Dilúvio

Publicado em Deixe um comentárioÍntegra

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

facebook.com/vistolidoeouvido

instagram.com/vistolidoeouvido

 

Cheia do Rio Taquari no Rio Grande do Sul — Foto: Diego Vara/Reuters

 

Não será surpresa se, num futuro muito próximo, os governos no Brasil e de todo o mundo resolverem a criação de uma nova pasta ministerial, elevando, para o primeiro escalão da administração pública, o ministério da Defesa Pública e de Prevenção aos Efeitos do Aquecimento Global. O que a calamidade sem precedentes que ocorre agora no estado do Rio Grande do Sul pode nos ensinar e alertar é que é chegado, também ao nosso país, o tempo das imprevisibilidades e das turbulências atmosféricas.

O planeta parece ter acordado de seu sono secular e agora já não existe lugar seguro para quem quer que seja. Pior do que tudo é que, mais uma vez, ficou provado que não estamos nem um pouco preparados para catástrofes repentinas. A resposta oficial, em todos os níveis, ao que ainda vem ocorrendo naquele estado, serviu para aumentar a sensação de pânico coletivo, assegurando a todos que as instituições de defesa do Estado Brasileiro não estão à altura, em treinamento, pessoal e equipamentos, para enfrentar esses novos tempos que chegaram.

Fomos, de novo, apanhados de surpresa. Muitos apostaram na possibilidade de a frente fria seguir seu caminho natural, indo em direção ao Norte do país. O bolsão de ar quente, que cobria todo o centro do país e ali estava estacionado, impediu que as nuvens espetacularmente carregadas de água seguissem seu caminho. Com isso, o Rio Grande do Sul, uma das mais importantes locomotivas da economia nacional, conheceu, pela primeira vez, o significado da expressão bíblica diluvio.

De fato, o céu despencou sobre boa parte daquele estado, fazendo um número ainda não conhecido de vítimas fatais, enterrando, na lama vermelha, milhares de lares e outros estabelecimentos urbanos e rurais. O cenário, para quem viu de perto esse apocalipse, supera o de muitas cidades alvos de bombas e de guerra sangrenta. Não fosse a atuação, sempre heroica e historicamente destemida dos gaúchos, a situação poderia ser ainda mais desesperadora.

Mesmo com esse açoite vindo do alto, a população deu provas seguidas de que aquela gente não se rende assim tão facilmente. A tenacidade e o entusiasmo dos gaúchos mostraram, ao resto do país e ao mundo, que, em momentos de grande aflição como esse, o que vale é a solidariedade e a união fraterna de todos. As correntes humanas de civis, que se formaram por ar, por terra e sobre as águas mostraram que, ao contrário dos esforços oficiais, titubeantes e cheios de retórica política de significados nebulosos, o povo soube tomar para si as rédeas da situação.

Por todo canto, correntes humanas se formaram para acudir aqueles irmãos. Voluntários. Inclusive, os que perderam tudo. Obviamente que, nessa luta desigual entre o homem e a natureza, a colaboração profissional de bombeiros, defesa civil, médicos e outros patriotas foi inestimável.

Passados esses instantes de pesadelo, depois de enterradas cada uma das vítimas dessa tragédia nacional, chegará o momento em que será preciso tomar todas as medidas necessárias para seguir a rota das doações e dos bilhões de reais prometidos na hora da dor. Sem essa preocupação, toda essa dinheirama irá, novamente, ser soterrada pela lama do descaso e da corrupção.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nas tragédias conhecemos todas as pessoas como elas realmente são.”

Gilberta Brenner

 

Prata da Casa

Aclamado pelo Conselho Universitário como professor emérito, o fagotista e lutier Hary Schweizer, que deu aula no departamento de Música da UnB, desde 1977. O documento registra que é “justo o reconhecimento ao professor que sempre conduziu as suas atividades com responsabilidade e engajamento exemplar.”

 

Insano

A empresa que valida o atestado médico de colaboradores da Plansul não aceita que alguém da família leve o atestado. Apenas o funcionário pode apresentar pessoalmente no Conic. O resultado é tosse, vômito, espirro e desmaio na sala de espera. Todos os doentes juntos.

Foto: plansul.com

 

Revolução

Simples assim. Você recebe um balde para depositar todo lixo orgânico da cozinha. Paga uma taxa e recebe terra forte para plantar o que quiser. Trata-se do projeto Compostar. Veja no link: Coleta e compostagem de resíduos orgânicos.

Imagem publicada no perfil oficial da Compostar no Instagram

 

Expectativa

Faltam três comissões para a decisão do projeto que regulamenta a desaposentação no INSS.

Imagem disponível na internet

 

Bem de todos

Viviane de Almeida, chefe do Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente do HBDF, trabalhou com diversas equipes da Instituição a importância da Comunicação entre os setores e o reflexo desse diálogo na vida do paciente. A iniciativa é fundamental e poderia ser aplicada em todos os órgãos do GDF.

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília-20.6.2017

 

História de Brasília

A situação do IAPC em Brasília é dramática, pelo abandono votado ao Distrito Federal pelo presidente do Conselho Administrativo. E justamente por causa do sr. Pery Rodrigues, os funcionários não terão apartamentos novos. (Publicado em 07.04.1962)

Enchentes na capital

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Especialistas em urbanismo, uma ciência que engloba uma ampla variedade de técnicos em todas as áreas relativas à vida em grandes cidades, vêm, desde sempre, alertando para riscos que representam, para toda a população, as construções feitas de maneira açodada, tanto de edifícios como de quadras residenciais, praças e toda e qualquer obra que implique em impermeabilização do solo, movimentação de terra, escavação e outras modificações.

Para tanto, torna-se necessário um estudo prévio e minucioso de impacto que esses empreendimentos podem gerar. Não é por outro motivo que os alertas feitos por esses especialistas quase sempre encontram dificuldades em serem aceitos tanto por parte dos empreendedores como por parte daqueles que irão se beneficiar com essas obras. Sem esse conjunto de estudos de impacto, toda e qualquer obra é um risco em potencial.

O poderoso lobby dos construtores junto à classe política, principalmente aquela com assento na Câmara Distrital, tem sido, desde a emancipação política do Distrito Federal, um entrave, quase intransponível, para a aceitação dos pareceres dos técnicos. São constantes os embates entre especialistas em urbanismo, tanto dos que cuidam do Patrimônio Histórico, como outros que lidam diariamente com as questões urbanas.

Contra essa turma poderosa, os técnicos pouco podem decidir. Em Brasília, o preço das projeções dos poucos lotes que ainda restam no Plano Piloto, torna essa questão uma luta de Golias contra o Gigante. A intervenção política nas questões urbanas transformou os pareceres técnicos em meros instrumentos burocráticos, ao mesmo tempo em que deu aos grandes empresários o poder de decisão sobre o que vai ser construído e de que forma. Com isso, quem padece é o cidadão de bem, que paga seus impostos e quer uma cidade segura e com seus espaços livres respeitados, conforme projeto de seus idealizadores. Trata-se aqui de uma questão que afeta a vida de todos e que passou a ser resolvida pelo poder da grana e não da razão. O prejuízo trazido por essas obras, tocadas sob a batuta dos políticos, vem, pouco a pouco, não apenas desvirtuando o projeto original da capital, um dos mais admirados do mundo, mas gerando grandes prejuízos em vidas e patrimônio.

As enchentes que, nessa semana, alagaram as quadras residenciais no começo da L2 Norte, com prejuízos para todos os moradores, têm sua origem em mega construções erguidas naquela área além ainda da famigerada construção do estádio Mané Garrincha.

São obras feitas a toque de caixa, que desmataram o local, impermeabilizaram o solo e, pelo visto, não apresentaram bons estudos de impacto prévio. Com as chuvas copiosas deste mês de fevereiro tanto esses moradores quanto outros no final da Asa Norte estão padecendo com os alagamentos.

No final da Asa Norte, o problema é o mesmo e resulta das obras de construções do Noroeste, repetindo-se a cada ano. A questão é: Quem indenizará os prejuízos sofridos por esses moradores? Quem será responsabilizado por essas obras? Quando essa coluna insiste em dizer que políticos não deveriam decidir ou legislar sobre questões urbanas, é por que sabe que esse é o pior caminho e aquele que só conduz ao que estamos presenciando agora.

Aí, quando as águas barrentas da chuva passam a invadir as casas, cobrindo carros nas garagens, os empreendedores jogam a culpa no governo, que, por sua vez, joga a culpa nos técnicos, que nada mais podem fazer.

 

A frase que foi pronunciada:

No Brasil do século 21, não importa o que diz a lei, mas QUEM diz a lei.”

Jornalista Caio Coppolla

 

Memória

Na 705 Norte, não há uma vez que, passando por aquela castanheira, não me lembre de Edgardo Ericsen. O que estaria falando da política atual? A Globo tinha um escritório ali.

Pix

Clientes de bancos sempre reclamam do limite imposto pela instituição para pagamento de contas, transferências etc. O argumento furado é a segurança do cliente. O que não é verdade, porque uma pessoa sequestrada que não pode entregar o ouro ao bandido é morta na hora. Para isso veio o PIX, que facilita a vida do ladrão. Os sequestros aumentam. A sugestão é que seja passado um código aos clientes para que, em momentos de perigo, como transferindo dinheiro para bandidos, possam digitar um número pedindo socorro. Não é para isso que o seguro é cobrado?

Livre, leve e solto

Andando pelo DF, é possível acompanhar várias invasões legalizadas. O procedimento é o seguinte: um grileiro invade a terra, vende para o cidadão e, mais tarde, na legalização, é o cidadão quem paga duas vezes. O grileiro, que todos sabem nome e endereço, sai tranquilo da história. Sem dívidas, sem débitos a pagar.

Foto: chicosantanna.wordpress.com

 

Trocados

No Big Box do Lago Norte, um cartaz quase como um pedido de socorro. O supermercado oferece uma caixa de bombom para quem trocar R$100 de moedas por cédula. Essa imagem ainda vai virar história. No tempo em que havia dinheiro…

Ilustração: reprodução

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Um telegrama que nos chega com 124 palavras vem assinado pelo sr. Afonso Almino, a propósito de nossa denúncia sobre o ministério da Fazenda. Há a ressaltar que o telegrama foi taxado no dia 25, em Brasília, e nesta data o remetente estava no Rio. Mantida nossa tese. (Publicado em 27/01/1962)