A hora e a vez do escambo

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Foto: Cloud coaching

 

         Ideias, por sua capacidade de provocar surpresas e frutos de todo o tipo, preferem germinar em terrenos áridos, onde a dureza da razão despreza e não enxerga possibilidades. São nesses terrenos baldios que brotam respostas simples, capazes de fazer frente e até humilhar a complexidade das leis científicas.
         No caso da economia, com toda a sua hermenêutica e modelos matemáticos, ideias como o escambo de produtos e serviços, criados há milênios, junto com o aparecimento das primeiras civilizações, ressurgem agora como uma saída simples ou singela para muitas empresas, atoladas no emaranhado de regulações, tributações e outras invencionices do mundo moderno.
         A roda da história não para de girar, levando e trazendo soluções que são sempre revisitadas em épocas de crise. Desta vez, a permuta de bens e serviços encontrou, no oceano da internet e das mídias sociais, um vasto campo de possibilidades, reinventando-se e dando, ao velho modelo de comércio, novas significâncias e valores materiais. Não se tem ainda um número exato sobre essa modalidade de comércio simples e direto.
         Estimativas mais recentes dão conta de que esse comércio via internet movimente mais de U$ 10 bilhões anualmente pelo mundo, com mais de 300 mil empresas realizando trocas (obviamente que são estimativas subdimensionadas). De qualquer modo, despertam e iluminam muitos empresários e empreendedores a prosseguir seus negócios mesmo diante da ameaça, cada vez maior, de falências e concordatas.
         Tem se tornado cada vez mais ocorrente a troca de bens, como por exemplo de confecções, por serviços de manutenção de máquinas. Ou a troca de parte da produção de alimentos, por produtos como caixas e outras embalagens. As possibilidades são infinitas e vêm atraindo muita gente, disposta a manter vivo e atuante seu empreendimento.
         Infelizmente, não existe ainda, em nosso país, uma agência ou cooperativa que cuide desse antigo modelo de comércio. Mesmo alguns bancos, que podiam enxergar nesse comércio algum nicho de lucro, ainda resistem à ideia. Talvez pelo fato de que os bancos, na sua grande maioria, representam hoje parte atuante do problema da quebradeira de muitos negócios e não a solução para os mesmos. Algumas empresas cogitam até a possibilidade de terem que fechar as portas, que, pelo peso excessivo dos encargos sociais e tributos, pagam parte do que devem aos seus funcionários com bens que produzem.
          O que é fato é que a mais antiga forma de comercialização do mundo, o escambo, não acabou de vez e mostra ainda sua capacidade de reagir e de servir de apoio aos novos praticantes. A verdade é que o escambo, por sua simplicidade, possui e entrega um caráter mais humano às transações comerciais, mostrando nessas relações a necessidade vital de parcerias e de apoios mútuos, numa época de concentração de renda, de desigualdades e de muita frieza nos negócios.
         Nesse tipo de comércio, troca-se até poesia por pão ou farinha. Talvez seja por isso mesmo que as altas ciências econômicas e contábeis, com todas as suas fórmulas matemáticas inexpugnáveis, torçam o nariz para esse modelo antigo de comércio, já que reconhecem nele toda a eficácia e mesmo a origem e fonte cristalina de onde derivou toda a economia.
         Transcender a economia, tal como é praticada hoje, de modo excludente e monopolista, é o que torna o escambo tão especial e necessário, mesmo que alguns insistam hoje em classificá-lo de démodé. O que ninguém pode negar é que esse antigo modelo, ao libertar parte da população do capital, faz reviver a tão necessária economia solidária, idealizada tanto por Robert Owen, no século 19 na Inglaterra, como pelos hippies, na década de sessenta.
         É um negócio que desposta e que se insere também dentro da chamada economia circular, com nítido caráter de desenvolvimento sustentável, de diminuição de desperdícios e de reaproveitamento de materiais. Para os empreendedores que buscam oportunidades de investir ou abrir novos negócios, eis aí um nicho que promete e parece ter um longo caminho pela frente.
A frase que foi pronunciada:
“Com trabalho, inteligência e economia só é pobre quem não quer ser rico.”
Marquês de Maricá
Marquês de Maricá. Foto: wikipedia.org
História de Brasília
Três professoras especializadas no ensino a surdos-mudos estão enfrentando tremendas dificuldades em Brasília. Estão com uma turma já matriculada, de 20 crianças, e não dispõem de lugar onde lecionar. (Publicada em 17.03.1962)

Uma classe centrada

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Foto: virtunews.com

 

         Não se deve fechar os olhos aos fatos, porque, mesmo nessa cegueira voluntária, corre-se o risco de tropeçarmos neles, indo de cara contra o chão. A existência no Brasil de uma chamada Classe Média numerosa, que perfaz hoje metade da população do país ou algo em torno de 100 milhões de indivíduos, é um fato concreto, goste você ou não da ideia. A classe média, por sua posição intermediária na pirâmide social, é a prova viva de que é possível viver apartada de governos, sejam eles de direita ou esquerda. Vive, ou na pior das hipóteses, sobrevive longe dos programas populistas e ideologicamente assistencialistas dos governos de plantão. Em outras palavras, caminha com os próprios pés. Talvez, por essa e outras razões, seja tão duramente criticada e atacada de todos os lados, principalmente pelos que enxergam, nessa parcela da população, uma classe desvinculada e pouco afeita aos cânticos de sereia de políticos.

         Emparedada de um lado entre as classes D e E e de outro contra as classes A e B, a classe média experimenta o que seria o caminho do meio, pregado pelos budistas. Possui, ao mesmo tempo, as expertises emprestadas das classes D e E, quando o assunto é livrar-se das armadilhas do governo, ao mesmo tempo em que vai aprendendo as artes de aplicar recursos, como fazem os ricos, correndo de um lado para outro para salvar seus rendimentos, de modo que possa levar uma vida com certa dignidade e de olho no futuro.

         Há os que odeiam particularmente a classe média justamente porque foi ela que, de certa forma, impediu ou frustrou as previsões contidas no Manifesto Comunista de Karl Marx, de que o capitalismo, por suas contradições, iria abrir caminho para a tomada do poder pela classe operária, implantando assim o comunismo. Não previa Marx que, no meio desse caminho, ergueria-se a enorme muralha formada pela classe média. O ódio à classe média, por essa corrente, não tem impedido sua multiplicação em todo o mundo. Exemplo disso pode ser visto, lido e ouvido por filósofos que pregam, ser a classe média brasileira, a representante do atraso de vida, da estupidez e ainda reacionária, conservadora, petulante, arrogante, terrorista, uma abominação política, uma abominação ética, violenta, e uma abominação cognitiva por ser ignorante, entre outros adjetivos, dignos de uma acalorada discussão de boteco.

         Foi justamente, no momento dessa declaração, que, além do papelão e da sabujice, estava a seguir à risca o que previu o semioticista Umberto Eco (1932-2016), em seu tratado “Relativismo” de 2005. Nesse trabalho, o filósofo denunciou que as redes sociais e a mídia iriam pôr um fim na cordialidade e acentuar a polarização entre os indivíduos, minando o compartilhamento de ideias e que toda essa animalidade, que hoje nos envergonha, iria se estender também para a política. É o que presenciamos hoje nos debates, não apenas entre os políticos, mas englobando a todos, inclusive pessoas a quem, por sua formação acadêmica, esperávamos um mínimo de civilidade e educação.

         Dizia Eco que essa mudança ou regresso ao primitivo não seria tanto culpa da grosseria da mídia e se daria, muito mais, pelo fato de que as pessoas hoje só falam pensando em como a mídia irá noticiar o que foi dito. “Temos a impressão nos dias de hoje de que certos debates acontecem a golpes de facão, sem fineza, usando termos delicados como fosse pedras”, previu o escritor do best seller “O Nome da Rosa”.

         Os vaticínios de Humberto Eco se confirmaram para além do previsto. Atualmente, a cordialidade nos debates, seja de que tema for, foi deletada ou, no dizer moderno, “cancelada” das redes sociais. Dessa forma, o que assistimos agora são embates enfurecidos que nascem onde quer que haja diferença. O ódio fez sua morada nas redes sociais. Há, nesse contexto, uma certa tara das pessoas em criar desavenças e inimigos. Com isso, a sociedade vai deixando de lado o compartilhamento de ideias, substituindo essa virtude por uma animalidade que está cada vez mais na flor da pele.

         As redes sociais são hoje um oceano cheio de tubarões, prontos para atacar, censurar e ofender. Na política, toda essa ferocidade ganhou ainda mais adrenalina. Já não se tem oponente ou concorrente, mas inimigo fidagal, que deve ser destruído ou, ao menos, desconstruído em sua totalidade.

         Para Eco, seria como se andássemos para trás no tempo, em termos humanos, levando conosco um tablet de última geração. Quem se deu ao enfado de assistir aos últimos debates para a presidência do país, pela televisão, pôde verificar que os projetos de governo sumiram. Quando surgiam ideias aproveitáveis e raras, eram logo substituídas por ofensas e acusações, como num ringue.

         Quem ofende mais leva a melhor, segundo as redes. Os perdedores estão entre aqueles que não querem polêmicas e se restringem a apresentar propostas. Debater num ambiente assim é inútil. Ninguém ouve o que é dito. Perdemos a capacidade de escutar. Até os ouvidos falam. A língua comanda o cérebro. As redes sociais viralizam com essas batalhas. A cortesia ficou fora de moda, atingindo, de alto a baixo, todas as classes.

         A contribuir para esse mundo de intrigas e de extremismos, as redes sociais agem para estimular, por meio das fakenews e das meias verdades, os embates e a violência. Não seria estranho se algum dia alguém venha a classificar as redes sociais, sobretudo no mundo político, como o renascimento da mítica Torre de Babel. No afã de perfurar o céu, essa torre magnífica, uma espécie moderna das Torres Gêmeas de Nova Iorque, veio abaixo, marcando com sangue a entrada do século XXI, porque os homens parecem já não falar ou compreender a língua humana.

         Dizer que a classe média é hoje o último bastião ou muralha contra o avanço da ditadura das esquerdas políticas, não da ditadura do proletariado, como queria Marx, é uma realidade e um fato, contra o qual não adianta fechar os olhos.

A frase que foi pronunciada:

“Nada inspira mais coragem ao medroso do que o medo alheio.”

Umberto Eco

Umberto Eco. Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Por falar nisto, a informação que havia era a de que a NOVACAP estava recuperando os boxes dos mercadinhos para os entregar aos produtores. Os boxes continuam fechados, e ninguém está recuperando nada, coisa nenhuma. (Publicada em 14.03.1962)

Pensar dá trabalho

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Foto: istoedinheiro.com

 

          Um bom presidente da República pode até não ser um presidente bom em si, mas o será à medida em que sua equipe e todo seu staff seja, de fato, competente. Dessa forma, a qualidade de um governo pode ser medida pela qualidade do seu entorno.

         O Brasil já teve presidentes medíocres, mas que se salvaram pela competência de seus ministros e de toda sua equipe. Mas esses são pontos fora da curva. A maioria, por sua fragilidade intelectual, não apenas forma equipes medíocres, como atua de maneira voluntária em todas as áreas, provocando desastres de todo o tipo.

         Entre os anos de 2011 a 2016, o Brasil experienciou esse desastre na própria pele, que acabaria num processo ruidoso de impeachment da mandatária. De um modo simples, vale dizer que a salvação de um governo pode ser creditada à maneira como ele pensa e reflete sobre os problemas nacionais.

         A questão aqui é que pensar dá muito trabalho e exige exercício e esforço mental de sacudir e acordar os neurônios dentro da cabeça. Poucos estão dispostos a esse trabalho. Com isso exposto, fica patente que boa parte de nossas mazelas advém do pouco exercício de pensar o Brasil, deixando as medidas necessárias serem guiadas pelo acaso, numa improvisação contínua e sem responsabilidades, todas elas abrigadas no baú do populismo.

         Tirar a camisa do populismo e vestir a camisa do patriotismo exige coragem e desapego pessoal. Governo sério é, em suma, aquele que consegue manter as contas públicas arrumadas, num esforço diário para devolver os impostos, pagos pelos contribuintes, na forma de serviços de qualidade. Cumprida essa etapa, segue a missão de investir essa poupança interna em infraestrutura, pensando sempre nas futuras gerações.

          No Brasil tem sido particularmente difícil a conciliação entre política e economia, uma vez que os interesses voláteis e subjetivos da primeira chocam-se com a segunda, que é feita de razão e números que não permitem desaforos e afrontas. Não espanta, pois, que um governo que não apresente, previamente, uma política econômica séria, transparente e exequível, será sempre aquele que irá conduzir a nação para o abismo.

          Aqui também é sentida a falta de pensadores sérios como o ex-ministro Mário Henrique Simonsen (1935-1997). Por sua biografia e currículo, fica evidente que esse era realmente um pensador criterioso dos problemas nacionais. Aqui, nesse ponto, abre-se um parêntese importante, quase como um alerta. Ministros da economia, que por sua formação acadêmica e intelectual não se definam como liberais autênticos, não deveriam se ocupar de questões relativas à economia. Por um motivo até prosaico: economia, como ciência humana, é uma disciplina eminentemente liberal que rejeita o intervencionismo estatal e prega a emancipação do indivíduo em relação às ciladas e aos dogmas externos.

         Não é preciso nem lembrar aqui que foi, exatamente, um conjunto de economistas liberais que salvou o Brasil da hiperinflação e do esfarelamento do antigo Cruzeiro. Pessoas como André Lara Resende, Edmar Bacha, Pérsio Arida, Pedro Malan, criaram e colocaram em prática o Programa do Real, uma verdadeira revolução econômica e liberal que, aos trancos e barrancos, sobrevive muito bem até hoje.

         Puderam realizar esse feito extraordinário porque se deram ao trabalho de pensar e formular ideias, todas embasadas nas ciências econômicas. Por sorte, temos ainda um ministro da economia liberal na figura de Paulo Guedes. Não fosse por seu trabalho à frente da pasta, as consequências da pandemia global, da guerra na Ucrânia e de outras adversidades mundiais teriam levado o Brasil para o fundo do poço.

        Também graças ao gênio econômico do ex-ministro Simonsen, o Brasil conseguiu atravessar um dos momentos mais difíceis de sua história, em que a inflação, pelos estragos que causava em toda a cadeia produtiva e de consumo, já era vista, tranquilamente, como um problema endêmico sem solução possível. Foi de Simonsen, a ideia da criação do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do Banco Nacional da Habitação (BNH) em 1965, uma ousadia que iria permitir, pela primeira vez, o acesso à casa própria pelos brasileiros de renda baixa e média. O Chamado “Milagre Brasileiro”, entre os anos de 1968 a 1973, em que a economia nacional chegou a crescer até 14% ao ano, tido como o maior desenvolvimento do mundo Ocidental, tem também o dedo de Simonsen.

         Nesses seis anos, o PIB do Brasil havia crescido mais de 88%, um feito extraordinário, todo ele impulsionado pelas ideias do liberalismo econômico. Hoje, quando se ouve, ao longe, gente discutindo a volta do estatismo e de projetos como a quarentena fiscal e o fim da responsabilidade com o teto de gastos do governo, todas elas anunciadas com orgulho pelo candidato das esquerdas, é que podemos ver quanto tempo perdemos apenas pelo fato de já não exercitarmos mais a faculdade de pensar o país.

 

A frase que foi pronunciada:

“O déficit público não é de caráter orçamentário. O déficit público simplesmente não tem caráter.”

Mário Henrique Simonsen

Charge: K. Raia

 

História de Brasília

O BNDE dá-se ao luxo de manter diversas casas fechadas, apodrecendo, em Brasília. (Publicada em 11.03.1962)

Pensar o Brasil

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Imagem: amazon.com

         Ante a perspectiva de o Brasil vir, uma vez mais, a tomar os rumos da estrada sinistra em obediência ao que estariam indicando as “infalíveis” urnas eletrônicas, nada mais útil do que, num gesto de consolo derradeiro, trazer à tona, aqui, não um alerta sobre os muitos malefícios dessa opção, já testada entre nós e em outras partes do mundo, e com os resultados que já conhecemos, mas a lembrança de que o Brasil, como um mau aluno, definitivamente, não quer aprender.

         Mesmo sendo objeto de profunda e criteriosa análise, em que seus males seculares foram devidamente esclarecidos e apontados um a um, ainda assim persiste, em nosso país, a tentação teimosa e inútil de reinventar uma espécie de roda que não gira. Com isso, seguimos parados ou em marcha ré contínua.

          Tivesse o país dado ouvidos ao que pregavam, há mais de meio século, personagens ilustres e dotadas de raciocínio ímpar e brilhante, por certo, as crises institucionais e econômicas cíclicas, que experienciamos nessas últimas décadas, não teriam existido. A insistência com que o Brasil fecha os ouvidos às admoestações clarividentes tem seu preço, na forma da continuidade de governos pouco ou nada afeitos a pensar.

         A frase que dizia: “é preciso pensar o Brasil” foi deixada de lado, por falta de pensadores. Faz falta, ao país, gente como Roberto Campos (1917-2001), cuja missão de vida foi justamente esta: estudar e esmiuçar o país, em busca de alternativas que o libertasse das mazelas e do labirinto do subdesenvolvimento crônico.

         Campos foi além de pensador, arguto. É dele a iniciativa de criação do Banco Central em 1965, quando era ministro do Planejamento, para agir nos ciclos inflacionários e deflacionários e que, em sua visão, deveria ser independente em relação aos governos de plantão, voltado exclusivamente para proteção da moeda, alheio às agitações políticas.

         O problema de ser demasiadamente sofisticado e avançado num país, muitas vezes governado por semianalfabetos, é que esse desnível intelectual acaba ou em invejas e perseguições, ou em banimento, puro e simples.

         Já nos anos sessenta, Roberto Campos tinha uma visão muito clara do que o Brasil necessitava para sair do impasse. Primeiro, mobilizar a poupança interna voltada para o investimento; seguido de uma redução na ineficiência desses investimentos; na sequência, reduzir a instabilidade das receitas de exportação. Por fim, treinar os brasileiros para o advento da civilização tecnológica e para a missão de liderar esses avanços e, obviamente, melhorar a qualidade do governo. É nesse último ponto que andamos às voltas, sendo obrigados, inclusive, a assistir a uma queda acentuada na qualidade de nossas lideranças. Nesse último quesito, andamos para trás, tanto que falar em qualidade soa demasiado despropositado.

         Lembrando aqui que Roberto Campos, chamado raivosamente pela esquerda de “Bob Fields”, foi deputado federal, senador, ministro, embaixador nos Estados Unidos e no Reino Unido, tendo participado da Constituição de 1988.

         Para um país de moucos, Campos pregava, no deserto, o livre mercado, o estabelecimento de um governo com contas ajustadas, onde haveria corte nos gastos improdutivos para permitir o aumento nos investimentos sociais, principalmente em educação, saúde e segurança. Insistia ele que o país reduzisse as barreiras comerciais, para expandir o mercado interno, além de estabelecer regras mais claras, simples e estáveis para regular o setor privado. Tudo o que ainda hoje tentamos fazer a conta gotas.

         Para os que hoje sonham com a volta da estatização da economia, com o governo controlando tudo, Campos advertia: “Há quatro características essenciais ao capitalismo: reconhecimento da propriedade privada, sinalização mediante o sistema de preços, livre acesso ao mercado pelos agentes econômicos e regras estáveis do jogo num Estado de direito”. Roberto Campos já alertava, sessenta anos atrás, que a causa da inflação era o gasto descontrolado do governo e a insistência com que tentava contornar esse problema através da emissão de moeda e de papeis ou letras do Tesouro.

          É preciso ressaltar aqui a íntima relação entre economia e política no Estado. Com isso, fica demonstrado que políticos medíocres induzem a economia, inevitavelmente, para a mediocridade, preferindo ser populistas a serem patriotas.

         No livro que Campos lançou, “A lanterna na Popa”, de 1994, em que perpassa cinquenta anos do Brasil ao longo do século XX, um calhamaço de 1460 páginas, e que logo se tornou um best seller clássico, Campos lembrava da frase de Coleridge: “A luz que a experiência nos dá é de uma lanterna na popa, que ilumina apenas as ondas que deixamos para trás”.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A mágica agora é o denuncismo do ‘pega corrupto’. Esquecemos as razões profundas da corrupção, a falência múltipla do Estado, obsoleto, corporativo, ocupado por interesses espúrios, cuja ineficiência tem por maiores vítimas, os pobres e indefesos.”

Dr. Roberto Campos

Roberto Campos. Foto: Bia Parreiras/EXAME

 

História de Brasília

Mais uma do “Gavião”: falta água quase todos os dias. Os reservatórios construídos não foram inaugurados. Ou melhor, foram, e não aprovaram, por causa da infiltração. As especificações da construção estavam erradas. (Publicada em 11.03.1962)

Zebu de carne a preço de ouro

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Foto: Reprodução/Twitter

 

Um país como o nosso, duramente castigado por uma pandemia que recrudesceu, por obra e inação de um Estado leviano e de uma classe política indiferente e egoísta, o que era um secular fenômeno de desigualdade social, tornado dormente por ações populistas, vai, aos poucos, se transformando numa espécie de apartheid, acendendo conflitos reprimidos e levando-nos a todos a um beco, cuja saída se depara com um precipício escarpado.

Reverter um quadro com essas configurações de tragédia anunciada não é obra para estadistas de meia-pataca, tampouco para malfeitores travestidos de políticos, cujo objeto de seus projetos passa longe de qualquer crise social e bem perto dos cofres públicos.

Num cenário instável como esse, prestes a explodir, qualquer fato, por mais corriqueiro que seja, é motivo para detonar manifestações de revoltas. A instalação recente de uma escultura, denominada Touro de Ouro, instalado defronte à sede da B3 ou Bolsa de Valores em São Paulo, tão logo foi inaugurada, transformou-se em motivo de protestos por parte de movimentos sociais.

Na verdade, dado o momento atual, o que foi instalado ali é um monumento com uma imensa área “em branco”, onde as pichações e as garatujas de protestos irão se multiplicar, não apenas por sua visibilidade mediática, mas por, subliminarmente, representar um símbolo máximo do que seria o capitalismo do tipo selvagem e especulativo.

A primeira inscrição a inaugurar o mural do Touro de Ouro, uma espécie modernizada do Brioche de Maria Antonieta, às vésperas da tomada da Bastilha em 1789, vinha com os dizeres: “Taxar os Ricos”, o que faz algum sentido, quando se observa a discrepância entre a pujança financeira de alguns setores da economia nacional e as imagens que mostram famílias inteiras comprando ossos nos açougues ou simplesmente buscando-os em containers em frente aos atacadistas de alimento.

O que se sabe e a experiência histórica tem demonstrado, repetidas vezes, é que país algum alcançou o patamar de nação desenvolvida, sem antes resolver as questões sociais, principalmente aquelas referentes ao combate à fome e à desnutrição de suas populações. Nesse sentido, o pobre Touro de Ouro é muito mais um boi de piranha expiatório, lançado em meio à população famélica que, constantemente, cruza aquela região do centro financeiro de São Paulo.

Na linguagem estratégica e marota de alguns partidos políticos, o combate à crise e à fome só se faz com a eliminação dos bilionários que investem em instituições como as bolsas de valores. Nada mais falso e mais passível de enganar e açular aqueles que perderam a razão pelo sofrimento impingido pela fome.

A reprodução do touro instalado em Wall Street, em Nova York, remete a outra cópia, essa das lojas Havan, que ostenta em suas fachadas uma enorme réplica da Estátua da Liberdade, também vista naquela cidade americana. Mais do que uma mostra de nossa falta de imaginação, que nos leva a copiar símbolos americanos sem sentido para o Brasil, no universo cultural interno, a colocação desse animal não simboliza a espécie genuinamente nacional que é o Boi Zebu, com sua corcova característica, fruto de anos de pesquisa genética.

Mesmo que fosse uma escultura do Zebu de ouro, pouco serviria para a população que anseia vê-lo em carne, de preferência, dentro da panela. Para nossas autoridades pançudas e pantagruélicas, trata-se aqui de uma bobagem sem sentido. Mais ensinamentos da história mostram que revoluções não se fazem com base em ideologias, mas são catalisadas pelo fenômeno humano da fome e da barriga vazia.

A palavra que foi pronunciada:

Conficídio”

Expressão usada pelo senador Eduardo Girão para intitular o discurso de Tofolli sobre o abuso de poder do Judiciário.

Só erro

O descaso do governo do DF por uma instituição respeitada como o Instituto Ludovico Pavoni, o Ceal, é inexplicável. Depois de divulgar as emendas parlamentares que encheram os cofres do GDF, não há como compreender essa indiferença com milhares de crianças surdas e famílias que só têm o Ceal como apoio. Deve haver algum erro na não continuação do convênio. É hora de a população se solidarizar com essas famílias. Dona Michelle Bolsonaro também!

Foto: ceallp.org

Paz

Aos poucos, os shoppings centers recebem corais que trazem, na música natalina, a paz tão desejada nos últimos tempos. Desde o dueto violão e sax dos músicos do Corpo de Bombeiros ao Coral Infantil Adventista, todos querem estar no momento da performance.

Foto: ParkShopping/Divulgação

História de Brasília

A propósito, até hoje o DTUI não colocou poste de telefones públicos nem na Rodoviária nem na Asa Norte. (Publicada em 14/02/1962)

Natal, Carnaval, São João made in China

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Imagem: portal.fgv.br

 

Vem aí mais um Natal. Depois de quase dois anos de pandemia e de mais de 5 milhões de mortes em todo mundo, não há muito o que comemorar, ainda mais quando se verifica que a velha inflação, nossa conhecida, está de volta com força total para a alegria somente daqueles que sempre lucraram com a desvalorização de nossa moeda.

O único papai noel que este ano teria motivos para comemorações é aquele que vem de trenó, com os olhos puxadinhos, diretamente da Ásia Oriental. Ele tem sido o maior e talvez o único beneficiário em termos econômicos de todo esse longo período de pandemia que vem assolando o mundo. O Noel asiático tem saído não só praticamente ileso de todo esse processo, mas com ganhos astronômicos, advindos das vendas de mate rial hospitalar e de saúde de emergência, além de outros insumos que não são fabricados no Ocidente. Tanto desempenho e desenvoltura, numa crise planetária dessa magnitude, tem levado muitos a considerar essa doença providencial para a economia chinesa. Não podemos especular sobre tão séria questão, que só o tempo e a persistência nas investigações poderão dizer. Por enquanto, ficamos com os fatos e o que eles dizem.

Em meio à pandemia, a economia da China foi a única que cresceu, cerca de 11,5% no segundo trimestre em 2020, enquanto os índices do mundo registraram decréscimo no crescimento que só era visto em tempos de guerra. Em média, houve uma que da, no ano passado, de 9,5% nas maiores economias do planeta, com Bolsas de Valores no vermelho e retrocesso no emprego.

Com isso, a economia chinesa, friamente calculada, deve superar a americana nos próximos cinco anos. É um desempenho e tanto em meio à maior crise sanitária experimentada pelo mundo moderno. Se os números explicam uma parte dessa história, o que pode realmente esclarecer, na prática, essa diferença entre as economias da China e do Ocidente pode ser confirmado numa simples ida às lojas de departamento.

De cada 10 itens que as pessoas compram no Natal, ou ocasionalmente, pelo menos nove são made in China. De roupas a eletrodomésticos, todos os produtos oferecidos nas grandes lojas de departamento vêm daquele país. O Brasil que produzia os melhores calçados e os melhores têxteis do planeta, praticamente desapareceu. Fala-se em concorrência e preços mais baixos. Mas seria mesmo que vem ocorrendo e que tem sepultado vários setores de nossa economia desde que o governo petista, numa estratégia de mestre, reconheceu a China como economia de mercado, escancarado as portas do país para a invasão dos produtos chineses?

O fato é que, apesar de todos os investimentos feitos no Brasil, superiores a US$ 66 bilhões, nossa produção é incapaz de concorrer com os preços ofertados pelos chineses. Essa disputa tem feito desaparecer das prateleiras, quase por completo, os produtos made in Brasil. Ainda assim, muitas empresas brasileiras foram se instalar na China, fabricando por preços menores e qualidade idem, ajudando no desmonte de nossas indústrias e no desemprego nesse setor.

Está na hora de surgir grandes lojas de departamento especializadas na venda de produtos fabricados no Brasil, melhorando a qualidade dos produtos e gerando empregos internamente. Ou os brasileiros acordam para essa questão, ou, nos próximos anos, voltaremos à condição de colônia, tendo a China como metrópole central e com todos os problemas e malefícios que essa relação de dependência econômica causa e que a história nos ensinou a duras lições.

 

A frase que foi pronunciada:

“Tudo o que aumenta a liberdade aumenta a responsabilidade. Tudo o que diminui a liberdade extingue a vontade.”

Dona Dita, dando um empurrãozinho em Victor Hugo

 

Sim ou não?

Você apoia a proposição a favor de tornar crime o ensino de ideologia de gênero nas escolas? Então vote! A seguir, o link para a consulta pública em votação criada pelo e-cidadania do Senado Federal.

–> SUGESTÃO nº 24 de 2018 (SUG 24/2018)

 

Festival do Japão 2021

Culinária japonesa da melhor qualidade à disposição dos brasilienses neste fim de semana. De 5 a 7, no Clube do Congresso. Veja, a seguir, como retirar os ingressos. Levando 1kg de alimento não perecível, o ingresso é reduzido pela metade. Será necessário apresentação da carteira de vacinação.

–> Feira do Japão Brasília 2021

Cartaz publicado no perfil oficial do Festival do Japão no Instagram

 

História de Brasília

O Ministério da Aeronáutica, por sua vez, não dispõe de verba que chega a cinco milhões mensais, para cobrir, em toda a extensão, as despesas do hospital. (Publicada em 13/2/1962)

Lições preciosas

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Reprodução: g1.globo.com

 

Crises advindas da pandemia, da inflação que lhe segue os passos e da própria ingovernabilidade que ameaçam, de fato, os brasileiros nesses tempos de incerteza. O mesmo ocorre com o resto do planeta, que parece ter entrado definitivamente na era das catástrofes climáticas, decorrentes do aquecimento global, somado ainda a uma recessão econômica que se anuncia no horizonte.

Pandemia, recessão e mudanças climáticas representam sim uma verdadeira ameaça ao mundo e aos brasileiros, que também estão nesse mesmo barco à deriva, nesse século XXI. Esses são os três cavaleiros do apocalipse que galopam de encontro à humanidade. Quanto a nós, o que temos no ambiente político e institucional é uma crise artificial, gestada, exclusivamente, por interesse pessoal do atual ocupante do Palácio do Planalto e de seu grupo imediato, cujos propósitos parecem imbicar rumo a um passado que os brasileiros julgavam perdido no tempo e encerrado com a redemocratização no começo dos anos oitenta. O resto é lorota. O problema é que uma crise dessa natureza, mesmo que criada no laboratório de guerra, pode vir a gerar uma crise de fato que, por contaminação, pode levar todo o Estado Brasileiro de roldão e, por tabela, prejudicar ainda mais a situação de muitos cidadãos que habitam o país real e que se vêm obrigados a bancar a conta dessas desavenças todas.

É, de fato, uma crise que só interessa ao presidente da República em seu projeto de reeleição, mas que pode favorecer, e aí mora o perigo, o retorno do lulopetismo ou o fechamento político, duas pragas igualmente nefastas e que os cidadãos querem ver banidas da vida nacional. Não há meias palavras para descrever toda essa pantomima armada pelo Executivo. Trata-se de uma cilada a qual aderiram outros parceiros, dentro do Congresso. A complicar o que parecia ser apenas uma crise feita nos mesmos moldes sem lastro com a realidade, e com o mesmo receituário seguido lá atrás, por Jânio Quadros, e que deu no que deu, vemos correr, em paralelo, os trabalhos da CPI do Covid, a revolta dos governadores, a ameaça da variante Delta, a inflação ascendente, a infiltração do Centrão na máquina do Estado e o acirramento dos ânimos da população, açulada por extremistas irresponsáveis.

Não é pouco! Desnecessário dizer aqui que caberia, ao chefe de Estado, nesses tempos de agruras, firmar-se como líder e apaziguador e como alguém capaz de construir pontes e não de dinamitá-las, tornando a situação irreversível.

Para aqueles que, por suas características de espírito, não possuem a capacidade de construir concessos e estabelecer laços de união, a história ensina e recomenda que jamais sejam alçados a postos de comando, sob pena de lançar irmãos contra irmãos. Essa é uma lição que é preciso aprender com rapidez, quem sabe antes de 2022.

A frase que foi pronunciada:

A paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos.”

Albert Einstein

Albert Einstein. Foto: Arthur Sasse/Nate D Sanders Auctions/Reprodução

Comunidade

Depois da celeuma causada com o PLC 69, o famoso projeto que arranca o sossego das residências, o deputado que se propôs a intermediar a comunidade com o parlamento local foi Rafael Prudente. Brasília é uma cidade politizada por natureza. A mobilização popular salvou a área verde que temos hoje no Parque Olhos D’Água e pode salvar muito mais.

Deputado Distrital Rafael Prudente. Foto: agendacapital.com

Espaço para todos

Ninguém imagina a guerra nos bastidores das clínicas veterinárias da cidade. É mais ou menos a mesma coisa do que ocorre com algumas construtoras. Quando alguém sério aparece, oferecendo um serviço destacado, agradando o consumidor com a qualidade e compromisso, daí é perseguição na certa.

Foto: iStock

Saúde

Está na hora de cuidar da audição dos motoristas de alguns ônibus que fazem longos percursos. É insuportável.

Foto: jcmoreira.adv

Estrago

Outro animal que precisa de atenção por causa da proliferação excessiva é o periquito. A ave destrói os forros das casas e, várias vezes, o pessoal de TV a cabo é chamado para trocar fiação destruída por esse pequeno pássaro.

Foto: wikiaves.com

Estímulo irrefletido

Flávio Gordon surpreende no livro A Corrupção da Inteligência, lamentando “que aquele vício positivista tenha nos legado um sentido pueril de “objetividade”, que terminou por devastar a prosa não ficcional contemporânea.” O autor comenta que, nos manuais de redação e livros de cursinho, as regras padronizadas como “evite adjetivos” ou “use apenas a forma denotativa”, “prime pela impessoalidade” trazem a ideia do texto sem sujeito “como que extraída pronta da natureza. Uma linguagem só de objetos.”

Foto: aluizioamorim.blogspot.com

História de Brasília

Da satisfação à gente ver a disposição de ser mantido o Plano de Brasília, que tem demonstrado, até agora o sr. Sette Câmara. (Publicada em 07/02/1962)

Pobreza e fome

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: CNN Brasil

 

Ao longo de toda a história humana, a pobreza sempre pareceu uma espécie de condição ou norma natural da maioria e tem permanecido assim desde a formação das primeiras civilizações. De forma mais superficial, é possível verificar que, em lugares onde não exista segurança jurídica adequada, onde não é permitido o empreendedorismo e a propriedade privada, bem como a acumulação de capital e investimento, a pobreza parece ser a regra geral.

Dizer, simplesmente, que toda riqueza ou fortuna é montada num roubo não esclarece a questão. Assim como culpar a concentração de renda pela miséria também não. Um fato, porém, é inconteste: o capitalismo, ao permitir a liberdade humana para a competitividade e a inventividade, não deu, às diversas camadas sociais, condições idênticas de partida. Com isso, aqueles que possuem renda começam a se preparar para essa corrida para longe da pobreza em melhores escolas, com melhor atendimento de saúde e melhores condições de alimentação. A desigualdade se mostra logo no início da partida e isso já faz a grande diferença.

O aumento exponencial da população mundial, assim como os fatores hodiernos que provocaram as mudanças climáticas bruscas, como o aquecimento global, só fizeram elevar o problema da pobreza a uma condição absolutamente preocupante, levando a humanidade à sua mais complexa e urgente encruzilhada, desde o aparecimento dos homens neste planeta.

Não há desenvolvimento possível e eticamente aceitável, diante de um passivo como esse. Pobres existem em todas as partes do mundo, inclusive nos países desenvolvidos. E essa realidade tem experimentado um crescimento preocupante. As grandes ondas de emigração, que tem se verificado dos países pobres para os ricos, só têm feito aumentar esse problema, acrescentando-lhe uma forte dose de outros elementos também preocupantes.

De acordo com estatísticas produzidas pelo Banco Mundial, pobres são aqueles indivíduos que vivem com até US$ 1,9 por dia. Mas ainda assim é possível classificar os níveis de pobreza naquelas pessoas que vivem com uma renda um pouco superior. O século XXI tem pela frente o desafio de encontrar soluções para esse problema, que aumenta dia a dia, agora agravado com a pandemia.

Foto: Twitter/The Nobel Prize

Cientistas sociais correm contra o tempo em busca de fórmulas e modelos que permitam minorar essa situação antes que esse dilema atinja o patamar de questões insolúveis. O Prêmio Nobel de Economia, dado a três pesquisadores que propuseram estudos que abordam esse problema sob uma nova ótica, pode possibilitar também novas soluções. Banerjee, Duflo e Kremer apresentaram estudos que tratam do fenômeno da pobreza como um problema multidimensional, que ultrapassa a questão simples da falta de recursos e outros fatores. Para esses estudiosos, como já havia sido abordado anteriormente em 1998 por outro Prêmio Nobel, Amartya Sen, a pobreza é também a “privação de capacidades”.

Com isso, ele quis dizer acesso restrito à educação e saúde, e exclusão social e financeira. Para os novos premiados, a ação de combate à pobreza deve mirar esforços em fatores específicos em cada uma das dimensões. Levantamento feito por Banerjee em 13 países de vários continentes, e apresentado no livro “A vida econômica dos pobres”, mostrou que aquelas pessoas que vivem abaixo do nível de pobreza renunciam, diariamente, à aquisição de bens, inclusive de alimentos para prosseguir. Com isso, ficam diminuídas as possibilidades de maior produtividade.

O estudo mostra ainda gastos acima da renda em artigos como entretenimento. Houve ainda indicativos de falta de reação contra a qualidade do ensino, da saúde, dos transportes, o que motiva a perpetuação precária dessas questões estruturais. Para esses cientistas é preciso fortalecer todos os itens ligados à educação, saúde e infraestrutura, para dar início ao processo de superação da pobreza extrema. Para os premiados, é preciso também que essas populações superem a ideia de que gastar com educação é uma perda de tempo e desperdício de recursos. Nesse ponto, eles incentivam a interação entre setores público e privado, inclusive veículos de comunicação.

A frase que foi pronunciada:

Não fortaleceras os fracos por enfraqueceres os fortes. Não ajudarás o assalariado se arruinares aquele que o paga. Não estimularás a fraternidade humana se alimentares o ódio de classes. Não ajudarás os pobres se eliminares os ricos.”

Abraham Lincoln

Abraham Lincoln. Foto: wikipedia.org

Coité

Daquelas promessas de escrever um livro, mais uma deu certo. Djalmir Bessa resolveu atender aos chamados de seus personagens e passou para o papel uma história gostosa de ler: Coité. A vida humana no Nordeste. Os ingênuos, os espertos e os brasileiros que interpretam a vida nas letras do Divino. Por enquanto, ainda não foi publicado. É caro demais. Quem tiver alguma alternativa que se manifeste. Vale a pena!

História de Brasília

Já que o assunto é W-3, ninguém pode esquecer os benefícios para toda a cidade que tem prestado a CAT, o pequeno hospital do IAPI, próximo às casas da ECEL. (Publicado em 03.02.1962)

O lado bom da coisa ruim

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Foto: Gov. SP/Divulgação

 

Deixando de lado, apenas por uns momentos, os muitos malefícios trazidos a todos pela pandemia, é possível encontrar, em meio ao caos que se instalou na vida de todos, alguns elementos que, por força das circunstâncias, acabaram gerando pontos benéficos indiscutíveis e que só poderiam existir em condições excepcionais como essa.

Tomando como ponto de partida a questão do trânsito no Brasil, um país reconhecidamente recordista em mortes nas estradas e que, por vários anos, tem ocupado a triste posição de 4º colocado no mundo nessa categoria, superado apenas por China, Índia e Nigéria, é preciso destacar que, durante a pandemia, tem havido uma expressiva redução nesses índices.

Em 2019, algo em torno de 40 mil pessoas perderam a vida em acidentes nas estradas do país. Em 2020, esse número caiu para menos de 35 mil. Uma redução que, embora não sinalize uma mudança de hábitos e, sim, uma diminuição no número de veículos circulando, tem servido para poupar vidas, desafogar leitos hospitalares e poupar recursos econômicos de toda a ordem.

Coisas do confinamento e do esfriamento do comércio, principalmente na área de transporte de mercadorias. Houve, além de uma diminuição do trânsito nas estradas do país, uma nítida diminuição do fluxo de automóveis nas zonas urbanas, aliviando os congestionamentos, reduzindo a poluição do ar, a poluição sonora e o excesso de acidentes em todas as vias de nossas cidades. São milhares de vidas poupadas e bilhões de reais economizados. Basta ver que a cada 10% de redução nos acidentes correspondem à economia de R$ 25 bilhões aos cofres públicos.

Há, também, dados trazidos pelo Índice de Exposição a Crimes Violentos (IECV), elaborado pelo Instituto Sou da Paz, que mostram que os crimes violentos sofreram retração de 11% em 71% dos municípios paulistas em 2020. O isolamento social foi responsável por esses números, na medida que a diminuição de circulação de pessoas nas cidades tem reflexos na dinâmica criminal, reduzindo as oportunidades de crimes.

Também no Mato Grosso do Sul houve redução geral da violência, com destaque para as mortes decorrentes de intervenção policial que foi de (-53%). Contrariamente ao que acreditava o próprio governo, que chegou a traçar cenários de saques e invasões de supermercados, boa parte dos estados brasileiros registrou, em 2020, diminuição no número de crimes diversos.

Diminuíram os indicadores de roubos e furtos nos domicílios em todo o país. Obviamente que são reduções que não alteram o fato de o Brasil ainda ser um dos campeões mundiais em violência, mas dão uma certa perspectiva de que há possibilidades reais em trazer os índices de violência para patamares próximos de países desenvolvidos.

Claro que esses indicadores não possuem a capacidade de esconder que estamos na iminência de atingir a cifra de quase meio milhão de mortes em decorrência da Covid-19 e outras doenças muitas vezes penduradas na conta da pandemia.

Deixando as estatísticas nacionais num canto, é preciso notar, com relação especificamente à capital do país, uma expressiva diminuição de mortes tanto no trânsito quanto nos crimes de forma geral. Em Brasília, em 2020, houve queda de nada menos do que 50% nos crimes de feminicídio. De acordo com levantamento da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) indica que, em 2020, foram registrados 11,4 homicídios por 100 mil habitantes, índice mais baixo desde 1980. Também efeitos trazidos pela pandemia. É o lado bom da coisa ruim.

A frase que foi pronunciada

Todo mundo acha que nós criamos problemas com a China, menos a China.”

Ex-chanceler Ernesto Araújo

Ministro Ernesto Araújo. Foto: Folhapress / Pedro Ladeira

Estacionamento

Enorme área na Granja do Torto com postes de iluminação funcionando bem e iluminando o nada. Veja a seguir.

Sacrifício

Hoje, das 7h às 23h, o fornecimento de água na parte norte da cidade será suspenso. Lago Norte, Taquari e Sobradinho. “Os serviços vão aumentar a capacidade de transferência de água para a região norte e garantir maior confiabilidade na operação do sistema.”

Caesb. Foto: destakjornal.com.br

Lógica científica

Se um governo não tem oposição é porque algo está errado. Durante os governos Lula e Dilma, não houve oposição que engrossasse a voz contra qualquer atitude suspeita, verba desviada, até a inutilidade de uma tomada com padrões novos foi recebida de braços abertos. Havia algo de podre e não era no governo da Dinamarca. É bom ver oposição a um governo que o povo apoia. A urna eletrônica com o voto impresso vai chancelar a vontade do brasileiro. Se deixarem…

Foto: bbc.com

História de Brasília

Mas havia esperança no país. Apenas meia dúzia de pelegos estrebuchava espumante, conta o homem. Forças Armadas, a favor. Povo a favor. Trabalhadores a favor. E veio a notícia bomba: o homem renunciou. (Publicada em 02.02.1962)

Estamos sós

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Charge do Fred

 

Lições vindas de todo o tempo e lugar na história humana demonstram que, em tempos de guerra contra um inimigo comum, como é o caso da atual pandemia, foi contando com a união comandada de esforços que nações, das mais diversas culturas, lograram sair-se vencedoras. É em períodos assim que despontam aqueles que possuem liderança capaz de reunir, em torno de si, populações ordeiramente encorajadas para enfrentar momentos de grande agonia.
Não há outro caminho possível, exceto a rendição. No caso específico do Brasil, esses exemplos e ensinamentos de nada serviram, uma vez que nossas lideranças, momentâneas, todas elas, mostraram, na prática, o quão incapazes são para, ao menos, coordenar um esforço conjunto em defesa da nação. Falharam as lideranças e falhou, também, boa parte da população, ao se mostrar arredia às mínimas recomendações de saúde pública.
Temos um longo caminho pela frente para preparar os indivíduos, transformando-os em cidadãos cônscios de seus direitos e deveres e, dessa massa formada, retirar verdadeiras lideranças, capazes de se mostrarem eficazes e éticas na paz e na guerra. O que temos visto até aqui, em torno dessa virose até então desconhecida e traiçoeira, que oscila em ondas cada vez mais mortais, é um suceder de disputas e rinhas políticas, mesquinhas e pessoais, que nada trazem de benefício à população.
Mesmo aqueles que se mostram insistentes para que a população seja o mais rapidamente possível vacinada, o fazem para forçar o retorno a uma normalidade utópica, de modo a facilitar a retomada de seus intentos pessoais. Uma leitura atenta ao que ocorre neste momento em todos os noticiários do país, e mesmo do exterior, mostra que o Brasil está sem lideranças à altura dos acontecimentos atuais.
A população, que a tudo assiste espantada e perplexa, não sabe como proceder, encontrando-se entre a clausura extrema e o relaxamento total das medidas de segurança. Ruas comerciais, shoppings, aeroportos e feiras lotados dão uma mostra de quanto estamos perdidos em meio ao tiroteio geral.
Incrivelmente, temos, à frente do Ministério da Saúde, um general intendente, mas que, por ordens superiores, não pode exercer e pôr em prática seus conhecimentos de logística. A essa altura da batalha, todos os hospitais do país, inclusive os particulares e especializados que, em tese, não cuidam desse tipo de enfermidade, estão todos reunidos no combate à pandemia.
Não vale aqui citar esses centros de excelência médica que, nessas horas, fingem-se de mortos para não participarem do esforço coletivo. Na ausência de lideranças com voz e razão, seguimos na base do improviso, entregando todo o grosso do problema nas mãos de médicos e enfermeiros já sobrecarregados, exaustos e sem recursos.
Os planos de saúde que, neste momento extraordinário, deveriam relevar questões de lucros, só estão agindo por força de medidas judiciais, por meio de processos de Ação Civil Pública (ACP) que obrigam os planos a prestarem atendimento de emergência e urgência a todos os filiados, mesmo fora do período de carência contratual.
A logística de guerra que outros países puseram em prática para fazer a máquina do Estado dar uma resposta forte à pandemia, por aqui, não foi sequer ensaiada. A coordenação desse gigantesco esforço de guerra, que deveria vir de cima, das altas esferas, não veio.
Em lugar algum se viu, até aqui, qualquer desses políticos e outras falsas lideranças em visita aos hospitais, à frente dos pelotões, comandando o esforço de guerra pessoalmente. Estamos sós, entregues ao acaso, ao sabor das correntes e à deriva, em meio à tempestade em alto mar.

 

Imperdível

Quem não foi ainda há tempo. A partir das 19h30, na Torre de TV, um espetáculo de luz, imagem e som.

 

Ao contribuinte

Cada recibo impresso de impostos e taxas pagos à Secretaria da Fazenda do DF não há discriminado a que imposto ou taxa se refere: IPTU, IPVA, ITCD, ou qualquer outra taxa. A única relação com a cobrança é o código de barras. Seria pensar na segurança e organização do contribuinte detalhar no recibo pago a referência completa.

 

Online

Uma das melhores páginas do Governo Federal para se navegar é a do Ministério da Infraestrutura. Simples e amigável, além do conteúdo que aponta uma excelente gestão, a forma facilita o acesso às informações. Ministro Tarcísio Gomes e equipe acertaram.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

Tente

Por falar em gestão, seria uma surpresa, no comércio, que os donos da loja aparecessem para verificar o atendimento. Ou nas grandes empresas, que os donos telefonem para pedir informações. Veriam com os próprios olhos e ouviriam com os próprios ouvidos o que passam os contribuintes.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Quando falo em política, não cito nenhum dos nomes acima. Cito Carvalho Pinto, como exemplo de equilíbrio, de hombridade e de decência. (Publicado em 21/01/1962)