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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Há razões suficientes para crermos que, no cerne de alguns discursos políticos, sobretudo aqueles que abordam, pela ótica marxista, o tema da família e suas relações com o Estado, existe, de modo subjacente, uma retórica que visa convencer os ouvintes menos atentos de que esses clãs são naturais. Dessa forma, podem justificar plenamente sua razão de existir quando se mostram capazes de atender às necessidades do Estado, cumprindo assim seu papel político. Do contrário, são catalogados como instituição burguesa, o que serve apenas aos interesses das classes dominantes, perpetuando a opressão e a exploração da classe trabalhadora. Vista por esse ângulo, obtusamente materialista, a família precisa ser, então, abolida. Não somente ela, mas também a propriedade privada e o casamento, acusado de ser uma forma de controle social e de opressão das mulheres. Em resumo, a pretendida emancipação da classe trabalhadora só se tornará possível com a destruição total da família burguesa.
Para Marx, a família era apenas uma construção social e histórica, ligada diretamente ao modo de produção capitalista, à propriedade privada e ao controle dos meios de produção. Nesse sentido, a família, ao garantir o modo de produção capitalista, passa a se constituir num agente que se opõe frontalmente às teses marxistas. Ou melhor ainda: enquanto for possível manter a tradição histórica nas relações familiares, haverá a certeza de que o marxismo não irá se impor como doutrina política.
O que se tem aqui mostra, claramente, que a família é também uma forma de trincheira para impedir o avanço das tropas marxistas. Existe nesse debate, estratégias e táticas inconfessáveis, que visam, primeiramente, retirar dos indivíduos todos e quaisquer traços da figura paterna e sua importância na introdução da lei e da ordem simbólica na vida da criança. A abolição da família é, antes de tudo, nas pregações políticas niilistas, a destituição da figura paterna e sua substituição por algo vago e irreal do tipo “pai da pátria”.
Há um entendimento entre psicólogos e psicanalistas de que a função paterna é fundamental para a formação ou estruturação do sujeito. Para justificar o desmonte da família, como sendo “algo atrasado, que deve ser combatido” para o avanço das ideias progressistas, vale tudo, inclusive alcunhar a família de “burguesa” e perpetuadora da luta de classes. Nada mais irreal.
Nesse sentido, para eliminar a família, é preciso antes desestruturá-la psicologicamente, de preferência tirando desse grupo a figura paterna. Essa ausência, em sentido amplo, induz a problemas na constituição psíquica, contribuindo para a ausência de identificação e outras dificuldades que, na vida adulta, são ainda mais ampliadas, dando margem para a dominação do cidadão e sua submissão a algo etéreo, como o Estado. A criação para o mundo é função do pai. A mãe educa para a vida, o que é outra coisa fundamental. Em ambos os papéis, a figura do Estado é nula.
Fôssemos fazer um levantamento em todos os consultórios de psicologia, ou de psicanálise, sobre que assuntos são tratados na maioria dessas consultas, veríamos que o pai está sempre no centro dessas conversas, quer pelo excesso, quer pelo vazio da ausência. As primeiras e mais fundamentais leis são passadas no seio da família — geralmente pelo pai —, que, para isso, estabelece também as primeiras obrigações, sendo a mais fundamental o respeito às leis e normas da casa.
Num mundo em que a cultura Woke e o feminismo tentam, por todos os meios, superar a família, livrando-a de um dos seus alicerces, é preciso ficar atento e na defensiva permanentemente. O pai, mostrado aqui como indutor do patriarcalismo, é, antes de tudo, um indutor a restabelecer a ordem contra o caos, colocando cada coisa em seu lugar. Bem ou mal, o patriarcalismo tem podido livrar a família das garras do Estado. Para os chamados progressistas, é preciso retirar o pai da equação família. Matá-lo, simbolicamente, se preciso for. Sem liderança natural, a família está à mercê de outras forças, entregue às vontades de outros líderes externos, que, em relação a esse agrupamento, não mantêm qualquer sentimento ou laços afetivos nem sequer cordialidade. O que o Estado, ideologicamente politizado, quer da família é apenas sua força de trabalho, não importando seu destino final.
Diferentemente do Estado, o pai deseja a perpetuação e união do grupo, pois mantém com ele laços de sentimentos e tem, nessa relação, a razão da própria existência. Esse embate destrutivo entre o Estado politicamente ideologizado e a família, contém também o germe que, no futuro não muito distante, provocará o declínio e o fim do Estado. Sem a família, o Estado se torna uma instituição fantasma e sem alma.
A frase que foi pronunciada:
“O direito de expressão é o princípio e o fim de toda a arte.”
Johann Wolfgang von Goethe
História de Brasília
Queria ainda, o dr. Laranja Filho que fossem apuradas também, as condições de funcionamento interno em que ele recebera a Companhia. (Publicada em 17/4/1962)