Afronta ao bom senso

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

 

          Nada em nosso país está tão ruim que não possa, de algum modo, ser piorado. É com esse tipo de pensamento niilista que vamos, a cada ano, escorregando ladeira abaixo, indo de encontro ao fundo de um poço lamacento que cavamos com nossos próprios pés.

         Curioso é notar que essa travessia descendente tem sido, na maioria das vezes, obra e engenho de nossa elite política. É o que temos e o que merecemos ter por não dar a importância devida ao ato de votar. Sabedores desse nosso desdém histórico por nosso próprio destino, nossos representantes, há muito, descobriram que, melhor mesmo e mais proveitoso, é representar-se a si mesmo, retirando, da função política, o máximo de proveito possível.

          E assim, nós, o povo representado, vamos, a cada novo pleito, elegendo, para os mais altos postos da máquina do Estado, indivíduos que irão empreender todos os esforços para representar a si e aos seus, deixando o eleitor sentado à beira do cais, a ver navios pelos próximos quatro anos. A desfaçatez e a coragem, com as quais alguns da nossa classe política agem em proveito próprio, só encontram paralelo, e em sentido contrário, com nossa timidez. O alvoroço agora é em torno da chamada “PEC das Embaixadas”, que abre caminho para os parlamentares ocuparem cargos de embaixador, mesmo sem ter que renunciar aos mandatos. Caso venha a ser aprovada, como querem os senadores, antes mesmo das eleições, a emenda nos levará à seguinte situação esdrúxula: o político é eleito para representar os cidadãos ou seus estados, não representa nem um, nem outro e, mesmo antes de atuar para a função que foi eleito, vai ser embaixador, inclusive no charmoso circuito Elizabeth Arden, que compõe as representações em Paris, Londres, Roma e Washington. Tudo isso sem ser do métier diplomático, sem falar outra língua, sem preparo e traquejo. Ou seja, vai fazer feio lá fora, ajudando a piorar a imagem do país, como se isso fosse ainda possível.

         Na melhor das hipóteses esses novos embaixadores biônicos, uma gente que, sabidamente, não seria aprovada num concurso para o Rio Branco, irão representar a si mesmos, deixando as relações internacionais do país para os entendidos desse delicado assunto. Não será surpresa se o texto for aprovado. Surpresa desagradável pode ocorrer caso algum país, depois de analisar a folha corrida do futuro representante do Brasil, não conceder o agreement.

         Num país sério, esse tipo de proposta, que pode colocar os interesses da nação em jogo, não seria, sequer, apresentada. Já temos, internamente, muitos motivos para nos envergonharmos. Querer levar essa afronta ao bom senso além das fronteiras é que não dá.

A frase que foi pronunciada:

“O sentimento de gratidão raros homens o possuem e mais raro ainda ou menos duradouro é ele nas coletividades humanas que se chamam Nações.”

Barão do Rio Branco

Foto: © Ministério das Relações Exteriores

 

Resiliência

Dona Ercília, conhecida na parte norte da cidade, é uma senhora que chama atenção porque anda à pé pela estrada Varjão/Paranoá sempre com os pés descalços. Sem ter quem a oriente com honestidade, está há dias tentando conseguir qualquer cartão de ajuda do governo. Mas as pessoas mandam que ela vá de um lado para outro, e assim ela segue durante meses.

Foto: Sedes/Reprodução

 

GDF

Para o pagamento do IPTU e IPVA, e outros impostos no recibo emitido pelo banco, o GDF indica apenas “GDF Conta Arrecadação”. Não há discriminação e parece que também não há transparência. Para o controle das contas do contribuinte e do caixa do governo, seria bom que viesse no recibo à que se destinou o pagamento.

 

Pratas da Casa

Agora, com instalações mais confortáveis, o Clube do Choro de Brasília continua oferecendo a boa música à cidade. A Escola de Choro Raphael Rabello é gratuita e com professores talentosos. Valem à pena uma visita, uma matrícula, um show.

 

Lá e cá

Nonceba, mãe de um garoto de 11 anos, comenta que, depois do apartheid, a África pode vivenciar a liberdade de modo alegre e duradouro. Mostrou preocupação com as crianças, que agora têm uma lei especial de proteção. O problema é o mesmo que no Brasil. Muitos direitos defalta de conhecimento dos deveres. O resultado são professores desrespeitados, apedrejados, crianças sem limites e, provavelmente, sem futuro.

 

História de Brasília

A CTB procura desmoralizar o DTUI para ficar com o tráfego Telefônico de Brasília, e funcionários do DCT, desmoralizam sua repartição para provocar a entrada da Western em nossas comnicações. (Publicada em 02.03.1962)

Reforma da Previdência evidencia a velha política

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Imagem: institutoliberal.org.br

 

Na votação em primeiro turno do projeto de reforma da Previdência, ocorrido a pouco, mais uma vez ficou evidenciado o descompasso existente, na maioria dos atuais partidos políticos, com relação as necessidades e os pleitos demandados pela realidade social e econômica do país. Tirando as oposições, que perderam, por completo, a sintonia com a maioria da população, as demais legendas, que tendiam a apoiar a proposta reformista, aproveitaram a situação de desespero do governo para extrair o máximo de vantagens, reavivando o antigo sistema do toma lá, dá cá, impondo ainda o recebimento de benefícios alheios ao projeto, como foi o caso do aumento, vergonhoso, do Fundo Eleitoral, conforme ficou constatado.

Essa insaciável fome por dinheiro demonstrada pelos partidos e as barganhas que se estabeleceram, por ocasião das negociações para a votação do projeto, deixaram claro para a população que o velho modelo político e oportunista ainda resiste com força dentro do Congresso e nem mesmo as últimas eleições foram capazes de amortecer. Por certo, há ainda muito a ser feito para mudar o velho sistema político que insiste em se perpetuar a despeito da grande rejeição demonstrada pelos brasileiros.

Nem mesmo a aprovação em primeiro turno dessa proposta convenceu o público, principalmente quando se verificou que o resultado final do texto ficou aquém das perspectivas e foi moldado às exigências dos grupos de pressão, dentro e fora do parlamento. Nesses debates ficaram ainda evidenciados que estão nos partidos os principais obstáculos à renovação no modo de fazer política, razão pela qual fica mais uma vez comprovada a necessidade vital de uma profunda reforma nessa área.

Reforma que deve ser imposta exclusivamente por meio de projeto popular e que, ao contrário das dez medidas contra a corrupção, não sofra retaliações e venha a ser esvaziada pelo Legislativo. Um caso que chamou a atenção de todos para o envelhecimento desse modelo, que tem no caciquismo dos partidos seu ponto alto, foi a dissidência dos deputados oposicionistas Tábata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES), entre outros 17 parlamentares que aderiram ao texto-base da reforma e que por essa posição foram duramente criticados e ameaçados de expulsão.

No Nordeste, onde 70% da bancada votou pela reforma, o que ficou demonstrado é que os apelos locais pela melhoria na Previdência e a realidade local falaram mais alto do que os princípios de fidelidade partidária que, ao final, nada mais é do que a vontade dos donos de fato das legendas.

Com isso, os velhos dogmas e os figurões políticos, mesmo a despeito das vantagens recebidas, foram encostados contra a parede e terão que, cedo ou tarde, fazer um exame de consciência ou então que reverem novas estratégias, caso queiram permanecer ainda com a cabeça fora da linha d’água e com algum prestígio.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Com os novos tempos, há piratas também interceptando as ondas da Internet”.

Dona Dita, bordadeira.

 

 

Passe livre

O assunto passe livre para estudantes está provocando muita discussão. Seria apenas para estudantes de baixa renda ou apenas estudantes? A votação na Internet está tecnicamente empatada.

Foto: diariodotransporte.com

 

 

Reparos

No desenho de avião feito para criar Brasília, uma das turbinas já estourou. É de dar arrepios andar pelo Setor Comercial Sul. Salas vazias, prédios ociosos, local completamente fantasma. O estudo para reativar essa área deve respeitar as regras e normas de gabarito já definidas pela setorização da cidade. Mas que alguma coisa precisa ser feita, não resta dúvidas.

Foto: Ed Alves/CB/D.A Press

 

 

Volta por cima

Outros lados da cidade completamente entregues ao tempo são a W3 Norte e Sul. Uma maquiagem daqui, um ajuste de lá. Ainda não foi possível revigorar o local com fins de semana sem carro e pistas cheias de mesa e luz para receber os turistas e o público ávido por novidades.

Foto: mobilize.org.br – W3 Norte

 

 

Capoterapia

É comum, nos gramados da Universidade de Berkeley, na Califórnia, ver estudantes em rodas de capoeira. Se por lá é tão agradável, por aqui é mais. Adaptada para o pessoal da Terceira Idade, a capoterapia está se espalhando por Brasília e sendo muito bem recebida. A equipe do secretário Osnei Okumoto está fortemente empenhada em levar a saúde para os moradores da capital pela capoterapia.

 

 

Elas

Quem ganha com a divulgação e patrocinadores é o futebol feminino. Estudos prontos para estimular o esporte nas escolas, tanto do futsal feminino quanto dos jogos no gramado. O assunto vai ser discutido em breve na Câmara dos Deputados em audiência pública.

Foto: educacao.mg.gov.br

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Houve deputados que da tribuna da câmara verberaram contra o Hospital Distrital, e fizeram referências as mais desagradáveis contra os médicos. Injusto, e indigno, um pronunciamento desses. (Publicado em 25/11/1961)