O barato que sai caro. Carta de um concurseiro.

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VISTO, LIDO E OUVIDO
Criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Com Circe Cunha  e Mamfil

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    Cara Circe Cunha, espero poder contar com o seu espaço para trazer a voz de milhares de concurseiros à sua coluna no Correio Braziliense. Brasília é a capital dos concursos e estamos totalmente desamparados. No dia 02 de outubro de 2018, foi publicado o edital nº 01 do concurso público para provimento de vagas em cargos de nível superior da Advocacia Geral da União (AGU), abrangendo os cargos de Administrador, Analista Técnico-Administrativo, Arquivista, Bibliotecário, Contador, Técnico em Assuntos Educacionais e Técnico em Comunicação Social. A banca responsável pelo certame foi IDECAN e as provas estavam marcadas para o dia 09 de dezembro. Concurseiros de todo o Brasil, aguardavam desde 2014, por uma nova oportunidade de ingressar em um órgão tão significativo do Poder Executivo.

   Vida de concurseiro, pelo menos aqui em Brasília, todos sabem como é: gastos com cursinhos preparatórios, aulões e livros; abstenção de momentos em família e entre amigos; em média 8 a 12 horas de estudos por dia, de domingo a domingo, forma sistematizada entre os estudantes; um sacrifício maior ainda por parte daqueles que precisam conciliar os estudos com o trabalho, esposa e filhos, como é o meu caso. A rotina que já é cultura em nossa cidade. Além dos conteúdos básicos e específicos para cada prova, é essencial um bom conhecimento da banca, da sua tradição. O IDECAN, uma banca até então sem relevância nacional, especialista apenas em concursos pequenos de prefeituras,  lançou-se por baixo custo a grandes editais.

   Em Brasília, o IDECAN venceu a licitação para realizar o concurso do CBMDF por um valor de R$ 2.012.900 reais. Resultado: no dia da prova do cargo: qbmg02 os candidatos não receberam o cartão de respostas com os nomes corretos e deveriam, a pedido da banca, riscar à caneta o nome diferente da sua identidade que estava impresso no cartão de respostas e escrever o próprio nome por cima, ato que por si só seria suficiente para anular a integridade do Concurso. Na prova de oficiais o despreparo da banca foi ainda mais escandaloso. O que seria uma simples tarefa não foi executada. O IDECAN foi incapaz de entregar a folha de redação para todos os candidatos. A instrução a seguir foi a  de escrever a redação, em uma folha A4 em branco,  e colocar todos os dados pessoais. Um verdadeiro absurdo. Final da novela. As provas foram anuladas a pedido do Ministério Público do Distrito Federal que recomendou sob alegação de “inconsistência relativa à ausência de folhas de respostas da prova discursiva”. Depois disso pelo baixo preço cobrado, a PMDF havia escolhido o IDECAN para a realização do certame da corporação, entretanto, com sensatez, diante do circo de horrores, decidiu por desclassificá-la e contratar o segundo colocado.

   Pois bem. Não é novidade para ninguém que o concurso da Advocacia Geral da União também foi marcado por diversos problemas, a começar pelo cancelamento das provas aplicadas no período matutino e para o cargo de Técnico em Comunicação Social . O motivo teria sido uma falha na logística que causou o atraso e até mesmo a não entrega dos cadernos de provas em quatro cidades: Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ) e São Luís (MA). Como um dos candidatos ao concurso, cheguei ao local de provas com mais de uma hora de antecedência, verifiquei se o meu nome constava na lista fixada no lado de fora da universidade e aguardei a abertura dos portões.

   Às 8 horas liberaram a entrada e, aparentemente, tudo corria bem. Até que me deparei com a primeira questão: Por que não passamos por detectores de metais ao entrarmos nas salas? Geralmente, é o que acontece, como podem atestar quem tem experiência com bancas mais competentes. Sendo assim, qualquer candidato mal intencionado poderia entrar com qualquer artifício que facilitasse uma possível fraude e permanecer até o final das provas, sem que ninguém percebesse.

   A segunda questão diz respeito ao despreparo dos fiscais de prova. Na minha sala, a orientação quanto aos horários foi passada de forma incorreta e, como é proibido o uso de relógios e qualquer tipo de eletrônico durante a realização das provas, dependemos dos fiscais para estimar o nosso tempo. Mesmo com essas falhas, quem estava ali não imaginava  o que  estava por vir.

 O concurso com provimento de vagas em cargos de nível superior da Advocacia Geral da União (AGU), abrangendo os cargos de Administrador, Analista Técnico-Administrativo, Arquivista, Bibliotecário, Contador, Técnico em Assuntos Educacionais e Técnico em Comunicação Social teve as provas encerradas às 13h 30min e as próximas iniciariam às 15h. Como deveria estar presente às 14h, almocei no carro com a família e voltei à universidade para a segunda etapa.

   As falhas ocorridas no período da manhã se repetiram. Além disso, em outras salas, problemas muito piores ocorreram. Em um dos pacotes de cadernos de provas para o cargo de Analista Técnico-Administrativo havia uma abertura de cerca de 15 centímetros, e um dos cadernos, de cor azul, que estava dentro do pacote, apresentava indícios de que havia sido manuseado, segundo o candidato que se recusou a fazer a prova e abriu um boletim de ocorrência na Delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal. Segundo ele, todos os demais candidatos que presenciaram a cena testemunharam uma possível fraude no concurso. Acesso à reportagem CLIQUE AQUI   Como se não bastasse, em outras salas, ficais autorizaram candidatos a folhear os cadernos de prova antes do horário de início. Houve também candidato passando a prova à lápis sem ser repreendido por nenhum fiscal. Um candidato com nanismo, que solicitou atendimento especial no ato da inscrição do concurso, não teve, sequer, uma cadeira adaptada; uma situação totalmente constrangedora e desrespeitosa. A cadeira em que sentei estava grande para mim, imagino a dificuldade que deve ter sido para ele. É de praxe também que todas as provas iniciem e terminem no mesmo horário, por medidas de segurança. Isso não ocorreu no período vespertino, com uma diferença de tempo que beirou 20 minutos.

   Por fim, na sexta-feira que antecedeu o concurso, os candidatos receberam uma retificação do edital. Uma das alterações dizia respeito a entrega da prova discursiva: “O candidato, ao término da realização da prova discursiva, deverá, obrigatoriamente, devolver a folha de textos definitivos, sendo obrigatória a retirada da folha de identificação anexa, pelo fiscal de sala.” Ao entregar a minha prova, questionei à fiscal sobre a retirada da folha de identificação da minha redação e obtive a resposta de que isso seria feito depois. Observei que o mesmo aconteceu com os outros candidatos da minha sala.

   Ontem a banca IDECAN emitiu uma nota confirmando a reaplicação das provas que ocorreram no período matutino – cargos de Administrador, Contador, Arquivista e Técnico em Assuntos Educacionais – e para o cargo de Técnico em Comunicação Social, que ocorreu no período vespertino, para o dia 27 de janeiro de 2019. Afirmou também, na mesma nota, que “as provas para os cargos de Analista Técnico-Administrativo e Bibliotecário não precisarão ser reaplicadas.” Um prejuízo gigantesco para todos aqueles que se prepararam para esse concurso e, principalmente, para aqueles que se deslocaram de outros estados para a realização das provas. Resta saber se, no dia 27 de janeiro, a banca já terá uma cadeira adaptada para o candidato com nanismo e se respeitará tantas outras solicitações de atendimento especial.

   O que mais causa indignação entre os candidatos é o fato de um órgão tão respeitado quanto à AGU contratar uma banca como a IDECAN (que se intitula como um Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistência Nacional), visto o seu histórico “peculiar” em realização de certames. As perguntas que ecoam entre os estudantes participantes desse concurso são: A realização do último concurso do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal não foi suficiente para atestar a incompetência da banca? Vale à pena escolher um instituto  que apresenta um baixo valor para ganhar dos concorrentes enquanto os estudantes pagam um alto preço pela incapacidade da banca? Fica a reflexão.

A frase que foi pronunciada:

Se você quer ser bem-sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si mesmo.

 Ayrton Senna , que não teve oportunidade de conhecer o IDECAN

IBAMA

   Superintendentes do IBAMA no Acre, Amazonas, Roraima e Rondônia enviaram uma carta oficial ao presidente eleito Jair Bolsonaro denunciando aparelhamento no órgão e empecilhos para o cumprimento de fiscalizações ambientais. Um destaque interessante é sobre o Decreto de Temer que converteu multas em serviços de preservação ambiental. Diz a carta que “após um ano da publicação do decreto, o IBAMA ainda não estabeleceu em regulamento próprio as regras para julgamento dos pedidos de conversão em multa, provocando uma desconfiança ou descontentamento generalizado, levando ao descrédito do estado brasileiro.” Em outro trecho, criticando o loteamento de cargos pelo PT, PSOL, MDB e PCdoB, eles dizem: “a maior autoridade em instrução processual do IBAMA em Brasília é um dos maiores advogados do MST” e mais. O documento afirma que pessoas desses partidos foram identificadas com nome, CPF , SIAPE, cargos, filiação partidária e os papéis que desempenham contra o Estado brasileiro. Acesso à carta CLIQUE AQUI.

 

 

Natal Solidário

   O restaurante Carpe Diem (104 Sul), em parceria com o grupo Setec, está arrecadando brinquedos novos e usados, em boas condições, que serão doados à Creche Fale. A instituição, localizada no Recanto das Emas, cuida de centenas de crianças portadoras do vírus HIV. Os objetos podem ser entregues nos pontos de coleta: Carpe Diem (104 Sul), The Room Bar e lavanderia Acqua Flash, até o dia 21 de dezembro.

Cartaz: facebook.com/CarpeDiemBSB

Outro lado

   Em sua coluna de 12/12, há uma nota sob o título É Natal. Esclarecemos que não é papel do Sindivarejista a formação de mão de obra para o comércio de entrequadras e shoppings. Fundado há 48 anos, o Sindivarejista reúne hoje 35 mil lojas.  Cabe a cada uma delas decidir sobre as formas e metodologia de atendimento envolvendo empregados e consumidores. O sindicato defende o bom atendimento como forma de fidelizar clientes e dinamizar o comércio. Por derradeiro, com todo o respeito, discordamos da coluna quando ela afirma que, no quesito atendimento de lojas, “Brasília é um desastre”. A generalização é um equívoco que pode ser corrigido. A perspectiva é do amigo Kleber Sampaio, assessor de imprensa do Sindivarejista.

Escândalo

   Segundo ambientalistas que trabalham em áreas remotas e em condições de risco de morte, existe hoje um incentivo velado ao desmatamento para a extração de madeira a baixo custo.

Arte e Cultura

   O Google Arts & Culture, disponível em site e aplicativo (iOS e  Android), tem parceria com mais de 1800 instituições culturais de 70 países, que disponibilizam seus trabalhos ao alcance global. São mais de 6 milhões de fotos, vídeos, manuscritos e outros documentos de arte, cultura e história, representados por mais de 7.000 exposições digitais em toda a plataforma.  O passeio no Museu Nacional CLIQUE AQUI.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA 

            As cidades satélites estão sem transportes, e sem abastecimento do governo. Os moradores ficam expostos aos exploradores particulares.(Publicado em 07.11.1961)