As saias de filó da verdade

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Foto: Andy Rain/EFE/EPA

 

Com o avanço vertiginoso da era digital e a difusão irrestrita de plataformas que permitem a qualquer cidadão produzir conteúdo de aparência jornalística, consolidou-se um ambiente em que a antiga guarda da imprensa, antes protegida pelo rigor institucional e pela solidez de seus procedimentos editoriais, perdeu a oportunidade crucial de afirmar sua autoridade moral e reconstruir, tijolo por tijolo, a confiança que deveria sustentar sua própria razão de existir, já que a multiplicação de vozes sem curadoria tornaria ainda mais valioso um jornalismo comprometido com a precisão, a responsabilidade e a transparência.

Em vez desse movimento natural, verificou-se um processo curioso de erosão interna, no qual veículos, historicamente reconhecidos por sua firmeza ética, foram, gradualmente, cedendo às pressões políticas, às disputas de narrativas e às tentações do espetáculo, abrindo espaço para que sua reputação fosse questionada justamente quando o mundo mais necessitava de um norte confiável.

Contextualizar esse fenômeno demanda revisitar a trajetória da British Broadcasting Corporation, fundada em 1922 como British Broadcasting Company e transformada, dois anos depois, em uma corporação pública orientada pelo princípio de servir ao interesse coletivo por meio de informação responsável, educação crítica e entretenimento de qualidade, alicerces que permitiram, à instituição, ao longo do século XX, consolidar uma credibilidade quase inabalável, baseada na convicção de que a informação não pertence a governos, corporações ou grupos de pressão, mas ao público que confia na imprensa para iluminar zonas de sombra e revelar complexidades que discursos simplificados tentam frequentemente ocultar. A solidez dessa reputação sustentou a BBC em guerras, crises econômicas e turbulências políticas, transformando-a em símbolo global de seriedade e rigor jornalístico.

Situação distinta, porém, parece caracterizar os últimos anos, período em que a corporação passou a enfrentar questionamentos judiciais relacionados tanto a conteúdos considerados enganosos, quanto a práticas editoriais vistas como incompatíveis com seus próprios padrões históricos. Relatórios internos e documentos parlamentares do Reino Unido registram que dezenas de processos por difamação e danos reputacionais foram movidos contra a BBC na última década, alguns envolvendo alegações de edições descontextualizadas, que teriam alterado o sentido original de pronunciamentos públicos, outros referentes a programas investigativos, cuja agressividade metodológica, embora tradicional no jornalismo de denúncia, ultrapassou limites éticos e resultou em indenizações e retratações. Somam-se, a isso, episódios graves como o caso Savile, que revelou omissões internas, lentidão investigativa e falhas de supervisão que, somadas ao impacto social do escândalo, abalaram a confiança institucional e revelaram tensões profundas entre autonomia editorial e dever de proteção ao público.

Reações a essas crises não se limitaram à retórica de reparação, pois a corporação, reconhecendo a gravidade dos abalos, promoveu uma revisão estrutural conduzida por Sir Nicholas Serota, cuja trajetória no setor cultural britânico é marcada por integridade intelectual, habilidade de diagnosticar fragilidades institucionais e compromisso inequívoco com padrões éticos elevados. A chamada revisão Serota percorreu documentos internos, séries de entrevistas e diagnósticos minuciosos sobre a cultura organizacional da BBC, identificando pontos cegos que permitiram que erros se acumulassem sem resposta imediata, revelando também que parte do problema derivava de uma hierarquia excessivamente dependente de processos burocráticos, que retardava a apuração de denúncias internas e, ao mesmo tempo, criava um ambiente em que o receio de abalar a reputação institucional se sobrepunha à necessidade de reconhecer falhas.

Recomendações resultantes dessa análise levaram à criação de canais independentes de denúncia, ao fortalecimento de comitês editoriais, à reformulação de procedimentos de verificação e à ampliação de mecanismos de transparência, com o objetivo de reconstruir, por dentro, os alicerces que sustentam a credibilidade pública. Esses ajustes demonstram que a credibilidade não é um bem estático, guardado em cofres blindados, mas um organismo vivo, que exige manutenção constante, vigilância institucional e disposição permanente para corrigir erros antes que se transformem em fissuras irreparáveis. Compreender a importância desse processo exige reconhecer o papel singular de Serota, cuja intervenção não apenas delineou uma espécie de cartografia ética da corporação, mas também consolidou a percepção de que a saúde institucional depende menos da ausência absoluta de falhas e mais da capacidade de enfrentá-las com franqueza, profundidade e coragem. A cultura de responsabilização iniciada a partir de seu relatório criou condições para que a BBC buscasse recuperar padrões que a haviam distinguido de tantos outros veículos, permitindo que a instituição tivesse força interna para admitir, publicamente ,equívocos e produzir reparações compatíveis com a gravidade das falhas cometidas.

Nada disso, entretanto, resolve o dilema maior que assombra o jornalismo contemporâneo: a luta cotidiana pela verdade. A proliferação de narrativas concorrentes, a competição por atenção, o imediatismo das redes e a tendência crescente de transformar opinião em fato criam um ambiente em que a verdade parece vestir múltiplas camadas, como se necessitasse de inúmeras saias de filó para proteger sua essência mais frágil da voracidade do mundo.

 

A frase que foi pronunciada:

“Os lugares mais quentes do inferno são reservados para aqueles que permaneceram neutros durante tempos de grandes provações morais.”

Dante Alighieri

Dante Alighieri. Imagem: reprodução da internet

História de Brasília

Bonito trabalho vem desenvolvendo o DFSP através do Serviço de Trânsito, disciplinando os motoristas na rua da Igrejinha. O retorno deve ser feito em frente à ilha não no meio da quadra. (Publicada em 12.05.1962)

Com alma e propósito

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Ari Cunha e JK. Foto: arquivo pessoal

A responsabilidade de dar continuidade a uma coluna que nasceu um ano antes de mim é uma dessas incumbências que exigem mais que o exercício da escrita, requerem o gesto de escuta, de reverência e de memória. Não se trata apenas de substituir uma assinatura, mas de sustentar uma tradição, de preservar o fio de uma história que atravessou décadas acompanhando a própria construção de Brasília, desde o instante em que o concreto ainda se confundia com a poeira vermelha e o futuro parecia apenas um esboço no papel milimetrado de Lúcio Costa.

Ari Cunha, criador desta coluna, foi mais do que um cronista da cidade, foi testemunha e protagonista de uma era em que a capital ensaiava seus primeiros passos rumo à maturidade política, cultural e social. Sua pena, tão afiada quanto generosa, registrava o cotidiano com a precisão de quem sabia que cada gesto, cada personagem, cada esquina recém-pavimentada continha o germe de uma história maior.

Com sua partida, os amigos, aqueles que o acompanharam nas noites de prosa e nos bastidores de poder, continuaram fiéis à leitura da coluna, como se nela ainda ressoasse o timbre do velho Ari, irônico e cordial, firme e afetuoso. Mesmo com as inevitáveis diferenças de estilo — porque ninguém escreve da mesma forma que outro, ainda que compartilhe da mesma admiração —, os leitores, mais do que tolerar a mudança, a acolheram com uma espécie de respeito silencioso, como quem entende que a escrita também é uma forma de continuidade da presença. E é em meio a essa rotina de rememorar e repaginar o passado que sempre republicamos pequenos trechos das primeiras colunas do jornalista.

Uma dessas notinhas falava sobre o Colégio Dom Bosco, em Brasília, que, naqueles tempos, experimentava um curioso e cívico entusiasmo: o regime parlamentarista havia inspirado até mesmo o sistema escolar. Assim, os alunos organizaram-se à semelhança do modelo político vigente, elegendo presidente, primeiro-ministro e todo um conselho de ministros mirins. No registro, figuravam nomes que, à época, eram apenas promessas de juventude — Hélio Marcos, Domingos José, Mário Jorge, Dimer Camargo Monteiro, Marcelo Magno, Ítalo, Rogério Brant Martins Chaves, Rui Lemos Sampaio, Ivan de Oliveira Delforge, George Ney e Paulo César Vasques — compondo o primeiro gabinete estudantil de Brasília. Era, ao mesmo tempo, um exercício de cidadania e uma metáfora da esperança, um pequeno ensaio de democracia em uma cidade que ainda se erguia sobre o sonho de Juscelino.

A surpresa, entretanto, veio dias depois da republicação, quando uma carta chegou, escrita por um nome que ressoa entre os que moldaram o pensamento político e jornalístico da capital: Hélio Doyle, o mesmo que, em tempos de farda escolar, ocupara o simbólico posto de presidente daquela experiência parlamentarista infantil. A carta, mais do que uma recordação pessoal, é um gesto de reencontro entre gerações. Ao lê-la, percebi que o tempo, esse grande arquivista das memórias humanas, tem o poder de reunir o que parecia disperso, reconectando a infância à maturidade, o entusiasmo da juventude à responsabilidade da história. E talvez seja essa a maior lição de uma coluna que atravessou gerações: que o jornalismo, quando se faz com alma e propósito, não se apaga com o tempo, apenas muda de mãos, preservando o mesmo compromisso de olhar o mundo com espírito crítico, afeto e esperança. Eis a carta.

 

Cara Circe,
Na “História de Brasília” de domingo você publica os nomes de integrantes de um “governo” parlamentarista, com Hélio Marcos como presidente. A nota, na coluna de seu saudoso pai Ari Cunha, é de 11 de maio de 1962. O Hélio Marcos sou eu e esse “governo” era a primeira diretoria eleita para o Grêmio Literário Anchieta de Brasília (Glab), do 1º ano ginasial, e que meses depois, com grêmios de outras séries, veio a constituir o Movimento Estudantil Trinta de Agosto (Meta), que também presidi, no Colégio Dom Bosco.

Sob comando de um professor de Português, o padre salesiano José Leopoldino, tínhamos aula de organização política brasileira na prática. Os alunos elegiam o presidente do Meta, que escolhia o primeiro-ministro, e os governadores de cada classe. Elegiam também os deputados e senadores, e havia também um tribunal de justiça. Como o Brasil, em 1962, vivia sob regime parlamentarista, reproduzimos essa estrutura até que o presidencialismo voltou, em 1963. Três partidos disputavam as eleições: a União dos Jovens Democratas (UJD, o meu partido) e sua dissidência Partido Democrático Estudantil (PDE), ambos presidencialistas, e o Partido Parlamentarista Nacional (PPN). Tínhamos até Código Eleitoral.

Dos 10 “ministros” citados, continuei tendo contato com quatro ao longo dos anos: Mário Jorge Dias Carneiro, professor universitário; Ítalo Silgueiro Filho, publicitário; George Ney Fernandes, embaixador aposentado; Dimer Monteiro, professor universitário, diretor de teatro e ator, já falecido. Há poucos anos soube que Rui Lemos Sampaio presidia uma grande empreiteira. Dos demais, gostaria de ter notícias.

Grande abraço, Hélio

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Uma carta sempre me pareceu como a imortalidade, porque é a mente sozinha, sem a companhia corpórea.” 

Emily Dickinson

Daguerreótipo da poetisa Emily Dickinson, tirado por volta de 1848. (O original está riscado.) Da Coleção de Imagens Todd-Bingham e Documentos de Família.

História de Brasília
E por falar nisto, estão enganando o presidente da República. Houve uma decisão para reiniciar as obras em Brasília. O IAP-FESP e o IAPM lançaram-se numa euforia arquitetônica e pararam no meio do caminho.

Liberdade de imprensa

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Ilustração: reprodução da internet

 

         Quando você percebe que quase 60% dos jornalistas profissionais dos Estados Unidos já declaram, publicamente, que estão extremamente preocupados com a liberdade de imprensa naquele país e com os caminhos adotados pelos grandes veículos de comunicação, de fechamento e alinhamento com as teses da esquerda, é que o problema é deveras preocupante e pode culminar numa situação que ninguém jamais poderia imaginar.

         Pensar que, justamente na terra da oportunidade e da liberdade, a censura e a limitação do pensamento se tornaram uma ameaça real, sobretudo para a grande parcela conservadora da população, é demasiado preocupante, pois pode, em curto espaço de tempo, abrir caminhos para perseguições e todo o tipo de cerceamento de opinião, levando aquele país a uma situação surreal e mesmo explosiva.

         Essa verdadeira distopia histórica, até pouco tempo, era uma realidade cotidiana apenas em países periféricos e subdesenvolvidos, sujeitos a instabilidades políticas e submersos em ditaduras ferozes. Falar em censura nos Estados Unidos, onde a imprensa foi, desde sempre, os olhos e os ouvidos dos cidadãos, chega a ser um anátema. O pior é pensar que essa situação, que agora parece ameaçar os americanos – que por séculos conhecem e experimentam uma das mais sólidas democracias do planeta – poderá acontecer em outros países, com menores ou nenhuma tradição democrática, sobretudo na América Latina, que vive entre aberturas e fechamentos de regime. E olha que os americanos possuem, em sua retaguarda, um Legislativo e um Judiciário que se pautam fielmente pela Constituição, a mesma Carta que desde 1776 considera e leva a sério a opinião livre dos cidadãos.

          Quando aqueles que transitam nos meandros do governo americano chegam a confessar sua preocupação com a tão respeitada liberdade de imprensa, é porque sabem do que estão falando e preveem um fechamento de opinião e ideias para os próximos anos, a não ser que haja uma reviravolta política naquele país. Muito se fala de sabotagens praticadas pela China e pela Rússia e de interferências indevidas nas eleições internas dos EUA, bem como do desejo que esses países nutrem de verem a América caminhando para seu colapso econômico e de braços abertos para as ideias do socialismo.

         Caso os Estados Unidos um dia abracem as teses marxistas como modelo de Estado, a decadência econômica será então um processo natural, repetindo o que se vê em países que adotam esse tipo regime. Os profissionais de imprensa americanos, com mais tempo de serviço e, portanto, com mais experiência, são os que mais se sentem ameaçados e temerosos com a possibilidade das liberdades individuais e de ideias perderem o antigo fôlego, cedendo aos novos tempos de censura.

          Nada menos do que 12 mil jornalistas daquele país foram entrevistados pelo Pew Research Center em 2022, o que cobre uma boa margem de profissionais dessa área, com resultados muito próximos da realidade. Enquanto isso, no Brasil, compramos alambrados.

 

A frase que foi pronunciada:

“A revolução comunista é a ruptura mais radical com as relações de propriedade tradicionais; não admira que seu desenvolvimento envolva a ruptura mais radical com as ideias tradicionais”.

Friedrich Engels

Friedrich Engels. Foto: William Hall (1826–ca. 1898)

 

Elas

Leia, a seguir, a homenagem às mães composta pelo poeta Nonato Freitas.

–> O IMENSURÁVEL AMOR DE MÃE

NONATO FREITAS

Quando as tempestades fustigam a cabeça dos teus filhos, mãe, eu te vejo ainda mais guerreira, mais indômita, a carregar nos olhos de santa todo o fogo, toda a coragem, toda a argúcia da águia.

Em tua boca, mãe, vejo correr um manancial de leite e mel que adoça os lábios de teus filhos. Em tuas mãos cravejadas de amor, o cheiro de sândalo depura a alma e traz felicidade aos corações torturados dos teus rebentos.

Para iluminar as trevas dos caminhos por onde andam as criaturas geradas no teu ventre, a natureza plantou estrelas na palma dos teus pés.

No baú de minhas reminescências guardo os pincéis com que a noite esparramava o negrume das asas da Cabiúna em teus cabelos.

O tempo foi passando. E com ele, aos poucos, fui aprendendo a deslindar os mistérios da fiandeira a tecer, em sua faina diária e incansável, o fio da vida, a sábia lição do linho nas cordas do teu cabelo.

As palavras se exaurem, os signos se esfacelam quando destravo o ferrolho das portas do teu coração e toco neste amor incomensurável que dentro dele estremece como fagulhas do Céu.

Poucos falam a língua dos enigmas que se escondem nos subterrâneos do coração de uma mãe.

Quando o Onipotente resolveu inventar o tal do amor, um anjo, que nem torto era, apareceu e fez a seguinte pergunta: grande mestre, em que lugar do Paraíso o Divino vai esconder dos maus olhados tamanha preciosidade? Deus pensou, pensou, e em seguida deu a resposta: toda esta poderosa e fosforescente fonte de luz será trancafiada no fundo de um pequeno frasco cristalino. O recipiente ficará permanentemente protegido por uma legião de serafins, para que o anjo caído nunca se atreva a lográ-lo. E assim foi feito. E assim ficou escrito nas incendiadas pedras de jaspe. E Deus acrescentou: fica decretado que esses fundamentos são cláusulas pétreas.

Conforme lavrado em ata e passado em cartório, o termo celestial jamais, em tempo algum, será anulado ou sobre ele se levantará qualquer suspeição. Este frasco de amor total, perene e insubstituível, tem nome. É conhecido universalmente como coração de mãe.

 

Na luta

Defensores do Parque das Garças já arregaçaram as mangas. Começam a angariar verbas pela causa vendendo camisetas que, daqui a alguns anos, serão testemunhas da história de Brasília. Veja, a seguir, como fazer para obtê-las.

Destaque no perfil oficial do Projeto Parque das Garças no Instagram

 

Boas mudanças

Nunca o povo brasileiro esteve tão informado depois do advento das redes sociais. Por essa razão, a deputada distrital Paula Belmonte deu um passo adiante das notícias e preparou uma capacitação para os líderes comunitários acompanharem os passos da Câmara Legislativa do DF. “O portal da Câmara Legislativa permite que as pessoas pesquisem as atividades de cada parlamentar. É possível, por exemplo, acompanhar a destinação de emendas ao orçamento, que nada mais é do que o dinheiro que a população contribuiu com seus impostos”, afirmou a deputada. Se o orçamento ganhou emenda, a verba paga com os impostos precisa ser revertida aos contribuintes em serviços.

Deputada Distrital Paula Belmonte. Foto: cl.df.gov

 

História de Brasília

Com isto, o chefe da Casa Civil visa evitar o que vinha acontecendo: inúmeros funcionários transferidos vieram desgarrados de suas seções, e o Executivo continua no Rio e não em Brasília. (Publicada em 20.03.1962)

Traças e roedores

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Ilustração: amambainoticias.com.br

 

         Tempos difíceis esses que estamos vivendo, ainda mais para um tipo específico de jornalismo, que, em meio a essa polarização extremada, com tiros vindos de todo o lado, busca seguir o caminho do meio e do bom senso.

         Definitivamente, não estamos, aqui no Brasil, em tempos de racionalidade ou sob a égide de elites políticas movidas pela sanidade mental. Mesmo para o leitor e eleitor, o cenário atual do país é confuso e distante da realidade. Até aqui nenhuma novidade. O que surpreende o cidadão de bem, e olhe que eles existem em grande número, é ver, dia sim e outro também, os mais perigosos e escorregadios personagens da política local e nacional ocupando páginas inteiras dos principais jornais e de mídias importantes.

         Para os brasileiros que ainda acreditam na ética e na justiça, ver esses personagens de triste passado, envoltos nos mais estrondosos casos de corrupção e de desvio do dinheiro público, falando abertamente de seus projetos futuros e do quanto foram prejudicados politicamente pelo açodamento das leis e da Justiça, dói no fundo da alma.

         Nessas entrevistas, que inclusive ocupam manchetes de primeira página, esses antigos meliantes do colarinho branco desfilam um rosário de lamúrias, mostrando o quanto foram injustiçados e o quando custou, para cada um, vagar solitário pelo deserto do banimento. Não se enganem! São raposas a lamentar o fato de terem sido apanhadas com os dentes prontos a devorar os incautos cidadãos, retirando-lhes o pão de cada dia e as chances de um futuro mais digno.

         De fato, o caminho de meio e do bom senso aponta, com propriedade, que lugar de corruptos, de toda a espécie, é nas malhas da lei interpretada com decência e longe dos cofres públicos.

         Já foi bem lembrado que a corrupção é tão ou mais letal que as ações violentas do crime organizado. A diferença entre o corrupto e um chefe de quadrilha que assalta e mata está nas armas que utilizam. Os empolados criminosos do colarinho branco, apesar de não usarem armas de fogo em suas ações, causam males infinitamente maiores ao cidadão, sendo que seus crimes repercutem por décadas e podem ser conferidos nas filas dos hospitais, na falta de remédios, na precariedade dos serviços públicos e por aí vai.

          Cara do bom moço, com aquele ar de senhor arrependido, só engana os desavisados. Há também os que mentem tão bem para si que não encontram espaço no ego para arrependimentos.

         Todo o cuidado com esse tipo de gente é pouco. A revoada desses personagens da política policial do país, de volta aos ninhos ou à cena do crime, só tem sido possível graças ao desmanche providencial e maquiavélico da Lei de Improbidade Administrativa, elaborado à luz do dia, justamente por indivíduos que foram ou seriam atingidos por esse antigo e justo dispositivo.

         Pensar que todos esses personagens estão se preparando para voltar mostra bem porque não saímos do lugar, e andamos correndo atrás do rabo feito cachorro doido. Para alguns mais radicais, a sentença é ainda mais terminativa: lugar de bandido não é na política, é na cadeia; onde, aliás, muitos se quer chegaram conhecer, dadas as possibilidades infinitas de recursos e a leniência de nossas leis, sempre em benefício dessa gente e contra o cidadão.

        Jornais e todo o tipo de mídia deveriam abrir seus canais apenas para aqueles cidadãos dignos e que possuem mensagens com base na verdade, vida pregressa e no bem comum, para mostrar às novas gerações que ainda há remédio para esse país. Nem tudo está definitivamente perdido e entregue às traças e aos roedores.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando uma pessoa sensata compreende mal o que eu quis dizer, reconheci que me zango, mas apenas comigo mesmo: por haver expressado o meu pensamento tão mal que dei ensejo ao erro.”

David Hume (1754)

David Hume. Foto: Reprodução/Internet

 

Tecnologia

No Blog do Ari Cunha, o artigo completo de Flávio Ribeiro sobre “Tecnologia em gestão de contratos: uma forma de reduzir custos em Centros de Serviços Compartilhados”. Flávio Ribeiro é CEO e co-founder do NetLex e Associado Mantenedor da ABSC.

Flávio Ribeiro. Foto: tiinside.com

Tecnologia em gestão de contratos: uma forma de reduzir custos em Centros de Serviços Compartilhados

A premissa de um Centro de Serviços Compartilhados (CSC) é reduzir custos e aumentar a assertividade das operações. Para alcançar esses objetivos, departamentos Jurídicos, de Suprimentos e de Recursos Humanos (para citar apenas alguns) são agrupados nessas estruturas centralizadas, atendendo a diversas companhias — geralmente de um mesmo grupo empresarial. 

Mas não basta apenas juntar áreas variadas em um único espaço. Entregar os melhores resultados possíveis passa por garantir que todas as atividades sejam escaláveis e sigam os parâmetros de qualidade das instituições contratantes. Inclusive na gestão de documentos. 

As vantagens de uma visão integral do ciclo de vida dos documentos em um CSC 

É muito comum que os gestores tenham uma visão limitada das operações, composta somente pelo ponto de vista de seus próprios departamentos. Por exemplo: uma solicitação de compra movimenta o setor de Suprimentos, que só tem visibilidade sobre as atividades que são suas, como a análise de fornecedores e a negociação do contrato. Quando o documento é enviado para o Jurídico, ou a fatura é remetida ao Financeiro, é como se ele adentrasse uma verdadeira caixa preta: não se tem transparência quanto aos prazos de análise ou ao status do pagamento até que o contrato ou fatura emerja e retorne ao setor de origem. 

O contrário dessa gestão retratada acima é a chamada visão end-to-end, quando há clareza sobre as ações realizadas do início ao fim de um fluxo, mesmo que ele envolva diferentes áreas de apoio. Contar com um CSC é uma oportunidade única de colocar essa abordagem na prática, verificando a complementaridade das áreas de apoio das empresas. 

Diante do volume de arquivos gerenciados diariamente por um CSC, alcançar a almejada escalabilidade e padronização só se torna viável a partir da utilização de soluções tecnológicas como as plataformas de Contract Lifecycle Management – CLM. Essa abordagem incorpora um conjunto de práticas voltadas à gestão do ciclo de vida dos contratos, desde a solicitação até a administração do seu cumprimento, passando ainda pela coleta de dados e geração de inteligência. Sem essa perspectiva, os fluxos de trabalho certamente ficarão caóticos. 

Os CSCs estão especialmente bem posicionados para gerar valor empregando a gestão do ciclo de vida dos contratos, na medida em que a reunião e compartilhamento dos departamentos de apoio gera sinergia no fluxo de trabalho. Outra vantagem dessa proposta é a possibilidade de examinar cuidadosamente os documentos e dinâmicas a eles relacionados. 

Após uma análise com esse nível de aprofundamento e abrangência, é possível identificar os pontos de improdutividade e endereçá-los com ajustes precisos e planejados. 

Gestão de documentos e fluxos de trabalho dentro das áreas de apoio 

Internamente, cada setor lida com variados tipos de demandas que originam documentos e contratos específicos. A técnica do Contract Lifecycle Management simplifica o dia a dia de cada departamento, reconhecendo suas particularidades. Assim, é possível definir documentos padrão, com estrito controle sobre a alteração do seu conteúdo; estruturar fluxos de trabalho engajando os profissionais corretos a nível de elaboração, revisão e assinatura, definindo prazos para todas essas etapas; e registrar integralmente todos os trâmites e documentos produzidos. 

Dessa forma, contribui-se para a economia em escala prometida pelos Centros de Serviços Compartilhados, permitindo que as operações internas de cada setor sejam conduzidas em alto grau de eficiência. 

Mais eficácia na articulação entre áreas de apoio 

É na articulação entre departamentos que se concentra o maior risco de ineficiência em um Centro de Serviços Compartilhados, justamente porque as etapas subsequentes do processo não estão visíveis para os demais integrantes da cadeia. 

A lógica da gestão do ciclo de vida dos documentos passa pelo engajamento das áreas corretas no momento em que sua atuação será necessária e eficiente. É possível mapear os pontos ideias para estabelecer a interação entre áreas, evitando retrabalho e garantindo que o documento siga seu fluxo contínuo até a conclusão. Também é viável conferir transparência ao status das atividades, para que as áreas solicitantes tenham visibilidade quanto aos prazos e agentes responsáveis pelo passo atual. 

Tecnologia para aprimorar os Centros de Serviços Compartilhados 

Se a criação de Centros de Serviços Compartilhados já agrega eficiência ao trabalho das áreas de apoio, recorrer à tecnologia para implementar uma estratégia de gestão de contratos soma escalabilidade e padronização às operações, potencializando os resultados almejados. 

Passa a ser possível centralizar todas as demandas em plataforma única, automatizar a criação de documentos, estruturar de forma personalizada os fluxos de trabalho com prazos automáticos, além de armazenar todas as versões de arquivos e informações a eles relacionadas. O formato digital possibilita ainda que dados sejam extraídos para gestão dos contratos e dos procedimentos. 

Fica claro, portanto, que um software CLM bem implementado é o meio de levar os Centros de Serviços Compartilhados a outros patamares de sucesso. 

 

Flávio Ribeiro, CEO e co-founder do netLex e Associado Mantenedor da ABSC.

 

Revolta

Corre pelas redes sociais a reprodução da página do Diário Oficial com a informação do pagamento de dois milhões e meio patrocinando Nando Reis em 2012.

 

Na mira

Prefeitos de diversas cidades foram flagrados cobrando propina de diversas formas. Com um celular, é possível comprovar o ilícito. Agora, o que é feito com esse material vai depender do delegado, juiz e da população.

Charge publicada em vvale.com

 

História de Brasília

No Carnaval de Brasília não se viram nos clubes homens carregando mulheres nas costas, semi-nuas. Houve, sim, muita alegria, muita animação, como ninguém esperava. (Publicada em 08.03.1962)

Faroeste caboclo

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Não se sabe ainda, ao certo, quando foi e por quais motivos o Brasil optou por caminhar na contramão do mundo em questões tão básicas, como a escolha entre o certo e errado, o legal e o ilegal. De tanto enveredar pela estrada torta, talvez tenhamos perdido o senso e o sentido do que é correto e incorreto, no campo da ética individual e pública. E esse sentimento, que se irradia como fogo na população, vem exatamente de cima, das autoridades e das elites brasileiras, supostamente educadas, mas que não se dão ao trabalho de servir como modelos de bons exemplos. Na verdade, nem eles mesmos, aqueles que estão no alto da pirâmide social e econômica, sabem, com certeza, escolher entre o certo e o errado, quando o que está em jogo são vantagens imediatas e lucrativas.
Até a mídia que, em outros cantos do planeta, trabalha em prol da harmonia social, favorecendo bons exemplos de cidadania, em nosso caso, parece querer implantar maus costumes como sendo condutas normais e aceitáveis, e que também podem ser copiadas como modelo de alguma modernidade aética. O pior é que tudo isso se passa diante de nossos olhos e ouvidos como coisa natural a ser aceita e assimilada, para não gerar, talvez, maiores conflitos com as atuais gerações.
Um exemplo dessa desorientação geral pode ser conferida no enorme espaço que os órgãos de imprensa vêm dando à morte do cantor MC Kevin, conhecido e aclamado, no submundo do gênero de música que produz, por fazer apologia aberta ao tráfico de drogas e ao crime organizado, apresentando-os como os novos modelos de heroísmo de conduta para uma grande plateia de jovens.
Morto, por acidente, tentando escapar de um possível flagrante de sua esposa, conhecida por defender, nos tribunais, membros de organizações do crime, o caso vem ocupando espaço em horário nobre desde o ocorrido, numa espécie de glamourização camuflada da vida marginal desses personagens, que agem como artistas na estreita fronteira entre diversas contravenções e o espetáculo.
Exemplos lamentáveis e descartáveis como esse e que, em outros tempos, ocupava apenas as páginas da chamada imprensa marrom, especializada na decadência humana, tomaram o espaço que, na impressa de qualidade, era preenchido apenas com questões de importância nacional ou de interesse público, mantendo a regra de não fazer apologias, romantizando o submundo do crime e suas estripulias.
Não pense que esses maus exemplos vêm apenas dos conhecidos bailes funks da periferia. O mesmo também ocorre em comissões parlamentares de inquérito em que, para o bem da verdade, deveriam investigar aqueles que precisam prestar contas do gasto do dinheiro público não visto e usufruído pela população.
São exemplos dessa natureza que a população brasileira é obrigada a ter que presenciar em seu cotidiano e que demonstram que o Brasil não apenas um país impróprio para amadores, como é também um país onde o errado está certo e onde as leis e os vereditos possuem um preço variável, de acordo com a posição e o bolso de cada um nesse faroeste caboclo.

A frase que foi pronunciada:
“Quando criança só pensava em ser bandido / Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu/ Era o terror da sertania onde morava / E na escola até o professor com ele aprendeu.”
Faroeste caboclo do Legião Urbana

Xeque
Inscrições para o 61º Campeonato de Xadrez vão até 11 de junho. Alunos da rede pública ou privada podem participar. A iniciativa é um estímulo saudável ao desenvolvimento cognitivo da meninada. Tomada de decisões, disciplina, estratégias, são ferramentas importantes para encarar o futuro. Para preencher o formulário de participação, acesso o link: http://lichess.org. https://lichess.org/.

Cartaz: agenciabrasilia.df.gov


“Resseita”
“Potaciu” foi a prova irrefutável de que o médico atuava ilegalmente na UPA carioca.

Foto: Reprodução/TV Globo


Difícil
Sentido pelos empresários do entretenimento como o setor mais prejudicado com a pandemia. O secretário de economia do Distrito Federal, André Clemente, participou de uma reunião na Federação do Comércio e discutiu o assunto. Ideal seria ouvir representantes da classe que está na penúria.

Secretário André Clemente. Foto: Renato Alves/Agência Brasília

Noroeste

Irémirí Tukano é um índio que ouviu, de uma funcionária pública, a observação de que lugar de índio é na selva, e não na cidade. Traz essa ferida até hoje, mas, mesmo assim, diz que só se sente “incluído” na cidade durante o Acampamento Terra Livre, a maior concentração indígena do país. Cristiany Bororó sempre nos escreve lamentando as dificuldades que os índios vêm sofrendo no Noroeste.

Setor Noroeste. Foto: terracap.df.gov

História de Brasília
Em São Paulo, onde o assunto está bem equacionado, há 37 alunos para cada professora. Em Brasília, só são feitas novas admissões quando houver uma média mínima de 30 e nunca superior a 40 alunos. (Publicada em 02.02.1962)