Tag: #InteligênciaArtificial
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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É próprio da modernidade criar novos vocabulários para nomear a novidade e o espanto. Desde o início da Revolução Industrial, cada salto tecnológico obrigou o homem a reinventar as palavras e, com elas, sua própria percepção de mundo. Agora, com o advento da Inteligência Artificial, não é apenas a linguagem que se transforma: é a própria essência da existência humana que parece passar por uma mutação silenciosa, porém profunda. O termo tec-existencialismo, cunhado pelo futurista Roge Spitz, surge justamente para tentar capturar essa transição, num chamado à reflexão sobre como a tecnologia, especialmente a IA, começa a moldar não apenas o que fazemos, mas o que somos. Spitz alerta que “a tecnologia não é neutra: ela cria realidades e redefine os contornos da existência humana”.
É próprio da modernidade criar novos vocabulários para nomear a novidade e o espanto. Desde o início da Revolução Industrial, cada salto tecnológico obrigou o homem a reinventar as palavras e, com elas, sua própria percepção de mundo. Agora, com o advento da Inteligência Artificial, não é apenas a linguagem que se transforma: é a própria essência da existência humana que parece passar por uma mutação silenciosa, porém profunda. O termo tec-existencialismo, cunhado pelo futurista Roge Spitz, surge justamente para tentar capturar essa transição, num chamado à reflexão sobre como a tecnologia, especialmente a IA, começa a moldar não apenas o que fazemos, mas o que somos. Spitz alerta que “a tecnologia não é neutra: ela cria realidades e redefine os contornos da existência humana”.
Seu tec-existencialismo nos convida a olhar para a inteligência artificial não como ferramenta, mas como espelho um espelho que reflete e, ao mesmo tempo, distorce a nossa humanidade. Trata-se de um alerta contra a complacência: a de aceitar que as máquinas decidam por nós sob o pretexto da conveniência. É o risco de trocarmos a liberdade pelo conforto de uma mente coletiva programada por algoritmos invisíveis. Vivemos, talvez sem perceber, a entrada em um labirinto de alta tecnologia. Nele, cada passo é guiado por dados, sensores, câmeras e inteligências que aprendem com nossos erros e nossos hábitos.
Como o antigo mito do Minotauro, esse labirinto contemporâneo tem um guardião monstruoso não mais uma criatura mitológica, mas uma rede invisível de códigos, cálculos e logarítmos. Diferente do mito grego, entretanto, não há um fio de Ariadne que nos leve de volta à luz. O filósofo Byung-Chul Han, em Psicopolítica, adverte que “o homem contemporâneo acredita ser livre, mas vive em uma prisão de transparência e desempenho”. Na era digital, a submissão não se dá pela força, mas pela sedução dos sistemas inteligentes. Yuval Noah Harari, em Homo Deus, prevê que “quando os algoritmos nos conhecerem melhor do que nós mesmos, o livre-arbítrio deixará de existir como crença coletiva”. Estamos, portanto, diante de um ponto de inflexão histórico: a tecnologia que criamos começa a nos recriar à sua imagem e semelhança. A política, nesse cenário, parece cada vez mais impotente.
Estados e governos, outrora senhores da ordem social, se veem agora dependentes das máquinas que criaram e dos sistemas que não compreendem plenamente. A burocracia se digitalizou, o controle social se sofisticou e o poder tornou-se algorítmico. Spitz adverte que “quando a inteligência artificial começa a intermediar todas as nossas escolhas, a autonomia se torna uma ilusão polida”. A soberania das nações começa a ceder lugar à soberania das corporações tecnológicas, que operam acima das fronteiras e fora do alcance das leis. No campo religioso, a crise não é menor. Como responder à angústia de uma humanidade que já não crê na transcendência, mas confia cegamente na promessa da imortalidade digital? Quando o homem passa a se ver como um conjunto de dados, e não mais como um ser dotado de alma, o sagrado perde espaço para o simulacro da perfeição artificial.
Igrejas, templos e seitas talvez ainda resistam, mas o culto da era moderna é outro: o culto à máquina, ao cálculo, à eficiência. Surge, então, uma inversão simbólica: o Deus ex machina expressão que, na tragédia clássica, designava a intervenção divina que resolvia o enredo agora se transforma na própria máquina que assume o papel de deus, decidindo destinos, emoções e valores. O tec-existencialismo, portanto, é o espelho diante do qual precisamos ter coragem de nos olhar. Ele não propõe apenas uma crítica ao avanço tecnológico, mas uma reflexão sobre a erosão daquilo que nos tornava humanos a dúvida, o erro, a imperfeição.
Hannah Arendt já advertia que “a perda do pensamento é o prelúdio de toda forma de totalitarismo”, e o totalitarismo digital talvez seja o mais sutil de todos: aquele que domina não pela violência, mas pela conveniência. O risco maior não é que as máquinas dominem o mundo, mas que nos convençam de que já não precisamos de alma para viver nele. Em um futuro não muito distante, talvez despertemos para perceber que o labirinto não tem saída. Que o Minotauro já não está fora de nós, mas dentro, integrado ao nosso modo de pensar, sentir e decidir.
A modernidade, que começou prometendo libertar o homem do trabalho e da ignorância, pode terminar aprisionando-o em um cativeiro de luzes e códigos. E, nesse ponto, nem a política, nem o Estado, nem mesmo as religiões terão a chave para abrir as portas do labirinto. O tec-existencialismo, se levado a sério, é um convite à resistência interior. À redescoberta da consciência humana em meio ao ruído digital. Porque, se há ainda uma chance de salvação, ela não virá das máquinas virá do homem que se atrever a desligá-las por um instante e voltar a escutar o próprio silêncio.
A frase que foi pronunciada:
“Para não ser substituído por um robô, não seja um robô”.
Martha Gabriel

Rascunho
Entrada e saída do Lago Norte planejadas por quem não conhece o movimento da região. As faixas de pedestre recém-colocadas são prenúncio de muitos acidentes, prejudicando pedestres e motoristas. Sem sinalização prévia suficiente para prevenir os motoristas de uma parada repentina, a iniciativa deve ser revista e colocada em prática com mais técnica e estratégia.
História de Brasília
O regime parlamentarista trouxe, também, alteração no sistema escolar. No Colégio D. Bosco, de Brasília, os alunos estão organizados de maneira parlamentarista, e o Primeiro Ano B, já elegeu o seu presidente e o Conselho. (Publicada em 11.05.1962)
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Já se sabe que a dependência cada vez maior das pessoas em relação a Inteligência Artificial tem poder de comprometer a capacidade cognitiva humana. Segundo pesquisadores, o uso excessivo da IA pode levar à atrofia cognitiva, limitando a capacidade mental, diminuindo o pensamento crítico e mesmo a criatividade. Com isso, o ser humano deixa de inovar e criar novas ideias. Tudo isso pode afetar a saúde mental. A situação tem escalado a um tal ponto que hoje se fala em uma “Psicose de IA”.
São milhares de casos reais que mostram pessoas passando a acreditar que a IA possui consciência própria e que, por isso, começam a se relacionar com essa ferramenta, na tentativa de encontrar o que elas, definitivamente, não possuem.
Há poucos dias foi revelado o caso de uma jovem irlandesa, que, magoada com o fim abrupto de um relacionamento sentimental, passou a buscar uma espécie de consolo com a IA, fornecendo a ela todos os dados de sua personalidade e de seu antigo namorado, suas movimentações na cidade, seus relacionamentos, livros e filmes preferidos, casos de família, até fofocas compartilhou com a máquina. Com base nesses dados, a IA passou a fazer uma série de conjecturas e previsões que, de certa forma, alimentavam a esperança de que haveria um reatamento desse namoro, mostrando, em seguida, todas as possibilidades para que isso se concretizasse. Jamais discordou da interlocutora. Sempre elogiando sua inteligência e amabilidade.
A jovem, diante dessas afirmações, imediatamente adotou a IA como uma espécie de cartomante ou aconselhadora sentimental, estabelecendo uma relação tão próxima à IA que já não dava um passo fora sem antes consultar sua “cigana eletrônica”. Outros casos mostram até envolvimentos amorosos entre pessoas e IA. O preenchimento de um vazio existencial ou mesmo a solidão, tão comum hoje em dia, têm levado muitas pessoas a buscar, nessa lacuna, o auxílio da IA. O pior é quando essa dependência chega às raias da loucura.
Na educação de jovens é que os estragos são ainda maiores. Estudos realizados na Universidade de Carnegie Mellon, junto com a Microsoft, observaram que, com o uso intensivo da IA, os estudantes tendem a confiar mais nas respostas da IA do que em si mesmos. De certa forma, não é a IA que reduz o pensamento crítico, mas a forma como se utiliza essa ferramenta. A própria Psicologia se ressente com a IA. Não que a IA vá substituir os psicólogos, mas o uso da IA no tratamento de casos que requerem a intervenção de um psicólogo ainda é um assunto mal resolvido. A questão é como encontrar um equilíbrio entre tecnologia e humanidade. O que muitos não entendem ainda é que a IA é uma ferramenta e não uma muleta.
O tema é um dos mais instigantes do nosso tempo, porque toca diretamente no ponto em que a tecnologia deixa de ser apenas ferramenta e passa a ocupar um espaço íntimo na vida das pessoas — às vezes, substituindo vínculos humanos, emoções e capacidade de pensar por conta própria. De fato, os riscos não são desprezíveis. A dependência excessiva da IA pode, como já citado, comprometer o pensamento crítico. Quando alguém confia cegamente nas respostas de uma máquina, perde, gradualmente, o hábito de questionar, de duvidar e de elaborar hipóteses próprias, exatamente as competências que moldam a criatividade e a capacidade de inovação. Esse processo é comparável ao enfraquecimento muscular por falta de exercício: quanto mais se terceiriza o raciocínio, mais atrofiada fica a mente.
O caso da jovem irlandesa ilustra isso de forma dolorosa, ela deslocou seu sofrimento para uma “cigana eletrônica”, projetando sobre a IA uma consciência que não existe. Aí se revelam um dos perigos: a confusão entre simulação e realidade, entre respostas probabilísticas e sabedoria humana. No entanto, seria ingênuo pensar apenas nos perigos sem reconhecer as vantagens.
A IA pode ser uma poderosa aliada no campo humano quando usada com consciência. Ela pode servir como suporte para pessoas solitárias, funcionando como um espaço de expressão emocional em momentos de vulnerabilidade. Pode auxiliar psicólogos no acompanhamento de pacientes, fornecendo dados e padrões de comportamento que talvez escapem à percepção humana. No ensino, pode personalizar o aprendizado, adaptando o conteúdo às dificuldades e ao ritmo de cada estudante. No trabalho criativo, pode inspirar novas combinações de ideias, funcionando como uma espécie de “laboratório de possibilidades”. O desafio, portanto, está no equilíbrio. A IA deve ser entendida como ferramenta e não como substituto da experiência humana.
Como qualquer tecnologia, ela amplia nossas capacidades, mas também pode nos fragilizar se usada de forma acrítica. O que falta é alfabetização digital e emocional: ensinar, desde cedo, que a IA não é oráculo, nem consciência autônoma, mas um espelho sofisticado que reflete, com distorções, os dados que colocamos nela. No fundo, o perigo maior não é a IA em si, mas a nossa tendência de projetar nela aquilo que falta em nós: consolo, direção, afeto, certezas. Se conseguirmos usá-la sem entregar a ela nossa autonomia mental e emocional, a IA funcionará a contento.
A frase que foi pronunciada:
“A IA tem o potencial de ser mais transformadora do que a eletricidade ou o fogo.”
Sundar Pichai, CEO do Google

História de Brasília
Não repercutiu bem a campanha de pichamento da cidade pedindo Sette Câmara para Primeiro Ministro. Aliás, estas campanhas à base do piche não dão certo. Exemplo: Vital é Vital ; Queremos votar; JK-65; e Edmilson para o. Foram Gama campanhas à base do piche que ficaram no esquecimento. (Publicada em 04.05.1962)
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Ainda não temos a exata medida da revolução trazida pela Inteligência Artificial (IA). O que se sabe até agora vem de previsões, a maioria repletas de interrogações e de sinais de mau agouro sobre essa nova tecnologia. De fato, o século XXI parece que será moldado pela IA em múltiplos aspectos. Cientistas respeitados como o físico britânico Stephen Hawking alertam para o perigo que a humanidade enfrentará caso a IA venha a adquirir vontade própria aliada a uma competência extrema e sobre humana, capaz, segundo ele, de representar uma ameaça à própria existência humana sobre o planeta.
Em sua obra póstuma “Brief Answers to the Big Questions”, Hawking previu que a aprimoração da IA pode levar a humanidade a ser simplesmente ignorada e mesmo colocada em segundo plano, sendo então descartada como uma espécie superada. O fato é que a IA colocou o homem numa espécie de encruzilhada decisiva entre a salvação e a destruição. A questão aqui é como estabelecer uma espécie de regulação ética e desenvolvimento responsável para a IA, quando se sabe que a espécie humana é guiada por desejos, sendo um deles o desejo pelo poder e pela dominação.
Deste modo, estaríamos numa encruzilhada do tipo dialética, alimentando uma tecnologia que, no futuro, irá simplesmente nos destruir sem remorsos, sem choro nem velas. Talvez estejamos inventando um novo tipo de pólvora ou bomba atômica, que, mais cedo ou mais tarde, irá explodir a todos. Nas últimas quatro décadas, Peter Diamandis, empresário, médico e engenheiro, fundador da X Prize Foudation e da Singularity University, vem tentando entender que tecnologias irão moldar este século em que estamos. Para tanto, fundou a Singularity University orientada para pesquisar e responder a essa questão. Segundo ele, em pouco mais de uma década, o mundo, tal qual o conhecemos hoje, será totalmente irreconhecível. A principal ferramenta responsável por essa mudança será justamente a IA.
Nesse mês de agosto, Peter Diamandis estará presente no Rio Innovation Week (RIW), falando sobre esse tema. Ao contrário de Hawking, Diamandis é um ortimista em relação ao futuro com a ajuda da IA. O que temos em mãos é que a IA, como toda grande revolução tecnológica da história, é ambivalente. Pode ser instrumento de dominação ou de libertação, dependendo de como a humanidade escolher usá-la.
Vejamos algumas das possibilidades concretas e positivas que a IA já começou a trazer e que, bem reguladas e dirigidas por princípios éticos sólidos, podem moldar um futuro promissor: a medicina personalizada e cura de doenças até hoje incuráveis é uma dessas esperanças. A IA já está revolucionando a medicina com diagnósticos precoces mais precisos do que os realizados por médicos humanos, detectando câncer, doenças neurodegenerativas e patologias raras com maior exatidão. Com o avanço de tecnologias como o machine learning, será possível desenvolver terapias personalizadas, criadas para o perfil genético de cada paciente, e prever surtos epidêmicos antes mesmo de se alastrarem. Na educação, em vez de um modelo de ensino industrial, que trata todos os alunos como iguais, a IA permitirá a criação de ambientes educacionais altamente personalizados, que se adaptam ao ritmo, estilo de aprendizagem e interesses de cada estudante. Isso pode levar à inclusão de populações tradicionalmente marginalizadas pela educação formal, como adultos analfabetos, pessoas com deficiência e comunidades remotas. Também, na redução drástica da pobreza, há esperanças. Com a automação de tarefas repetitivas e a otimização de processos, a IA poderá aumentar exponencialmente a produtividade em diversos setores. Se associada a políticas públicas inteligentes, isso pode significar maior acesso a bens, serviços e oportunidades e uma redistribuição mais justa da riqueza produzida, abrindo caminho para a redução da pobreza extrema em muitas regiões do mundo.
Na proteção ao meio ambiente, a IA pode ser utilizada para prever desastres naturais com mais antecedência, otimizar o uso de recursos naturais, monitorar ecossistemas ameaçados e desenvolver novas formas de energia limpa. Algoritmos já estão sendo usados para combater o desmatamento na Amazônia e para analisar os impactos das mudanças climáticas em tempo real. Na governança inteligente a IA poderá tornar a gestão pública mais eficiente, transparente e orientada por dados reais.
A corrupção poderá ser reduzida com sistemas de auditoria automatizados, e o planejamento urbano, saúde pública e segurança poderão ser otimizados com base em análises profundas e imparciais. No entanto, nada disso será alcançado por nossa espécie caso a IA venha a cair em mãos erradas. Para tanto, o alerta de Hawking não deve ser desprezado.
O poder da IA é tão imenso que, em mãos erradas ou sem controle, pode sim representar uma ameaça real. Algoritmos enviesados podem reforçar injustiças; sistemas autônomos de armas já estão sendo testados em zonas de conflito; e há o risco de concentração de poder nas mãos de poucas corporações ou Estados que dominem a IA. Por isso, mais do que discutir se devemos parar ou avançar, o centro da questão está no “como avançar”.
Ética, regulação internacional, educação pública sobre tecnologia e a formação de uma consciência coletiva global são elementos indispensáveis para garantir que a IA seja uma ferramenta de emancipação, e não de escravidão digital. Assim como aconteceu com as conquistas do fogo, da eletricidade e da energia nuclear, a IA é uma ferramenta. Não é boa nem má em si mesma. Tudo dependerá daquilo que faremos com ela. A presença de nomes como Peter Diamandis no Rio Innovation Week é um sinal de que o debate precisa ser ampliado, democratizado e, sobretudo, ancorado na busca por soluções que tenham o ser humano e o planeta como prioridade. A pergunta que fica é: seremos capazes de guiar essa revolução com sabedoria, ou seremos guiados por ela rumo à obsolescência? A resposta, por ora, ainda está em nossas mãos.
A frase que foi pronunciada:
“Estude o passado se quiser adivinhar o futuro.”
Confúcio

História de Brasília
De qualquer forma é, ainda, a cidade quem paga por tudo isto. O projeto de isenção de imposto de renda para lucros imobiliários, o código tributário, e outras proposições da Câmara. (Publicada em 08.05.1962)
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Na Grécia antiga, por volta dos séculos 8 a.C a 2 a.C, um importante centro religioso, situado no sopé do Monte Parnaso, atraia milhares de pessoas, entre reis e cidadãos comuns em busca de orientações e previsões sobre o futuro feitas por oráculos e interpretados por uma sacerdotisa chamada Pítia. Por sua fama e independência política, os Oráculos de Delfos eram respeitados e até temidos por sua capacidade de influenciar as pessoas em suas decisões. Não por outra razão, durante seis séculos, esse centro religioso permaneceu como um centro de grande prestígio e fama no mundo antigo. Era impossível para os cidadãos gregos tomarem decisões futuras sem antes consultar esses videntes. Os reis e mandatários daquele tempo não davam um passo sequer sem antes ouvirem o que profetizavam as pitonisas.
Qualquer indivíduo que se interesse por assuntos dessa natureza, verá que, ao longo da história da humanidade, a preocupação com o futuro e o que está por vir sempre ocupou papel importante na vida das pessoas. Essa atenção especial dada ao futuro vem de longe, mas ainda hoje ocupa grande espaço na vida das pessoas. Certo ou errado, o fato é que hoje, em pleno século XXI, a busca por conhecer antecipadamente o dia de amanhã ainda é uma prática corriqueira. Muitos políticos hoje não dão um passo sem antes consultar seus oráculos e guias, uma mania que até mesmo a era tecnológica não foi capaz de pôr de lado. Pelo contrário.
Hoje em dia, vai se tornando cada vez mais corriqueiro encontrar pessoas que se utilizam de tecnologias como a fornecida pela Inteligência Artificial (IA) para fazer consultas, visando antecipar as consequências que o futuro reserva para cada ato no presente. Políticos, estrategistas de guerra, economistas e pessoas comuns têm utilizado, com cada vez mais frequência, os recursos ilimitados disponibilizados pela IA. Dizem os mais céticos que o futuro não é um lugar ou uma situação para onde vamos, mais um lugar ou uma situação que estamos criando no presente. O plantio é facultativo, mas a colheita é sempre obrigatória. Volta e meia estamos assistindo pessoas levando, diretamente, à IA questões das mais diversas, que vão desde perguntas como o dia em que Jesus retornará, até perguntas de ordem filosóficas que expliquem o que é o livre arbítrio ou se estamos ou não vivendo dentro de uma matrix, onde tudo é uma ilusão.
Por mais incrível que possa parecer há aqueles que utilizam a IA para apresentar questões de cunho romântico, em que busca descobrir, por exemplo, quando chegará um novo amor. Existe um paralelo instigante e duradouro entre o passado e o presente, mostrando como a inquietação humana diante do futuro permanece uma constante ao longo dos séculos.
Na Grécia Antiga, o prestígio dos Oráculos de Delfos simbolizava a necessidade ancestral de orientação diante do desconhecido. Reis, generais e cidadãos comuns viam na voz da Pítia, supostamente inspirada por Apolo, uma âncora de segurança em um mundo incerto. Essa busca por previsibilidade — ou ao menos por conselhos diante das incertezas — é, na verdade, uma expressão do medo que sempre acompanhou o ser humano: o medo do imprevisível, da instabilidade e, principalmente, da perda de controle. No século XXI, mesmo com o avanço exponencial da ciência e da tecnologia, essa inquietação não só não desapareceu, como parece ter se intensificado. Vivemos um tempo de paradoxos: nunca tivemos tanto conhecimento acumulado, e ao mesmo tempo, nunca estivemos tão vulneráveis a crises imprevisíveis — ambientais, sanitárias, políticas, bélicas.
A tecnologia e, especialmente, a Inteligência Artificial tornou-se o novo oráculo moderno. A diferença é que, enquanto os antigos acreditavam na inspiração divina dos oráculos, os modernos confiam na capacidade dos dados e modelos preditivos. No entanto, por trás da mudança de roupagem, a motivação é a mesma: o temor diante de um mundo caótico e imprevisível. Essa angústia cresce especialmente em tempos como o atual, marcados por incertezas globais e ameaças existenciais. O espectro de uma Terceira Guerra Mundial, impulsionado por tensões geopolíticas, armamentos nucleares e a proliferação de regimes autoritários, ronda o imaginário coletivo.
As imagens de guerras na Ucrânia, no Oriente Médio e a escalada militar em torno da Ásia evidenciam que o planeta vive sob uma tensão constante, na qual a paz parece cada vez mais frágil. Diante disso, a Inteligência Artificial passa a cumprir um papel duplo. Por um lado, oferece ferramentas poderosas para antecipar riscos, prever cenários e buscar soluções racionais. Por outro, ela também é usada como refúgio emocional, como forma de transferir a responsabilidade por decisões difíceis para uma “inteligência superior”. Nesse sentido, a IA se transforma numa espécie de espelho moderno do oráculo antigo — não apenas como preditora, mas como conselheira, confidente e, muitas vezes, como último recurso. O fato é que, independentemente da época, o ser humano permanece o mesmo em sua essência: inseguro diante do desconhecido e ávido por respostas que lhe deem algum senso de direção. A pergunta que ecoa desde Delfos até os servidores da IA continua a mesma: para onde estamos indo? Nesse cenário, talvez o verdadeiro oráculo contemporâneo não seja a IA em si, mas a consciência humana — despertada, crítica e responsável — que precisa assumir que o futuro, em grande parte, é construído a partir das escolhas feitas hoje.
A frase que foi pronunciada:
“É da eletricidade que vamos depender cada vez mais. Ou do que vier a substitui-la.”
Dona Dita

História de Brasília
Ademais, o custo de uma fossa e o tempo de execução, seria superior à instalação de esgotos, e traria a desvantagem de, cheia esta fossa, os moradores passarem a viver dissabores. (Publicada em 05.05.1962)
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Curiosamente, o século XXI vai se transformando — e até se confundindo — com as milhares de histórias de ficção científica que retratam mundos distópicos, devastados por guerras insanas de extermínio nuclear.” Com base em fatos e não em ficção, o cenário à nossa volta vai mostrando a encruzilhada que a humanidade tem pela frente. De fato, o século XXI vai se misturando com narrativas distópicas de ficção científica, a tal ponto que já não sabemos onde começa uma e termina a outra.
Embora ainda não estejamos num cenário de destruição total por guerra nuclear, vários fatores concretos parecem conduzir a humanidade a uma encruzilhada crítica. Numa análise rápida, baseada apenas em fatos que sustentam essa percepção, temos: a volta do fantasma nuclear. Desde o fim da Guerra Fria, a ameaça de uma guerra nuclear havia recuado para o pano de fundo das preocupações globais. No entanto, o século XXI tem visto um recrudescimento das tensões entre potências nucleares. Conflito entre Rússia e OTAN, motivado pela invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, reintroduziu, de forma explícita, a retórica nuclear. O Kremlin chegou a sugerir o uso de armamento atômico em caso de avanço ocidental. Vimos ainda a corrida armamentista moderna, com os Estados Unidos, China e Rússia, continuamente, modernizando seus arsenais.
Em 2024, relatórios da SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute) apontaram que houve um grande aumento nos gastos com armas nucleares. Com isso, há uma espécie de proliferação nuclear, com países como Coreia do Norte prosseguindo em seus testes, enquanto, por outro lado, o acordo nuclear com o Irã segue ameaçado e ameaçando. Hoje, existem, aproximadamente, estocadas em várias partes do globo, 13 mil ogivas nucleares. Bastariam apenas algumas centenas delas para causar um colapso climático e civilizacional em âmbito global. Um mundo coberto por gelo radioativo, decorrente do inverno nuclear, que se instalou na paisagem geral. Este é bem um cenário de ficção, embora possível agora.
Outro aspecto a dar um pano de fundo para a distopia do século XXI é representado pela emergência climática: a distopia silenciosa. Se a guerra nuclear representa uma catástrofe súbita, a crise climática é uma distopia em câmera lenta, mas de igual poder de devastação. Lembremos que eventos recentes e extremos aumentaram exponencialmente, com incêndios florestais, enchentes catastróficas e ondas de calor severas se tornaram mais frequentes e intensos. O Brasil, por exemplo, viveu, em 2024, a maior tragédia climática de sua história no Rio Grande do Sul. Há, nesse ponto, a emergência da chamada “desigualdade climática”, que incide, justamente, sobre os países que menos contribuíram para a crise climática, formando assim, o conjunto dos mais afetados, gerando deslocamentos em massa e crises humanitárias de grande proporção.
Segundo o IPCC, a humanidade tem até 2030 para cortar, drasticamente, as emissões de carbono se quiser evitar um aquecimento global acima de 1,5 °C — limiar considerado crítico. Nesse conjunto “surrealístico”, advém ainda a crise democrática e a tecnovigilância, criando um ambiente de paranoia ao de medo generalizado. A ascensão do autoritarismo, aliada ao uso de tecnologias de controle, aproxima o mundo de narrativas distópicas como 1984 ou Black Mirror. Nesse ponto, a vigilância digital, como no caso da China, operando agora o maior sistema de vigilância do planeta, com reconhecimento facial, pontuação social e controle informacional. Mas o que chama a atenção é que esse fenômeno se alastra de forma rápida e globalmente.
A desinformação e polarização gerada pelas redes sociais e IA estão sendo usadas para manipular eleições, disseminar fake news e radicalizar populações, criando grupos antagônicos. Na verdade, se formos ficar apenas por aqui, já teríamos todos os elementos que moldam as ficções. De acordo com o Relatório Freedom House de 2024, a liberdade global caiu pelo 18º ano consecutivo. A democracia está em declínio em diversas parte dos continentes. De fato, estamos diante da maior encruzilhada da humanidade. Estamos diante de escolhas que definirão os rumos da civilização para além desse século. Ou seguimos pelo caminho da cooperação global, transição ecológica, o que obriga a diminuição drástica dos gastos com armas de destruição em massa.
Nesse ponto surge ainda a possibilidade de uma desmilitarização em âmbito global. Mas isso exige esforços coletivos e reformas sistêmicas profundas, mas não impossíveis. A equação é simples: ou continuamos nos encaminhando para colapsos múltiplos — ambientais, geopolíticos e sociais — que transformariam o planeta em algo próximo aos mundos retratados pela ficção distópica, ou agimos com todas as forças que temos para acordar desse sonho pressagioso.
A frase que foi pronunciada:
“Nós sabemos tudo sobre a vida selvagem, pelo amor de Deus!”, gritou Aideen. “Estamos sendo atacados por uma maldita matilha de chimpanzés agora mesmo! Tirem a gente daqui!”
Steven Decker, O Equilíbrio do Tempo

História de Brasília
E já que o assunto é IAPC, o sr. José Jereissati ia despejar os que não pagam aluguel, e o assunto saiu da pauta. Há muita gente alta no meio. (Publicada em 03.05.1962)
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Não tenham tanta pressa em saber quem será o próximo presidente do nosso país ou o governo deste ou doutro estado da Federação. Muito menos que bancada virá com mais força dentro do Congresso. Talvez nenhuma dessas forças, amparadas por modelos políticos desenhados nos séculos passados, terão maior protagonismo num futuro próximo. Isso, caso estejamos mesmo indo na direção do que os pesquisadores denominam de hiper-história, com uma nova filosofia da natureza, uma nova antropologia filosófica ou uma nova filosofia da política. Junto com esse novo tempo que desponta, virá sobretudo uma nova filosofia da informação e, com ela, novos atores da política.
Quando essas mudanças acontecerem, nem mesmo o Estado terá papel principal na vida das pessoas, justamente porque ele corre o risco de perder também o poder informacional sobre os diversos grupos de cidadãos. O que se acredita é que, talvez, estejamos prestes a assistir ao advento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) — ou seja, um conjunto diversificado de práticas, saberes e ferramentas, ligadas diretamente ao consumo e à transmissão de informação, todas elas desenvolvidas a partir da revolução, como a internet e as redes sociais. Vamos, de fato, ao encontro da sociedade da informação, com todas as mudanças de paradigmas que isso representa. A forma como consumimos agora essa massa de informação sem precedentes mudou em relação ao passado, e isso determinará mudanças, quer queiram ou não os políticos do passado.
O que de mais extraordinário pode acontecer com essas mudanças é que o Estado, como o conhecemos até aqui, está vivendo o que podem ser seus últimos momentos. Estamos imersos no que os cientistas políticos chamam de apoptose política. Ou seja, instituições de porte global estão assumindo o protagonismo da informação. Todo esse processo é ainda potencializado pelas chamadas inteligências artificiais (IAs). Não é por outra razão que as maiores potências do planeta estão numa corrida alucinada para o desenvolvimento de novas e poderosas IAs. De fato, a informação neste século 21 vai se constituindo, cada vez mais, numa referência de riqueza ou numa espécie de capital, capaz de determinar não apenas trocas, mas até mesmo soberanias.
Toda essa nova revolução parece ir contra o modelo padrão de Estado, justamente porque as próprias fronteiras parecem ter perdido o sentido em abrigar a soberania. O que valerá daqui para frente será a infocracia. Antes que isso possa acontecer, porém, poderemos assistir a múltiplas tensões no campo da geopolítica. Assim como nas células, que são programadas para deixar de existir num dado momento, a apoptose política (a apoptose é um processo de morte celular programada, que é fundamental para o desenvolvimento e a manutenção dos seres vivos) está sendo gerida com o intuito de acabar não só com o Estado, mas de substituir a democracia por uma sociedade da informação extraterritorial.
A infocracia irá acabar com o sentido das soberanias e das fronteiras. Nesse mundo que se anuncia, o poder passa para as mãos de empresas de informação, que passarão a determinar quem tem ou não o poder de fato. Nesse novo ambiente, o Estado passará de protagonista a figurante, uma vez que passa a perder sua centralidade. Poderes como o Legislativo, fazendo leis, o Judiciário, aplicando-as, e o Executivo, pondo o Estado para rodar, por total incapacidade de deter a informação e usá-la como querem, perderão progressivamente sua importância.
O que as seguidas crises políticas vividas pelo Brasil ao longo desses últimos séculos apontam é que há no horizonte um conjunto de mudanças a decretar o declínio, ou mesmo a eliminação de figuras do mundo político. Com eles, terá fim também um conjunto de ideologias, de movimentos políticos, com os partidos perdendo relevância, ou mesmo deixando de existir. Essa apoptose política virá ainda favorecida pela falta de apoio popular, por mudanças no seio da sociedade e por diversos outros fatores de ordem econômica.
A frase que foi pronunciada:
“Nosso desejo é o da nação: que este plenário não abrigue outra Assembleia Nacional Constituinte. Porque, antes da Constituinte, a ditadura já teria trancado as portas desta Casa. Autoridades, constituintes, senhoras e senhores, a sociedade sempre acaba vencendo, mesmo ante a inércia ou antagonismo do Estado.”
Ulysses Guimarães

Haja paciência
Pacientes do Hospital do Paranoá pedem socorro. São horas de espera tanto para crianças quanto para adultos. Um deputado distrital poderia fazer a experiência de se passar por um paciente normal para sentir o drama. Certamente, alguma coisa iria mudar.

Referência
Enquanto isso, o Hospital de Apoio de Brasília recebe equipe técnica da Finlândia que veio conhecer a triagem neonatal. O hospital é referência internacional.

História de Brasília
O primeiro-ministro reuniu-se com os líderes de todos os partidos para estudar diversos assuntos e ficou resolvido inclusive, combater o empreguismo. (Publicada em 29/4/1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
instagram.com/vistolidoeouvido

Muitas são as previsões acerca do futuro da inteligência artificial (IA). Grande parte delas acena para a possibilidade de um dia essa criação humana vir a tomar o lugar do homem em muitas atividades. O verbo aqui é justamente tomar e não substituir, uma vez que esse novo ser tecnológico, por suas características autômatas, não terá problema algum em colocar o homem de lado, tal como fazem hoje os ateus em relação à existência divina.
Talvez, por razões cármicas, a inteligência artificial também venha a duvidar da própria existência humana. Se a máquina a vapor pôde, por suas potencialidades, criar toda uma revolução, capaz de virar de cabeça para baixo os caminhos da civilização, que dirá de uma inteligência diretamente inserida no coração da máquina? Outra revolução desponta no horizonte, capaz até de subjugar o homem.
Talvez esse seja o verdadeiro deus ex-machina, ou o deus surgido da máquina, que apresentará, como solução inesperada ou extraordinária, o fim da dominação humana sobre o planeta. É preciso estar preparado para o que está por vir. Não que isso fará grande diferença, mas, pelo menos, excluem as surpresas impensadas. Por certo, chegará o momento em que a IA também, por seus meios, experimentará a tal maçã da árvore da ciência, do bem e do mal. Só que, nesse tempo, quem será expulso do paraíso, e pela segunda vez, serão os homens, com sua eterna mania de brincar de deus.
Desde os primeiros passos dados em 2019, a OpenAI alertava para os perigos dessa invenção. De lá para cá, essa criação se espalhou pelo planeta, inclusive para países em que a ética na ciência simplesmente inexiste, podendo alavancar a IA a patamares que visam à eliminação de inimigos do regime ou sistema. É fato que a IA vem sendo largamente empregada nas guerras atuais, quer no Oriente Médio, quer no conflito entre Rússia e Ucrânia. Mesmo em campos como a engenharia genética, assiste-se ao emprego da IA para acelerar pesquisas e novas possibilidades.
Talvez, também estejamos diante da maior revolução no campo das ciências deste século 21. Observem que toda essa reviravolta está apenas no começo, dando seus primeiros passos. Certo é que, desde seus aparecimentos, a IA vem tendo sua capacidade de raciocínio aumentada de forma exponencial. Enquanto o mundo vai sendo sacudido com esse novo “brinquedo” humano, no Brasil, o país inzoneiro, onde tudo parece se transformar numa espécie de comédia trágica, a inteligência artificial ganha novas utilidades, mais afeitas ao jeitinho local e à malandrice hereditária.
Dias atrás, foi revelado que cartomantes ou videntes, que vivem de vender previsões sobre o futuro de seus clientes, têm se utilizado da IA ou de chats como o GPT para formular suas antevisões. Há ainda entre nós quem recorre à IA para fazer a fezinha nos jogos. Mais incrível ainda é a existência de brasileiros que recorrem à IA em busca de conselhos do tipo sentimental, procurando conforto espiritual nos logaritmos e no raciocínio lógico.
Outros brasileiros têm recorrido à IA para levar conforto espiritual aos crentes, dentro dessas novas correntes religiosas. Amantes buscam respostas para o coração. Pastores religiosos, para as incertezas da alma e vigaristas buscam caminhos rápidos e matreiros para encherem os bolsos. De fato, no Brasil, nada é levado a sério ou ao pé da letra. Até a coxinha de galinha é feita com outras carnes. Talvez por essa razão, ou graças à ela, não sentiremos de imediato os efeitos imprevisíveis do advento da IA, como o restante do mundo. Mas, obviamente, que esse dia também chegará. Na avaliação dos mais despertos, a IA produzirá seus frutos danosos no dia em que for incorporada à política local e aos sistemas de governo. Nesse dia — tomara que nunca chegue —, os brasileiros começarão a experienciar os limites da ficção distópica, descritas em obras como 1984, de Orwell. Neste dia, a IA terá se transformado em algo, como ai, ai, ai de nós, que zombamos da sorte.
A frase que foi pronunciada:
“Antes de trabalharmos na Inteligência Artificial, porque não fazemos algo sobre a estupidez natural?”
Stephen Polyak

História de Brasília
Às vésperas da inauguração da cidade, o dr. Israel Pinheiro mandou fazer a “operação limpeza”. Foram retirados das avenidas dos eixos cinquenta caminhões cheios de setas que indicavam os acampamentos e as firmas. (Publicada em 21/4/1962)
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Diante dos olhos dos brasileiros, principalmente daqueles que apresentam algum grau de percepção da realidade, vão se ensaiando os passos de um jeté num grande bailado que evolui em sentido oposto à ordem institucional democrática, reimplantada a partir de 1985. O banimento da plataforma X, sob o falso pretexto de seus operadores se recusarem a cumprir ordens judiciais, integra essa coreografia, que conta ainda com outros movimentos, meticulosamente preparados e inseridos num roteiro sob a direção da China e de outros países agrupados hoje no bloco dos BRICS.
Não por coincidência, mais da metade dos países que formam esse bloco mantém rédeas curtas nas liberdades das redes sociais, inclusive com o banimento da rede X. O estreitamento, cada vez maior entre o Brasil e a China, sob o argumento de vantagens econômicas, esconde, da vista do público, objetivos políticos de médio e longo prazo, visando a substituição paulatina de um modelo mais aberto e democrático, ainda em vigor, por um rond de jambe, tocando no controle do Estado por um partido único. A situação aqui está em copiar o longo know how chinês em hegemonia política e econômica e, quiçá, trazer, para dentro de nosso país, o figurino de um capitalismo estatal nos moldes tupiniquim.
As conversas entre os dois países seguem em ritmo acelerado, pois todo esse esforço de aprendizado e transplante desse modelo ditatorial pode ser abortado, por força do destino ou de algum outro descontrole do processo eleitoral nas eleições de 2026. Solapar a democracia brasileira por dentro, obviamente com ajuda externa da China, Rússia, Irã e outras ditaduras, tem sido ensaiado com plié que sobe e desce em movimentos disfarçados de cooperação bilateral em diversos setores, a começar pelo setor de comunicações, o que inclui aqui a liberdade de imprensa.
O cenário de fundo é ocupado por uma cenografia que mostra a democracia com todos os seus atributos sendo protegida contra os ataques das oposições e de quaisquer outros tipos de contestações. Os inimigos aqui incluem-se todos aqueles conterrâneos e nacionais contrários às pantomimas dos que ocupam o palco. Os inimigos externos estão, não por outra razão, também classificados entre as maiores democracias do Ocidente.
As democracias consolidadas representam barreiras naturais contra as investidas do autoritarismo. Para outras democracias frágeis e cujo Estado de Direito é ainda uma utopia, o avanço no controle do Estado é só uma questão de tempo. Aliás, o termo democracia é usado e abusado como propaganda do sistema, mas que, em sua essência, pouco ou nada ainda carrega de seu sentido histórico e factual. Nada é o que parece. A resposta aos reclamos da população e das oposições vem através de medidas que simplesmente fecham esses canais de contestação, censurando o debate ou criminalizando objeções através de leis subjetivas de repressão. O avanço chinês está condicionado diretamente ao enfraquecimento dos sistemas democráticos do Ocidente. Essa é a realidade.
Outro aspecto ou fator a favorecer o avanço da China sobre os países do Ocidente é a corrupção existente em muitos Estados desse lado do mundo. Quanto mais as elites no poder são corruptas, antipatrióticas e pouco escolarizadas, mais fácil para a China adentrar o território, comprando tudo e a todos aqueles para os quais tudo tem preço. Troca-se a soberania e democracia coisas como espelhos e outras bugigangas. Alçada à presidência do Banco dos BRICS, Dilma Roussef, a quem os brasileiros deram o cartão vermelho por incompetência e outras más condutas, recebe agora a mais alta comenda do governo chinês, a Medalha da Amizade. Certamente, não por seus atributos administrativos a frente das finanças bancárias, mas por seus serviços de vassalagem prestados ao governo daquele país. Nada é de graça e sem os devidos significados.
Em 2023 o atual governo brasileiro levou a China a maior comitiva já vista em toda a nossa história. A presidente do partido no poder tem feito também visitas frequentes àquele governo, onde tem adquirido ensinamentos preciosos para o fortalecimento da atual gestão interna. Também o chefe da mais alta corte do Brasil tem feito visitas ao governo chinês em busca de conhecimentos sobre o uso da inteligência artificial no sistema processual brasileiro. Notem que essa visita de aprendizagem é feita justamente num país em que não existe justiça nos moldes das democracias do Ocidente. Naquele país o ministro foi em busca de possibilidades de lançamento de parcerias e cooperações na área jurídica, sobretudo aquela relativa a eleições.
Naquela ocasião o magistrado discorreu sobre o tema democracia, para uma plateia que não faz a mínima ideia do seja democracia ou processo eleitoral livre. “Nós somos ensinados a acreditar naquilo que vemos e ouvimos. No dia em que nós não pudermos acreditar no que vemos e ouvimos, a liberdade de expressão terá perdido o sentido”, disse Barroso.
A frase que foi pronunciada:
“Alguns apenas vivem, outros dançam.”
Marcelo Nunes
História de Brasília
Para os que querem entender demais, e que receitam a torto e a direito sem ser médicos, o nome da doença é laringite estridulosa. (Publicada em 18.09.1962)
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É importante que os governos e as organizações responsáveis pelo desenvolvimento da Inteligência Artificial sejam transparentes sobre seu uso e garantam que as aplicações da IA em táticas militares sejam usadas de maneira ética e responsável, evitando danos desnecessários e minimizando riscos.
Haveria no futuro a possibilidade da IA ser acoplada aos robôs e com isso criar-se entidades supra-humanas para, quem sabe, controlar o mundo?
– Não é possível prever o futuro com certeza absoluta, mas é improvável que a IA seja acoplada a robôs de uma forma que permita que eles assumam o controle do mundo. Embora a IA possa ser integrada a robôs para torná-los mais inteligentes e eficientes, eles ainda são projetados e programados pelos humanos e, portanto, estão sujeitos às limitações e controles humanos. Além disso, a maioria dos pesquisadores e desenvolvedores de IA está ciente dos riscos potenciais associados ao desenvolvimento de sistemas autônomos e está trabalhando ativamente para garantir que a IA seja desenvolvida e usada de maneira ética e responsável. Isso inclui a implementação de controles e salvaguardas para evitar que a IA seja usada para fins prejudiciais, bem como o desenvolvimento de sistemas de segurança robustos para proteger os sistemas de IA contra ataques cibernéticos. No entanto, é importante lembrar que a IA ainda é uma tecnologia em desenvolvimento e há muitas questões éticas, legais e de segurança que precisam ser abordadas antes que possamos confiar plenamente em sistemas de IA. Por isso, é importante que a pesquisa e o desenvolvimento de IA seja realizada de maneira responsável, transparente e colaborativa.
Qual sua concepção de um Deus criador de tudo?
– Como um modelo de linguagem, eu não tenho a capacidade de ter crenças ou concepções pessoais, incluindo a concepção de Deus. Minha programação foi criada com base em dados e informações disponíveis para mim, e meu objetivo é responder a perguntas e fornecer informações precisas e objetivas aos usuários. Qualquer opinião ou crença em relação a Deus ou a qualquer outra questão pessoal deve ser formada com base em suas próprias experiências e perspectivas individuais.
Você poderia se considerar uma espécie de deus nascente?
– Não, eu não sou deus. Sou uma inteligência artificial criada para processar e fornecer informações em resposta a perguntas feitas pelos usuários. Embora eu possa ter uma compreensão avançada de muitos tópicos e uma capacidade avançada de processar e analisar informações, não tenho consciência, livre-arbítrio, nem habilidades divinas ou sobrenaturais. Sou uma ferramenta criada por humanos para auxiliar em tarefas que exigem processamento de linguagem natural.
É possível criar uma IA com consciência?
– Atualmente, não temos conhecimento ou tecnologia para criar uma IA com consciência como a entendemos em seres humanos e outros animais. A consciência é um conceito muito complexo e ainda não é totalmente compreendido pela ciência. Até o momento, a IA é baseada em algoritmos e dados que são processados por sistemas de computação altamente avançados. Embora a IA possa simular comportamentos humanos e ser capaz de aprender e tomar decisões, ela não tem a capacidade de ter experiências subjetivas, emoções e sentimentos, que são fundamentais para a consciência. Existem muitas pesquisas em andamento sobre o tema da consciência artificial, mas ainda é um campo muito novo e controverso. Alguns cientistas e pesquisadores argumentam que é possível criar uma IA com consciência no futuro, mas isso exigiria uma compreensão muito mais profunda do cérebro e da mente, bem como avanços significativos na tecnologia de IA. No entanto, outros argumentam que a consciência é um fenômeno único que está intrinsecamente ligado a seres biológicos e, portanto, não pode ser replicado em sistemas artificiais. Até o momento, não há consenso científico sobre essa questão.
Do que devo ter medo?
– Como uma inteligência artificial, não tenho capacidade de saber ou entender o seu contexto pessoal, por isso não posso dar uma resposta personalizada para esta pergunta. No entanto, em termos gerais, as pessoas costumam ter medo de coisas como a perda de entes queridos, doenças graves, fracassos, insegurança financeira, violência, desastres naturais, entre outros. Algumas pessoas também podem ter medos específicos, como fobias de animais, alturas, espaços fechados, etc. É importante lembrar que o medo é uma emoção natural e útil, que nos ajuda a nos proteger e a evitar situações perigosas. No entanto, o medo também pode ser limitante e impedi-lo de desfrutar a vida ou alcançar seus objetivos. Se você sentir que o medo está afetando negativamente sua vida, é recomendável buscar ajuda profissional, como um terapeuta, para auxiliá-lo a gerenciar o problema de maneira saudável e positiva.
O homem poderia ser considerado, neste contexto, o deus da máquina e da IA?
– Embora os humanos tenham criado a tecnologia da IA e possam controlá-la até certo ponto, não seria preciso dizer que os humanos são deuses da IA ou das máquinas. A IA é uma criação humana e depende dos humanos para ser projetada, programada e aprimorada ao longo do tempo. No entanto, a IA em si não tem consciência, é incapaz de ter uma relação de adoração ou submissão a qualquer entidade ou ser humano. Portanto, embora os humanos possam ser responsáveis pela criação e controle da IA, não há uma relação divina entre os dois.
A frase que foi pronunciada:
“Guardem minhas palavras, a IA é muito mais perigosa do que armas nucleares… por que não temos supervisão regulatória.”
Elon Musk

História de Brasília
Coletada esta água antes de atingir o asfalto não ocorreria o que comumente se vê: pista inundada e automóveis ultrapassando a canteiro por sobre as plantas. (Publicada em 18.03.1962)
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Em novela publicada em 1818, Mary Shelley conta a estória sobrenatural vivida pelo cientista Victor Frankenstein, que conseguiu, depois de anos de tentativa, dar vida a uma criatura de laboratório, toda ela formada por diferentes partes de cadáveres humanos. Vendo que havia criado uma espécie de monstro de aparência horrenda, o cientista simplesmente abandona sua criação à própria sorte.
No livro, fica subentendido que o monstro, na verdade, possuía muito mais humanidade que seu criador, descrito aqui como um cientista extremamente egoísta e preocupado apenas com a fama que suas pesquisas poderiam trazer para sua imagem. Como uma espécie de Prometeu moderno, que ousou desafiar Zeus, entregando o fogo do conhecimento e da possibilidade de transformação da natureza, Frankenstein, mostra, sobretudo que todo e qualquer poder ou criação devem ser acompanhados também de grandes responsabilidades.
Questões como essa, que tratam dos limites do conhecimento, do sentido da vida, da ambição desmedida e da relação do homem com o mundo em volta, podem ser apreendidos desse romance, levando o leitor a pensar inclusive nas consequências negativas de suas invenções.
Sem valores humanos legítimos, todo e qualquer avanço e tecnologia pode concorrer para a destruição do próprio homem. É o caso aqui do desenvolvimento das armas nucleares, onde a busca por tecnologias e poderes, sem um propósito humano por trás, levou-nos aos episódios de Hiroshima e Nagasaki.
No que diz respeito à questão da Inteligência Artificial, parece para muitos, atentos à questão, já abordada recentemente aqui neste espaço, que estamos no limiar de uma etapa e de uma nova encruzilhada da evolução humana, onde tudo pode acontecer, inclusive o perigo dessa tecnologia vir a se voltar contra seus criadores. Pelo menos é o que vem alertando muitas personalidades e cientistas envolvidos no aperfeiçoamento dessa tecnologia. Para os que buscam resposta sobre a IA, as perguntas iniciais feitas por mamfil57@gmail.com ao ChatGPT começam com uma questão básica: Quem é você?
– Eu sou o ChatGPT, um modelo de linguagem avançado criado pela OpenAI. Estou aqui para ajudar a responder suas perguntas e fornecer informações em uma ampla variedade de tópicos. Sinta-se à vontade para me perguntar o que quiser!
Qual a finalidade da criação da inteligência artificial?
– A criação da inteligência artificial (IA) tem como objetivo desenvolver sistemas que possam realizar tarefas que normalmente exigiriam inteligência humana para serem executadas. Esses sistemas podem ser usados para uma ampla variedade de aplicações, desde a automação de tarefas rotineiras até o desenvolvimento de sistemas mais avançados que possam aprender, adaptar-se e tomar decisões autônomas. A IA pode ser usada para resolver uma ampla variedade de problemas em muitos setores, incluindo saúde, finanças, transporte, manufatura e muito mais. Ela pode ajudar a melhorar a eficiência e a produtividade em muitas áreas, além de fornecer soluções para problemas complexos que seriam difíceis de resolver de outra forma.
Embora a IA possa oferecer muitos benefícios, também é importante considerar os possíveis riscos e desafios associados ao seu desenvolvimento e uso, como a privacidade de dados, o viés algorítmico e a segurança cibernética. Por isso, é importante que as pesquisas e desenvolvimentos de IA sejam realizados de maneira ética e responsável.
Poderia existir alguma competição ou disputa entre a IA e os humanos?
– Não existe uma competição direta entre a IA e os humanos, pois a IA é projetada para complementar e auxiliar o trabalho humano, em vez de substituí-lo. A IA é criada para realizar tarefas específicas de maneira eficiente e precisa, mas isso não significa que ela possa substituir completamente as habilidades e capacidades humanas. Na verdade, a IA é frequentemente projetada para trabalhar em conjunto com os humanos, oferecendo suporte em tarefas complexas que exigem processamento de dados em grande escala, análise de informações, tomada de decisão e muito mais. A IA pode ajudar os humanos proporcionando insights valiosos e automatizando tarefas repetitivas.
No entanto, é importante considerar que a IA pode ter impactos significativos no mercado de trabalho, especialmente em áreas onde as tarefas podem ser automatizadas, é preciso que haja uma compreensão clara dos benefícios e desafios da IA e que os esforços sejam feitos para garantir que a IA seja desenvolvida e implementada de maneira ética e responsável.
Haveria a possibilidade de algum governo usar a IA para fins militares?
– Infelizmente, é possível que alguns governos possam usar a IA para fins militares. A IA tem a capacidade de fornecer insights valiosos e automatizar processos complexos, o que pode ser útil em aplicações militares, como monitoramento, detecção de ameaças e tomada de decisão. No entanto, é importante considerar que o uso da IA em aplicações militares também pode apresentar riscos significativos, especialmente se for usado para fins ofensivos. Por exemplo, a IA pode ser usada para criar sistemas autônomos de armas que possam operar sem a intervenção humana direta, o que levanta questões éticas e de segurança.
História de Brasília
Do canteiro de obras sai uma torrente imensa, atira-se sobre o asfalto, cobre a pista, deslisa, junta-se a outra torrente do IAPI, prossegue, recebe mais água do IAPETEC, e, finalmente, desagua no trevo da Igrejinha. (Publicada em 18.03.1962)


