A família e o Estado

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: vaticannews.va

 

Há razões suficientes para crermos que, no cerne de alguns discursos políticos, sobretudo aqueles que abordam, pela ótica marxista, o tema da família e suas relações com o Estado, existe, de modo subjacente, uma retórica que visa convencer os ouvintes menos atentos de que esses clãs são naturais. Dessa forma, podem justificar plenamente sua razão de existir quando se mostram capazes de atender às necessidades do Estado, cumprindo assim seu papel político. Do contrário, são catalogados como instituição burguesa, o que serve apenas aos interesses das classes dominantes, perpetuando a opressão e a exploração da classe trabalhadora. Vista por esse ângulo, obtusamente materialista, a família precisa ser, então, abolida. Não somente ela, mas também a propriedade privada e o casamento, acusado de ser uma forma de controle social e de opressão das mulheres. Em resumo, a pretendida emancipação da classe trabalhadora só se tornará possível com a destruição total da família burguesa.

Para Marx, a família era apenas uma construção social e histórica, ligada diretamente ao modo de produção capitalista, à propriedade privada e ao controle dos meios de produção. Nesse sentido, a família, ao garantir o modo de produção capitalista, passa a se constituir num agente que se opõe frontalmente às teses marxistas. Ou melhor ainda: enquanto for possível manter a tradição histórica nas relações familiares, haverá a certeza de que o marxismo não irá se impor como doutrina política.

O que se tem aqui mostra, claramente, que a família é também uma forma de trincheira para impedir o avanço das tropas marxistas. Existe nesse debate, estratégias e táticas inconfessáveis, que visam, primeiramente, retirar dos indivíduos todos e quaisquer traços da figura paterna e sua importância na introdução da lei e da ordem simbólica na vida da criança. A abolição da família é, antes de tudo, nas pregações políticas niilistas, a destituição da figura paterna e sua substituição por algo vago e irreal do tipo “pai da pátria”.

Há um entendimento entre psicólogos e psicanalistas de que a função paterna é fundamental para a formação ou estruturação do sujeito. Para justificar o desmonte da família, como sendo “algo atrasado, que deve ser combatido” para o avanço das ideias progressistas, vale tudo, inclusive alcunhar a família de “burguesa” e perpetuadora da luta de classes. Nada mais irreal.

Nesse sentido, para eliminar a família, é preciso antes desestruturá-la psicologicamente, de preferência tirando desse grupo a figura paterna. Essa ausência, em sentido amplo, induz a problemas na constituição psíquica, contribuindo para a ausência de identificação e outras dificuldades que, na vida adulta, são ainda mais ampliadas, dando margem para a dominação do cidadão e sua submissão a algo etéreo, como o Estado. A criação para o mundo é função do pai. A mãe educa para a vida, o que é outra coisa fundamental. Em ambos os papéis, a figura do Estado é nula.

Fôssemos fazer um levantamento em todos os consultórios de psicologia, ou de psicanálise, sobre que assuntos são tratados na maioria dessas consultas, veríamos que o pai está sempre no centro dessas conversas, quer pelo excesso, quer pelo vazio da ausência. As primeiras e mais fundamentais leis são passadas no seio da família — geralmente pelo pai —, que, para isso, estabelece também as primeiras obrigações, sendo a mais fundamental o respeito às leis e normas da casa.

Num mundo em que a cultura Woke e o feminismo tentam, por todos os meios, superar a família, livrando-a de um dos seus alicerces, é preciso ficar atento e na defensiva permanentemente. O pai, mostrado aqui como indutor do patriarcalismo, é, antes de tudo, um indutor a restabelecer a ordem contra o caos, colocando cada coisa em seu lugar. Bem ou mal, o patriarcalismo tem podido livrar a família das garras do Estado. Para os chamados progressistas, é preciso retirar o pai da equação família. Matá-lo, simbolicamente, se preciso for. Sem liderança natural, a família está à mercê de outras forças, entregue às vontades de outros líderes externos, que, em relação a esse agrupamento, não mantêm qualquer sentimento ou laços afetivos nem sequer cordialidade. O que o Estado, ideologicamente politizado, quer da família é apenas sua força de trabalho, não importando seu destino final.

Diferentemente do Estado, o pai deseja a perpetuação e união do grupo, pois mantém com ele laços de sentimentos e tem, nessa relação, a razão da própria existência. Esse embate destrutivo entre o Estado politicamente ideologizado e a família, contém também o germe que, no futuro não muito distante, provocará o declínio e o fim do Estado. Sem a família, o Estado se torna uma instituição fantasma e sem alma.

 

A frase que foi pronunciada:
“O direito de expressão é o princípio e o fim de toda a arte.”
Johann Wolfgang von Goethe

Johann Wolfgang von Goethe Johann Wolfgang von Goethe, gravura de James Posselwhite, século XIX.

 

História de Brasília
Queria ainda, o dr. Laranja Filho que fossem apuradas também, as condições de funcionamento interno em que ele recebera a Companhia. (Publicada em 17/4/1962)

A grande família

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Tomando a família como célula-mater da sociedade, como definido corretamente pela maioria dos sociólogos, é de se presumir que quaisquer alterações comportamentais nesse importante núcleo consanguíneo vão provocar mudanças drásticas também na coletividade. Assim como são as famílias, assim também é a sociedade. Fugir dessa máxima é impossível, já que o corpo social é formado de pessoas que, por sua vez, têm origem no seio familiar. Assim, temos que a sociedade é composta pela união de famílias diversas, com origens diversas, interesses próprios e comuns, todas reunidas de acordo com padrões preestabelecidos, segundo normas de convivência que miram hipoteticamente a paz e a harmonia entre todos. Pelo menos, do ponto de vista teórico é assim.

De acordo com esse conceito, é possível buscar as raízes da desestruturação da sociedade na própria família. É lá que estão as causas primeiras a justificar o sucesso ou o fracasso dos grupos sociais. Por esse modelo, é possível inferir ainda que aqueles que, por algum motivo, geralmente político-ideológico, desejam o aniquilamento da sociedade, a primeira ação a ser posta em prática é o desfazimento das famílias, quer usurpando suas funções primárias, quer tomando a formação de seus membros uma tarefa a ser realizada exclusivamente pelo Estado. E é aí que a coisa toda desanda.

O Estado é uma entidade fictícia, orientando-se de acordo com os interesses específicos de grupos no poder. A família, por sua vez, é algo real e onipresente. Por isso é que tomar a educação do indivíduo com base apenas nos interesses do Estado é algo capaz de conduzir e apressar o colapso de uma sociedade. Os regimes nazistas e comunistas tentaram, ao longo do tempo, adotar o modelo de formação dos indivíduos com base, unicamente, nos interesses do Estado. Deu no que deu.

O discurso do costume, da família e do patriotismo não deve ser combatido, enfrentado, mas acolhido com coragem na sua manutenção, onde a pretensão continue ao poder que emana do povo. O contrário disso é algo sempre presente nas estratégias de controle da sociedade e algo fundamental para aqueles que buscam a hegemonia totalitária do Estado sobre o indivíduo.

No sentido oposto, vemos que aqueles países que investiram na segurança e no bem-estar das famílias, proporcionando amparo real do Estado a esses grupos, são também aqueles que apresentam os melhores e mais duradouros Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Segurança alimentar, boa educação e atendimento de saúde pública de qualidade formam o tripé a sustentar as nações do chamado primeiro mundo.

Se a independência das famílias em relação ao poder do Estado é fundamental para o pleno e natural desenvolvimento desse núcleo, também é importante salientar que, sem o apoio institucional do Estado no amparo às famílias mais carentes, todo e qualquer esforço para a constituição de uma sociedade sadia é vão.

Há aqui uma fronteira muito delicada que jamais deve ser ultrapassada, mas que a falsa modernidade que caracteriza os Estados centralistas insiste em levar adiante. O que ocorre em nações como o Brasil, em que a pobreza e o assistencialismo político andam sempre de mãos dadas, é que o Estado insiste em formatar os indivíduos de acordo com os projetos ideológicos em andamento. Nesse sentido, a educação pública levada a cabo pelo Estado na atualidade tem tido um papel prá lá de questionável ao querer introduzir nas escolas conceitos e formulações pseudoeducativas que contrariam e até se chocam frontalmente com a educação típica e histórica das famílias brasileiras.

Não vale a pena aqui entrar nessas questões em pormenores, o que se constata, no entanto, é que, nos certames internacionais, que avaliam a qualidade da educação de cada país, o Brasil se coloca normalmente nas últimas posições. O fato é que, nessa grande família chamada nação brasileira, há o que preconizam aqueles que estão no poder momentaneamente, e há o que, de fato, realizam as famílias, ao buscar proteger seus membros das investidas inconvenientes e interesseiras do Estado.

 

A frase que foi pronunciada:
“Nossos filhos devem aprender a estrutura geral de seu governo e, então, devem saber onde entram em contato com o governo, onde isso toca suas vidas diárias e onde sua influência é exercida sobre o governo. Não deve ser algo distante, assunto de outra pessoa, mas eles devem ver como cada engrenagem na roda de uma democracia é importante e carrega sua parcela de responsabilidade pelo bom funcionamento de toda a máquina.”
Eleanor Roosevelt

Portrait of American diplomat and former First Lady Eleanor Roosevelt (1884 – 1962), early to mid 1940s. (Photo by Stock Montage/Getty Images)

 

Pauta
Publicada no DODF, a regulamentação do processo eleitoral para escolha de conselheiros escolares, diretores e vice diretores das unidades escolares da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal.

Foto: Mary Leal/ SEE-DF

 

História de Brasília
Não dê cheques sem fundos. Não aceite cheques sem fundos. Amigos não dão cheques sem fundos. Respeite as instituições bancárias. (Publicada em 11/4/1962)

Enquanto dormimos

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À margem, Muçulmanos rezam em uma rua de Paris. Foto: istoe.com

 

Nesses oito meses de pandemia, em que parcela significativa da humanidade parece mergulhada numa espécie de hibernação compulsória e sem dia para terminar, não chega a causar surpresa o fato de que o mundo, possivelmente, emergirá dessa experiência inusitada e impactante. Não seremos os mesmos, seguramente, nem o mundo será o mesmo que estávamos acostumados a vivenciar.

As razões que nos conduzirão a esse “admirável mundo novo” estão sendo arquitetadas em detalhes, enquanto cuidamos de nos esconder em nossas casas. De fato, o noticiário tem mostrado que a roda do destino continua girando, provocando mudanças dentro e fora de nosso país. O lockdown, decretado nos países da Europa por ocasião da 2ª onda de contaminação do vírus, cuidou de fechar as poucas frestas de luz que pareciam decretar o início do fim da pandemia.

O inverno que se aproxima promete, segundo os cientistas, intensificar a ação do coronavírus. Com cidades importantes do velho continente, totalmente desertas e amedrontadas, com a recidiva da doença, a economia que ainda não tivera tempo de se refazer, provavelmente, voltará à estagnação, ameaçando o futuro de muitos.

É, em meio a esse caos estabelecido, que uma verdadeira onda de protestos e paralisações ameaçam varrer o que ainda resiste de cultura Ocidental. A França, outrora a mais representativa nação a propagar os valores da cultura ocidental com seus libelos de liberdade, igualdade e fraternidade e que deu impulso ao surgimento dos Estados contemporâneos, vem, particularmente, sofrendo uma erupção interna deflagrada justamente por aqueles a quem acolheu e deu abrigo e, em muitos casos, a cidadania plena.

As manifestações de populações muçulmanas, contra as tradições e a cultura locais, ameaçam não apenas a França que conhecemos através de Montesquieu, Balzac, Victor Hugo, Voltaire, Curie, Beauvoir, Sartre e uma infinidade de outros nomes ilustres, mas a França, berço de nossas tradições mais caras. As pressões que essas comunidades estrangeiras têm feito para, inclusive, substituir as leis seculares pela sharia ou a lei islâmica, com base no Alcorão, vêm aumentado seus ecos de forma assustadora.

Os relatos de agressões contra franceses se multiplicam a cada dia. Esse mesmo fervor irracional, baseado no mais arcaico radicalismo religioso, aos poucos, vai se espalhando por outros países, numa espécie de revival das Cruzadas que, do século XI ao XIII, opuseram cristãos e outros povos do Oriente, pela libertação da Terra Santa.

Trata-se aqui não exatamente de um mundo novo, nem tampouco admirável, mas que, aproveitando a inércia e o imobilismo impostos pela quarentena, aproveita as brechas para migrar entre as rachaduras expostas de nossa cultura. Não por acaso, dentro desse cenário de distopias, as igrejas cristãs vêm sofrendo uma série de ataques, com depredações de parte de nosso acervo sagrado, incêndios em templos, perseguições aos clérigos e aos crentes e todo um movimento, mais vivo do que nunca, que visa destruir alguns dos mais importantes baluartes de nossa cultura.

Nesse agito de razia contra o Ocidente, nem mesmo as famílias escapam desses ventos loucos. A união de conceitos do Gramscismo com esses insurgentes vindos de longe ameaça essa que é a célula mater da nossa sociedade, por meio de conceitos esdrúxulos como incestos, poligamia, ideologia de gênero e outros conceitos panfletários que miram o fim de nossa civilização. Tudo isso, enquanto dormimos.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Onde não há lei, não há liberdade.”

John Locke, filósofo inglês.

Retrato de John Locke, de Sr. Godfrey Kneller. Fonte: Coleção de Sr. Robert Walpole, Houghton Hall, 1779.

 

Notícia Boa

Félix, de 94 anos, e Irene. Casados por 65 anos. Ele passou 45 dias hospitalizado. Venceu o Covid e voltou para casa. Imagens do reencontro a seguir.

 

Acorde com essa

Dessa vez, na Farmácia de alto custo, a moça que atendia disse displicentemente: “Vai ter que voltar amanhã, as senhas acabaram. Ou fique aí até as 19h, quando minha chefe sair. Daí você fala com ela.” A senhora, vulnerável ao Coronavírus e com doença rara, baixou a cabeça, voltou para a Rodoviária para pegar outro ônibus para casa e chegar lá depois de 1h40 de viagem. No dia seguinte voltaria. Enquanto isso, dezenas de senhas não usadas estavam fechadas numa gaveta.

Foto: saude.df.gov

 

Alternativa

A ideia, já registrada nessa coluna, sobre ruas de comércio funcionando por 24h é uma alternativa para recuperar os estragos feitos na economia da cidade pelo Vírus Corona.

Restaurante fechado na quadra 405 Sul. Foto: Blog do Ari Cunha

 

Agência Brasil

Imagine acessar, gratuitamente, um banco de imagens sobre diversos temas, salvo desde 1964. O endereço na Internet para o acesso é Galeria de Fotos | Agência Brasil.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Dois companheiros dos “Diários Associados” recebem hoje, o Mérito Santos Dumont, pelos relevantes serviços prestados ao Brasil, particularmente à sua aviação. (Publicado em 20/01/1962)