Massa de manobra livra espertalhões

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com Circe Cunha e Mamfil

Em tempos de crise, em que a política e, principalmente, os políticos se transformaram em caso de polícia, a estratégia usada com sucesso para livrar os protagonistas da mira da Justiça e do linchamento público tem sido o lançamento das bases de apoio de cada grupo para o confronto direto entre si, incluindo nessa tática os meios de comunicação que oscilam de um lado e de outro.

O plano não é novo, mas os resultados indicam que esse ainda é o método mais objetivo para tirar do foco espertalhões que sempre usaram a política com a finalidade de enriquecimento rápido e fácil. Diante da chegada iminente da polícia nas residências de cada um desses malabaristas, o jeito é apelar para a velha e boa “massa de manobra”, em que grupos de pessoas passam a ser conduzidos apenas para servir aos interesses desse ou daquele personagem e suas respectivas siglas partidárias.

Enquanto todos se engalfinham numa guerra fratricida renhida, seus principais atores saem ilesos do outro lado. Tem sido assim desde 2005, quando vieram à tona dos escândalos do mensalão. Ao transformar um episódio, típico da esfera policial, em embate do tipo político-ideológico, os principais envolvidos nesse crime de lesa-pátria conseguiram surfar acima das refregas que se seguiram, acusando adversários de agir da mesma forma e terem tratamento mais brando. Ao fim e ao cabo, enquanto grupos se digladiavam nas ruas e nas redes sociais, todos os protagonistas dessa chanchada criminosa saíram sãos e salvos, sendo, logo a seguir, reencaminhados aos cargos após as eleições seguintes.

Embora essa estratégia tenha servido, em parte, para livrar os principais cabeças do foco da Justiça, nunca mais houve paz e harmonia entre os diversos grupos políticos e, pior, esse sentimento de ódio mútuo se espalhou como fogo em palha seca. De lá para cá, os discursos de ódio só recrudesceram, entrando por outras variantes, como a pregação contra religiões de matriz africana, gays, lésbicas, artistas, professores e outros grupos da sociedade.

As universidades, onde o embate político sempre vem com uma dose extra de hormônio e idealismo, têm sido o local em que as patrulhas pró e contra determinados grupos mais se batem em confrontos, que resultam inúteis e infrutíferos. O surgimento de grupos extremistas à direita e à esquerda do falso espectro político nacional tem crescido em ritmo preocupante, opondo, na maioria das vezes, pessoas até então distantes desses assuntos. Enquanto a cizania é fomentada de forma irracional, antepondo amigos, irmãos, compatriotas, torcedores, fiéis e outros os vilões dessa guerra civil anunciada vão tratando de escapulir pelos fundos, rumo às novas eleições libertadoras que virão na certa.

A frase que não foi pronunciada

“Meandros obscuros rondam a liberdade de expressão retirando-lhe a expressão de liberdade.”

Dona Dita, pensando no véu da democracia

Sem papas

Vlogueiro Daniel Fraga está dando o que falar. De vez em quando, recebe notificações do provedor para retirar vídeos do YouTube. A liberdade de expressão no Brasil é limitada. De qualquer forma vale conhecer esse cidadão nos vídeos disponíveis.

Novidade

Uma comissão na Câmara dos Deputados discute mudanças no Código de Processo Penal. Um tema interessante abordado foi a justiça restaurativa. Nela, a reparação do dano não é só a punição do culpado, mas a vítima também é considerada. O deputado petista Paulo Teixeira explica: “A justiça punitiva pune o réu e não dá nenhuma satisfação para a vítima. Nós achamos que, em muitos casos, a justiça restaurativa, que existe no mundo inteiro, poderia ajudar a dar satisfação para as vítimas.”

Das penalidades

As equipes de fiscalização, como Agefis, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), com a polícia, não têm descanso com as invasões repetidas e incentivadas que sempre aumentam no fim de ano. Vão continuar com muito trabalho enquanto a lei não punir devidamente.

Consome dor

Um garoto mordeu um biscoito recheado e sentiu algo estranho na boca. Era um anel. Menos mal. A empresa foi condenada a pagar R$10 mil por danos morais. Mas recorreu com o argumento de que não houve dano, já que o garoto não engoliu o corpo estranho. Para quem tem dúvidas, já houve decisão nesse sentido, mas a ministra Nancy Andrighi colocou um ponto final nas interpretações convenientes da lei. Se não está na receita do biscoito, é dano moral.

De graça

Alunos e concurseiros têm oportunidade de baixar livros gratuitamente no portal do Senado. Basta acessar http://livraria.senado.leg.br/.

História de Brasília

Às firmas empreiteiras, que nunca foram ouvidas, e que sempre foram desprezadas nessas oportunidades, cabe, também, uma participação efetiva na luta pela Prefeitura de Brasília. Todas as máquinas paralisadas deveriam ser levadas amanhã, de manhã, para a Esplanada dos Ministérios, e numa passeata sem faixas nem alto-falantes, os motores em movimento dariam uma resposta ao esquecimento do governo. (Publicado em 8/10/1961)

Hospitais matam mais que doenças

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Para os brasileiros que conseguiram sair ilesos da violência e da criminalidade que contaminam diariamente as ruas do país, ou que escaparam da brutalidade do trânsito, da falta de saneamento, das brigas, facadas e agressões na escola, a melhor recomendação para permanecer vivo, por mais um tempo, é ficar bem longe dos hospitais brasileiros, sejam eles públicos ou privados.

Erros primários, como o uso incorreto de equipamento, contaminação de material cirúrgico por descuido, negação dos funcionários em lavar as mãos e usar luvas, erros na dosagem ou de medicamentos inadequados, infecção hospitalar e outras barbeiragens levaram diretamente para os cemitérios, mais de 300 mil brasileiros no ano passado, numa média de 829 mortes a cada dia.

Segundo dados do Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, elaborado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, o pouco preparo técnico e humano, presente na maioria dos hospitais pelo país afora, acaba por provocar mais mortes do que no trânsito caótico de nossas cidades, mata mais do que doenças como câncer e outras mais comuns. Trata-se de um mal diagnosticado há muito tempo que, embora tenha solução e cura eficazes, nenhuma providência de monta foi adotada até hoje. Com isso, nossos hospitais públicos e privados permanecem sendo uma espécie de antessala dos necrotérios, onde se entra caminhando e se de maca, coberto por um lençol.

Quem passou pela experiência aterradora de ficar internado em enfermarias ou em unidade de tratamento intensivo (UTI) e, por milagre, saiu com vida desses lugares, relata sempre como é tênue e delicada a fronteira que separa a vida e a morte, dentro dessas instituições. A falta de civilidade entre profissionais de saúde que, acostumados com ambiente, falam alto, contam piadas, enquanto a luta pela vida fica a poucos metros. O tratamento desumano em muitas UTIs com profissionais que improvisam o tempo todo e trabalham no limite da paciência. Há também os talentosos, que trabalham com alegria sem perder o respeito pelo lugar. Conversam, chamam o paciente pelo nome, são atenciosos na medida certa. São raros, mas existem.

Em alguns hospitais públicos, viver, ou não, fica a critério da escolha de médicos que são obrigados a sortear quem vai receber tratamento nas entulhadas unidades de saúde. Contudo, quem passa por essa triagem limite tem ainda pela frente que driblar outras contingências para não ficar com sequelas físicas e psíquicas, que poderão comprometer atividades de rotina.

Óbvio que toda essa desestrutura de nossos centros de saúde tem um custo elevado. Pelo Anuário, os gastos com esses erros superam R$ 10 bilhões anualmente aos contribuintes. Para piorar o quadro, a falta de transparência e de informações precisas torna ainda mais precário o enfrentamento racional do problema, dificultando, inclusive, a decisão de muitos pacientes na hora de escolher um hospital confiável e de qualidade.

A frase que foi pronunciada

“Nos cursos de técnicos, enfermagem e medicina, é preciso deixar claro que o paciente continua humano quando precisa de cuidados. Ninguém quer me ouvir.”

Dona Maria Amélia, 87 anos, cansada da atenção que apenas controla a pressão, o açúcar no sangue, as medicações, a alimentação, o banho de sol.

Gratuito

» Os ministros do TST Aloysio Correa da Veiga, Douglas Alencar Rodrigues, Walmir Oliveira da Costa, Guilherme Augusto Caputo Bastos, Breno Medeiros e Claudio Mascarenhas Brandão conduzirão, em 30 de novembro e 1° de dezembro, um seminário para tirar as dúvidas sobre a reforma trabalhista. Com a participação, na abertura, do ministro Ives Gandra Martins Filho e coordenação científica do ministro Alexandre Agra Belmonte, o evento será no plenário Arnaldo Sussekind, no próprio tribunal. Inscrições pelo site do TST.

Exceção

» O Hospital da Criança, em Brasília, é muito mais que um corpo de funcionários capacitados, familiares presentes ou ambiente bem cuidado. É uma oportunidade de ver um corpinho lutando contra o câncer e ainda encontrando motivos para sorrir. É uma lição para qualquer um. Foram 2,5 milhões de atendimentos desde a inauguração.

História de Brasília

Consta que o sr. João Carlos Vital, ao rejeitar o convite para a Prefeitura de Brasília, teria aconselhado o sr. João Goulart a nomear o sr. Ernesto Silva. (Publicado em 8/10/1961)

Em 2018 não vote por você. Vote pelo país.

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É duro ter que reconhecer, mas a crise política que nos atormenta, desde sempre, tem, em nós eleitores, a sua fonte primária. Das urnas, fecundadas pelo voto de cada cidadão, brotam os legítimos representantes da sociedade. Bons ou maus, eles tomam posse do que receberam e com eles temos que seguir, mesmo desconfiando de que o destino final dessa jornada acabe sempre onde começou.

Andamos em círculos e de mãos vazias por vontade própria, escolhendo tipos bem parecidos com nós mesmos. Gestamos, em cada eleição, quem, lá em frente, desviará, sem remorsos, os recursos da saúde. E quando chega o inesperado, nós, os eleitores, ou somos obrigados a suprir o vácuo deixado na Saúde e vamos atrás de um plano, ou ficamos deitados em macas sujas e improvisadas nos corredores superlotados dos hospitais à espera de um atendimento de emergência que nunca chega, nem nos damos conta de que estamos naquela situação terminal por nossos próprios atos cívicos.

Para aqueles que conseguem escapar ilesos dos hospitais infectados e das ruas assassinas, novas eleições virão e a oportunidade de repetir o mesmo gesto, escolhendo os mesmos tipos, com raras exceções para que tudo permaneça do mesmo jeito por gerações.

Somos nossos próprios algozes. Dentro desse formato de sociedade que escolhemos como ideal para todos, nem nos damos conta de que mudar a forma de se fazer política é fácil. Difícil é começar essa mudança em nós mesmos. Nenhuma reforma política coerente virá de nossos representantes, uma vez que recusamos essa mesma reforma em nossos hábitos diários.

Lima Barreto (1881-1922) dizia que o “Brasil não tem povo, tem público” para justificar não só a apatia que demonstramos com relação à nossa própria história, mas a indiferença de cada um com o destino de todos. É preciso lembrar que todos os políticos que hoje se encontram encarcerados foram, um dia, devidamente escolhidos e ungidos com o nosso voto. De certa forma somos cúmplices passivos dessa gente.

Especialistas em segurança pública defendem abertamente a tese de que a perpetuação das facções criminosas em muitos redutos do país se deve, em parte, à colaboração voluntária de parcela significativa de moradores locais. Cientes desse desdém da população com relação ao destino do país, muitos políticos, mesmo carregando nas costas inúmeros processos judiciais, por crimes vários, permanecem e se lançam em campanhas pelo Brasil afora, certos da conivência de muitos eleitores.

Ao custo Brasil se soma a classe política atual, acrescenta-se parcela significativa desse público que não se avexa em ter seu futuro roubado bem diante dos próprios olhos e de todos. Talvez não seja por acaso que muitos historiadores classificam o povo como sendo “uma porção de ninguém”.

A frase que foi pronunciada

“Eu não vim para Brasília, Brasília é que veio pra mim.”

Evaristo de Oliveira

Pedra angular

» Evaristo de Oliveira. O Correio Braziliense acaba de perder sua pedra angular. Homem de trato fino, simples e sofisticado ao mesmo tempo. Amigo verdadeiro para todas as horas. Sem estardalhaço ou vaidade subiu cada degrau na empresa por absoluta competência e dedicação. É um homem que será sempre lembrado como agregador, com uma solução dada de forma humana para qualquer problema. Muita saudade. Nossos mais profundos sentimentos.

Bem-vindos

» Com a nova lei da imigração, que substitui o Estatuto dos Estrangeiros, os alunos vindos do exterior passam a ter liberdade para trabalhar enquanto estudam, ou seja a possibilidade de combinar os estudos com trabalho, garantindo compatibilidade dos horários e a flexibilidade das exigências para vistos de trabalho. Com a lei, caiu a necessidade de um contrato prévio e passou a existir a chance de o estrangeiro vir ao Brasil e procurar emprego.

Consequência

» Thais Pereira, 21 anos, sofreu injúria racial em pleno Dia da Consciência Negra. Não teve dúvida. Cansada com as brincadeiras de mau gosto do colega de classe, com o apoio de toda a turma, formalizou a denúncia. “Não podemos ter medo. Temos que cortar o mal pela raiz”, ensina a jovem.

Cariocas

» Enquanto as lentes se voltam para Luciano Huck, quem faz papel realmente bonito é o senador Romário. Desenvolvido ao adotar o protocolo político, tem feito muito pelos portadores de necessidades especiais e pretende ir bem mais longe. Os eleitores votaram no nome Romário por causa do futebol e ganharam um Romário político de atitude.

História de Brasília

E o povo fica imaginando o que fará o governo, quando tiver que decidir sobre a reforma agrária, sobre o reatamento das relações diplomáticas com a União Soviética, ou a admissão, ou não, da China Comunista na ONU. (Publicado em 8/10/1961)

Governo gasta mais com os ricos

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Num estudo intitulado Um ajuste justo – propostas para aumentar eficiência e equidade do gasto público no Brasil, os mais refinados economistas, com assento no Banco Mundial, especialistas com um olhar treinado e agudo sobre contas públicas, chegaram à conclusão que sempre pareceu óbvia e lógica até para o cidadão leigo na matéria: o Brasil, leia-se o governo, gasta muito e gasta mal os recursos drenados da população. Como sempre acontece nesses casos, ajustes duros terão de ser feitos para evitar que o país volte a mergulhar nas águas revoltas da inflação e vir a desperdiçar mais uma década, patinando no baixo crescimento, atado ao subdesenvolvimento cíclico.

Por meio de uma infinidade de números, tabelas e fórmulas matemáticas, os economistas do Banco Mundial demonstram que o país está no limite dos gastos públicos, sendo que, daqui para a frente, qualquer ação mal planejada nos gastos públicos implicará consequências ainda mais danosas para a sociedade, principalmente a parcela da base da pirâmide. A avaliação do BM vai direto ao ponto: “Os programas governamentais beneficiam os ricos mais do que os pobres. E, apesar do alto volume de gastos públicos, a política fiscal tem tido pouco sucesso na redução da desigualdade e da pobreza”. Tal afirmação significa exatamente o que o brasileiro médio sente no dia a dia: a carga tributária embutida em absolutamente tudo que é consumido e onera muito mais as camadas mais pobres da população.

O pior é constatar que os programas de governos populistas que apregoavam o fim da pobreza no país não passaram de propaganda enganosa. Os ricos ficaram ainda mais ricos, sendo que muitos desses campeões nacionais estão hoje atrás das grades. Curiosamente, o estudo, que foi encomendado pelo próprio governo, traz como recomendação necessária e urgente a reforma da Previdência, apontada no estudo como o principal motor do desequilíbrio fiscal do país.

Na avaliação dos especialistas, em pouco mais de uma década, mantido o modelo previdenciário atual, todos os recursos do Estado serão absorvidos apenas para custear aposentadorias. Para eles, o sistema previdenciário brasileiro é desequilibrado e muito injusto, já que 35% dos subsídios beneficiam justamente os mais de 20% ricos, deixando aos 40% mais pobres apenas uma fatia de pouco menos de 18% desses recursos.

O que o estudo deixa transparecer nas entrelinhas é o que toda a população pode perceber: as manobras na prática e no bolso. Os seguidos governos, após o período militar, com exceção apenas de Fernando Henrique Cardoso em seu primeiro mandato, não foram capazes de manter uma política de gastos coerentes e dentro das necessidades da população. A constatação mais marcante do documento é a que aponta que os gastos públicos no Brasil não têm beneficiado aqueles que mais necessitam deles e que estão nas camadas mais pobres da população. Ou seja, embora paguem proporcionalmente mais impostos que os mais ricos, os brasileiros de baixa renda ainda têm que suportar o fato de que os gastos públicos não são direcionados a atender aqueles que mais necessitam. Obviamente, a conta de fechar será espetada justamente sobre as costas dos menos favorecidos, como tem sido feito ha séculos.

A frase que foi pronunciada

“Delação da Odebrecht sem pegar o Judiciário não é delação…É impossível levar a sério essa delação caso não mencione um magistrado sequer”

Ex-ministra Eliana Calmon em entrevista a Ricardo Boechat

Interessante

» A Associação Virtual Brasileira de Misofonia (AVBM), em parceria com o Instituto Ganz, promove hoje, na internet, uma palestra sobre o “Enriquecimento Sonoro — Misofonia”, com a fonoaudióloga doutora Renata Jacques. No dia 30, a doutora Tanit Ganz Sanchez falará sobre “Enquanto a cura da Misofonia não chega”. Misofonia é o pavor que dá com o barulho de alguém escovando os dentes, desenrolando uma bala ou mesmo mastigando. Assista no misofonia.org.

Testes

» Se os resultados das provas da OAB têm sido muito baixos, as provas para os médicos têm sido avassaladoras. Em São Paulo, é obrigatória a participação na prova da Cremesp a qualquer médico que se inscrever em concurso público. A Associação Nacional de Hospitais Privados firmou com o Cremesp um protocolo de intenções, estabelecendo que o exame será considerado na seleção de candidatos à residência médica e na contratação de profissionais, para os mais de 80 hospitais e instituições conveniados à entidade.

História de Brasília

A solução de um caso, como o de Brasília, não deveria merecer do governo tamanha demora. Com isso, tanto o presidente da República quanto o primeiro-ministro dão ao povo a ideia de fraqueza nas decisões, relutância nas medidas a serem adotadas e falta de homens capazes entre os círculos mais chegados ao Planalto. (Publicado em 8/10/1961)

Crise política e desobediência civil

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Nesses tempos de grave crise política, assunto discutido comumente é o direito de resistência e desobediência civil. Esse mecanismo de autodefesa do cidadão é um dos elementos que caracterizam a sociedade democrática e está, de modo difuso, previsto na própria Constituição logo em seu art. 1º, parágrafo único: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos dessa Constituição”. Contudo, basta um olhar em volta de cada um para perceber que, no Brasil, lei e governos injustos se sobrepõem aos interesses dos brasileiros.

Os inúmeros casos de corrupção, revelados pelas investigações de órgãos do próprio Estado, como o Ministério Público e Polícia Federal, têm deixado claro que existe, por parte desses representantes da sociedade, além de uma prevalência indecente de interesses particulares sobre o interesse coletivo, um desvio acentuado dos valores éticos que fogem a tudo que se relaciona com o sentido republicano.

Com isso, ficam não só seriamente prejudicadas as políticas públicas vitais à ação, como educação, saúde e segurança, o que reflete negativamente no futuro das novas gerações, alijadas das condições mínimas de cidadania.

O fosso criado entre os representantes políticos da população e a própria sociedade, por sua dimensão atual e pelas dificuldades que se apresentam de serem sanados em tempo hábil, estão, nestes tempos de aflição, a requerer medidas e ações que vão muito além de simples processos de eleição. De fato, chegamos, na opinião de juristas respeitados, a um porto, de onde já não se pode mais retornar.

O que induz à desobediência civil não é, absolutamente, o comportamento da nação ou desse ou qualquer outro grupo da sociedade, mas, e tão somente, a conduta fora da lei e persistente de muitos de seus representantes. Nesse sentido, o caso do Rio de Janeiro, embora não único, é simbólico desse momento nacional e serve como um farol para o resto do país, não por seus exemplos positivos, mas pela capacidade de mostrar, na prática, o que acontece a uma sociedade submetida aos desmandos de uma classe política transmutada em verdadeira quadrilha oficial. “Quando o governo viola os direitos do povo, a insurreição é, para o povo e para cada parcela do povo, o mais sagrado dos direitos e mais indispensável dos deveres” diz num dos trechos da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1793.

Para muitos teóricos do Estado, o interesse público deve se sobrepor ao próprio interesse do Estado. As gigantescas manifestações de rua por todo o país deram o tom prévio de um movimento possível de desobediência civil, com a população nas avenidas pedindo pelo fim da corrupção, que entende como sendo um dos grandes entraves ao desenvolvimento da nação e fator preponderante no custo Brasil. A bem da verdade, a nação é a única parte realmente viva e animada de um Estado. Um Estado dissociado da sociedade, como temos, é como um corpo sem alma.

A frase que foi pronunciada

“A desobediência civil nunca é seguida pela anarquia. Só a desobediência criminal com a força. Reprimir a desobediência civil é tentar encarcerar a consciência.”

Mahatma Gandhi.

Sem respostas

» Fernando Tatagiba, diretor do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, não esconde o alívio que a chuva trouxe. Os 66 mil hectares atingidos pelo fogo no parque estão em plena recuperação. Até hoje, as autoridades não divulgaram se a ação foi mesmo criminosa.

Oportunidade

» Em entrevista à TV Brasil, o secretário-geral de Políticas de Emprego do Ministério do Trabalho, Leonardo Arantes, disse que acredita que as vagas temporárias são uma boa oportunidade para recolocação no mercado de trabalho. O sistema nacional oferece 2,5 mil vagas temporárias para o fim de ano.

Prata da casa

Eldon Soares começa um trabalho hercúleo de organizar um Coral Virtual com o Aleluia de Handel. Voluntários já começam a enviar os áudios e vídeos. O material está no portal coralvirtual.com.br

Ajuda internacional

» O submarino argentino ARA San Juan está desaparecido desde o dia 15, com 44 tripulantes. O comandante de Operações Aeroespaciais (Comae), tenente-brigadeiro do Ar Carlos Vuyk de Aquino, explicou que a Força Aérea Brasileira ajuda na busca com as aeronaves SC105 e P3, essa última aeronave especial para a busca de submarinos.

História de Brasília

A promessa do governo para a solução de Brasília dentro de 48 horas já está vencida e, em cada 48 horas de promessas, novas firmas do Distrito Federal vão se aproximando cada vez mais da falência e novas dificuldades vão surgindo para Brasília. (Publicado em 8/10/1961)

Ser ou não ser? Fake é a questão

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Quinhentos e dezessete anos atrás ensaiamos nos tornar uma nação decente, respeitada pelo resto do planeta. Afinal fomos o primeiro laboratório do mundo a misturar simultaneamente gente de três continentes, num amálgama sui generis de raças, potencializando o que cada cultura tinha de mais expressivo e forte . Em se tratando de projeto de nação, tudo parecia caminhar para um sucesso de civilização, modelo para o mundo. No meio do caminho , contudo, alguma coisa deu muito errado e nos enveredamos por caminhos tortos.

O que houve nesses cinco séculos pode ser resumido numa simples sentença: nossa elite política nunca foi sintonizada com a população em geral. Como resultado dessa separação litigiosa , o povo, foi deixado de lado, servindo apenas como mão-de-obra barata e fonte de produção de riquezas, expropriadas pelos poderosos. Com a saída dos portugueses, ingleses e outros controladores , o poder sobre a terra foi passadopara a elite nacional, mas ainda assim, nada mudou. Custamos a perceber que com esses timoneiros nunca chegaremos a bom porto, mas ainda assim permanecemos indiferentes ao nosso destino

Para usar um termo atual, nos tornamos fake desde a origem. Desde o princípio não houve um projeto de país. Sempre fomos apenas uma terra de passagem , capaz de fornecer lucro da exploração. Fingimos o tempo todo, dizendo acreditar na nossa classe política e em seus partidos. Até votarmos neles. Mas é tudo mentira. Não acreditamos neles e em nenhum outro que assuma o poder. No fundo, agimos assim justamente porque não acreditamos em ninguém, muito menos naqueles que prometem mundos melhores.

Somos fake muito antes do grande irmão do norte. Não nos libertamos de nada e não abolimos nada também. Instalamos uma monarquia e um governo nacional fake, com personagens de além mar, apenas para fazer figuração perante o mundo. Erguemos uma república que sabemos oligarca e excludente. Mentimos para que nos deixassem em paz. Esqueçam-se de nós. Somos fake e portanto não existimos. Encontramos na arte da figuração um jeito fake de ser. Nossa malemolência é fake. O samba é fake. O futebol é fake. Tudo em nós é fake. Até o carnaval é fake. Desfilamos nossos trapos coloridos num arranjo fake para que acreditem que somos um povo alegre e festeiro. Tudo encenação e absolutamente fake.

Aturamos seguidos governos porque, ao fim ao cabo reconhecemos neles um mundo fake. Votamos em eleições fakes, porque queremos prolongar nosso mundo de ilusão. Construímos um mundo todo a nossa volta para que pareça real e vibrante, embora sabendo ser uma ilusão passageira. Somos desavergonhadamente fakes e não damos bolas para isso.

A frase que foi pronunciada:

“ Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são.”

William Shakespeare

Pronunciamento

Nessa semana o senador Reguffe fez um pronunciamento no plenário anunciando voto contrário com duras críticas ao projeto que permite as empresas de planos de saúde aumentarem o preço para quem tem mais de 65 anos. “Esse projeto só beneficia as empresas de plano de saúde , é um desrespeito ao consumidor e ao idoso.”

Só para lembrar

Reguffe foi eleito por 57.61 por cento dos votos válidos no DF. Só para lembrar, ele abriu mão da verba indenizatória, só tem 10 pessoas trabalhando no gabinete, é o único senador que abriu mão do direito ao plano de saúde vitalício e da aposentadoria especial. É o senador mais coerente que o país já teve. Discurso político e prática parlamentar em absoluta sintonia.

Pesquisa

Por falar em aposentadoria, Juliana Seidl, formada em Psicologia pela UnB está na Universidade da Flórida preparando seu material de doutorado sobre o tema Aposentadoria no Brasil – Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações. Desde 2008 estuda o tema. Ela está em busca de voluntários que se interessem em participar de sua pesquisa. O público-alvo são pessoas de 40 anos de idade ou mais e que trabalham em organização pública, privada ou do terceiro setor. Aposentados que continuam trabalhando em uma organização também podem participar. A participação dura 20 minutos e é anônima, ou seja, o participante não será identificado. Manifeste seu interesse em participar da pesquisa pelo email: aposentadoriabsb@gmail.com

Novidade

Atenção empresários do DF. A Junta Comercial está com um novo sistema de pagamento das guias de arrecadação. Desde o dia 13 de novembro é obrigatória a emissão do DARF pelo programa Sicalweb, disponibilizado no site da Receita Federal. Adelmir Santana, presidente da Fecomercio alerta aos empreendedores que fiquem atentos para não ter problemas no futuro. As dúvidas podem ser sanadas pelos telefones (61) 3411-8860 ou 3411 8861.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA 19/11/2017

Não foi covardia, porque Juscelino não é covarde. Foi egoísmo; não é desprezo, porque Juscelino não abandona os amigos, mas o que é fato é que a cidade não está sendo defendida pelo seu idealizador. (Publicado em 08.10.1961)

República dos suplentes

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Já que a reforma política não veio na medida pretendida pelos eleitores, prosseguimos em círculos, tendo que vivenciar sempre os mesmos e velhos problemas, num círculo fechado e infinito e que vai adiando, sine die, a entrada do Brasil no hall dos países sérios e modernos. A permanecer nesse compasso, entraremos em 2018 com os mesmos mecanismos que nos mantém atados ao passado.

Considerada por muitos a mãe de todas as reformas, os aperfeiçoamentos necessários no nosso modelo de representação, na realidade ficaram intocados naquilo que entendia a sociedade como fundamental. A começar pela fidelidade e o cumprimento total do contrato estabelecido entre o candidato e seus eleitores, principalmente naquilo que foi prometido e explicitado no programa estratégico pelo eleito.

Neste sentido, toda a vez que um político troca de legenda, se afasta de suas funções para ocupar outro cargo ou renuncia o contrato original de campanha é rompido e o eleitor se sente traído e abandonado no meio do caminho. Infelizmente essas situações tem se tornado tão corriqueiras, que já fazem parte de nossa paisagem política.

Enquanto a legislação não obrigar o eleito a cumprir a totalidade do mandato, a dança das cadeiras no legislativo irá prosseguir, com situações inusitadas em que o cidadão vota num candidato e quem assume é um suplente, totalmente desconhecido e sem um voto sequer. Pior. O suplente muitas vezes desconhecido dos eleitores, mesmo sem receber votos, assume a vaga e passa a receber os direitos como se fosse um senador eleito, O peso desses suplentes no parlamento não é desprezível e varia hoje entre 20% e 30% nas duas Casas do Legislativo. São tantos e tão diversos que poderiam formar uma bancada dos suplentes, com propostas próprias.

O sensato para grande parte sociedade , seria em caso de vacância do mandato, o cargo ser ocupado pelo segundo mais votado. Mas o que ocorre , na maioria das vezes, é que o suplente e seu grupo , muitas vezes, contribuem financeiramente com a campanha e por este motivo, acabam assumindo o cargo em algum momento para a conclusão dos acordos de gaveta, estabelecidos bem longe do olhar dos eleitores. O pior nesta situação é quando o suplente que assume, traz consigo uma folha corrida que mostra uma vida pregressa repleta de ilícitos de toda a ordem. Neste caso o eleitor que votou no gato e passa a ser representado pelo pato, percebe a inutilidade de seu voto e passa a descrer na própria democracia, com riscos evidentes.

É justamente esse o caso que esta para acontecer no Distrito Federal, caso o atual senador Cristovam Buarque confirme sua intenção de se licenciar do cargo por quatro meses. Nesse caso assumirá sua vaga , Wilmar Lacerda, do Partido dos Trabalhadores, um suplente sem votos e com uma lista de explicação em aberto a ser prestada à justiça. Caso se confirme essa previsão, quem , de fato, sairá mal na fotografia perante os brasilienses, será o próprio Cristovam que abriu a porteira para a entrada de um alienígena não previsto e tampouco desejado pela maioria dos eleitores da capital.

A frase que foi pronunciada:

“Podemos escolher o que plantar, mas somos obrigados a colher o que semeamos.”

Provérbio Chinês

Gratuito

Na terça-feira, dia 21 das 14h às 18h30 no auditório do Correio Braziliense na programação do Correio Debate o assunto é o Caminho para exportação- Pequenas e Médias Empresas. Autoridades no assunto descortinarão o cenário do Comércio Exterior. O evento será encerrado com a exposição do Ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes.

Caos

José Rabello está certo. Na cidade, os carros estacionam nas calçadas, gramados e nada acontece com os motoristas. São impunes. Isto não é ordem, nem progresso.

Fica a dica

Já é hábito. Antes de dormir, um capítulo “Do primeiro olhar ao divórcio” de Fernando Arruda Moura. Títulos das crônicas criativos, um tempero francês depois a didática. Sempre uma surpresa. Romance e comédia nos tribunais. Publicado pela editora Chiado.

Nosso carinho

Se depender de orações Marcia Rollemberg vai vencer tranquilamente essa doença. Ativa na sociedade, a primeira dama não cruza os braços. Apontamos erros que devem ser apontados, denunciamos quando é preciso, mas a verdade é que Brasília precisa da saúde de Marcia Rollemberg.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA 18/11/2017

A imprensa publica fotos do ex-presidente dando peixinhos às focas californianas, e entre sorrisos orientais, estabelecendo contatos no Japão, quando seus contatos deveriam ser no Palácio Planalto, no Senado, na Câmara, no Palácio das Esmeraldas, enfim, onde quer que pudesse realizar algo por Brasília. (Publicado em 08.10.1961)

(Des) habilitados para a política

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com Circe Cunha e Mamfil

Na república distópica em que prosseguimos metidos, não estranha a bizarrice de assistirmos a pessoas situadas nos mais altos postos da administração pública sem qualquer expertise para essa função. Uma leitura no curriculum de alguns desses próceres mostra que ainda estamos muito longe de um modelo ideal de gestão do Estado. Pior, continuamos a andar em círculos, repetindo erros e atrasando nosso encontro com a modernidade. Sobre esse assunto há um material rico que todo gestor público precisa conhecer: “O (des)alinhamento das agendas política e burocrática no Senado: uma análise à luz da teoria da agência, sob o ponto de vista do agente”, de Luiz Eduardo da Silva Tostes. Uma contribuição inestimável para a administração pública. Nos últimos anos, o Senado tem feito uma reformulação administrativa que tem ajustado a Casa com mais transparência, economia e produtividade.

Levantamento feito no ministério do atual governo mostra que mais de a metade dos ministros não tem qualificação ou formação acadêmica ou técnica necessária para exercer a contento os desafios de cada pasta. Dos 23 cargos de primeiro escalão, 11 foram ocupados por ministros sem a qualificação que seria necessária. Um exemplo que chama a atenção foi a nomeação do um bispo licenciado da Igreja Universal para comandar o ministério da Indústria e Comércio, uma pasta sensível à economia do país que exigiria, no mínimo, o comando de alguém com um conhecimento real numa área que teve um decréscimo de quase 9% em 2015.

O mesmo se repete em outras pastas de grande complexidade para o país, como é o caso do Ministério da Educação, que é ocupado hoje por um político de carreira, sem familiaridade com o assunto, mas que deveria ser preenchido por um educador com notório saber na área. Muitos afirmam que o loteamento de altos postos da administração pública com base apenas no apoio político, dentro do modelo de presidencialismo de coalizão, não tem grande importância, já que são os técnicos de carreira, como os secretários executivos, que cuidam das pastas, cabendo aos ministros apenas as negociações políticas. Mas não é bem assim. O fato que demonstra que esse modelo é ruim para o país pode ser comprovado com a descontinuidade dos projetos, mesmo aqueles em que foram despejados bilhões de reais.

Por outro lado, acabam atrelando e centralizando as decisões mais importantes e urgentes ao próprio presidente da República, dificultando avanços necessários. Mesmo considerando o valor da política para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito, o que os países desenvolvidos têm demonstrado na prática é que a própria sobrevivência da democracia hoje exige a reformulação das gestões governamentais, sobretudo através do uso das possibilidades oferecidas pelas nova tecnologias, disciplinando o Estado, reavaliando suas atribuições e qualificando a prestação de serviços nas áreas de educação e saúde. Principalmente agora, quando se assiste ao envelhecimento crescente da população. São novos paradigmas a exigir novas posturas, a começar pela qualidade acadêmica do pessoal designado para altos postos.

A frase que foi pronunciada

“A inteligência é a insolência educada”

Aristóteles

Release

» Instituto Federal de Brasília abre 1.018 vagas em cursos técnicos a distância. Oportunidades são para eventos, informática, programação de jogos digitais e hospedagem. Capacitação é gratuita.

Evasão

» Inacreditáveis 30% a 40 % dos estudantes do Pronatec terminam o curso apesar dos milhões investidos.

Obsoleto

» Recebemos do leitor Roldão Simas um e-mail com dois vídeos. Um chinês e outro brasileiro. A intenção é mostrar como os Correios estão atrasados tecnologicamente na triagem da correspondência. No vídeo chinês, num estande colossal, os objetos transitam até o destino sem o toque humano. Norto Seng participa da missiva apontando a razão da demora na entrega de produtos comprados pela Internet. Absoluta falta de tecnologia.

Como sempre

» Liberdade de ir e vir e manifestação da vontade. Os sindicatos precisam respeitar os trabalhadores. Na EBC foi um Deus nos acuda. O pessoal queria trabalhar, e o sindicato impedia a entrada.

História

» Ricardo Guirlanda posta no FB matéria de página inteira sobre a Telebras. “Bits de criatividade — Telebras ativa sua rede interna de comunicação de dados e experimenta em casa a comunicação do futuro”.

História de Brasília

Ausente de Brasília, propositadamente, “para não se desgastar politicamente”, o sr. Juscelino Kubitschek comete um ato de pouco caso para com a cidade que criou. (Publicado em 08.10.1961)

O que vem de cima atinge a todos

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Somente analisado pelo viés da miséria ética é que se pode entender o atual momento da política brasileira. A começar pelos nomes que aí estão em plena campanha para 2018, afrontando a legislação eleitoral, sempre complacente com os poderosos. A consequência mais ruinosa e nefasta dessa decadência política e moral que atinge nossas principais lideranças é a que faz do Brasil um dos países mais violentos e desiguais do mundo.

A violência é a filha dileta da corrupção e do afrouxamento de costumes, sobretudo porque prospera seguindo os maus exemplos que vêm de cima. Nenhum país minimamente democrático conseguiu reduzir os indicadores de criminalidade sem combater as principais fontes de corrupção. Nosso caso não será diferente. Somente após um saneamento profundo de nosso modelo político, encontraremos um caminho que nos tire do beco sem saída da violência.

Especialistas no assunto são unânimes em reconhecer que o Rio de Janeiro vive autêntica guerra civil, com todas as características desse tipo de conflagração, quer pela centena de mortes de policiais, quer pela sequência de morte de inocentes, quer mesmo pela utilização de armamentos pesados de guerra.

Essa situação ganha contornos mais preocupantes com a constatação de que a corrupção e o conluio com bandidos se estende desde a classe política local até os quadros da própria polícia, como alertou, há dias, ninguém menos do que o ministro da Justiça. O que vem de cima atinge a todos. Mesmo, em termos de comparação, o que as investigações têm revelado sobre a atuação do ex-governador Sérgio Cabral, conhecido já no submundo do crime como “o cabra”, faz dos bandidos locais uma espécie de coroinhas.

Portanto causa espanto que, no que vem se chamando pacote de combate à violência, inscrito dentro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Segurança Pública (FNDSP), haja ainda espaço para a colocação de autêntico jabuti sob a forma de proposta que legaliza os jogos de azar. Entendem algumas autoridades, entre elas o atual governo do Rio de Janeiro, eleito no vácuo de Sérgio Cabral, que o retorno de cassinos e outras modalidades de jogos podem ser usadas para financiar a segurança pública.

Obviamente, trata-se de engodo monumental e contrário aos princípios metodológicos de combate ao crime. Essa manobra torna-se ainda mais despojada da realidade quando se verifica que, dos recursos existentes no próprio Fundo Nacional de Segurança Pública, menos de 20% foram efetivamente aplicados para esse fim em 2017.

O que se sabe exatamente e de antemão é que a exploração dos jogos de azar é uma das modalidades preferidas pela bandidagem para lavar recursos escusos, bem debaixo do nariz das autoridades. Cassinos lavam mais branco. O que os defensores desse projeto almejam, até sem saber ao certo, é apagar fogo com gasolina em vez de caminhar no sentido de fortalecer os serviços de inteligência da polícia e de inserir os serviços do Estado nessas comunidades conflagradas, conforme há muito recomendam os especialistas. Nesta altura dos acontecimentos, falar em liberar jogos de azar é colocar a séria questão da segurança pública do Rio de Janeiro na roleta russa de um cano de revólver.

A frase que foi pronunciada

“Homens fracos acreditam na sorte. Homens fortes acreditam em causa e efeito.”

Ralph Waldo Emerson, escritor, filósofo e poeta estadunidense

Novidade

» Governo de Alagoas aplicou uma iniciativa que pode ser estudada pelo GDF. Catadores de lixo ganharam bicicletas conhecidas como ciclolix.

Curto

» Continua repercutindo a fala do delegado Jorge Pontes, que coordenou a Interpol no Brasil, quando disse que “assessorar alguns políticos é mais comprometedor do que se associar à boca de fumo”.

Pergunta

» Reclamação registrada do Observatório Social de Brasília, que está aguardando por mais de 120 dias a resposta da Câmara Legislativa do DF, trata dos gastos com publicidade. Os dados deveriam estar disponíveis a todos os internautas. Como uma câmara que faz as leis pode não obedecer à lei?

Errata

» Pedimos desculpas aos leitores que observaram um erro na coluna Visto, lido e ouvido de domingo, no jornal impresso, logo no primeiro parágrafo. Uma marca estranha ao texto enviado apareceu no meio das palavras atrapalhando o entendimento do leitor. Um texto é como a vida. Às vezes ruídos aparecem. Somos o que fazemos deles.

História de Brasília

Construir Brasília foi uma audácia; concluir Brasília é um dever. (Publicado em 7.10.1961)

Novas eleições, novos tempos

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A perda paulatina e ininterrupta da confiança popular nos políticos, como bem demonstram variadas pesquisas, não pode ser contornada com a entrada de milhões nos cofres das legendas. Nem todo o dinheiro do mundo em propaganda seria capaz de reverter a perda de credibilidade. Um sinal de que o dinheiro não pode tudo é que a cada eleição aumenta o número de eleitores que simplesmente deixam de comparecer às urnas.

Há inclusive estudos que mostram que, não fosse a obrigatoriedade do voto, inscrito na lei, muitos eleitores só saberiam que seria eleição por se tratar de um feriado.

Se o financiamento público de campanha, como afirmam muitos, é necessário para afastar a influência das empresas privadas, por outro lado a abundância de recursos e a sede como os políticos se atiram ao pote dos financiamentos públicos têm trazido mais prejuízos do que benefícios para os próprios políticos e por tabela para o processo de aperfeiçoamento da democracia brasileira.

Do ponto de vista do cidadão comum, os partidos vivem numa espécie de divórcio litigioso com a população. Transformados em clubes fechados e insistindo em manter interlocução apenas entre si e com aqueles instalados no poder e na máquina pública, os partidos políticos já não empolgam a população . Esse efeito é ruim para a democracia.

Sentido-se traídos pelos seguidos escândalos de corrupção, os cidadãos já perceberam que por mais criativos e endinheirados que estejam, as legendas políticas não atraem nem os jovens, nem os idosos. De acordo com o Instituto Internacional pela Democracia e Assistência Eleitoral (Idea), 118 países adotam algum tipo de financiamento público para apoiar partidos ou campanhas, mas nenhum deles possui tantos recursos e facilidades como o sistema brasileiro.

Ao deixar de sobreviver com as contribuições diretas dos filiados e simpatizantes, os partidos políticos começaram a cortar o cordão umbilical com a sociedade que afirmavam representar. Ao adquirirem a independência econômica, muito acima das necessidades, essas mesmas legendas se apartaram de vez da população, de quem só dependem efetivamente a cada quatro ano.

Apoio efetivo só se compra daqueles que trabalham mais diretamente nas campanhas. Há uma crise dos partidos que parece só ser vista por aqueles que estão do lado de fora e que é formada pelo grosso da população.

É justamente esse ponto que foi percebido, com a lupa da ganância, pelos mais caros e criativos marqueteiros de campanhas políticas de todo o país. Capazes de transformar água em vinho e de fazer um jumento subir a rampa do palácio com faixa verde-amarela, esses expertises da propaganda tiravam leite de pedra, mas, ainda assim, não foram capazes de solucionar a crise de identidade das legendas e seu desgaste perante a opinião pública.

Impressionante como ainda muitas legendas são capazes de vender a alma para garantir um tempo maior em rádio e televisão. Mais impressionante como ainda verificar que mesmo de posse de grandes somas de dinheiro, capazes de comprar os serviços dos mais renomados bruxos do marketing político, ainda assim os partidos políticos deixaram de ser a razão sincera para o voto da sociedade. Pior, quanto mais poderosos e pretensamente autossuficientes, mais longe do eleitor e das necessidades dos brasileiros.

A crise moral revelada pelas investigações do Ministério Público e Polícia Federal resultou numa espécie de maldição que parece manter cada vez mais em lados opostos e antagônicos eleitores e partidos políticos, gerando um tipo peculiar de Midas político que parece carregar o fardo de sua opulência que é também o de seu ocaso.

A frase que foi pronunciada

“Não, Tempo, não zombarás de minhas mudanças!/ As pirâmides que novamente construíste/ Não me parecem novas, nem estranhas;/Apenas as mesmas com novas vestimentas.”

William Shakespeare

Leitor

Sobre o nosso pedido de atenção aos ciclistas Uirá Lourenço afirma: “A tendência atual é humanizar a cidade, reduzir os limites de velocidade e restringir o uso do carro, especialmente na área central, como forma de incentivar que as pessoas usem os modos coletivos e saudáveis (ativos) de transporte, como forma de aumentar o bom convívio entre pedestres, ciclistas e motoristas”, diz o leitor.

Release

Entre as novas iniciativas anunciadas pela diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, está a parceria entre Câmara dos Deputados, Tribunal de Contas da União, Instituto Latino-Americano da ONU, Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente (Ilanud) e Senado na assinatura de um protocolo de intenções para a criação do curso de especialização — pós-graduação lato sensu — em justiça social, criminalidade e direitos humanos. A ação inaugura processo que levará à criação da terceira Universidade da ONU, depois da Costa Rica e do Japão.

Novidade

Com a concordância imediata da senadora Marta Suplicy e do senador Paulo Paim, a senadora Ana Amélia comentou que, pelos rincões do Brasil, personagens queridos dos municípios são os motoristas de ambulância. Por causa disso, os parlamentares apostam que são os candidatos mais promissores para as próximas eleições.

História de Brasília

Estará logo mais desembarcando em Brasília, para assumir a sua cadeira na Câmara dos Deputados, o ex-prefeito Paulo de Tarso, vítima de um presidente, vítima até de maus companheiros de Parlamento. (Publicado em 07.10.1961)