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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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É fato que o aquecimento global chegou mesmo antes do que esperavam os cientistas. Ao que parece, essa mudança climática, ocasionada em grande parte pelo modelo econômico seguido pelo homem moderno, veio não só para ficar entre nós, como poderá se intensificar a cada ano que passa. Com isso, os 8 bilhões de seres humanos sobre o planeta correm o sério risco de desaparecer, seguindo o mesmo destino que tiveram outras espécies de plantas e animais. A situação é alarmante e supera quaisquer outros problemas atuais enfrentados pela raça humana. O problema é que muita gente parece não ter se ligado que a hora é grave e segue dando sequência a uma vida de total alienamento dessa questão, sobretudo as principais lideranças políticas no planeta.
Soa até como extraordinário e surreal assistir ainda a nações inteiras devotadas a questões de guerra, de desmatamento e de destruição do meio ambiente, quer por uma agricultura descompromissada com essas questões, quer por meio de uma crescente e devastadora prospecção de minérios que deixam atrás de si enormes crateras sem vida e contaminadas por uma série de produtos tóxicos.
Em âmbito mundial, com exceção de uns poucos países, não há um compromisso com a questão premente do aquecimento global, com muitos seguindo como se todos esses acontecimentos fossem obras de uma ficção alarmista. Com um comportamento desse tipo, uma coisa é certa: nosso destino parece estar selado. Portanto, temos, todos nós, indiferentemente de quem seja ou de onde esteja, um encontro com um futuro próximo que pode ser o último de nossa agenda.
Aqui em nosso país, depois das centenas de milhares de incêndios ocorridos de Norte a Sul e das enchentes que quase varrem a parte meridional do Brasil, as autoridades resolveram colocar a cara para fora da toca refrigerada e ensaiam movimentos em prol do meio ambiente. Um desses movimentos espetaculosos foi o da criação de uma tal Autoridade Climática, que deverá, à posteriori, cuidar do que agora chamam de emergência climática. Tudo visando estratégias de última hora do governo para ampliar e acelerar as políticas públicas a partir do Plano Nacional de Enfrentamento aos Riscos Climáticos Extremos.
Enquanto essas medidas seguem apenas circunscritas na teoria e no papel, as ações para a exploração de petróleo nas Foz do Amazonas, bem como o asfaltamento da sensível rodovia BR-319, mesmo contrário à maioria dos pareceres elaborados pelos ambientalistas, vão em frente a todo vapor. No mesmo sentido, seguem as autorizações para a prospecção de minérios por todo o país, boa parte realizada por empresas estrangeiras cujo compromisso com o meio ambiente do Brasil é zero. A mineração e a monocultura de exportação realizadas em imensos latifúndios seguem nos perseguindo com seu bafo fétido desde a descoberta de nosso país, no século 16.
Mesmo a despeito de todos os males que vivenciamos, ao longo de mais de cinco séculos, seguimos ainda na mesma toada. Só que agora a conta parece ter chegado muito mais salgada. Estamos literalmente desmanchando o planeta sob nossos pés. Tudo isso sem colocar nesse balaio de desgraceiras o fato de o Brasil ser hoje o maior importador de agrotóxicos proibidos em outros países. O projeto de lei chamado “pacote do veneno”, recentemente aprovado no Congresso graças ao poderoso lobby do agronegócio, confirma que estamos, de modo proposital, envenenando nosso solo e nossas águas, tudo em favor da produção de commodities a serem exportadas.
Um dos poucos empecilhos a tentar frear que nossa agricultura produza alimentos altamente contaminados com venenos perigosos não parte do governo ou de qualquer autoridade interna, mas dos países europeus que, em uníssono, estão levando adiante boicotes aos nossos produtos, tanto os contaminados como aqueles produzidos em áreas desmatadas. A questão toda é que o meio ambiente, ao contrário de outras pautas, como a economia, não gera pressão ou sequer é levado em consideração pelos políticos de olhos mais fixados no curto prazo das eleições.
A frase que foi pronunciada:
“A Terra fornece o suficiente para satisfazer as necessidades de cada homem, mas não a ganância de cada homem.”
Mahatma Gandhi
Quanta diferença
Quem passa pela Universidade de Brasília (UnB) pode verificar o pouco movimento nas salas de aula. Anos atrás, os estacionamentos ficavam abarrotados de carros, muitas vezes sem vagas disponíveis. Mas o acontecimento é de dentro para fora. Basta dar uma espiadela na lista de aprovados. Também há vagas de sobra. Vale investigar.
História de Brasília
Quando o sr. Israel Pinheiro deixou a Prefeitura, todo o mundo dizia que êle iria para a Suíça. Enfrentou as sindicâncias do sr. Jânio Quadros, feitas com o máximo de sêde e sadismo, e agora vem o sr. Laranja investigar administrações passadas”. (Publicada em 19/4/1962)
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Após o período mais intenso das queimadas que, este ano, varreram boa parte de nossas matas, matando milhares e milhares de espécies de animais e plantas, de Norte a Sul do país, é necessário, a exemplo do que fazem os bombeiros nos rescaldos dos sinistros, a realização de um levantamento sério, para que se conheça os reais prejuízos causados pelas queimadas em 2024.
De certo, os prejuízos, apenas no âmbito da diversidade biológica, serão catastróficos. O que aconteceu este ano, equivale, em termos de pesquisas científicas e de preservação, a dezenas de incêndios como aqueles que consumiram os Museus Nacionais nos últimos anos. E pena que esse sentimento de perda irreversível só seja sentido por pesquisadores e cientistas que estão mais envolvidos com essas riquezas pouco cuidadas por nós.
Pela extensão das queimadas neste ano, é provável que algumas espécies de plantas e animais, que sequer tínhamos correto conhecimento, tenham se perdido para sempre. Sem o devido conhecimento do bioma que nos cerca e qual sua importância para nosso meio ambiente, em termos de simbiose e outras trocas, é certo que, a longo prazo, outras espécies venham sentir essa perda e acabem por desaparecer também. O equilíbrio do meio ambiente é delicado e sente as interferências humanas.
Pelo o que conhecem os cientistas, e não é muito quando se trata do vasto bioma, algumas espécies de aves só se alimentam de determinados frutos, produzidos por determinada planta. Com o desaparecimento dessa espécie vegetal, também essas aves estão condenadas. O inter-relacionamento entre as espécies é um mecanismo delicado que trabalha como um relógio, o desaparecimento de uma peça produz um colapso em série para todo o sistema.
O mais triste em todo esse episódio que expôs o país a um vexame internacional, é que essas tragédias parecem não ter surtido grande efeito internamente.
O sinal errado emitido pelas autoridades tem funcionado como um incentivo para a depauperação das riquezas naturais do país. Esse nacionalismo às avessas, que age com o pensamento de que “é meu e faço com ele o que quiser”, é um caminho que leva seguramente à perda não só dessas riquezas em si, mas à perda da autoridade moral de posse sobre esses bens.
Não bastasse essa tragédia, o tráfico e contrabando de espécies de vegetais e animais ainda é uma prática corrente em nosso país. Trata-se da terceira maior atividade ilegal de todo o mundo, responsável, segundo os pesquisadores, por retirar, do meio ambiente, dezenas de milhões de espécies a cada ano. Além de exportar ilegalmente espécies de animais para todo o mundo, o Brasil passou também a importar de outros países, espécies estranhas ao nosso meio ambiente, o que tem acarretado graves problemas para o equilíbrio ecológico interno. “A fauna exótica introduzida pode se tornar invasiva, conquistar áreas muito maiores do que as previstas, suprimir a fauna nativa e transmitir novas doenças. Mais de 180 tipos de zoonoses transmitidas por animais já são conhecidos”, alertam os cientistas.
No dia consagrado à São Francisco de Assis, protetor dos animais, e em que igrejas em todo o mundo abençoam os animais, é preciso um olhar de atenção com as espécies que habitam este mesmo espaço e que aqui estão, muito antes da chegada dos homens e da civilização.
A frase que foi pronunciada:
“É realmente devastador ver mais uma vez incêndios devastando os ecossistemas mais vitais da América do Sul – a floresta amazônica, a savana tropical do Cerrado, as zonas úmidas do Pantanal e o Gran Chaco – ameaçando comunidades, a biodiversidade e nosso clima global. Esta é uma emergência climática, ambiental e humanitária que deve ser tratada com ação urgente e imediata pelos governos nacionais e globais na Assembleia Geral da ONU (…)”
Amazon Whatch
Minas e Energia
Neste ambiente democrático, nada mais interessante que saber a opinião dos trabalhadores sobre o horário de verão. A intenção de estabelecer um horário diferente é mudar o horário do pico de consumo de energia para um horário com mais luz solar, diminuindo a necessidade de ligar as usinas termelétricas para dar conta da demanda. As luzes acesas e o banho na madrugada para ir ao trabalho trouxeram uma mostra diferente apontada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), onde no resultado é assinalado o seguinte: “a redução observada no horário de maior consumo”, das seis horas da tarde até as nove da noite, “é compensada pelo aumento da demanda em outros períodos do dia, especialmente no início da manhã”, quando ainda é escuro, na maior parte das regiões, durante o horário de verão.
História de Brasília
Depois de entregar declarações impressas, e de se negar a responder às perguntas dos jornalistas, o sr. Laranja Filho viajou para o Rio, onde tratará do assunto Novacap com o Primeiro Ministro e o Ministro da Justiça. (Publicada em 19.04.1962)
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É certo que as estações do ano, assim como todos os fenômenos relativos ao comportamento atmosférico, sempre chamaram a atenção dos seres humanos, que viram, nessas mudanças naturais, uma oportunidade e um aprendizado capaz de contribuir para sua própria sobrevivência sobre o planeta.
Infelizmente, toda essa atenção com os fenômenos naturais parece ter sido perdida ou deixada de lado ao longo da caminhada dos homens pela história. Com a revolução industrial e com o acelerado processo de urbanização mundo afora, a preocupação com a chamada meteorologia foi deixada a cargo dos especialistas e do homem do campo, que ainda se servia dessas informações para cuidar do preparo da terra, da semeadura e da colheita.
O crescimento vertiginoso da população mundial e o consequente consumo e abuso dos recursos naturais levaram-nos ao ponto em que nos encontramos atualmente e que podem ser resumidos pelo alerta provocado pelas mudanças climáticas em âmbito planetário. Aqueles que cuidam desses estudos afirmam que, a partir do início deste século, inauguramos uma nova era, a qual foi classificada como Antropoceno, ou seja, a era em que a humanidade passou a influir diretamente sobre os destinos da Terra.
Não por outra razão, dizem que a massa dos objetos construídos pela humanidade, também chamada massa antropogênica, superou em peso a massa dos seres vivos, ou biomassa, pela primeira vez desde o surgimento do homem sobre o planeta. Isso sem contar a massa de lixo. Somando toda massa de plástico produzida até agora, seu peso já é o dobro de todos os animais terrestres e aquáticos existentes.
Em 1900, o peso dessa massa antropogênica era apenas 3% do peso atual; desde então, o peso dessa massa tem, segundo a revista Nature, dobrado a cada 20 anos. Essa massa, esses valores, hoje, já correspondem a impressionantes 30 gigatons de peso, o que, segundo os cientistas, equivale a cada indivíduo reproduzindo seu peso por semana. Para o cientista holandês e prêmio Nobel de química em 1985, Paul Crutzen, o antropoceno, que segue ao holoceno, é uma nova era geológica, caracterizada pelo impacto do homem sobre o planeta. E pensar que todo o crescimento dessa massa antropogênica se deu durante o século XX, especialmente depois da Segunda Grande Guerra.
Para um pequeno planeta como o nosso, que hoje já é visto como um verdadeiro ser vivo solto no espaço e que alguns chamam de Gaia, ou Mãe-Terra, os efeitos trazidos pelo crescimento da população e do consumo dos bens naturais, têm sido danosos para o planeta, provocando, além da acumulação na atmosfera dos gases de efeito estufa (GEE), outras consequências negativas que culminariam nas mudanças climáticas, alterando todo o ecossistema planetário.
Mesmo sentindo, na pele, as consequências dessas mudanças bruscas, como temperaturas altíssimas, degelo, furacões, inundações e outros efeitos desastrosos, boa parte da humanidade ainda não se deu conta de que as alterações irreversíveis a curto prazo já foram deflagradas e há pouco o que podemos fazer sem uma alteração radical e mundial dos costumes.
O desmatamento contínuo, a uma taxa de 13 milhões de hectares por ano, assim como a perda da biodiversidade, onde mais de 35 mil espécies estão em risco de extinção, faz desse antropoceno uma era de grandes desafios e que pode pôr fim à epopeia da breve existência da espécie humana sobre o planeta.
A frase que foi pronunciada:
“Enquanto o homem continuar a ser destruidor impiedoso dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor.”
Pitágoras
Em tempo
Faixas de pedestres, bocas de lobo, pinturas no asfalto, semáforos, árvores podadas, morros de contenção de água e tudo o que for necessário fazer para enfrentar a chuva que já vai chegar.
Dinheiro fácil
A diferença cobrada em estacionamentos em Brasília chega a ser um escândalo. Em Centros Clínicos, por exemplo. No Centro Clínico Lucio Costa, 610/11 Sul, em 10 minutos cravados de estacionamento, o valor pago foi de R$9,50. Já no Centro Clínico Linea Vita, na 616 Sul, há um espaço de 15 minutos de tolerância, ou seja. R$ 0 por 15 minutos.
História de Brasília
O tapume do Ministério da Marinha na W-3 está irregular. Está tomando o passeio, quando não havia necessidade disto, e põe em perigo a vida dos pedestres. (Publicada em 18.04.1962)
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Por analogia, fosse a Terra um cachorro gigante, nós, seres humanos, seríamos nada mais do que piolhos, carrapatos ou pulgas a infernizar a pobre animal canina. De fato o somos, como tem observado o cientista e climatologista, mundialmente famoso por suas pesquisas sobre o meio ambiente, Carlos Nobre, a “doença da Terra”. Com isso, vai ficando cada vez mais patente que as ações humanas sobre o planeta, ao longo dos séculos e, principalmente, após a Revolução Industrial, levaram a Terra ao atual estágio de aquecimento global e de emergência climática.
Para esse pesquisador, considerado hoje como um dos guardiões do planeta, vivemos um momento em que a humanidade se depara com o maior desafio já enfrentado desde seu aparecimento sobre a Terra. Nobre é um dos autores do importantíssimo documento, intitulado “Saúde do Planeta”, apresentado em Nova York durante a semana climática promovida pela ONU. O fato é que boa parte da humanidade parece não ter sido despertada ainda para a importância de parar de vez com as emissões de gases estufa, para a poluição em geral e para o rápido esgotamento dos recursos naturais do planeta. Vivemos o que seria o ponto máximo de inflexão. A partir desse ponto temos que parar imediatamente com o atual modelo econômico que nos levou a esse beco sem saída.
O lado otimista desse problema mundial é que ainda existem alternativas, na verdade poucas, para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Mas essa possibilidade vai se exaurindo também a passos largos. Na avalição do cientista, o fato de o Brasil ainda apresentar as maiores florestas tropicais do planeta, em tempos de aquecimento global, favorece, em certos parâmetros, para que assistamos também nesse momento, os maiores incêndios já ocorridos em nosso país em todos os tempos.
Carlos Nobre cita o caso do Cerrado que, ainda, é a maior savana tropical do planeta, com a maior biodiversidade e com enormes quantidades de carbono armazenado na forma de matéria orgânica do solo. Esses e outros fatores juntos são de suma importância para a estabilidade climática do planeta e de todos os outros biomas brasileiros. O fato de estarmos experimentando agora quase 15 meses de temperaturas recordes dos últimos 120 mil anos, mostra que a estamos no limite das possibilidades do planeta.
Essa situação parece ainda grave se verificarmos que em torno de 97% dos incêndios ocorridos são devido à ação humana. Nesse sentido, o que parece claro, tanto para os climatologistas como para todo o mundo, é que é chegada a hora de uma proibição total, que elimine o crime de usar o fogo como meio de limpar a terra, como tem feito sistematicamente a pecuária e a agricultura em nosso país. É preciso o uso agora de práticas modernas e sustentáveis que não usem o fogo.
Para Carlos Nobre estamos, de fato, em plena era do chamado antropoceno, em que o homem é o autor direto dessas mudanças bruscas no clima planetário. Estamos indo em direção ao que os cientistas chamam de estresse térmico, em que o corpo humano não suporta mais as altas temperaturas. Caso venhamos a atingir esse estágio dramático, bebês e idosos não viverão mais do que meia hora ou trinta minutos. Mesmo os adultos saudáveis não resistirão por mais de 2 horas. Dessa maneira, tornaremos muitas áreas do planeta inabitáveis.
Caso a temperatura escale ou passe acima dos 4 graus, nas próximas décadas, iremos gerar a sexta maior extinção de espécies do planeta, tudo provocado pela ação nefasta e irrefletida do ser humano. O pior nesse cenário é que as pesquisas mais atuais mostram que estamos imersos num cenário tão preocupante que já é possível antever: adentramos por um caminho sem volta.
Daqui para a frente, cabe, à humanidade como um todo, agir de forma racional e unida, para que essa situação de fim de mundo anunciado não aconteça no curto prazo, dando-nos a chance de, quem sabe, salvar nosso planeta de nossas ações egoístas e destruidoras. É preciso ainda reconhecer, de forma sincera, que estamos praticando uma espécie de “ecocídio”, comprometendo a vida no planeta e impossibilitando a chance de viver das futuras gerações.
A frase que foi pronunciada:
“Vivemos em uma época perigosa. O homem domina a natureza antes que tenha aprendido a dominar a si mesmo.”
Albert Schweitzer
Protocolo
Nossa leitora chama a atenção para a burocracia de atendimento da Caesb. Um cano estourado no setor habitacional da W3 Sul jorrou água por dias, apesar das inúmeras ligações dos moradores à empresa e à ouvidoria. Até que, numa tarde, um caminhão da empresa apareceu no local. Quem estava em casa foi ver os trabalhadores acabando com o vazamento. Só que não. Eles estavam ali para consertar uma calçada e, apesar de presenciarem a fonte que jorrava o dinheiro do contribuinte, informaram que a solução daquele problema era em outro setor.
História de Brasília
A cidade de Moreno, em Pernambuco, está para ficar sem prefeito. O vice pediu à Câmara a cassação do mandato do sr. Ney Maranhão, e ninguém sabe o que pode vir a acontecer naquele município. (Publicada em 18.02.1962)
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Diante da situação atual, em que basta abrir a janela para se certificar que o Brasil arde com mais de 20 mil focos de incêndio, é preciso alertar: “É o meio ambiente, estúpidos”. O fogo é sempre um assunto desagradável e não combina com popularidade e eleições. Candidatos omissos são, por isso, condenados nas urnas. Os satélites mostram um país coberto por nuvens pálidas e agourentas das fumaças. Entre o que se ouve oficialmente das autoridades, quando afirmam que o combate aos focos de incêndio tem sido exitoso, que tudo está sob controle, e o que olhos e pulmões constatam vai uma distância imensa — quase uma notícia fantasiosa. Os olhos não enganam. O nariz, também não. Há cheiro de fumaça no ar. E onde há fumaça há fogo.
Onde há uma ausência ou inação governamental para proteger o patrimônio verde da nação, em seu lugar, há névoa de fumo e fuligem a anunciarem o que parece ser um país consumido pelas chamas. Visto a olho nu, o Brasil vai sendo devorado pelas beiradas. Com mais esse problema pela frente a se somar a tantos outros, nesses tempos nebulosos, estamos, literalmente, imersos na estória infantil em que o rei, por suas veleidades, acaba saindo nu pelas ruas do país. Por detrás da fumaça, o que se vê é o protagonista da peça teatral seguindo para os autógrafos, alheio à situação real.
A questão é saber: iremos arder todos com as queimadas no Brasil? Não há como estocar ou esconder o vento fumacento varrendo-o para debaixo dos novos e caríssimos tapetes reais. Por onde andam os hollywoodianos indignados para clamar pela natureza brasileira? Ninguém viu. Talvez, mais efetivo seria cobrar de volta o cachê e destiná-lo para os pequenos municípios que não veem, há tempos, a cor azul do céu e do sol dourado.
O país vai sendo encoberto por um véu que parece anunciar o fim dos tempos. De fato, estamos vivendo debaixo de tempos nebulosos. Esse é também o nevoeiro que ajuda apagar da memória o que vivemos. Também faz-nos esquecer e perdoar, mesmo contra a vontade de muitos. Talvez estejamos ardendo de desgosto e desalento. Queimam-nos a alma a realidade interna e a nossa responsabilidade perante o mundo. Os brasileiros estão pondo fogo no próprio país. É o que dizem. O mundo enxerga-nos sempre como um coletivo. Somos nós, brasileiros, e não o Estado, que achou por bem deixar que o país pegasse fogo. O mundo nos culpa de piromaníacos.
O aquecimento global passa a ser uma mixaria quando notamos que, depois de cinco séculos, ainda estamos à mercê da monocultura da cana, cultivada em enormes latifúndios ou com as usinas de álcool e açúcar. Da mineração inclemente que esburaca o país, deixando para trás desertos inabitáveis, também não nos livramos ainda. São Paulo, outrora próspero e promissor e com clima ameno, produtor de uma diversidade de alimentos, hoje é um canavial gigante a enriquecer poucos e a empobrecer a terra e os homens comuns. Voltamos no tempo. São Paulo voltou ao ciclo canavieiro da época colonial. Talvez, por isso, pague um alto preço. Lavouras de fumaça são o que parecem produzir. Em meio ao braseiro, não é possível distinguir claramente entre culpados ou omissos. Todos carregam uma parcela de culpa, um fósforo na mão ou um litro de gasolina.
Somos protagonistas de uma tragédia continental que é só nossa. O futuro promete absolvição plena aos verdadeiros culpados, livrando-os de todas as penas. Atentamos, há séculos, e sem remorsos contra o meio ambiente do país. Praticamente, não há local algum neste país em que não possamos verificar paisagens destruídas pelas mãos humanas. A cada dia, milhares de novos focos de incêndio são registrados. Entre 1º e 31 de julho deste ano, foram observados quase 12 mil novos focos de queimadas. Trata-se de uma sequência de ocorrências jamais registrada na nossa história.
Os dados oficiais tentam minorar essa situação, mas os satélites internacionais mostram toda a realidade. Além de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e a Amazônia estão em chamas. São dezenas de milhares de focos. Nem mesmo o Cerrado tem escapado dessa tragédia. No primeiro semestre deste ano, houve quase 10 mil queimadas registradas. A região de Matopiba (acrônimo dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia ) vive situação idêntica. A expansão agrícola desenfreada, somada aos efeitos da seca e ao aumento da temperatura global, parece ter transformado nosso país num gigantesco e único foco de queimadas. Bem-vindos ao inferno!
A frase que foi pronunciada:
“Os incêndios que se alastram pelo país são questões de direitos humanos, saúde pública e economia.. (…) Estão sendo provocados, conforme avaliação que nos chega até o momento.”
Senador Paulo Paim
Interessa?
Agressiva a campanha de bandidos que usam voz, script e até número parecido com o SAC dos bancos. Não é possível que idosos sejam constantemente abordados por esses larápios. Faz pensar que os dados do INSS estão sendo vazados. Bancos e operadoras de celular até hoje não conseguiram investir em segurança para evitar esse tipo de golpe.
História de Brasília
O dr. Laranja, segundo nos disse, comunicou-se ontem de manhã com o prefeito, que está no Rio, e disse de sua intenção de nomear uma comissão para apurar essas irregularidades, não somente na sua administração, como, igualmente nas anteriores. (Publicada em 18.04.1962)
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Já é consenso entre muita gente que, num futuro não muito distante, a luta pelo domínio de fontes de água potável será o principal motivo de guerras devastadoras entre as nações. Em alguns locais do planeta, hoje em dia, essa é uma realidade visível. O aquecimento global, que para alguns é uma ficção, cuida de apressar a escassez de água. A poluição dos cursos d’água em muitas partes do mundo e especialmente no Brasil é mais um fator a precipitar esses acontecimentos.
Não há, nem como intenção do governo, nem da população em geral, ações que visem proteger nossos rios e córregos. Isso quando se sabe que o descuido com esses cursos d’águas irão ter efeitos seríssimos para as próximas gerações, inviabilizando a permanência de populações em vastas áreas do país. A agricultura intensiva, realizada em grandes latifúndios e que têm como objetivo principal a exportação de grãos e de proteínas, tem ajudado também, e a seu modo, nesse processo acelerado de desertificação de nossas terras. Somadas a essas ações de destruição gradativa de nosso meio ambiente, o fogo, que tem surgido com cada vez mais frequência em toda a parte, vai tratando de reduzir a pó nossas riquezas naturais.
Muitas partes no interior de nosso país apresentam os resultados de nosso descaso secular com nossas águas. Rios e outros importantes cursos d’água, simplesmente desapareceram, deixando rastros que mostram os antigos leitos rochosos e arenosos expostos ao Sol. Servem hoje de caminho para os animais e homens, indiferentes a esses acontecimentos.
Toda a paisagem à nossa volta se apresenta hoje repleta de sinais e de maus presságios de que algo muito sério está prestes a acontecer. Esperar que toda essa nova realidade cruenta venha nos arrebatar, quando não haverá mais recursos possíveis de reverter essa situação, é uma insanidade e um crime contra o futuro. Somos igualmente todos responsáveis.
Obviamente que os governos federal, estadual e municipal são os maiores culpados desse descaso. As diversas fotos que mostram o raro fenômeno da seca extrema no Rio Amazonas, não deixam dúvidas de que estamos indo rumo a um novo e desconhecido mundo seco. Os institutos de meteorologia preveem que esse ano a estiagem será ainda maior.
Para se ter uma ideia dessa calamidade, quase 10% do território amazônico enfrenta seca severa. Em todo o território nacional, a área com seca extrema aumentou de 28% para 37%. O Norte do país é o que mais tem sofrido com essa situação. Também este ano, imagens de satélite indicam que mais de 517 mil hectares de área do Pantanal foram consumidos pelo fogo. E pensar que essa imensa área, era, até pouco tempo, uma grande região coberta por água, praticamente o ano todo.
Mas, voltando ao Rio Amazonas, o maior curso d’água do mundo em volume e com uma extensão de quase 7 mil quilômetros corre sério risco de, num futuro próximo, transformar-se em lembrança. A situação que vinha sendo apressada pelas intensas queimadas e pela criminosa derrubada de árvores está sendo intensificada também pelo aquecimento global, que vem provocando um acentuado recuo das geleiras nos Andes, onde está a nascente desse fabuloso rio. O pior é que esse derretimento das geleiras, que antes se acreditavam eternas, tem sido muito mais rápido do que o previsto.
A nascente desse imenso Rio, que, no passado, foi motivo de muitas dúvidas e incertezas, hoje, com a tecnologia de satélite, foi localizado exatamente na nascente do Rio Apurinac, na encosta do Nevado de Mismo, na Cordilheira dos Andes, no Peru. A 5.600 metros acima do nível do mar. O derretimento rápido das geleiras dos Andes acende um alerta de que esse fenômeno irá ter sérias implicações sobre o Rio Amazonas.
Evidências levantadas pelo professor Jeremy Shakun, da Universidade de Boston, levam a crer que essas geleiras são muito menores agora do que em qualquer outro momento nos últimos 11 mil anos. Todas as pesquisas indicam que estamos de fato imersos na nova era do Antropoceno, em que as ações humanas passaram a influir profundamente nos destinos do planeta. Para o cientista não há dúvidas de que o recuo dessas geleiras está diretamente ligado a ações humanas, especialmente decorrentes da Revolução Industrial e das consequentes emissões de gases do efeito estufa.
A queima de combustíveis fósseis é o principal fator desse aquecimento. E pensar que ainda hoje, em pleno século XXI, estamos prestes a inaugurar a prospecção de petróleo justamente na bacia do Rio Amazonas, celebrando assim, com vela preta e caixão, o desfecho da epopeia nacional rumo a destruição do nosso país e de restante do planeta. Nossos músicos, que tanto apreço têm demonstrado à destruição do Amazonas, bem que poderiam compor agora um réquiem para esse rio que agoniza diante de nossos olhos. Como outros fizeram no Titanic.
A frase que foi pronunciada:
“Nunca foi tão urgente retomar e ampliar a cooperação entre os países que têm a floresta em seu território.”
Lula, na abertura da Cúpula da Amazônia
História de Brasília
No pequeno espaço de tempo em que esteve como presidente da Repúbica, o sr. Ranieri Mazzilli fêz um número grande demais de nomeações, superior às necessidades, para quem ocupa a cadeira por poucos dias. (Publicada em 15.04.1962)
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Em comparação com a história de todo o planeta Terra, nós, os seres humanos, somos a espécie que está por aqui há menos tempo. Pelo andar dos acontecimentos e de acordo com as teorias mais recentes do Antropoceno, vamos embora ainda mais depressa. Pelo que parece, o planeta, como um ser vivo que é, cujo nome é Gaia, não nos quer por aqui por mais tempo. A razão parece lógica, já que, por nossas ações desastrosas, por ganância, temos destruído boa parte do ecossistema planetário.
De certo, sabemos que, antes de destruir o planeta, a própria Terra cuidará de se desvencilhar de nós. Somos, de fato, as grandes e verdadeiras saúvas do planeta. Só que, ao contrário desses insetos, não temos a capacidade de sobrevivência que essas espécies demonstram. E ainda somos muito mais recentes do que elas.
No livro Uma história (muito) recente da vida na Terra, o renomado cientista e paleontólogo Henry Gee prevê que, em breve, vamos embora do planeta. Talvez não para outro corpo celeste, mas simplesmente extintos como espécie em alguns milhares de anos. Apesar desse papel tão pequeno na evolução da Terra, temos, como nenhuma outra espécie, mostrado todo o nosso potencial para devastar o mundo ao nosso redor como para destruirmos uns aos outros.
Partimos de um canibalismo primitivo, em que devorar fisicamente o semelhante significava adquirir suas qualidades e força, até um canibalismo em forma de guerras, em que devoramos o inimigo pela força dos canhões que nunca cessaram. Das variadas idades geológicas atravessadas pela Terra, o Antropoceno talvez seja a fase histórica do planeta que mais teria perturbado o delicado equilíbrio ecológico do nosso orbe. Isso tudo se imaginarmos que, se toda a história da Terra fosse condensada em apenas um dia de 24 horas, estaríamos por aqui apenas nos últimos 20 segundos.
Outros cientistas, como Paul Crutzen e Eugene F. Stoermer, criadores do termo Antropoceno, consideram que as ações humanas na agricultura, no extrativismo mineral, no desenvolvimento do plástico, do concreto, da energia nuclear, entre outras, conduziram o planeta a um estado de aquecimento sem igual, afetando todo o sistema da Terra, seu potencial e seu futuro.
A questão é que enveredamos por um caminho de consumo que parece nos acorrentar ao nosso destino fatal. Há significativas evidências de que o aquecimento global é resultado da ação humana. Também não poderia ser de outro jeito. A poluição do ar e das águas, a contaminação dos solos e mesmo o desaparecimento de milhares de cursos de água por todo o planeta não deixam dúvidas de que somos os protagonistas desses malfeitos.
Quem acompanha diariamente os noticiários pelas TVs e outros meios chega à conclusão de que, a cada dia, os eventos climáticos são mais intensos e catastróficos. Secas, inundações, calor e frio intensos se revezam em um contínuo movimento, indicando que há algo de muito errado e descoordenado com nosso planeta. Nosso modo de consumo está errado, assim como nossos modelos de produção de alimentos, de extração de minérios.
As políticas globais com relação a esses problemas também seguem por um caminho errado. No nosso caso, a situação parece ainda pior, quando se verifica que, desde 1985, nosso país perdeu mais de 82 milhões de hectares de vegetação nativa, segundo o MapBiomas. Vinte e quatro das 27 unidades da Federação perderam boa parte de sua cobertura original. Nas últimas três décadas, as áreas de mineração foram multiplicadas, passando de 31 mil hectares para 206 mil hectares, a maior parte formada por garimpos, que não respeitam áreas indígenas nem unidades de conservação.
Desde 1500, cuidamos, com as próprias mãos, de destruir nosso país. A cada ano, uma área de 150 mil quilômetros quadrados é queimada no Brasil. O Cerrado e o Pantanal já são considerados áreas com alto potencial de vir a se tornar em extinção. As ações nacionais para deter essa calamidade são tímidas ou inexistentes. Dos 12% das reservas de água doce do planeta que estão em nossas bacias hidrográficas, pelo menos 15% foram perdidas. Quase um terço de todo o território nacional sofreu modificações negativas pela ação humana.
Apenas com relação à Amazônia, vemos que, se continuarmos o processo de destruição paulatina desse bioma, em pouco tempo, teremos menos 25% de chuvas e um aumento de mais de 2ºC na temperatura do nosso país.
A frase que foi pronunciada:
“Sentimos que, mesmo depois de serem respondidas todas as questões científicas possíveis, os problemas da vida permanecem completamente intactos.”
Ludwig Wittgenstein
História de Brasília
As obras da Catedral terão prosseguimento sob o comando da Prefeitura. Acha o prefeito Sette Câmara que é um monumento à arquitetura nacional, e não pode ficar na estrutura, sem conclusão, eternamente. De fato, maior homenagem não poderia ser prestada a Oscar Niemeyer e sua equipe. (Publicada em 11/4/1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Catástrofes ambientais ocorridas em todo o planeta em decorrência do previsto efeito estufa, vão deixando patente que o mundo, e sobretudo a espécie humana, protagonista desse processo, terão, doravante que começar a exercitar um novo modelo de exploração da terra, caso desejem ainda permanecer existindo. Essa é uma, entre milhares de outras constatações que podem ser incluídas no rol dos fatos incontestes. Ou é isso ou aquilo que vamos assistindo, com cada vez mais frequência.
Nesse planeta água, a terra entra em fusão sob nossos pés. O que os cientistas ligados às questões do meio ambiente têm afirmado, é que entramos num ponto de não retorno. O start ou o ponto de inflexão de todo esse novo momento que estamos assistindo foi dado em data incerta. O que parece certo é que esse século XXI, cuja inauguração se deu com a sinistra derrubada das Torres Gêmeas em Nova Iorque, será marcado por desafios que a humanidade jamais experimentou anteriormente, salvo aqueles mencionados na Bíblia, que relatam os acontecimentos durante o período do dilúvio.
Talvez o que menos importa nesse instante seja a busca por culpados por toda essa reviravolta que vai ocorrendo em nosso planeta. O que importa e de forma urgente é revisar alguns modelos de exploração dos recursos naturais do planeta e de nossa conduta coletiva que nos trouxeram até aqui.
Para um planeta que caminha para abrigar oito bilhões de habitantes, livrar com urgência dos sistemas de produção de alimentos e da exploração de outras riquezas, não será tarefa fácil. Talvez esse seja também um esforço que não caberá apenas aos governos, mas sim, a toda a coletividade humana.
Por todo o mundo, vai ficando cada vez mais claro que a força coletiva ou sociedade civil, tem sido muito mais eficaz na resolução de calamidades climáticas de grandes proporções do que aquelas mostradas pelo Estado. O caso do furacão Michel que assolou a Flórida em 2018, deixou antever ao mundo que a cooperação descentralizada da sociedade civil foi um fator, por excelência, para minorar as consequências advindas daquela tormenta que deixou mais de 80 mortos, com prejuízos de dezenas de bilhões de dólares.
O mesmo fator é agora reafirmado no caso das enchentes que destruíram boa parte do território gaúcho. Tolice o governo querer competir midiaticamente com as ações voluntárias, demonstradas pela sociedade civil local. As imagens e, mesmo o imaginário coletivo, provam a força dessas comunidades. Impressionante no caso do Rio Grande do Sul, é que essas populações que se desdobraram para salvar vidas, jamais, em tempo algum, tiveram quaisquer treinamentos prévios, agindo apenas com base na força da solidariedade e do destino comum.
Na realidade esse parece ser o mote atual que deve nos mover daqui para frente: destino comum. Seguramente, por habitarmos esse planeta ferido de morte por nossas ações temos que ter em mente que temos, ricos e pobres, um destino comum. A resposta do Estado, e sobretudo a resposta de um governo envolto com uma séria crise econômica, centralizada e burocrática não é páreo para o ultimato veloz do clima.
As críticas ajudam no aperfeiçoamento das ações, pois apontam falhas e, muitas vezes, mostram soluções adequadas. Antigamente se dizia que é quando a maré baixa que podemos constatar quem é que estava nu. No nosso caso particular, podemos confirmar que não era população flagelada. É certo também que não iremos minorar a dor dos nossos irmãos do Sul, com palavras ou outras condolências cerimoniais e formais. Mas ainda assim é por meio da palavra denunciada que iremos alertar que somente hoje em nosso país temos uma população de mais de meio milhão considerados fugitivos do clima.
Em todo o mundo, esse contingente alcança mais de um bilhão de pessoas. Para se ter uma ideia dessa situação fora da roda é preciso lembrar que em pouco mais de um ano o nosso país teve mais de 12 eventos climáticos extremos e, até hoje, não nos preparamos para as adversidades climáticas.
A frase que foi pronunciada:
“A crise climática não é uma questão política; é um desafio moral e espiritual para toda a humanidade. É também a nossa maior oportunidade de elevar a consciência global a um nível mais elevado.”
Al Gore
Solidariedade
Várias instituições públicas unidas para prestar socorro ao Rio Grande do Sul. No Senado, Ilana Trombka, diretora da Casa, lançou a campanha de doação de cinco mil cobertores organizada pela Liga do Bem. Voluntários ajudam a separação das doações recebidas.
História de Brasília
O argumento de que Brasília é uma cidade em formação prevaleceu, e não teremos, assim, “forças terríveis” pressionando a administração. (Publicada em 08.04.1962)
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Num futuro, não muito distante, as gerações que deverão ocupar o comando do país vão encontrar pela frente, desafios jamais imaginados, nem mesmo pelos mais inspirados contos de ficção científica. Serão problemas legados por nós, ou mais precisamente, por nossa incúria e desleixo com o trato do meio ambiente. O impacto humano causado por nossas atividades agrícolas intensivas, pela mineração sem controle, feita, na maioria das vezes por empresas estrangeiras que agem sem o menor sentido ético, as queimadas sem indiscriminadas, a derrubada das matas nativas, que continuam em ritmo acelerado, destruição contumaz de nascentes e rios, a poluição dos oceanos e uma série de outras atividades manifestadamente predatórias, visando o lucro acima de tudo e de todos, sempre cobra um preço.
Esse terá que ser pago pelas próximas gerações, sob pena de ter de abandonar o próprio planeta para sobreviver. Esse cenário catastrófico, produzido por nós agora, é agravado ainda pelas mudanças climáticas, que começam a tornar o planeta, um lugar, ainda mais inóspito para a vida humana.
A cada ano, os cientistas que se dedicam a pesquisar cenários futuros para nosso planeta, diante da intensa atividade humana no último século, vão apresentando estudos que alertam para a necessidade urgente de mudança de rumos, mudança de paradigmas, sem as quais, simplesmente não haverá futuro para ninguém.
Depois dos alertas feitos sobre as mudanças climáticas, mostrando um mundo revolto e cada vez mais avesso à vida humana, apresentado pelos painéis internacionais sobre o assunto e avalizado pelos maiores e mais respeitados cientistas atuais, chega a vez de um outro relatório também assustador que aponta para dias difíceis à frente para a humanidade, caso não se revertamos antigos procedimentos de exploração do planeta.
Há 5 anos, foi apresentado pela Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistema (IPBES) das Nações Unidas, relatório alertando para a extinção iminente de um milhão de espécies de animais e plantas em todo o mundo. O estudo, feito ao longo de mais de três anos e que contou com a participação de 145 cientistas de 50 países, mostrou que a natureza, como a conhecemos hoje, está encolhendo globalmente num ritmo rápido, sem precedentes na história da humanidade. Durante esse tempo, foram revisados mais de 15 mil pesquisas científicas e outras diversas informações governamentais que dão conta de que mais de 40% das espécies de anfíbios, quase 30% dos corais que formam recifes e mais de um terço de todos os mamíferos marinhos estão seriamente ameaçados de extinção nos próximos anos. Desde 1900, diz o relatório, 20% da diversidade de espécies nativas, nos principais habitats terrestres, vem diminuindo. Ao mesmo tempo houve um aumento de mais de 75% das áreas urbanas.
Com isso os recursos hídricos tem diminuído também de forma sensível, sendo que 75% da água doce hoje é consumida pela agropecuária e por outras indústrias. Todas essas perdas, apontam os cientistas, foram ocasionadas pela atividade humana e decorrem diretamente do modelo de desenvolvimento econômico que temos adotado desde a Revolução Industrial e torna-se agora uma séria ameaça ao bem-estar do próprio homem.
O mais preocupante é que, dos cinco fatores apontados pelos cientistas e que nos levaram à essa situação alarmante, quais sejam, mudanças na forma de uso da terra e do mar, exploração de fontes naturais, mudanças climáticas, poluição e espécies invasoras, todas são praticadas e vistas por aqui, o que eleva , ao máximo, nossa responsabilidade nessa questão.
A frase que foi pronunciada:
“Tal como a poluição atmosférica, o risco de inundações é uma ameaça contra a qual o governo deveria proteger-nos.”
Barry Gardiner
Cuidados
Passou da hora de uma manutenção no Parque Olhos d’Água. Galhos caídos, focos de água, mato alto invadindo as pistas dos pedestres.
Até hoje
Por falar em parque, não há um parque público infantil bem montado no Lago Norte.
Muito triste
Com a aproximação do frio em Brasília, torna-se preocupante a situação dos moradores sem teto. Pouca ou nenhuma assistência. Crianças descalças, sacrifício para buscar água e barracos paupérrimos brotando por toda parte.
Solidariedade 1
Leonardo Silva, guia turístico em Gramado, no Rio Grande do Sul, que já atendeu centenas de visitantes de Brasília, posta no Instagram toda a ação que tem feito para socorrer as vítimas vizinhas. Veja mais no link Ajuda para as pessoas que perderam tudo nas chuvas do RS!. Toda a ação realizada, por meio das doações recebidas, será compartilhada, diariamente, nos histories do seu perfil oficial no Instagram e no da sua empresa.
Solidariedade 2
As fotos da Liga do Bem no Senado Federal são de impressionar. Todos ajudando a organizar toneladas de doações que serão enviadas para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Veja no link: Liga do Bem, do Senado, doa 5,5 mil cobertores a vítimas da chuva no RS
História de Brasília
Decidido na Câmara: não haverá eleições em Brasília. Medida honesta e de interesse público. Os candidatos (poucos e bons) já se atiravam sôbre os eleitores prejudicando a cidade, e deputados de outros Estados, com a mosca azul de Taguatinga viram seus castelos ruírem. (Publicada em 08.04.1962)
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Novos tempos requerem novas formas de pensar. É com esse mote que muitos países desenvolvidos estão hoje direcionando suas economias, buscando otimizar, ao máximo, o uso de seus recursos naturais, reduzindo o consumo de matéria-prima virgem e conferindo prioridade aos insumos duráveis, recicláveis e renováveis.
Esse pensamento se estende também à produção de energia, matéria-prima fundamental para qualquer projeto de desenvolvimento. De fato, o mundo se acha hoje numa encruzilhada que coloca, num mesmo ponto, a superpopulação do planeta, frente ao esgotamento cada vez maior dos recursos naturais da Terra. A questão aqui é como compatibilizar crescimento geométrico demográfico e escassez de alimentos e outros itens necessários e vitais à sobrevivência da espécie humana. Cabe aos seres humanos resolverem, o quanto antes, os problemas criados por eles mesmos, sobretudo no que diz respeito às velhas relações econômicas, baseadas, desde sempre, na produção e no consumo em larguíssima escala. Trata-se de um problema de dimensões planetárias e que agora está a exigir mudanças do tipo revolucionárias, a começar pela reeducação de cada indivíduo, colocando-o realisticamente diante da dupla opção: ou mudar a forma e sua relação com o mundo, ou buscar viver em outro planeta distante.
O esgotamento dos recursos naturais é uma realidade inconteste e da qual não há fuga ou plano B, pelo menos por enquanto. O consumo diário e crescente de mais de sete bilhões de indivíduos tem exigido, cada vez mais, o uso de recursos naturais que vão muito além da capacidade do planeta em prover. O resultado dessa descompensação pode ser evidenciado não apenas no grande número de conflitos armados e nas grandes levas de pessoas que migram em busca de oportunidade e alimentos, mas, sobremaneira, pela transformação paulatina do equilíbrio ecológico, com a advento do aquecimento global, escassez de água e poluição em níveis alarmantes de todo o ecossistema.
Mais do que em qualquer outra época na história da humanidade, estamos postos agora diante de uma grande encruzilhada. Essa é, por exemplo, a questão dos lixões a céu aberto e os aterros sanitários e que, recentemente, vêm preocupando autoridades e a comunidade aqui no Distrito Federal. Na busca de uma solução adequada para o descarte de tamanha quantidade de lixo e outros dejetos, temos que reformular o problema em sua origem, mudando nossa forma de produzir e de consumi-los. Dentro dos modelos que temos atualmente de consumismo desenfreado, feitos a qualquer preço, é óbvio que não poderá existir solução definitiva para as montanhas de lixo produzidas diariamente. Algum dia, toda essa sobra acabará por engolir a todos nós.
Com a economia compartilhada, em que o indivíduo divide o uso dos bens econômicos duráveis, dispondo para todos o que antes pertencia apenas a uma só pessoa, surgiu também, e vem ganhando cada vez mais adeptos, a chamada economia circular. Inscrita dentro do desenvolvimento sustentável, é também conhecida como ecologia industrial e propõe, basicamente, que os resíduos da indústria sirvam para o desenvolvimento de novos produtos, dentro de um ciclo de reaproveitamento dinâmico e constante, mantendo esses resíduos dentro de um modelo circular positivo ou quase infinito.
Em seu aspecto prático a economia circular propõe o prolongamento máximo da vida útil dos produtos, objetivando “manter componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo”. Dentro desse novo modelo, são privilegiados a mobilidade sustentável e o transporte público, entre outras medidas racionais de uso e desuso. Seus princípios são basicamente a preservação e o aumento do capital natural, a otimização na produção de recursos, o fechamento dos ciclos da economia, onde o desperdício não mais existe, os bens são reparados e reutilizados, com as matérias-primas vindas da reciclagem e não mais da extração direta da terra.
Além desses princípios, contam também a promoção de um novo paradigma social, em que as relações sociais entram, transformando o consumidor em utilizador do produto, partilhando em vez de acumulando bens. Dentro dessa nova forma de pensar a economia e o planeta, será importante também, na eficácia do sistema, reduzindo danos a produtos e serviços necessários aos humanos como alimentos e habitação.
Da economia compartilhada poderá nascer um homem novo ciente de suas responsabilidades com a preservação do planeta e da espécie. Existe ainda uma saída para esse impasse, que é o uso inteligente daquilo que a Terra provê a todos. Mas uma revolução como essa exigirá também um novo relacionamento com o planeta, por meio de longo processo de educação da sociedade, capacitando os novos habitantes da Terra a utilizarem, com parcimônia científica e metódica, os bens naturais que são de todos.
A frase que foi pronunciada:
“A reciclagem é mais do que uma resposta à crise ambiental e assumiu um papel simbólico no início da mudança da natureza das sociedades ocidentais e da cultura do consumo. De fato, muitos ambientalistas supõem que haverá uma mudança inevitável de nossa sociedade “descartável” para uma sociedade pós-industrial de “reciclagem” do futuro.”
Matthew Gandy
História de Brasília
Uma pessoa nossa conhecida pediu a substituição de um fusível, e o DFL cobrou 130 do fusível, 45 de mãe de obra, e 700 cruzeiros de transporte. Nem de taxi, meu Deus. (Publicada em 14.03.1962)