Ecocídio

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

 

          Por analogia, fosse a Terra um cachorro gigante, nós, seres humanos, seríamos nada mais do que piolhos, carrapatos ou pulgas a infernizar a pobre animal canina. De fato o somos, como tem observado o cientista e climatologista, mundialmente famoso por suas pesquisas sobre o meio ambiente, Carlos Nobre, a “doença da Terra”. Com isso, vai ficando cada vez mais patente que as ações humanas sobre o planeta, ao longo dos séculos e, principalmente, após a Revolução Industrial, levaram a Terra ao atual estágio de aquecimento global e de emergência climática.

         Para esse pesquisador, considerado hoje como um dos guardiões do planeta, vivemos um momento em que a humanidade se depara com o maior desafio já enfrentado desde seu aparecimento sobre a Terra. Nobre é um dos autores do importantíssimo documento, intitulado “Saúde do Planeta”, apresentado em Nova York durante a semana climática promovida pela ONU. O fato é que boa parte da humanidade parece não ter sido despertada ainda para a importância de parar de vez com as emissões de gases estufa, para a poluição em geral e para o rápido esgotamento dos recursos naturais do planeta. Vivemos o que seria o ponto máximo de inflexão. A partir desse ponto temos que parar imediatamente com o atual modelo econômico que nos levou a esse beco sem saída.

         O lado otimista desse problema mundial é que ainda existem alternativas, na verdade poucas, para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Mas essa possibilidade vai se exaurindo também a passos largos. Na avalição do cientista, o fato de o Brasil ainda apresentar as maiores florestas tropicais do planeta, em tempos de aquecimento global, favorece, em certos parâmetros, para que assistamos também nesse momento, os maiores incêndios já ocorridos em nosso país em todos os tempos.

         Carlos Nobre cita o caso do Cerrado que, ainda, é a maior savana tropical do planeta, com a maior biodiversidade e com enormes quantidades de carbono armazenado na forma de matéria orgânica do solo. Esses e outros fatores juntos são de suma importância para a estabilidade climática do planeta e de todos os outros biomas brasileiros. O fato de estarmos experimentando agora quase 15 meses de temperaturas recordes dos últimos 120 mil anos, mostra que a estamos no limite das possibilidades do planeta.

         Essa situação parece ainda grave se verificarmos que em torno de 97% dos incêndios ocorridos são devido à ação humana. Nesse sentido, o que parece claro, tanto para os climatologistas como para todo o mundo, é que é chegada a hora de uma proibição total, que elimine o crime de usar o fogo como meio de limpar a terra, como tem feito sistematicamente a pecuária e a agricultura em nosso país. É preciso o uso agora de práticas modernas e sustentáveis que não usem o fogo.

         Para Carlos Nobre estamos, de fato, em plena era do chamado antropoceno, em que o homem é o autor direto dessas mudanças bruscas no clima planetário. Estamos indo em direção ao que os cientistas chamam de estresse térmico, em que o corpo humano não suporta mais as altas temperaturas. Caso venhamos a atingir esse estágio dramático, bebês e idosos não viverão mais do que meia hora ou trinta minutos. Mesmo os adultos saudáveis não resistirão por mais de 2 horas. Dessa maneira, tornaremos muitas áreas do planeta inabitáveis.

          Caso a temperatura escale ou passe acima dos 4 graus, nas próximas décadas, iremos gerar a sexta maior extinção de espécies do planeta, tudo provocado pela ação nefasta e irrefletida do ser humano. O pior nesse cenário é que as pesquisas mais atuais mostram que estamos imersos num cenário tão preocupante que já é possível antever: adentramos por um caminho sem volta.

         Daqui para a frente, cabe, à humanidade como um todo, agir de forma racional e unida, para que essa situação de fim de mundo anunciado não aconteça no curto prazo, dando-nos a chance de, quem sabe, salvar nosso planeta de nossas ações egoístas e destruidoras. É preciso ainda reconhecer, de forma sincera, que estamos praticando uma espécie de “ecocídio”, comprometendo a vida no planeta e impossibilitando a chance de viver das futuras gerações.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Vivemos em uma época perigosa. O homem domina a natureza antes que tenha aprendido a dominar a si mesmo.”

Albert Schweitzer

Albert Schweitzer, fotografia de Yousuf Karsh.

 

Protocolo

Nossa leitora chama a atenção para a burocracia de atendimento da Caesb. Um cano estourado no setor habitacional da W3 Sul jorrou água por dias, apesar das inúmeras ligações dos moradores à empresa e à ouvidoria. Até que, numa tarde, um caminhão da empresa apareceu no local. Quem estava em casa foi ver os trabalhadores acabando com o vazamento. Só que não. Eles estavam ali para consertar uma calçada e, apesar de presenciarem a fonte que jorrava o dinheiro do contribuinte, informaram que a solução daquele problema era em outro setor.

Caesb. Foto: destakjornal.com.br

 

História de Brasília

A cidade de Moreno, em Pernambuco, está para ficar sem prefeito. O vice pediu à Câmara a cassação do mandato do sr. Ney Maranhão, e ninguém sabe o que pode vir a acontecer naquele município. (Publicada em 18.02.1962)

O Brasil é uma brasa, mora?

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Brigadistas do Prevfogo/Ibama e ICMBio combatem incêndios florestais na Terra Indígena Tenharim/Marmelos, no Amazonas • 11/09/2024 – Mayangdi Inzaulgarat/Ibama

 

Hoje já são mais de 160 mil focos de incêndio por todo o Brasil, com o fogo se alastrando até por regiões que antes se acreditava livre desses desastres. As regiões Norte e Centro-Oeste têm sido as mais afetadas, com parte da floresta amazônica e do Pantanal queimando há dias ininterruptamente. Todo o país está em meio a uma seca recorde jamais vista, com altas temperaturas e ventos cortando o continente de Norte a Sul e ajudando a espalhar as queimadas e as nuvens gigantescas de fumaça tóxica.

Aos olhos do mundo o Brasil está vivendo seu inferno astral, com a natureza, antes exuberante, sendo reduzida a cinzas. As consequências dessa multiplicidade de foco de incêndios, ainda não foram contabilizadas em sua inteireza. Quando os cálculos dos prejuízos forem fechados, veremos que o Brasil terá registrado dezenas de bilhões em perdas, tanto para o meio ambiente, como para a economia em geral.

O que se mostra patente é que o nosso país não se preparou minimamente para enfrentar tanto o aquecimento global e as mudanças climáticas, como para prevenir materialmente para o combate aos milhares de focos de incêndios. Há nesse quadro de desastre anunciado, uma sequência tal de imprevidência e prevaricações, que se fossem devidamente levadas aos tribunais, para verificação de culpas e de crimes, poucos gestores municipais, estaduais e mesmo federais escapariam de severas punições.

Agora, depois que o país inteiro parece ter sido lançado numa fogueira continental é que algumas medidas estão sendo anunciadas e prometidas. Se o imperador romano Nero (séc I a.C) pudesse presenciar o que acontece hoje com o nosso país, veria que o incêndio que consumiu parte da Roma antiga, atribuída por ele aos cristãos, não passou de brincadeira de criança.

Mapas de satélite mostram a evolução das queimadas em todo o território nacional e não deixam dúvidas de que os focos foram sendo multiplicados por mil ao longo dos meses desse ano. A parte central de nosso país, onde se encontram as maiores áreas de cerrado, tem sido enormemente impactada pelo fogo. O Cerrado, considerado pelos ambientalistas como sendo o berço das águas ou caixa d’água do Brasil, pois das 12 principais regiões hidrográficas do país, responde por nada menos do que oito nascentes que formam as bacias Amazônica (rios Xingu, Madeira e Trombetas); a bacia do Tocantins-Araguaia (rios Araguaia e Tocantins); a do Atlântico Norte Oriental (Rio Itapecuru); a Bacia do Parnaíba ((rios Parnaíba, Poti e Longá), na Bacia do São Francisco (rios São Francisco, Pará, Paraopeba, das Velhas Jequitaí, Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Correntes e Grande) Bacia do Atlântico Leste (rios Pardo e Jequitinhonha); a Bacia do Paraná (rios Paranaíba, Grande, Sucuriú, Verde e Pardo); além da Bacia do Paraguai (rios Cuiabá, São Lourenço, Taquari e Aquidauana).

Deixar uma região com essa importância à mercê do fogo ou de um agronegócio do tipo predatório (latifúndios e monocultura), que visa apenas o lucro e os resultados da balança de comércio, é um crime de grande monta, quase um crime contra a humanidade e uma condenação antecipada as futuras gerações, que terão que conviver com imensas áreas desertificadas pela ação humana desastrosa e cheia de ganâncias.

Tivessem juízo, nossas autoridades deveriam fechar toda essa imensa região a toda e quaisquer atividades, que não visassem exclusivamente a preservação desses recursos hídricos. O certo, como vem alertando há décadas muitos ambientalistas, seria criar um parque nacional em torno de todas essas nascentes formadoras das principais bacias hidrográficas do país. Ou é isso, ou não se pode falar em futuro e muito menos nas próximas gerações.

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Justificar tragédias como vontade divina tira da gente a responsabilidade por nossas escolhas.”
Umberto Eco

Umberto Eco. Foto: Divulgação

Oportunidade
Até 13 de setembro, quem tiver 18 anos ou mais terá a oportunidade de se inscrever no Orion Bootcamp. Das 50 vagas oferecidas para o curso, 5 vagas estão garantidas para contrato dos melhores estudantes. São 60 dias puxados entre três assuntos: Programação, Product Owner (dono do próprio negócio) ou Inteligência Artificial. Depois das inscrições feitas, haverá uma seleção para ocupar as 50 vagas. Veja os detalhes do assunto no link Inscrições e processo seletivo.

Foto: Aula inaugural com os 50 selecionados do Orion Bootcamp 2023.

 

História de Brasília
Nesta história da Novacap, a solução é a gente recorrer ao filósofo de Mondubim, que costumava dizer: não há governo sem ladrão no meio, mas cabe aos direitos, mandá-los para a caixa prego. (Publicada em 17/4/1962)

Um réquiem para o Rio Amazonas

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Foto: Alex Pazuello/Secom/Governo do Amazonas

 

Já é consenso entre muita gente que, num futuro não muito distante, a luta pelo domínio de fontes de água potável será o principal motivo de guerras devastadoras entre as nações. Em alguns locais do planeta, hoje em dia, essa é uma realidade visível. O aquecimento global, que para alguns é uma ficção, cuida de apressar a escassez de água. A poluição dos cursos d’água em muitas partes do mundo e especialmente no Brasil é mais um fator a precipitar esses acontecimentos.

Não há, nem como intenção do governo, nem da população em geral, ações que visem proteger nossos rios e córregos. Isso quando se sabe que o descuido com esses cursos d’águas irão ter efeitos seríssimos para as próximas gerações, inviabilizando a permanência de populações em vastas áreas do país. A agricultura intensiva, realizada em grandes latifúndios e que têm como objetivo principal a exportação de grãos e de proteínas, tem ajudado também, e a seu modo, nesse processo acelerado de desertificação de nossas terras. Somadas a essas ações de destruição gradativa de nosso meio ambiente, o fogo, que tem surgido com cada vez mais frequência em toda a parte, vai tratando de reduzir a pó nossas riquezas naturais.

Muitas partes no interior de nosso país apresentam os resultados de nosso descaso secular com nossas águas. Rios e outros importantes cursos d’água, simplesmente desapareceram, deixando rastros que mostram os antigos leitos rochosos e arenosos expostos ao Sol. Servem hoje de caminho para os animais e homens, indiferentes a esses acontecimentos.

Toda a paisagem à nossa volta se apresenta hoje repleta de sinais e de maus presságios de que algo muito sério está prestes a acontecer. Esperar que toda essa nova realidade cruenta venha nos arrebatar, quando não haverá mais recursos possíveis de reverter essa situação, é uma insanidade e um crime contra o futuro. Somos igualmente todos responsáveis.

Obviamente que os governos federal, estadual e municipal são os maiores culpados desse descaso. As diversas fotos que mostram o raro fenômeno da seca extrema no Rio Amazonas, não deixam dúvidas de que estamos indo rumo a um novo e desconhecido mundo seco. Os institutos de meteorologia preveem que esse ano a estiagem será ainda maior.

Para se ter uma ideia dessa calamidade, quase 10% do território amazônico enfrenta seca severa. Em todo o território nacional, a área com seca extrema aumentou de 28% para 37%. O Norte do país é o que mais tem sofrido com essa situação. Também este ano, imagens de satélite indicam que mais de 517 mil hectares de área do Pantanal foram consumidos pelo fogo. E pensar que essa imensa área, era, até pouco tempo, uma grande região coberta por água, praticamente o ano todo.

Mas, voltando ao Rio Amazonas, o maior curso d’água do mundo em volume e com uma extensão de quase 7 mil quilômetros corre sério risco de, num futuro próximo, transformar-se em lembrança. A situação que vinha sendo apressada pelas intensas queimadas e pela criminosa derrubada de árvores está sendo intensificada também pelo aquecimento global, que vem provocando um acentuado recuo das geleiras nos Andes, onde está a nascente desse fabuloso rio. O pior é que esse derretimento das geleiras, que antes se acreditavam eternas, tem sido muito mais rápido do que o previsto.

A nascente desse imenso Rio, que, no passado, foi motivo de muitas dúvidas e incertezas, hoje, com a tecnologia de satélite, foi localizado exatamente na nascente do Rio Apurinac, na encosta do Nevado de Mismo, na Cordilheira dos Andes, no Peru. A 5.600 metros acima do nível do mar. O derretimento rápido das geleiras dos Andes acende um alerta de que esse fenômeno irá ter sérias implicações sobre o Rio Amazonas.

Evidências levantadas pelo professor Jeremy Shakun, da Universidade de Boston, levam a crer que essas geleiras são muito menores agora do que em qualquer outro momento nos últimos 11 mil anos. Todas as pesquisas indicam que estamos de fato imersos na nova era do Antropoceno, em que as ações humanas passaram a influir profundamente nos destinos do planeta. Para o cientista não há dúvidas de que o recuo dessas geleiras está diretamente ligado a ações humanas, especialmente decorrentes da Revolução Industrial e das consequentes emissões de gases do efeito estufa.

A queima de combustíveis fósseis é o principal fator desse aquecimento. E pensar que ainda hoje, em pleno século XXI, estamos prestes a inaugurar a prospecção de petróleo justamente na bacia do Rio Amazonas, celebrando assim, com vela preta e caixão, o desfecho da epopeia nacional rumo a destruição do nosso país e de restante do planeta. Nossos músicos, que tanto apreço têm demonstrado à destruição do Amazonas, bem que poderiam compor agora um réquiem para esse rio que agoniza diante de nossos olhos. Como outros fizeram no Titanic.

 

A frase que foi pronunciada:
“Nunca foi tão urgente retomar e ampliar a cooperação entre os países que têm a floresta em seu território.”
Lula, na abertura da Cúpula da Amazônia

Presidente Lula. Foto: REUTERS/Adriano Machado

 

História de Brasília

No pequeno espaço de tempo em que esteve como presidente da Repúbica, o sr. Ranieri Mazzilli fêz um número grande demais de nomeações, superior às necessidades, para quem ocupa a cadeira por poucos dias. (Publicada em 15.04.1962)

Pegadas de destruição

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Foto: CBMDF / Divulgação

 

Na sequência de fotos, em que aparecem diversas pegadas impressas na areia, o autor quer chamar a atenção para as flagrantes diferenças que os rastros, deixados para trás, por animais e homens, causam na paisagem e, por conseguinte, ao meio ambiente. Os animais passam pelo local sem causar dano algum ao ambiente, deixando apenas as marcas de suas patas na areia.

Já os humanos, considerados o ápice da criação e o mais inteligente e apto dentre os animais, deixa atrás de si, uma verdadeira montanha lixo, formada por produtos que ele simplesmente descartou no ambiente sem o menor cuidado. Essa é uma imagem frequentemente vista em todo o mundo. Por onde quer que os seres humanos transitem, logo é possível observar o rastro de sujeira, de lixo e de depredação ambiental causado por sua presença.

Infelizmente, a sofrível ou mesmo a inexistência de uma educação ambiental mínima, reduziram os habitantes, da maioria das grandes cidades espalhadas pelo mundo, a perigosos bandos de selvagens, que, pouco a pouco, vão destruindo o planeta que habitam, num comportamento aparentemente suicida de quem retira o próprio chão sob os pés. O que vem ocorrendo em toda a parte dentro de nossas fronteiras e, particularmente, na região que escolhemos habitar, aqui no Centro-oeste, não pode ser traduzido por palavras, tamanha é a falta de sentido com que lidamos com os recursos naturais, que permitem nossa existência.

Os caudalosos e cristalinos rios que, até há pouco tempo, cortavam todo o Cerrado, fazendo, desse delicado bioma, um verdadeiro berço das águas a irrigar todo o país e que, no passado, foi uma das principais motivações para a transferência da capital, do litoral para o interior, hoje encontram-se, em sua maioria, ameaçados pela presença humana e por um tipo de exploração irresponsável da terra, que transformou os alimentos em commodities vendidas a preços de dólar.

É em nome de um agronegócio que desconhece o valor da vida, e que serve apenas para o enriquecimento de um pequeno grupo, que vão sendo feitas a transformação do Cerrado em extensos latifúndios, de monoculturas transgênicas, infectadas por pesticidas de alto poder de toxidade, que o progresso avança por cima de tudo e todos. Visto de cima, o Parque Nacional está praticamente cercado pelo agronegócio. O que ocorre hoje com a Chapada dos Veadeiros e com todo o Parque Nacional naquela região, queimada impiedosamente, ano após ano, por ação criminosa de grupos com interesses próprios muito específicos, precisa ser detido o quanto antes.

Aliado a esse poder de destruição representado pelo agrobusiness, a região da Chapada vem experimentando, também há alguns anos, uma intensa e descontrolada onda de especulação fundiária, atraindo, para essa localidade paradisíaca, todo o tipo de empresário, desde o bicho grilo dos anos setenta, disposto a explorar a área em troca de alguns trocados até o alto empresário que planeja transformar todo esse ambiente natural e exótico numa espécie de Disneylândia tupiniquim, para gerar lucros. O intenso fluxo de pessoas que passou a circular, sem qualquer cuidado, por essas áreas ao norte de Brasília, em busca de lazer, representa hoje uma ameaça a toda a região.

Cidadezinhas como São Jorge, anteriormente paraíso dos hippies e mochileiros e onde a diversão era barata e certa, transformou-se hoje numa espécie de um amplo resort de alto custo, com pousadas e restaurantes que cobram preços de Paris em pleno sertão. Aos fins de semana, a localidade fica intransitável, com todo o tipo de frequentador, a maioria descompromissada com questões como preservação do meio ambiente. Não se enganem: o que ocorre hoje com a Chapada dos Veadeiros, consumida por um incêndio incontrolável, que já dura mais de dez dias, decorre exatamente dessas pegadas deixadas pelos humanos por onde quer que andem.

A frase que foi pronunciada:

Com o governo não se brinca e pelo governo não se briga.”

Filósofo de Mondubim

30/09/2013 Crédito: Monique Renne/CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF. Jantar Prêmio Engenho. Ari Cunha.

Gatos pardos

Em época de seca, onde os problemas respiratórios aumentam, na quadra 311 Norte, em um dos prédios, a limpeza do jardim é feita, o material orgânico é deixado no estacionamento da quadra e, à noite, colocam fogo, causando sério transtorno para os moradores. Curiosidade: o órgão Brasília Ambiental fica na mesma área.

Foto: arquivo pessoal

História de Brasília

Há funcionários antigos, residindo em Brasília, com a família no Rio, enquanto que funcionários vindos recentemente, solteiros recebem logo seus apartamentos. (Publicada em 09/02/1962).

Aumentos tarifários de energia e respeito ao meio ambiente

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Bancos de areia surgem no leito do Rio Paraguai em Porto Murtinho.                                    Foto: Toninho Ruiz / CAMPO GRANDE NEWS.

 

Ditado conhecido diz, com propriedade, que: “é quando as águas baixam, que podemos ver quem nadava nu”. Trata-se aqui de um aforismo que, embora possa ser aplicado a diversas situações, serve como uma luva de pelica para a atual crise hídrica, experienciada agora pelos brasileiros de modo severo, como um anúncio antecipado de maus augúrios.

O que está por vir pode ser lido por todos nas pedras que ficavam no fundo dos rios e que agora estão expostas ao sol escaldante. O que as pedras dizem é que o futuro promete ainda menos água correndo sobre o leito dos rios, secas prolongadas e uma saudade do tempo em que os rios corriam fartos em águas cristalinas e em peixes diversos.

O que estamos fazendo com o mundo a nossa volta e com o nosso território não pode ser nominado por expressões civilizadas. A baixa severa e histórica de muitos rios do nosso país, como é caso agora do Rio Paraguai, responsável por banhar com suas águas uma área pantanosa de 195 mil km², e por onde é escoada grande parte da soja que o agronegócio exporta para países como a China para a engorda de suas manadas de porcos, acende a luz vermelha para os riscos que esse tipo de agricultura causa ao nosso meio ambiente.

A baixa desse importante curso d’água expõe a nudez moral e ética de todos aqueles que, direta e indiretamente, estão provocando o assoreamento e seca do Rio Paraguai, destruindo o riquíssimo bioma do Pantanal, em busca de lucros fáceis para uma pequena minoria de falsos agricultores, enfeitiçados pela cor esverdeada dos dólares. Os verdadeiros agricultores são aqueles que respeitam o meio ambiente e a variedade de vida da flora e da fauna, pois sabem que é desse complexo sistema que retiram o sustento para si e para os seus.

Estão nus, portanto, nessa tragédia, o atual governo, que assiste inerte as maiores queimadas já ocorridas no Pantanal e que, ao se posicionar cegamente ao lado do agronegócio, como salvação da balança comercial do país, empreendeu um desmonte completo de todos os órgãos de fiscalização e controle do meio ambiente e ainda colocou, no comando dessa questão, um ministro apontado em todo o planeta como inimigo declarado do meio ambiente.

Um sobrevoo em algumas regiões dentro da Bacia do Rio Paraguai dá mostras do desastre ambiental que aquela parte do país vem sofrendo, o que pode prenunciar mais um período de enormes queimadas para o Pantanal, já demasiado devastado pelos incêndios ocorridos no ano passado. O mais incrível é que não se ouve qualquer alerta por parte das autoridades, já devidamente avisadas, antecipadamente, da iminência desses desastres. Trata-se aqui de uma situação já anunciada e mais uma vez ignorada.

Em algumas regiões, a profundidade do Rio Paraguai chega a menos de 40 centímetros, uma situação impensável até pouco tempo, quando se sabe que esse Rio é um importante corredor fluvial para embarcações de todo o tipo. A situação do Rio Paraná, onde deságua o Paraguai, também é crítica e compromete outros países limítrofes do Brasil.

A crise hídrica, ao mostrar na prática os estragos provocados por uma agricultura depredativa sobre o meio ambiente, impactando a fauna e a flora ao longo de nossos principais cursos d’água, chega ao consumidor na forma de alta de preços, sobretudo na geração de energia por hidroelétricas. Talvez, os apagões que se anunciam no fornecimento de energia e na elevação tarifária desse insumo possam fazer as autoridades entenderem que essa é apenas parte de um problema muito mais complexo e que tem seu início no respeito ao meio ambiente.

A frase que foi pronunciada:

Às vezes não enfrentamos o que está acontecendo em nosso mundo, seja uma crise de água ou uma crise da terra, porque é um pouco assustador e doloroso. Assim como não queremos enfrentar as partes de nós que são um pouco desconfortáveis ou doloridas. Temos que enfrentar os dois e amar os dois para que possamos curar os dois.”

Alysia Reiner

Alysia Reiner. Fonte: Reprodução

Neoenergia

Vale a pena algum diretor da própria empresa ligar para o número 116, de preferência entre 18 h e 19 h, para ver como está o atendimento ao público. Uma lástima!

Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Curiosidade

Para quem não sabia, o deputado federal cearense anunciou no plenário que a deputada Alice Portugal estava ao lado de sua madrinha, a deputada Jandira Feghali.

Deputadas Alice Portugal e Jandira Feghali. Foto: vermelho.org

Prata da Casa

Brilha, com um currículo invejável, o nosso Néviton Barros, músico extremamente talentoso. Como doutor, faz parte do quadro como Professor Adjunto de Estudos Corais e Diretor do Coro da Faculdade Muhlenberg College. A frase de vida de Néviton é: “Se você pode ser qualquer coisa nesse mundo, comece sendo gentil”.

Neviton Barros. Foto publicada em seu perfil oficial no Facebook.

História de Brasília

A iluminação da pista de alta velocidade, no subsolo da Rodoviária está deficiente demais. Há trechos de mais de cinquenta metros sem uma única lâmpada acesa. Tôdas queimadas. (Publicada em 07/02/1962)

O mundo de olho nas riquezas do Brasil. Como sempre.

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Foto: Florian Plaucheur / AFP

 

Em meio ao clímax da pandemia no país, pelo menos no que diz respeito a essa chamada segunda onda, a questão do meio ambiente, principalmente o problema dos altos índices de desmatamento, parece ter saído do foco da opinião pública, resumindo-se agora em preocupação central apenas para os ambientalistas de sempre e para outros devotados à causa da defesa de nossas florestas.

Nesses tempos incertos, obviamente que a questão central passou a ser a manutenção das vidas. Cientes desse vácuo e longe dos holofotes e da atenção geral, os grileiros e os madeireiros nunca tiveram tantas oportunidades e espaço para agirem. Com os órgãos de fiscalização esvaziados e colocados em descrédito pelo próprio governo e com a Polícia Federal mantida em rédea curta pelo Executivo, as clareiras abertas, como chagas dilaceradas por bombardeios, vão se multiplicando ao longo do tapete verde.

Não fossem as observações contínuas e as medições realizadas por satélites de muitos países, esses seriam crimes que permaneceriam para sempre escondidos de todos. O mundo observa o que vai se sucedendo com nossas florestas e não há discursos ou promessas que nossas autoridades possam fazer nas assembleias e foros internacionais que eles já não saibam de antemão e com dados mais precisos que os que possuímos.

Estamos mal na fotografia e não serão promessas vãs, do tipo que comumente são feitas em campanhas eleitorais, que convencerão os outros países que temos feito a lição de casa no tocante aos efeitos das mudanças climáticas. O mundo quer ver resultados e por isso mesmo fechou as torneiras da ajuda financeira destinada à proteção do meio ambiente. São recursos que fazem falta ao setor, principalmente agora que o dinheiro vai ficando mais curto.

Por certo, não se faz política pública apenas com recursos. Antes de tudo é preciso responsabilidade socioambiental emanada claramente pelo governo. Com ações efetivas e não com projetos desenhados apenas no papel branco. Na falta de um conjunto de medidas concretas nessa área, muitas carteiras de investimento que poderiam vir para o Brasil simplesmente são encerradas.

Países como o Canadá, Noruega e outros que contam com fundos exclusivos para ser investido em boas práticas ambientais já desistiram do Brasil e do Governo Bolsonaro. Nosso ministro do meio ambiente é visto lá fora como persona que trabalha contra a própria pasta e a favor dos madeireiros e garimpeiros, sendo costumeiramente citado por políticos de muitos países como alguém que mereceria ser investigado por sua conduta e declarações contra o meio ambiente.

A propaganda difundida em todo o mundo contra a política ambiental do Brasil não poupa nem o presidente nem o seu ministro. Essa história de “passar a boiada”, confessada pelo próprio Salles em reunião no Palácio do Planalto, já é de conhecimento mundial e tem prejudicado não só a imagem do país como também a questão dos fundos que poderiam vir ajudar à conservação.

A frase que foi pronunciada:

É melhor um pássaro na mão e outro na gaiola”.

Filósofo de Mondubim

Arquivo Pessoal

Sem fim

Mais ônibus chegaram, e mesmo assim os usuários esperam cerca de 45 minutos por um veículo. É um absurdo!

Foto: dftrans.blogspot.com

Passado

Já que estamos falando da TCB, os ônibus faziam contramão no Eixo Monumental; e continuam. Deixaram de fazer a partir da W3, mas estão entrando, agora, no Eixo, atrás da Torre de Televisão.

Foto: zamorim.com

Sem comentário

Está sob censura o rádio em Recife e a “Jornal do Brasil” está suspensa por três dias. Espero que estas notícias não sejam alarmantes, mas é que sou contra a censura. A notícia falsa se desfaz por si só, sem precisar de bridão.

Foto: historiaupf.blogspot.com

Cadê o dinheiro?

E por falar em enchente, ainda não foi explicado o destino dado ao café enviado para as vítimas de Óros. Sabe-se, isto sim, que os flagelados continuaram tomando manjerioba e uns poucos beberam 50 mil sacas de café.

Foto: coisadecearense.com

Sem mérito

Todo mundo do novo governo estará recebendo, por estes dias, a comenda de “Mérito Tamandaré”. A que título é que não se sabe.

Joaquim Marques Lisboa (Almirante Tamandaré) – Patrono da Marinha

Impressionante 1

Os deputados estão fazendo um negócio que só eles entendem: marcam uma semana de “rush” e vêm todos para Brasília. Os que não vêm são descontados em todas as suas faltas. Os que vêm podem faltar na semana seguinte, que a generosa abona as faltas.

Foto: estadao.com

Impressionante 2

Os que moram aqui, entretanto, comparecem às sessões que devem comparecer e às que devem faltar, e nem por isto ninguém dá um pouquinho a mais para eles. Caso omisso.

Foto: Jair Cardoso / Jornal do Brasil

Convite

Todas as notas da coluna de hoje foram publicadas quando Brasília tinha 1 ano de idade. Convidamos os leitores a tirar as próprias conclusões.

Reflexo da estátua de Juscelino Kubitschek no Memorial JK. Por ironia ou coincidência, a imagem do progresso reproduzida em uma poça d'água, bem hoje escasso no Distrito Federal.
Foto: Ivan Mattos

História de Brasília

O professor Hermes Lima é de opinião que deve vir para Brasília, a Diretoria Geral da Fazenda Nacional, a Diretoria de Despesa Pública e a Divisão de Orçamento do Ministério da Fazenda. (Publicada em 01.02.1962)

Consequências que virão depois

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Cerrado em Quadrinhos, Alves.

Alguém já disse, tempos atrás, que as consequências representam tudo aquilo que virá depois. Um mundo paralisado por uma pandemia nunca vista, e que vinha num severo processo de décadas de poluição do ar, das águas e de todo o meio ambiente, tinha que experimentar, agora, as agruras sem fim do clima agreste, cada vez mais seco, quente e hostil.

Essa é a consequência de todas as mudanças bruscas chegando em forma do aquecimento global. O mais inquietante é que estamos mais do que irmanados nesse processo de destruição do mundo. Somos, hoje, um dos maiores protagonistas do planeta no quesito desrespeito ao meio ambiente. Em nosso caso, a própria agricultura, que alguns chegaram a anunciar como a grande redenção verde do país, capaz de transformar o Brasil no celeiro do mundo, teve que se transmutar para dar conta desse projeto megalômano, no chamado agronegócio ou, mais precisamente, agrobusiness.

Com o regime imposto às vastíssimas áreas que passou a ocupar, essas áreas foram submetidas a um verdadeiro sistema de terra arrasada, onde o lucro desmedido de poucos é feito às custas da dizimação do outrora rico bioma nacional. Essas mudanças, que acabaram transformando o cerrado num campo aberto para as commodities, vêm despertando, cada vez mais, a atenção de parte da população, alarmada com o noticiário interno e externo, dando conta do alto preço cobrado do meio ambiente para tornar o nosso país um campeão na produção de grãos e de proteína animal.

Com isso, ganha na consciência de muitos a certeza de que o agronegócio e sua correlata, a agroindústria, não produzem alimentos, mas apenas lucros para os grandes produtores. Uma ida ao supermercado, para comprar o básico arroz com feijão, reforça essa certeza de que, internamente, ficamos com os prejuízos irreversíveis ao nosso meio ambiente e os sempre altos preços dos alimentos básicos. Cotados em dólar, num tempo em que essa moeda se aproxima dos R$ 6, essas e outras chamadas commodities, há muito, estão longe do poder aquisitivo do brasileiro médio.

Até os países mais informados, de todo esse processo de produção selvagem e feita a todo custo, começam a boicotar nossos produtos nas gôndolas de seus mercados, mesmo que apresentem preços competitivos. Com o Congresso e o governo totalmente dominados pelo poder de lobby do agronegócio, não há muito o que fazer.

O pior nessa situação toda, se é que pode haver piora num sistema bruto como esse, é que nem mesmo os parques nacionais e as terras indígenas e quilombolas escapam do cerco desse gigantesco aparato multinacional de produção de grãos. Exemplo desse avanço sem limite sobre preciosas terras pode ser conferido a pouco mais de trezentos quilômetros de Brasília, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

Depois de engolir metade do cerrado com plantio de grãos e por pastagens, o agrobusiness vem cercando, literalmente, todo o Parque. De Alto Paraíso até Cavalcanti, no Nordeste de Goiás, o plantio de transgênicos e os campos de pastagens vão se impondo contra as árvores tortas do cerrado, queimando matas, envenenando os rios, esgotando as terras, tudo em nome de um progresso que não é mais do que o avanço da poeira, da destruição e da desertificação de áreas imensas.

Só podemos lamentar que, no futuro, se é possível que haverá algum, ninguém será responsabilizado por esses crimes contra a vida.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A Justiça é o freio da humanidade.”

Victor Cousin, filósofo, político, reformador educacional e historiador francês.

Foto: Victor Cousin by Gustave Le Gray

 

Em defesa

Mercedes Bustamante e Bráulio Dias, da UnB, Isabel Garcia Drigo, do Imafolra, Suely Araújo, do Ibama, e Edegar Rosa, da WWF-Brasil, foram convidados para participar, na Câmara dos Deputados, de discussões sobre a preservação do cerrado. Veja o vídeo da reunião a seguir.

 

Lixeiros

De sol a sol, recolhem os resíduos descartados pela população. Invisíveis até para as leis, que multam um braço de fora da janela do automóvel e permitem seres humanos pendurados atrás dos caminhões de lixo. Sempre com o rosto virado para o mau cheiro, correm e se penduram em hastes para que o caminhão continue a percorrer as ruas. Sem instalações ou pontos de apoio para que possam respirar, fazer uma refeição, tomar um banho. Há a promessa de que essa classe terá mais conforto para trabalhar.

Foto: agenciabrasilia.df.gov

 

Sorteio

Basta entrar no Instagram e procurar a Livraria do Senado. Seguir a conta, comentar o post de 7 de Setembro e marcar um amigo. Essa é a inscrição para concorrer a uma das 20 publicações sobre a Constituinte de 1823 que serão sorteadas. As informações são da Agência e Rádio Senado.

Publicação na página oficial da Livraria Senado no Instagram

 

Mudanças

Para quem preserva Brasília, imaginar que o Setor Comercial Sul possa se transformar em local de habitação e moradia causa estranheza e tristeza. Mas é preciso aceitar as mudanças do mundo. Com a pandemia, ficou claro que escritórios e gabinetes são espaços desnecessários em grande parte das profissões, onde o teletrabalho tomou lugar, dando mais segurança, economia e produtividade.

Mateus Oliveira: “O critério está definido – os 30% que chegarem com apresentação de projetos para conversão das suas unidades terão prioridade” | Foto: Renato Alves / Agência Brasília

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O ministro Franco Montoro defenderá, junto ao GTB, quinta-feira próxima, a prioridade para a transferência do ministério do Trabalho para Brasília. (Publicado em 16/01/1962)

O futuro das próximas gerações passa pela preservação do meio ambiente

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Polícia Militar Ambiental/MS

 

Com uma área de aproximadamente 188 mil km², o Pantanal é considerado a maior área úmida continental do planeta. Esse magnífico bioma, um dos maiores patrimônios naturais do Brasil, ao lado da Amazônia e do próprio Cerrado, o Pantanal abriga cerca de 3,5 mil espécies de plantas, 124 espécies de mamíferos, 463 espécies de aves e 325 espécies de peixes. Nesse verdadeiro paraíso úmido, encontram-se, ainda, diversas comunidades tradicionais formada por povos indígenas, que habitam a região há milênios, além de populações de quilombolas e outros povos locais, que concorrem para a formação de uma rica e preciosa cultura pantaneira. À semelhança da tragédia que vem se abatendo sobre a Amazônia, a imensa região do Pantanal também vem sofrendo, há anos, com a ação nefasta do agronegócio e de outros personagens que agem nessa região movidos apenas por interesses econômicos imediatos e a qualquer custo.

Para esses atores da destruição, a vegetação, os animais e outros recursos naturais são muitas vezes considerados empecilhos ao “progresso”, devendo, portanto, ser retirados do caminho, tratorados ou queimados. O pior nessa tragédia é que nenhum governo, tanto do passado como da atualidade, nunca viu nada de mais com o que ocorre naquelas áreas remotas. Aproveitando os discursos, o que tem pregado o atual governo em desfavor das questões do meio ambiente, o Pantanal parece ter se tornado, do dia para noite, uma região de ninguém, onde o que vale é, justamente, o vale-tudo.

Com isso, essa região vem passando por sua mais profunda crise das últimas décadas. A seca, também recorde, contribui ainda mais para a destruição de todo esse delicado ecossistema, acendendo, como nunca, a preocupação de ambientalistas não só do Brasil, mas de todo o planeta. Além da seca que, a cada ano, torna-se mais severa, aumentaram ainda mais as queimadas e os desmatamentos.

No mesmo sentido, as fiscalizações foram sensivelmente abrandadas, com o desaparecimento de multas e de outras penalidades aos predadores da natureza. O governo, literalmente, fechou os olhos para o problema, assim como vem fazendo com a região amazônica. A atuação federal, nesses casos, só acontece por pressão internacional, principalmente quando investimentos e outros recursos econômicos estrangeiros ameaçam paralisação. Ou quando aumentam os boicotes a produtos brasileiros, como já vem acontecendo em larga escala mundo afora.

O que os cientistas têm alertado é que o descaso com a Amazônia afeta diretamente, também, o Pantanal, apesar da distância. O recorde de incêndios na Amazônia, em junho desse ano, acelerou e fez crescer, ainda mais, as queimadas no Pantanal. O desmatamento e as queimadas, tanto no Pantanal quanto na região amazônica, são fenômenos que acabam por afetar os chamados rios aéreos, com consequência direta na diminuição do regime de chuvas nessas regiões e em todas as outras, no país inteiro.

O processo lento e, de certa forma, programado de destruição desses dois magníficos biomas, únicos no planeta, trarão prejuízos irreversíveis ao Brasil e às futuras gerações, que poderão ser obrigadas a sobreviver em regiões agrestes e desérticas, sem água, sem vegetação, empobrecidas pela ação criminosa de grupos e pela inanição de governos, para quem o futuro sempre se esgota nas próximas eleições.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“No fundo do seu coração, o homem aspira a reencontrar a condição que tinha antes de possuir consciência. A história é meramente um desvio que ele toma para chegar lá.”
Emil Cioran foi um escritor e filósofo romeno radicado na França.

Photographer of Keyston agency/Getty Images before Rivarol Premium.

 

Consome dor

Com mais demanda, o número de reclamações aumenta em relação ao IFood. Demora na entrega do alimento, troca de encomendas, falta de comunicação sobre o endereço, fazendo o responsável pelo transporte não entregar a comida, e o envio de cupons de desconto no aplicativo sempre dá erro. Merece uma revisão dos restaurantes.

Foto: entregador.ifood.com

 

Há males

Constantemente, essa coluna expõe a opinião dos leitores sobre o tratamento sofrível que o comércio dispensa aos clientes. A situação na pandemia se reverteu. Quem conseguiu manter o emprego teve uma reciclagem forçada na escola Covid-19.

Foto: CB/D.A Press

 

Menos burocracia

Veio em boa hora a Portaria da Corregedoria do TJDFT – GC 67/2020, art. 2º. II. Cartórios facilitam o atendimento pelo próprio site, telefone ou e-mail.

Foto: brasiliadefato.com.br

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Leitor nos escreve pedindo que façamos uma sugestão ao TCB a efetivação da proibição de se fumar nos ônibus, defendendo os passageiros que ficam incomodados, e a empresa que tem seus bancos queimados. Conclui o missivista numa extrema coincidência de ponto de vista com a maioria da cidade ao dizer que “tudo será fácil agora, sr. Ari, enquanto não temos vereadores”. O recado final é para a Justiça, que deve conhecer a ponto de vista da cidade. (Publicado em 13/01/1962)

Amazônia vilipendiada a cada dia

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Foto: INPE

 

Gigante na produção mundial de grãos e de proteína animal, o Brasil deveria, por conseguinte, assumir também um protagonismo amplo e irrepreensível na defesa de suas riquezas naturais, pois, como se sabe, é da terra e da água que vem toda essa riqueza que estabiliza nossa balança comercial com o restante do planeta.

O chamado agronegócio encontrou no Brasil condições únicas para se tornar o que é e, no entanto, não tem respondido à altura, quando o assunto é evitar que a exploração excessiva leve ao esgotamento irremediável da terra. São extensas áreas que esse tipo de negócio explora com a avidez de máquinas gigantes, sem remorsos e sem se importar com questões como o futuro. Pelo contrário. Quando os empresários desse ramo, normalmente formado por grandes empresas internacionais, ouvem falar em preservação, a primeira ação que adotam é chamar a polícia, para conter o que denominam de ambientalistas lunáticos.

O que é fato inconteste é que o Agronegócio, pela forma e pelo modelo de exploração com que age, é hoje o maior responsável pelo desmatamento ilegal. O aumento sucessivo da produção, com geração de lucros espantosos também para um reduzido número de grandes produtores, implica, necessariamente, na ampliação das áreas a serem utilizadas para o plantio de commodities e para a criação de animais. Quando, a cada ano, o governo anuncia orgulhosamente o aumento da safra, esquece de dizer que por detrás de cada supersafra está o desaparecimento definitivo de florestas nativas, com toda a riqueza biológica que contêm, formadas por espécies que sequer chegamos a conhecer. É o preço do progresso que levou o Brasil a ser o celeiro do mundo, dizem.

Quando não é o gado, a soja, o algodão e o milho, todos derivados de sementes transgênicas e que utilizam pesticidas e outros ditos “defensivos” supervenenosos, proibidos pelo mundo. Homens, plantas e animais, nossa maior floresta sofre com a derrubada de madeira nobre, a exploração do óleo de palma, com a mineração e com a grilagem desenfreada. Todas essas calamidades, cometidas em nome de lucros, deixam um rastro e um passivo incomensurável de prejuízos, acelerando, ainda mais, o processo de aquecimento global e morte da terra.

Por permitimos a devastação, sem precedentes, de nossas riquezas naturais, somos vistos pelo restante do planeta como párias. Nossos produtos, colocados nas prateleiras dos supermercados de todo o mundo, mesmo com preços competitivos, vêm sofrendo um aumento significativo de ações de boicotes, por parte das populações informadas de que esses produtos são obtidos em detrimento do meio ambiente. Estamos, por conseguinte, na contramão do mundo. Não bastasse esse rol de calamidades intencionais e que poderíamos frear, as queimadas frequentes, e cada vez mais intensas, dão um retoque final na destruição de nossas riquezas naturais.

Dados confiáveis esclarecem que, entre os anos 2000 e 2012, cerca de 75% do desmatamento global ocorreram para abrir passagem para o agronegócio, sendo que a maioria dessas derrubadas foram totalmente ilegais e feitas debaixo do nariz das autoridades. Esse é um negócio que movimenta a bagatela de US$ 61 bilhões anuais. Para se ter uma ideia, o aumento do desmatamento na região amazônica cresceu 24%, apenas nos seis primeiros meses deste ano, e foi o maior dos últimos dez anos. Perdemos, naquela região, um campo de futebol por minuto, destruídos ou vilipendiados pela ganância daqueles que buscam lucros fáceis e imediatos.

Cientistas do Brasil e de todo o mundo têm alertado para as consequências da destruição da Amazônia, já em curto prazo. Dentre os muitos malefícios, esses especialistas apontam para o fim do fenômeno dos “rios voadores”, que vêm sofrendo alterações importantes no seu fluxo. Por esses “rios aéreos”, boa parte da umidade da floresta, que viajaria pelo ar, irrigando todo o país, como uma bomba de água natural, trazendo chuvas e resfriamento de grandes áreas, vai deixando de existir, com sérias consequências para todos. As ações para deter a destruição de nossas riquezas ainda são tímidas ou quase inexistentes.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Devemos buscar sempre, entre o que nos separa, aquilo que pode nos unir, porque, se queremos viver juntos na divergência, que é um princípio vital da democracia, estamos condenados a nos entender.”

Marco Maciel, ex- senador que completou 80 anos ontem

Marco Maciel. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

 

Estados unidos

Nordeste reclama veementemente sobre a bússola viciada dos programas de esportes televisionados que só aponta para Rio de Janeiro e São Paulo. Brasília que o diga!

Imagem: chuteirafc.cartacapital.com

 

Questão humanitária

Aumento do valor de gás durante a pandemia é um abuso injustificável contra o povo. Preparem os bolsos. Empresas aéreas, postos de gasolina, restaurantes, setor imobiliário, hotéis. Quem teve prejuízo durante a pandemia vai se recuperar rapidamente às custas dos consumidores. Isso se o governo não se adiantar.

Publicação no perfil twitter.com/secomvc

 

Discurso de ódio

Tão pacíficos os que pregam o fim do discurso do ódio. Vestidos em pele de cordeiro, querem mesmo é desconstruir tudo o que o governo faz por apenas uma forma: o julgamento. Reparem! Só julgam e destroem. Nada que edifique ou indique alguma ação para o país deslanchar na política, economia e socialmente.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Falta, agora, que a comissão nomeada pelo Ministério da Aeronáutica receba o serviço executado, e autoriza o pagamento de fatura final. Acham algumas fontes, que o Ministério ainda não recebeu o serviço, porque o pessoal especializado para conservar os geradores e as luminárias ainda está em treinamento. (Publicado em 12/01/1962)

Agenda ambiental ganha o mundo

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Vice-presidente da República Hamilton Mourão. Foto: portalmatogrosso.com

 

Ficasse apenas no discurso retórico de que a agenda ambiental era um estorvo para o crescimento do país, cuja a economia é puxada pelas riquezas produzidas pela agropecuária, o presidente Bolsonaro não teria feito muito diferente do que fizeram seus predecessores. Mas a inexperiência somada à jactância, que lhe é habitual, fez o presidente ir mais além e, numa demonstração de que pretendia se unir aos radicais do agronegócio e com isso angariar simpatias de uma forte bancada dentro do Congresso, partiu para a ação prática. Com isso, promoveu um desmonte significativo em todos os órgãos de controle envolvidos com a questão ambiental, inclusive aqueles ligados aos povos indígenas. Ibama, ICMBio, Funai e outros importantes institutos foram sensivelmente enfraquecidos, esvaziados ou simplesmente extintos.

Uma verdadeira razia foi promovida contra todos os órgãos ligados à agenda de meio ambiente, a maioria, sob o pretexto de que esses organismos de Estado estavam demasiadamente loteados por pessoas e partidos de esquerda. A avaliação, um tanto forçada, seguia, ipsis litteris, as recomendações feitas pelo poderoso lobby do pessoal ligado ao bilionário e pragmático agronegócio. Para essa turma endinheirada e com forte amparo dentro do Legislativo, as investidas legais dos órgãos de controle ligados à proteção do meio ambiente e dos povos indígenas, constantemente, vinham se chocando com os projetos e com as ambições desses grandes pecuaristas, colocando entraves à expansão, sem limites, desse grupo.

As safras recordes, juntamente com a larga produção de proteínas, que colocavam o Brasil como uma potência agropecuária, eram motivos de sobra para colocar o país sob a tutela direta do agronegócio. A própria balança de exportações reforçava a tese de que o agronegócio, que trazia bilhões em divisas para o país, deveria ter primazia sobre toda e qualquer outra estrutura do Estado. A caça às bruxas, promovida nos organismos de controle ambientais ao atender aos interesses desses e de outros grupos que vieram se juntar ao novo governo, deram os resultados esperados internamente e a curto prazo.

Mas o que esse pessoal e o próprio governo não esperavam, e sequer sonhavam, é que além desses resultados imediatos de desmantelamentos dos órgãos de fiscalização do meio ambiente, viessem outras consequências também, até em maior proporção, só que de forma negativa e prejudicial à economia do país. A política ambiental promovida pelo governo, de arrasa terra, fez não só aumentar o desmatamento e as queimadas por todo país, que atingiram níveis de crescimento recorde, como acabaram por chamar atenção do resto do mundo, justamente numa época em que parte da humanidade busca resgatar o que restou do planeta Terra.

Na contramão da história, e tendo pela frente um enorme passivo no meio ambiente, o presidente Bolsonaro corre agora contra o relógio, depois que investidores de todo o mundo começaram a ensaiar a retirada do Brasil do rol de países merecedores de investimentos.

Por outro lado, graças à pressões internas, muitos países, principalmente da Europa, onde o presidente acreditava ter fechado um grande acordo de livre comércio, começaram a rever suas posições e boicotar os produtos made in Brazil. A moratória, proposta agora pelo coordenador do Conselho da Amazônia, vice-presidente Hamilton Mourão, proibindo incêndios, de forma absoluta, por até 120 dias em toda a região da Amazônia e do Pantanal, insere-se num conjunto de medidas, tomadas às pressas, para tentar reverter o verdadeiro estrago promovido pelo atual governo e que colocaram o Brasil na vexaminosa posição de maior vilão mundial do meio ambiente. Há muito, a agenda ambiental ganhou importância em âmbito mundial, e só o atual governo não enxergou essa evidência e agora corre contra o tempo.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Os seres viciosos seriam muito fortes, se o mal que levam consigo não bastasse para destruir o seu próprio veneno.”

Albert Delpit, romancista e ator dramático francês

Albert Delpit. Foto: wikipedia.org

 

Venezuela 1

Artista, Leda Watson conta, depois de ler a coluna intitulada Aos nossos irmãos venezuelanos, que esteve naquele país para ministrar um curso de gravura, em Caracas, por volta de 1996. Ficou entusiasmada com a Universidade, seus professores, alunos e estrutura funcional. O país parecia de 1º mundo e o curso e a exposição foram um sucesso.

“Palacio de las Academias”, antiga sede da Universidade de Caracas, também abrigou a Biblioteca Nacional. Foto: wikipedia.org

 

Curiosidade

Ari Cunha, mais ou menos em 1973, deu uma nota sobre uma mulher que tinha sido torturada grávida. Antes de ter sido julgado pelo Superior Tribunal Militar, foi informado pelo então presidente da Venezuela, Rafael Caldera, que aquele país estava de portas abertas para recebe-lo. Definitivamente eram outros tempos.

Arquivo Pessoal

 

Sensacional

Veja a seguir várias dicas de filmes sobre parto. Aspectos dos mais diversos abordados. Cada filme com uma linha de pensamento. Desde o parto humanizado até os problemas sustentados por médicos, da rede particular de saúde, em estimular o parto não natural.

 

Alcance

Chegam, em Alto Paraíso, casos do Covid. A comunidade pacata, que só ouvia falar em pandemia, agora começa a ficar preocupada e atenta às regras de distanciamento e uso de máscaras.

Foto: reprodução

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Faça suas compras no comércio de Brasília, mas consulte sempre duas casas antes de se decidir. Há os que exploram, e que você deve punir com sua ausência. (Publicado em11/01/1962)