos de tumores. As estimativas das autoridades de saúde indicam que o câncer de pele continuará como o mais frequente, com 165 mil novas ocorrências. A seguir, afirma o INCA, estarão o câncer de próstata, com 68 mil novos casos e o câncer de mama com 59 mil ocorrências. São números relevantes e que indicam a necessidade de intensificação dessas campanhas de esclarecimento. O Câncer é a principal causa de morte em aproximadamente 10% das cidades brasileiras, sendo que as previsões apontam que daqui a uma década, os tumores malignos já respondam pela maioria dos óbitos no país, deixando as doenças cardíacas para trás.

        Movimentos importantes como Todos Juntos Contra o Câncer, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, também têm levado inestimável contribuição para o esclarecimento da população. Em Brasília, a cada ano, mil novos casos de câncer de mama são registrados.

             A Lei 12.732 determina que o primeiro atendimento ao paciente oncológico, na rede pública de saúde, seja de, no máximo, dentro de 60 dias após o diagnóstico da doença. Tão importante como campanhas de esclarecimento e mudanças de hábitos para uma vida saudável, são os avanços recentes obtidos por pesquisadores e laboratórios de todo o mundo.

          No início dessa semana, o Instituto Karolinska, de Estocolmo, outorgou o Prêmio Nobel de Medicina a dois cientistas por suas descobertas no campo da terapia contra o câncer. Aproveitando o próprio mecanismo que confere capacidade do sistema imunológico dos indivíduos para atacar as células cancerosas, o pesquisador norte-americano James P. Allison e o japonês Tasuku Honjo desenvolveram um tratamento que tem sido considerado revolucionário no tratamento dessa doença.

         A imunoterapia, criada por esses dois cientistas, fazendo com que as 50 milhões de células do linfócito T passem a reconhecer, também, os tumores cancerígenos, constitui, segundo os organizadores do Nobel, um importante marco contra a doença. Um brinde à vida!

A frase que foi pronunciada:

“Se a vida começa aos 40, por que nascemos com tanta antecedência?”

Mafalda

Mafalda, Quino
Mafalda, tirinha do Quino
Tirinha do Quino
Mafalda, tirinha do Quino

Release

Em Brasília, o CCBB recebe, de 10 a 14 de outubro, o Festival Palhaças do Mundo – VI Encontro de Palhaças de Brasília, que chega para celebrar a graça e o poder das mulheres por meio da palhaçaria. A CiRcA Brasilina, com duas tendas montadas nos jardins do centro cultural, abre o picadeiro para a programação comemorativa do Dia das Crianças e também do aniversário do próprio CCBB, que completa 18 anos no dia 12 de outubro.

Cartaz: facebook.com/palhacasdomundo
Cartaz: facebook.com/palhacasdomundo

Absurdo

As calçadas na W3 Norte e Sul são um convite à ortopedia. O perigo é constante. Não custa muito dar segurança aos pedestres. Basta vontade política e administrativa.

Foto: mobilize.org.br
Foto: mobilize.org.br

Essa não

Anunciar que o índice de violência está diminuindo e manter a maior parte das delegacias fechadas à noite não é certo. No Lago Norte corre à boca miúda que a delegacia não abre à noite justamente por causa da violência. Será?

Idosos

No programa Tarde Nacional, o advogado, especialista em Direito do Consumidor, Dori Bocault conta os detalhes sobre os estelionatários que se aproveitam da ingenuidade dos idosos para dar golpes. Ouça a entrevista, no blog do Ari Cunha.

Link de Acesso ao áudio: Especialista fala sobre golpes mais comuns aplicados aos idosos

Charge do Genildo
Charge do Genildo

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Cooperando com a campanha “Ajude sua Cidade”, dos “Diários Associados”, a Floricultura Brasília exporá para venda, a preços baixos, mudas de plantas ornamentais em pequenas latas, prontas para o plantio, acompanhando instruções sobre o feitio do jardim. (Publicado em 31.10.1961)

Saúde na sala de espera

Publicado em ABERTURA
Na saúde de uma única pessoa, como de uma população inteira, o mais importante e urgente é o diagnóstico correto — o primeiro e mais eficaz remédio. Na gestão pública, não é diferente. Estratégias e planejamentos racionalizados seguem o caminho apontado pela análise dos problemas, as causas e possíveis medidas profiláticas.
No caso da saúde pública no Distrito Federal, que ao longo dos anos vem acumulando sequência ininterrupta de falhas de toda ordem, chama a atenção a ausência de mecanismos de profilaxia, ações preventivas. A dinâmica das mudanças de governo não deve nem pode servir de pretexto para interrupções desse serviço essencial ao cidadão. Na verdade, a saúde da população começa ainda bem longe dos hospitais, com serviços básicos de ações preventivas, equipes em campos avançados, trabalhando junto das comunidades com o propósito de esclarecer, orientar e instruir o cidadão.
Da reunião entre o governador Rodrigo Rollemberg e os diretores dos 16 hospitais da rede pública do DF, um primeiro diagnóstico dos problemas da área aponta a questão do fator humano como principal e grande causa da situação de caos vivida pelo setor: desorganização das escalas dos profissionais (médicos, enfermeiros e pessoal técnico de apoio), além da má distribuição e da falta de medicamentos, equipamentos e acessórios em geral.
Assim como a comunidade carece de serviços de saúde preventiva, o sistema público de saúde necessita, com urgência, de processo permanente de formação e fiscalização de recursos humanos. A capital do país é a unidade federativa que conta com o maior número de médicos atendendo na rede pública de saúde. São 4,28 profissionais para cada grupo de mil pessoas. São 10.173 médicos, entre especialistas e generalistas, listados na folha de pagamento da Secretaria de Saúde e, teoricamente, à disposição diuturna dos brasilienses.
Apesar do número satisfatório, têm sido frequentes os casos de não atendimento ao cidadão por falta de profissionais ao trabalho. Salta aos olhos da população que, mais do que a escala mal administrada, a presença dos médicos no local de trabalho não é obrigatória. Quem buscou hospitais e postos de saúde durante os feriados de Natal e ano-novo sentiu o problema mais de perto. Mesmo a parcela que tem a sorte de ser atendida reclama da superficialidade no atendimento, que, na maioria das vezes, é feita em minutos, de forma rasa, não raro com desdém e muitas vezes com arrogância.
É comum ver mães com os filhos ardendo em febre aguardando por várias horas pelo atendimento, sem sucesso. Algumas se descontrolam em meio ao desespero. Soube de uma paciente que fez um discurso no Hospital do Gama. Dizia que ninguém que atendia ali estava fazendo favor. Falava em voz alta que trabalhava 14 horas por dia e pagava todos os impostos. O mesmo teria que ocorrer com os profissionais da saúde. Trabalhar e honrar o salário. Todos pensavam o mesmo e mostravam a insatisfação com o desprezo do governo.
O atendimento de má qualidade resulta em diagnóstico errado, com sérios riscos para o paciente. Por qualquer lado que se encare o problema da saúde pública no DF, o diagnóstico aponta a mesma causa: deficiência na gestão dos recursos humanos. A questão aqui não é a escassez de recursos e de espaços físicos adequados, mas de gestão de pessoas.
É bom que se diga que muitos hospitais não fecharam as portas porque a enfermagem e o corpo administrativo fazem de tudo para mantê-los. Há médicos também que se sacrificam com pesadas jornadas mesmo com a falta de respaldo material para cumprir o dever. Nobre o gesto do governador Rodrigo Rollemberg, mas, mais do que gestos, a saúde precisa de gestão.