Ponto de interrogação

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

facebook.com/vistolidoeouvido

instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Valter Campanato (veja.abril.com.br)

 

Soubessem as autoridades e os cidadãos das consequências devastadoras que a ocupação irregular do solo traz para o futuro das populações, comprometendo, inclusive, o estabelecimento sustentável de cidades inteiras, situações como essa seriam terminantemente proibidas sob quaisquer pretextos. O problema, entre nós, é que a responsabilização pelo incitamento ou pela negligência na ocupação irregular de terras nunca é levado a termo, sendo seus autores ou responsáveis deixados de lado pela Justiça.

O que é certo é que, a cada invasão de terra, a cada regularização de áreas em conflito, sem os devidos critérios de impacto e de planejamento urbano, mais e mais a cidade vai perdendo, de modo irreversível, sua qualidade de vida. Cidade alguma, em todo o tempo e lugar, jamais logrou ser considerada com boa qualidade de vida e de infraestrutura para seus habitantes, relegando a segundo plano as exigências de um correto planejamento urbano.

Os brasileiros que visitam a Europa ou os Estados Unidos ficam encantados com a qualidade de vida de seus habitantes, com ruas bem sinalizadas, limpas e bem organizadas. Cidades antigas, com dezenas de séculos de história, conseguem manter e ostentar um altíssimo padrão urbano. Por essa razão, são procuradas por turistas de todo o mundo, que, a cada ano, deixam nesses locais milhões de dólares para os cofres da cidade.

Talvez, o maior problema na administração de nossas cidades esteja, justamente, na falta de uma política que mantenha sob o mais estrito respeito todas as diretrizes traçadas para preservar os espaços públicos, fiscalizando e punindo todo aquele que ouse infringir as regras comuns de convivência. Nossas áreas urbanas, de uso comum, quase sempre encontram-se abandonadas ou em processo de decadência acelerada. O curioso é que são gastos rios de dinheiro, do pagador de impostos, para manter essas áreas em condição mediana de uso.

A falta de fiscalização, ou a incúria das autoridades, permite que a cada dia, nas áreas centrais do Plano Piloto, surjam os chamados barracos de lata, instalados em toda parte, inclusive nos pontos de ônibus. Nesses lugares, vendem-se de tudo, até bebidas alcoólicas. Alguns desses estabelecimentos improvisados têm até caixa d’água instalada.

Para uma cidade que se pretendia planejada, essas e outras distorções, como os puxadinhos irregulares do comércio, ajudam a deteriorar, sob todos os pontos de vista, a capital do país. O pior é que não parece haver solução à vista para esse desregramento geral que vai tomando conta de Brasília. Projetos como o PPCUB e o Reurb, que deveriam, pelo menos, cuidar dessas questões, passam ao largo, tratando apenas de aumentar a instalação de infraestrutura em áreas que não deveriam abrigar bairros residenciais nem acrescentar mais de andares a prédios, num claro contraste com o entorno imediato.

Tolice é acreditar que a regularização fundiária prevista em planos recentes, como por exemplo a LC 986/2021, colocará um ponto final nesse problema que se arrasta desde antes da inauguração da capital. Não pode haver regularização fundiária numa cidade em que cada governo que chega, a cada nova legislatura local que assume, trate logo de tornar regular as mais novas invasões, alimentando um caos urbano cíclico e sem fim.

Desde os anos 70, previa-se que os problemas de terra na capital acabariam por provocar um fenômeno comum a todas as cidades brasileiras. No nosso caso, o que se previa, naquela década, é que chegaria um tempo em que o Plano Piloto restaria cercado por um enorme e incontrolável cinturão de bairros e favelas. A emancipação política da capital tem cuidado, a seu modo, de acelerar esse processo, tornando o futuro da cidade em um ponto de interrogação.

 

A frase que foi pronunciada:
“Que fenômenos estranhos encontramos numa grande cidade, basta passear de olhos abertos. A vida está repleta de monstros inocentes.”
Charles Baudelaire

Imagem: gettyimages.pt

 

História de Brasília
Para o DVO: no Setor Comercial Local 304-305, o asfalto não foi completado na área de estacionamento, e as casas estão cheias de poeira. (Publicada em 10/2/1962)

Sem lenço e sem documento

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Valter Campanato (veja.abril.com.br)

 

Com a emancipação ou autonomia política do Distrito Federal, ocorrida em 1987, deu-se início, e em ritmo acelerado, a um processo desordenado de ocupações de terras públicas, a grande maioria incentivada e até financiada por lideranças locais, que vislumbraram, nesses movimentos, uma grande oportunidade para alavancar seus projetos e ambições pessoais.

Não seria exagero atribuir o aparecimento de uma grande leva de lideranças políticas locais ao fator ocupações de terras, todas elas feitas de modo atabalhoado e sem o devido e lento processo que a formação de bairros e cidades exige. Ressalte-se ainda que, a partir daquele momento, o tão bem elaborado projeto urbano da capital, que, por tantos anos, havia consumido o trabalho intenso de uma plêiade de arquitetos famosos, começaria a ser desfeito, por conta de improvisos e ambições desmedidos.

Não fosse o fato de ter ocorrido, naquela mesma data, a declaração elevando a capital do Brasil à condição de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco, tombando o Plano Piloto, por certo, Brasília estaria hoje irreconhecível, perdendo-se para sempre um dos mais significativos e revolucionários traços arquitetônicos do modernismo nacional.

Como tudo o que começa de forma desordenada e tocada apenas pelo ânimo de ambições políticas, a grande maioria dessas ocupações viriam a se constituir num enorme problema para todo o Distrito Federal. Com a explosão demográfica e sem planejamento que se seguiu, a cidade se viu, da noite para o dia, imersa nos mesmos problemas urbanos que já assolavam outras capitais do país.

Congestionamentos, falta de moradia, insuficiência na oferta dos serviços públicos, aumento do desemprego, violência, falta de infraestruturas adequadas nos novos assentamentos, superlotação de hospitais e postos de saúde e outros problemas que a população em outras partes do país já conhecia de sobra e que, mais das vezes, fora sempre obra de grupos políticos afoitos pelo poder. Todo esse boom ocorrido no Distrito Federal, com invasões acontecendo a todo instante, sob a vista displicente das autoridades, também foi repetido fora dos limites geográficos da capital, levando ao aparecimento de diversas pequenas cidades dormitórios no entorno de Brasília, criando ainda mais problemas sem soluções.

Não bastasse esse conjunto de desacertos, que perduram no tempo sem solução à vista e sem culpados a quem se possa atribuir esse envelhecimento precoce da capital, um outro problema, esse de caráter ainda mais danoso, prossegue sem resolução e com perspectivas de virem a se tornar uma grande dor de cabeça para os futuros administradores da cidade.

Trata-se da falta generalizada de documentação definitiva, como certidões de posse, escrituras e outros papeis necessários que confirmem e deem fé pública aos atuais proprietários desses imóveis. Na maioria dessas novas cidades erguidas dentro dos limites fronteiriços do Distrito Federal, os atuais ocupantes desses imóveis, residenciais e comerciais, ainda não possuem documentação firmada em cartórios. Muitos desses proprietários originais sequer ainda vivem nesses locais. Outros venderam esses imóveis com contratos de gaveta e uma infinidade de outras modalidades de transações, todas elas ilegais do ponto de vista de sua situação jurídica e fundiária.

Essa falta generalizada de documentação nessas localidades é uma herança ruim que precisa ser sanada o mais breve possível, sob pena de, no futuro, não existir sequer um proprietário ou dono de um imóvel juridicamente constituído, tornando esses assentamentos um caso típico de enganação coletiva, armada como cilada, por quem finge não saber de nada.

 

A frase que foi pronunciada:

“O homem público é o cidadão de tempo inteiro, de quem as circunstâncias exigem o sacrifício da liberdade pessoal, mas a quem o destino oferece a mais confortadora das recompensas: a de servir à Nação em sua grandeza e projeção na eternidade.”

Ulysses Guimarães

Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

 

Aviso aos navegantes

Pessoal lembra que o Carnaval não é tempo de vale-tudo. Se alguém se sentir incomodado por abordagens impróprias, tem respaldo na lei. O crime de importunação sexual é tipificado.

Foto: Divulgação

 

Transporte público

De 17 até terça de Carnaval, o horário de funcionamento dos ônibus e metrô será estendido.

Foto: Lucio Bernardo Jr./Agência Brasília

 

Bolsa Família

Se a criançada não frequentar a escola, a família pode perder o benefício. É o que promete o Governo Federal.

Foto: agenciabrasil.ebc.com

 

Jato livre

Grande oportunidade se perdeu durante a pandemia. A população brasileira não teve liderança para investir em propaganda e ensinar a maneira correta de se espirrar. Na dobra do braço é a forma certa, não nas mãos, ou dentro da roupa. O resultado disso é que os vírus agradecem à falta de educação e percorrem pelo ar livremente, impulsionados pela ausência do sentido de bem comum.

 

História de Brasília

O dr. Jânio Quadros dará, hoje, de público, as raízes de sua renuncia à presidência da República. Sangrar o cavalo sete meses depois da vaquejada é tolice. Sangra-se na hora, quando êle está afrontado. (Publicada em 15.03.1962)

Afinal, há regras?

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: comdono.com

 

        Repetia o filósofo de Mondubim que “é, no vácuo de autoridade, que as irregularidades encontram meios para se expandir”. Trata-se aqui de uma máxima que pode ser constatada em todo e qualquer local onde o caos urbano é o fator dominante.

        Em se tratando de um bairro como o Lago Norte, um dos endereços nobres da capital e onde o metro quadrado das casas e lotes estão entre os mais caros do país, e onde os impostos e taxas são altíssimos, a presença e a proliferação silenciosa da desordem urbana pode ser vista logo na entrada do bairro, no primeiro endereço comercial, situado nas cercanias do supermercado Pão de Açúcar, antiga SAB, na SHIN QI 02.

        Ali o descaso e a falta de fiscalização, ao longo dos anos, favoreceu a fixação de diversos barracos de madeira improvisados, onde se vende de tudo e onde a vigilância sanitária parece ter esquecido de atuar. São inúmeras instalações de madeira, dispostas desordenadamente em volta do estacionamento local e que cresce ano a ano, sob os olhares compassivos e até suspeito das autoridades.

        A área não oferece os mínimos requisitos de urbanidade, sem projeto, sem infraestrutura permanente, sem desenho urbanístico, sem projeto paisagístico, tudo numa improvisação que deixa, a cargo dos ocupantes dessa área, todo e qualquer cuidado.

Foto: quituart.com

        Mais recentemente, os ocupantes dessa área resolveram, por conta própria, cercar toda a área, inclusive para preservar os puxadinhos que construíram ao arrepio da lei. Trata-se de uma situação que se prolonga ao longo das décadas e que pode ser verificada ainda em outras áreas comerciais do mesmo bairro, como é o caso da chamada Quituarte, um imenso barracão de madeira, lata e alvenaria que há anos funciona na SHIN QI 10, canteiro central.

        No passado, a ideia dos moradores locais era implantar, nesse canteiro, uma espécie de jardim gastronômico, onde, em meio aos quitutes servidos, haveria uma exposição semanal de arte e de artesanato. Com o tempo, e com o descaso do governo em regularizar uma situação ideal, a Quituarte foi se consolidando, seguindo apenas a intuição dos novos ocupantes do local e hoje é uma realidade improvisada, e onde a vigilância sanitária e outros órgãos de fiscalização passam longe.

        São situações consolidadas que, ao olhar de urbanistas, caracterizam-se como aleijões construtivos que prejudicam não só esteticamente o bairro, como deixam, a claro, a pouca ou nenhuma vontade das autoridades em dar um rumo correto a essas situações. Segundo moradores que se preocupam com situações desse tipo, pressões políticas e o lobby poderoso de pessoas na capital impedem que essas situações de descalabro urbano sejam resolvidas para o bem da comunidade.

A frase que foi pronunciada:

Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro.”

Lima Barreto

Lima Barreto. Foto: letras.ufmg

Novidade

Hoje será inaugurado, no estacionamento 10 do Parque da Cidade Sarah Kubitschek, um espaço especial para que cadeirantes possam praticar atividades esportivas e de lazer. Tudo com orientação de instrutores e professores. Tiro com arco, Yoga, Canoagem, Tênis Mesa, Teqball, dança, horta comunitária. É bom começar logo, porque o projeto inicialmente vai durar 2 meses.

Foto: Arquivo/Agência Brasília

Monte de ninguém

Shopping no Aeroporto, Shopping no DEFER. Parece que as vozes das superquadras de Brasília estão roucas e não são ouvidas.

Fachada do shopping que será construído no Aeroporto Internacional de Brasília.      Foto: Inframerica/Divulgação

Absurdo Federal

Por falar em shopping, todos abertos, lojas recebendo gente de todos os endereços. Não faz sentido, portanto, que o INSS e agências da Previdência Social estejam de portas fechadas para o contribuinte, sob a chancela viral.

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Crime&Castigo

Com a lei na ponta da língua, viciados se reúnem livremente em grupinhos, compartilhando drogas ilícitas. Aos olhos da Lei 11.343/06, a prática continua sendo criminosa e deve levar o cidadão para a cadeia. Até oferecer droga sem fins lucrativos pode ser motivo de clausura.

História de Brasília

Mais uma emenda à Constituição será tentada novamente. O sr. Anísio Rocha insiste na pena de morte, e não sabemos a quem isto vai favorecer. Nem prejudicar também. (Publicada em 17.02.1962)

Maioridade política e a destruição urbanística da cidade

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: laboratoriobrasilia.blogspot.com

 

Desde que foi anunciada, há algumas décadas, a chamada maioridade política da capital, esta coluna já previa que a mudança no status administrativo do Distrito Federal traria consigo não apenas uma hoste de políticos com ganas de poder, mas um grupo determinado a transformar Brasília numa espécie de mina de ouro a enriquecer os mandatários de turno e sua agremiação de entorno.

É isso justamente o que tem ocorrido ao longo de todos esses anos. Cada grupo desse que chega ao Buriti e Câmara Legislativa, de quatro em quatro anos, vem cheio de ideias e projetos que, observados de perto, com mais cuidado, visam apenas ao fortalecimento econômico de sua grei, pouco se importando com assuntos complexos do tipo planejamento urbano ou respeito a diretrizes de tombamento e outros complicados e trabalhosos temas necessários à conservação urbanística e única da capital.

Interessante que desses grupos que se revezam no poder político local, curiosamente, nenhum deles é capaz de apresentar projetos sérios, exequíveis e necessários para urbanizar as muitas regiões administrativas da cidade, todas elas carentes de jardins, calçadas, iluminação e outras obras de infraestrutura. Curioso também que nenhuma dessas administrações políticas jamais tenham apresentado e realizado projetos de reurbanização das W3 Norte e Sul, obras essas que trariam um renascimento nesse que é o principal eixo econômico da capital e que, por si só, representaria uma nova revitalização em todos os setores ligados a essa importante avenida. O que se vê são calçadas quebradas como uma maquiagem passageira.

Com um projeto simples de uniformização dessa artéria, setores como os hoteleiros Sul e Norte, a Rodoviária Central e outras áreas ganhariam mais dinamismo e movimento, o que atrairia a atenção de novos investidores. Ao contrário desse que seria um projeto de bom censo, os ocupantes do Palácio do Buriti e da Câmara Legislativa, muitos dos quais sequer conhecem em profundidade e na sua totalidade a cidade de Brasília, parecem delirar com projetos, todos eles, sintomaticamente, mudando e alterando regras de gabarito e de tombamento, como guiados por mãos invisíveis daquelas que enxergam em cada canto da cidade uma oportunidade de lucro.

Depois dos projetos visando alterar e modificar áreas como o Setor Comercial Sul e adjacências, construindo moradias naquela localidade, sem qualquer planejamento de impacto e em flagrante confronto com o idealizado para aquela região por seus urbanistas e arquitetos, é chegada agora a vez de investir contra o Setor de Indústrias Gráficas (SIG), mudando-lhe o gabarito e aumentando a ocupação das construções, entre outras transformações. Também nesse caso é preciso lembrar que essa é uma área inclusa dentro do plano de tombamento. Como aconteceu em outras partes da cidade, é importante deixar aqui registrado que a maioria dos arquitetos, urbanistas, professores e especialistas consideram que essa é mais uma tentativa, vinda do setor especulativo e de empreiteiros da cidade, para lucrar com essas mudanças mesmo que elas arruínem, por completo, o projeto original da capital.

Para aqueles que entendem a importância de Brasília como patrimônio Cultural da Humanidade, a ser permitida essa mais nova investida contra a cidade, estarão abertas as portas para a descaracterização da capital conforme anseiam os políticos e os especuladores que surgiram com essa malfadada maioridade política de Brasília.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“E o espaço criado pelo capital é realmente um espaço muito sedutor – desde que você tenha o dinheiro.”

Alessandro Busà, PHD em planejamento urbano. Citação do livro The Creative Destruction, de Nova York: Engenharia da cidade para a elite.

Foto: facebook.com/creativedestructionofNY

 

 

Publique-se

Paula de Araújo Pinto Teixeira publicou timidamente o melhor livro para crianças que já li desde Sylvia Orthof. Com um texto absolutamente encantador, conta a história de um almoço na casa da vó Rute onde o menu do dia é o arco-íris. Educativo, instrutivo, delicado e marcante. Daqueles livros que não saem de você. Rasguem os livros de princesas que vem coisa ótima por aí.

 

Qualidade musical

Hoje é dia de Espaço Arte. O violonista brasiliense Jaime Ernest Dias e o pianista português João Lucas vão encantar o público no Clube do Choro de Brasília, com o álbum “Cerrado Atlântico – Uma conexão cultural pela música”. O álbum com repertório autoral celebra a relação cultural entre Brasília e Portugal.

Foto: facebook.com/jaimeernestdiasoficial

 

 

Novidade

Em 60 dias, os hospitais públicos e particulares estarão obrigados a acrescentar nos cursos de pré-natal informações sobre a ‘manobra de Heimlich’, que desengasga bebês.

Arte: otempo.com

 

 

Embrapa

Quem tem ideias para a Embrapa agora é a hora de se manifestar. Mais de 2 mil representantes de diversas iniciativas com ciência, tecnologia e inovação já foram consultados para subsidiar a produção do VII Plano Diretor da empresa.

 

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O colegiado do IAPFESP esteve aí, e não tomou nenhuma providência quanto à construção de alvenaria no canteiro de obras. E não aparece, também, o responsável pelo uso de alvenaria para residências provisórias, o que encareceu demais a obra. (Publicado em 26/11/1961)

LUOS necessita da aprovação tácita de todos os brasilienses

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil;

colunadoaricunha@gmail.com;

Imagem: lagosul.com.br
Imagem: lagosul.com.br

       Todo o cuidado é pouco com a votação da Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) que agora retorna para uma apreciação de afogadilho na Câmara Legislativa. Interesses específicos de políticos e empresários na aprovação dessa Lei, há pouco menos de dois meses para as eleições, inspiram cuidados, e principalmente, em meio ao andamento das investigações do Ministério Público e da Polícia Civil na “Operação 12:26”.

         Leis com essa abrangência, capazes de modificar e deturpar o desenho urbano da capital e das áreas adjacentes, não podem, de modo algum, ficar ao arbítrio de pressões de qualquer tipo, muito menos de políticos astutos e de empresários gananciosos, que não medem esforços para expandir seus negócios, sob o falso pretexto de engessamento da cidade. Nesse sentido, não causa nenhuma estranheza que, à frente desse movimento pela aprovação ligeira da LUOS, esteja a presidente da Comissão de Assuntos Fundiários da Câmara Legislativa (CAF), tornada ré junto ao Ministério Público no âmbito da Operação Trick, deflagrada em abril de 2015, que investiga os crimes de falsificação de documentos e fraudes em instituições bancárias. Além desse processo a presidente do CAF, responde também, na primeira instância, a crimes de grilagem de terras e corrupção. Há muito tempo essa coluna vem alertando para as suspeitíssimas relações envolvendo membros da Câmara Legislativa e conhecidos empresários, muitos deles também respondendo inquéritos policiais e sempre de olho grande nas projeções e outras áreas espalhadas pela cidade e pelo entorno.

         Há dois meses das eleições, época em que comumente os políticos buscam patrocínio e todo o tipo de apoio para suas campanhas, aumentam muito os movimentos de aproximação entre políticos e empresários, cada um com sua respectiva moeda de troca. Movimentos dessa natureza, por sua repetição, já se transformaram em algo comum ou mesmo numa tradição corrente. Ocorre que esse tipo de associação é sempre feito contra os interesses soberanos da população, que só toma conhecimento dos resultados dessa união quando ela é levada às barras do tribunal ou quando a imprensa publica.

       A importância do LUOS para o futuro da cidade e dos seus cidadãos não pode, pois, ser deixada ao alvitre de meia dúzia de personagens, principalmente quando eles se tornam suspeitos de estarem confeccionando um projeto que vai atender objetivamente aos seus interesses particulares. O uso político de projetos dessa magnitude, por si só, já induz e torna necessário sua imediata paralisação até que sejam esgotadas, exaustivamente, todas as discussões em torno dessa proposta e até que sejam pesadas e medidas, com rigor, todas as consequências que poderão advir para as próximas gerações de brasilienses, mantendo a capital como eterno patrimônio cultural da humanidade, com suas áreas verdes e espaços abertos, conforme proposta revolucionária e sempre atual de seu idealizador.

A frase que foi pronunciada:

“Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção.”

Lúcio Costa

Sob a batuta de Lúcio Costa, Oscar se diverte grafite e aquarela, 29x21cm, 2010. (evblogaleria.blogspot.com)

Urnas

Graças às execuções fiscais aplicadas por juízes, a Justiça eleitoral teria a chance de promover uma democracia palpável nessas eleições, adaptando as urnas ao voto impresso.

Charge do Bello
Charge do Bello

TRE

Por falar em eleição, no site do TRE-DF, há um pedido aos mesários para que fiquem atentos à correspondência porque o processo de convocação para as eleições de 2018 já foi iniciado. Houve erros na confecção dos documentos enviados pelos Correios. Para quem for receber a convocação por e-mail, o TER-DF pede que sempre olhe a caixa de spam. Mais de 31 mil eleitores estão sendo intimados para trabalhar nas eleições. Desses, 78% são voluntários.

Imagem: tre-df.jus.br
Imagem: tre-df.jus.br

Obediência à lei

A Coordenação do Movimento Cidadão entregou à Associação Comunitária do Park Way uma missiva que vale a pena registrar. Em relação à ocupação da área pública, na quadra 14 do Park Way, a manifestação de Maria Luiza Nogueira e Maristella Tokarski foi veementemente contra. “A condescendência na flexibilização da legislação só traz desordem e anos à população e, certamente, a conta chegará aos responsáveis”, termina a correspondência.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Abandono, no Palace Hotel. A grama fronteira ao bar da piscina, para o lado da residência dos empregados, está coberta de mato e papéis sujos. Desolação e falta de cuidado. (Publicado em 27.10.1961)

Agindo por conta própria sem pensar nas futuras gerações

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Imagem: quidnovi.com.br
Imagem: quidnovi.com.br

         Faltando pouco mais de cinco meses para as próximas eleições, ao que tudo indica, serão as mais imprevisíveis de todos os tempos, torna-se no mínimo inquietante e ruinoso, para o futuro da capital, que os deputados distritais venham, no fechar das cortinas da atual legislatura, a apreciar e votar processos tão abrangentes e com tantos desdobramentos para a vida dos brasilienses como são os casos relativos a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) e o projeto que estabelece a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE).

        Tratam-se aqui de duas medidas que, segundo especialistas em questões urbanas, irão provocar significativas alterações em todo o quadrilátero do Distrito Federal, impactando, de forma imprevisível, todo o funcionamento e a prestação de muitos serviços da capital, já sobrecarregado há anos pela incúria proposital dos governos vizinhos de Goiás, do Tocantins e de Minas Gerais.

         A possibilidade de essas duas novas diretrizes se tornarem um fato consolidado e irreversível coloca em jogo a viabilidade futura da própria capital. É preocupante que não haja debates em instâncias diversas, que por dever de ofício, têm a obrigação de discutir problemas dessa natureza.

          Felizmente, no caso da Luos, a intervenção providencial da Vara do Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do DF, invalidando a tramitação desse projeto sob o argumento de insuficiência de debates públicos vem em boa hora para dar maior fôlego e reflexão sobre o assunto. A questão da conurbação, fenômeno comum a maioria das capitais brasileiras e em que as regiões vizinhas passam a formar uma só área urbana homogênea e caótica, precisa ser seriamente pensada de forma a não repetir aqui o que já acontece hoje em cidades como o Rio de Janeiro, tornada uma megalópole ingovernável e com as consequências que já conhecemos.

         No caso ainda da Luos, a questão ganha maior relevo quando se sabe que esses debates eram protagonizados por um cipoal de interesses de toda ordem, principalmente eleitoreiros e paroquiais. No planejamento e no controle de grandes áreas urbanas, como proposto pela Lei de Uso e Ocupação do Solo, e que envolve todas as regiões administrativas do DF, o que está em jogo e na mira dos políticos e empreiteiros são quatrocentos mil lotes devidamente registrados e que não podem vir a reforçar o tão pernicioso e antigo esquema que tantos males tem causado à capital.

      Com relação à RIDE, criada em 1998, propondo a integração dos 12 municípios no entorno de Brasília, a proposta, já aprovada pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, prevê a inclusão dessas localidades no desenvolvimento conjunto do DF. O que preocupa, nesse caso, e que não está claro para muitos, é como se dará essa integração de forma racional e satisfatória, quando se conhece as limitações econômicas e políticas de um governo fraco e em fim de mandato. Ações de integração desses e de outros municípios no entorno do DF e que poderiam resultar em melhorias para todos indistintamente, como é o caso da ligação ferroviária de Brasília a São Paulo por exemplo, não são sequer mencionadas.

A frase que foi pronunciada:

“Desocupa-se simbolicamente o tombamento com a mão esquerda e reforça-se a gentrificação com a mão direita. Esse processo é conhecido e não revela um novo pensamento, mas a persistência das velhas formas de se fazer política.”

Emilia Stenze

Rádio Garden

Experimente no blog do Ari Cunha o Rádio Garden. Trata-se de um aplicativo onde pontos verdes brotam no mapa mundi. Cada ponto é uma rádio ligada ao vivo com o som nítido e claro. Quem diria que o velho rádio não perderia a majestade para a internet!

Link de acesso ao site: http://radio.garden/live/brasilia-df/radio-eixo/

Gestão de Pessoas

Um encontro na Escola de Administração com o apoio da Gestão de Pessoas do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão vai apresentar um estudo sobre o pessoal ativo da Administração Pública Federal. Dia 28, a partir das 14h30. Um retrato da força de trabalho no setor. Convidados para os painéis, os especialistas Marizaura Camões (Enap) e Daniel Ortega Nieto (Banco Mundial). Mais detalhes no blog do Ari Cunha.

Link para mais informações: ENAP – Informe de Pessoal

Agora Brasileiro!

Nagib Nassar é um dos pesquisadores com maior tempo de atuação e produtividade no CNPQ. Ingressou na instituição como bolsista de 1976 até 2018. Continua ensinando e pesquisando ainda hoje. Conheça mais sobre essa personalidade no blog do Ari Cunha.

Link de acesso ao site: http://www.geneconserve.pro.br/

Leitor

Discordando ou não, segue mais uma sugestão prática do leitor José Rabelo: “O BRT é uma complicação desnecessária. O BRT é um ônibus comprido que seria perfeitamente substituído por dois ou três ônibus, rodando cada um a cada 10 minutos. Seria bem mais prático e muito mais barato.”

Foto: g1.globo.com
Foto: g1.globo.com

Release

Chega o aviso assinado pela Stephania Rodrigues, da assessoria do DER, informando que o Departamento de Estradas de Rodagem do DF, no sábado, das 08 h às 15h, realizará o bloqueio de parte da EPTG, próximo ao córrego Vicente Pires, no sentido Plano Piloto-Taguatinga para colocação das vigas metálicas. O trânsito será desviado para as vias marginais.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Estou recebendo, agora, um comunicado do Banco da Lavoura, informando que a partir de hoje, serão aceitos estes cheques. (Publicado em 21.10.1961)