O status que importa

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Congresso Nacional durante a votação dos vetos presidenciais 03/03/2020 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

 

         Junto com o fenômeno nefasto da hipertrofia dos partidos políticos, todos eles super vitaminados com os bilhões de reais dos cofres públicos, nada mais natural que, com essa metástase, verdadeiro carcinoma no tecido institucional do país, surgisse também a figura da partidocracia, em que as legendas vão assenhoreando-se do poder, sem cerimônia alguma, contaminando a democracia com uma nova roupagem que nada mais é do que a própria ditadura, erigida por outros meios e que prescindem de canhões e outros equipamentos bélicos.

         A reforçar essa desnaturalização da democracia, infectada por dentro, estão os tribunais eleitorais, todos eles uma excrescência jurídica, semelhante aos tribunais militares, aos tribunais de contas do estado e outras instituições erguidas apenas para o gaudio de burocratas com a finalidade de infernizar a vida dos cidadãos.

         Sem uma reforma política e administrativa séria, que viesse pôr um fim nessas sinecuras a onerar os contribuintes, as eleições vão se transformando naquilo que elas possuem de essência, que é a perpetuação dessa gigantesca e inoperosa máquina do Estado. É justamente com as eleições, feitas nesses moldes em que ditam os partidos e seus caciques, que todo esse arcabouço vai se estendendo no tempo, atando o país num burocratismo estatal que em nada se diferencia do antigo Brasil Colônia.

           Com isso, fica fácil deduzir que as eleições, a despeito da polarização e das brigas fratricidas que ocorrem e que podem recrudescer ainda mais, nada mudarão para os cidadãos, permanecendo o mesmo aparato estatal inerte, em que o estado, perdulário e indiferente às necessidades reais da população, usa e abusa da nação, quer por meio de uma carga tributária, que é uma das maiores do planeta, quer por intermédio de leis que blindam o estamento e as elites no poder, fazendo do povo apenas um gerador de riquezas, pronto a alimentar todo esse Leviatã que não para de ganhar estatura. A dicotomia que faz do Brasil um país rico, povoado por uma população pobre, tem, nesse modelo cruel, seu nascedouro e prolongamento no tempo.

         Portanto, não é de se estranhar que praticamente inexiste, entre nós, a figura de um político ou alto burocrata que tenha permanecido com o mesmo patrimônio depois de sair do poder. A escassez, e mesmo a quase inexistência de verdadeiros homens públicos entre nós, é o que nos diferencia do restante dos países desenvolvidos.

         O pior nessa paisagem desolada e sofrida é que todo esse quadro, que antes tinham como personagens apenas os áulicos do Executivo e Legislativo, hoje vai sendo povoado também pelas figuras das altas corte, todos eles irmanados nesse projeto de manter o subdesenvolvimento do país. Assim, o que temos de fato, é que nenhuma eleição, dentro desse modelo perverso será capaz de mudar.

          É uma elite de sibaritas, muito bem instalada nos píncaros do poder, imbuída de comandar os destinos do país de acordo com suas próprias regras, disposta a permanecer, a qualquer custo, onde estão e, para isso, comandam todo um circo de pantomimas, iludindo os eleitores com as prestidigitações bem orquestradas, que virão em outubro próximo. Não é por outra razão que dizem: o status que importa é o status quo.

 

 

A frase que foi pronunciada:   

“A inteligência não basta ao que aspira dirigir homens. Se à inteligência não se alia o caráter, o condutor de alma frágil baqueia na jornada.”

Assis Chateaubriand

Assis Chateaubriand Bandeira de Mello. Foto: Agência Nacional

 

Protocolo

Farmácias da capital têm tido dificuldades em manter o estoque de antibióticos infantis. Seria um facilitador para os pais se os pediatras colocassem, pelo menos, duas alternativas de medicamento nas receitas.

Foto: Jhonatan Vieira/Esp. CB/D.A Press

 

Contra a lei

Mais uma armadilha da Nestlé. Depois do “composto lácteo” em embalagem idêntica à embalagem do leite Ninho, agora a “mistura láctea condensada” ganha a embalagem similar do Leite Condensado. Mesmo que a lei diga que induzir alguém ao erro e obter vantagem sobre a situação seja crime (artigo 171 do Código Penal Brasileiro), as novidades continuam tomando conta das prateleiras dos mercados.

 

Pesquisas

Hoje é possível avaliar a importância de se regular a divulgação das pesquisas eleitorais. Um leitor estranhou o ibope de Lula em relação a Bolsonaro na pesquisa do Ipec. Se o ex-presidente não consegue nem passear mais nas feiras, que resultado é esse? Indagou. Os dados estão absolutamente corretos. Só que poucos meios de comunicação divulgaram que a entrevista foi feita com apenas 1.008 pessoas. Veja tudo sobre essa pesquisa nos links a seguir.

–> Consulta às pesquisas registradas

–> Visualizar Pesquisa Eleitoral

Charge do Ivan Cabral

 

História de Brasília

Um bujão de gás, de 13 quilos, que custava 590 cruzeiros, está custando, agora, 712 cruzeiros sendo êste o maior aumento verificado nestes últimos tempos. (Publicada em 01.03.1962)

Cacicocracia

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Charge de Jorge Braga

 

          Mesmo tendo se livrado, parcialmente, do coronelismo e suas vertentes, o Brasil ainda experimenta algumas cópias mal feitas desse fenômeno do folclore político nacional. O atual candidato pelo PDT, Ciro Gomes, chamado por muitos de “coroné”, busca, insistentemente, espaço na vida pública do país para exercer seus dotes de mandonismo, embora sua performance fique longe do que deseja hoje o eleitor brasileiro.

          Nem bem parece ter enterrado o coronelismo, o país assiste agora ao fortalecimento de uma segunda praga política, representada pelo caciquismo ou o que seria a preponderância dos presidentes de partidos dentro do ordenamento político e institucional do país. Trata-se aqui não de uma praga tão nova, mas que vem adquirindo, nos últimos anos, uma força extraordinária muito mais em razão dos vícios que exibem do que pelas virtudes raras.

         Na verdade, falar em presidente de partido, não esclarece precisamente a posição desses mandatários dentro das legendas. O certo e inegável é que essas figuras de proa, raposas descoladas e experientes nas artes da engabelação política, são, e não negam, donas dessas legendas, que comandam como bem querem, atraindo e repelindo outras parcerias, sempre de acordo com a mudança dos ventos.

         A impossibilidade de candidaturas avulsas realça, ainda mais, esse poderio dos caciques. Somente através deles e com suas bençãos é que os candidatos podem disputar almejar algum cargo público. Eles dominam o país e submetem tanto os correligionários como o próprio governo a agirem de acordo com suas pretensões.

         Depois da opressão representada por sindicatos, coronéis, chega agora a vez, na história política do país, da opressão exercida pelos partidos, que nada possuem de democrático e que são guiados para muito longe do que seria o interesse público. Longe do público, mas perto do privado e da cobiça pessoal. Não há identificação alguma entre o grosso da população e quaisquer desses partidos que aí estão. Representam a si próprios e os seus.

         A população, na figura dos eleitores, entra nesse esquema apenas para referendar o modelo viciado, que é causa e consequência do atual estágio sócio econômico do país. Os fundos partidários e eleitorais, a turbinar esses clubes políticos com bilhões de reais, extraídos contra a vontade dos contribuintes, deram a essas legendas, um poderio sem igual, elevando os caciques dessas siglas à posição de verdadeiros plutocratas. Eles decidem quem serão os deputados, senadores, governadores e prefeitos que disputarão o pleito deste ano, quem sairá como candidato da legenda na disputa para presidente da República, isso se não decidirem antes que a sigla não lançará candidato ao Executivo.

         De fato, eles decidem e organizam a distribuição de candidatos em cada cargo. Exercem o poder pelo poder. Não há hoje, no país, empresa alguma mais lucrativa do que um partido político. Não surpreende, pois o número é exorbitante de legendas, todas elas muito bem posicionadas em cada teta do Estado.

         Estamos diante de um fenômeno que cresceu e até merece hoje um neologismo: a cacicocracia. Estamos aqui diante de um novo modelo de velhas práticas, em que a carne putrefata permaneceu a mesma, mudando apenas as moscas por cima. E pensar que uma reforma política séria poderia dar um fim nessa moscaria. O que ocorre é que, aparentemente, os eleitores parecem ter se acostumado a esse ambiente mal cheiroso.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Meu caro jornalista, isso me deixa bastantemente entristecido, com o coração afogado na daceptude e no desgosto. Numa hora em que eu procuro arrancar o azeite-de-dendê do estágio retaguardista do manufaturamento (…), me vêm com esse acusatório destabocado somentemente porque meia dúzia de baiacus apareceram mortos na praia.”

Odorico Paraguaçu

Odorico Paraguaçu. Foto: Acervo TV Globo

 

Encontro

Dona Gardênia, da paróquia Nossa Senhora de Fátima, avisa que, neste ano, a quermesse não será na Igrejinha e sim na igreja da 705 Sul. Começa no primeiro dia de maio.

Cartaz publicado no perfil @pnsfatimabsb no Instagram

 

Teatro

Plínio Mosca registra seu pesar pela morte de Hugo Rodas, “o uruguaio mais candango do mundo”. “Era um sujeito brilhante. Um artista com enorme domínio do espaço e da noção do tempo que precisa ser dado entre cada réplica que os atores interpretam.”

Hugo Rodas. Foto: Gustavo Moreno/CB

 

Social

No Dia Mundial das Doenças Raras, em parceria com a Empresa Brasil de Comunicação, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humano lançará uma websérie sobre o assunto para que a sociedade possa conhecer a realidade das pessoas com doenças raras. Vânia Tiedo é a  coordenadora-geral das Pessoas com Doenças Raras do Ministério.

Foto: Reprodução/YouTube

 

História de Brasília

Os motoristas do aeroporto estão recebendo propinas para levarem hóspedes para o Hotel Imperial. Há, na portaria no Hotel Nacional, a reclamação de diversos hóspedes fazendo essa denúncia. (Publicada em 21.02.1962)

Descrédito além das urnas

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

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Charge: nanihumor.com
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          Faltando pouco mais de 90 dias para as eleições, um fato vem preocupando não só os experts no assunto, mas sobretudo os principais caciques e expoentes políticos das legendas em disputa. Pesquisa elaborada agora pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) mostra que, às vésperas do mais decisivo pleito dos últimos anos, a avaliação de confiança nos partidos é o mais baixo de toda a história republicana.

          Aproximadamente 78% dos brasileiros confessam não possuir nenhuma confiança nas atuais legendas. Ou seja, a pesquisa deixa patente que oito em cada dez eleitores simplesmente repudiam os partidos que aí estão. Sintomático é verificar que, de 2014 para cá, esse índice quase duplicou. O motivo para tamanho desencanto dos brasileiros é justamente a avalanche de denúncias de corrupção, que praticamente vem atingindo todas as siglas.

         Não bastasse esse motivo, que por si só já é bastante grave, para afastar os cidadãos dos partidos, a pesquisa mostrou ainda que, para a maioria dos eleitores, existe uma total falta de capacidade dessas siglas e de seus filiados para representar os reais interesses da sociedade. Motivo não falta para decepcionar os eleitores. Na atual pesquisa do INCT ficou evidente, também para os pesquisados, que os partidos políticos que estão nessa disputa por votos não possuem um programa político claro e consistente, capaz de informar adequadamente aos eleitores.

         Além dessas razões, mais do que suficientes para induzir a desconfiança dos cidadãos, os pesquisados ainda reclamaram do pouco espaço para a participação da sociedade. Engana-se quem acredita que, nessa altura dos acontecimentos, não haja um enorme acompanhamento da cena política pelo grosso da população, curiosa com os desdobramentos dos acontecimentos, que tem levado muitos graúdos à prisão.

         As movimentações no mundo da política, principalmente os desdobramentos de investigações como a Lava Jato, têm despertado a atenção dos brasileiros, que acompanham cada lance como um verdadeiro interesse de folhetim. Nunca os partidos estiveram tão em baixa na consideração dos brasileiros e nunca também estiveram tão na mira de todos, como agora. Nessa pesquisa, que contou com a participação de diversas instituições acadêmicas, inclusive da Universidade de Brasília, ficou evidente que à semelhança do que vem ocorrendo em outras partes do mundo, a crise de representação é um fenômeno geral que define esse começo de século e põe em xeque o sistema de democracia representativa.

           No Brasil, o fenômeno da queda de confiança nos partidos e nos políticos em geral é ainda mais preocupante para nossa jovem democracia, já que pode abrir espaço para a chegada ao Poder de indivíduos radicais e sem preparo para a função. Se a confiança anda numa baixa nunca vista, no quesito simpatia a situação mostrada pela pesquisa é ainda pior.

          Nada menos do que 83,2% dos eleitores afirmam não possuir simpatias com nenhuma das atuais legendas. Para uma sociedade como a atual, plugada na rede e com grande dinamismo, os atuais partidos, controlados com mão de ferro por uma oligarquia longeva e comprometida com questões básicas de falta de ética, já não conseguem representar com a contento os anseios da sociedade. Para muitos brasileiros os partidos políticos nacionais envelheceram precocemente e hoje representam apenas um passado que todos querem distância.

A frase que foi pronunciada:

“Dê-me uma eleição com a contagem física dos votos e eu direi se o povo é conivente ou vítima.”

― Walmont Di Castro

Charge: esmaelmorais.com.br
Charge: Jorge Braga (esmaelmorais.com.br)

Fim de semana

Muito agradável o café da manhã no Jardim Botânico. Tudo organizado, marcado previamente, serviço bem feito. Vale conhecer.

Foto: cantinhodena.com.br
Foto: cantinhodena.com.br

Gratuito

Por falar nisso, Floresta Nacional de Brasília é novidade que agrada. Pela Estrutural, no sentido Plano Piloto, Taguatinga, BR 070, seguir a sinalização para a Flona. Abre às 7h e só fecha às 17h. Excelente local para meditar, passear ou fazer exercícios. Paulo Henrique Marostegan e Carneiro, ICMBio Instituto Chico Mendes, Ministério do Meio Ambiente

Foto: descobertasbarbaras.com.br
Foto: descobertasbarbaras.com.br

Ilha da fantasia

Fundação Carlos Chagas será a responsável pelo concurso da Câmara Legislativa. Para o cargo de técnico legislativo, nível médio, a remuneração inicial é de R$ 10.650,18.

Release

Evento de importância começa no Mané Garrincha. De quarta-feira (27) a domingo (1º de julho), Brasília recebe a Campus Party. Os cinco dias abrigarão mais de 300 horas de conteúdo, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Em vistoria ao local neste domingo (24), o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, destacou o interesse do público pelo evento. “É para conhecer e produzir inovações tecnológicas, participar de hackathon [maratona de programação], entre outras atividades”, afirmou.

Imagem: brasil.campus-party.org
Imagem: brasil.campus-party.org

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Ninguém nega a necessidade de que os pilotis fiquem livres de carros, dando o aspecto de ordem que tem a superquadra, já toda ajardinada, mantida durante a seca, embelezada pelo bom gosto do IAPB. (Publicado em 24.10.1961)