Espada na mão, venda nos olhos e o futuro do Brasil

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Imagem: Reprodução/TV Globo

         No Brasil, já se sabe, a radicalização política é uma forma de manter o status quo dentro de uma primícia antiga, na qual o atraso e o subdesenvolvimento tornaram-se o único projeto de futuro. Um projeto, diga-se de passagem, comum a todos os protagonistas políticos, sejam eles de esquerda ou direita. Na realidade, dada a inconsistência do quem vem a ser ideologia de esquerda ou de direita, qualquer matiz político tem servido como vestimenta ou fantasia temporária nas eleições.

         Depois de eleito e empossado, essas tendências desaparecem da mesma forma como vieram: sem deixar rastros. Houvesse uma preocupação real por parte do Congresso em debater, preliminarmente, os programas de governo de cada candidato, verificando a plausibilidade de cada um diante da realidade nacional, outra seria a eleição. A publicação do Correio Braziliense de 26/08, sob o título “Ciro diz que Lula copiou sua proposta para reduzir endividamento”, mostra que não há seriedade na elaboração da diretriz governamental.

         Houvesse também, por parte da Justiça que porta a espada, uma peneira, capaz de filtrar e barrar aqueles postulantes maculados por crimes, outra seria a eleição. É essa incapacidade orgânica da Justiça da venda nos olhos, de formalização legal de candidatos capazes de enfrentar os problemas nacionais, que está na origem da atual e tumultuada campanha eleitoral.

         A entrega dos destinos do país nas mãos de uma quantidade enorme de partidos sem consistência e com a visão voltada apenas para o próprio umbigo, deu no que deu. Persistir nesse caminho é aprovar a permanência desse nefasto e secular projeto de atraso. Há candidatos de sobra e cidadãos de menos. Da mesma forma, há partidos demais e agremiações políticas, de base popular e autênticas, de menos. Para situações extremadas como a vivida no presente, talvez caberiam soluções do mesmo porte.

         Uma medida, capaz de pôr ordem no banzé eleitoral e que vem sendo defendida, não abertamente, mas no silêncio das confabulações racionais, é a de adiar, por mais um ano, as eleições, preparando o terreno e abrindo veredas para um novo e civilizado pleito, onde o instituto da reeleição seria banido, de vez. O mandato para presidente da República passaria de quatro para cinco anos.

          O enxugamento do número de legendas seria posto em prática. O instituto da ficha limpa mantido conforme o desenho feito pela população. O retorno da Lei da Improbidade Administrativa mantido conforme foi proposto em sua origem. A impressão física do voto implementada com a intenção de dirimir quaisquer dúvidas.

         Com essas medidas apenas, a chanchada eleitoral cederia lugar a uma campanha moderna e de primeiro mundo. A partir dessas medidas essenciais, outras mudanças importantes para o país viriam por inércia natural, como é o caso das reformas tributária, política e administrativa. Dizer que somente os gênios são capazes de enxergar o óbvio não resolve a questão. A questão aqui é não ter medo de ousar e resolver de vez os problemas que afligem a população e não ficar buscando eternamente meios de resolver os problemas dos políticos e de suas legendas, dando-lhes, além de bilhões de reais, todos os meios possíveis para que apenas eles e seus grupos permaneçam como cidadãos de primeira classe.

         A questão aqui é colocar a população na primeira classe, relegando o Estado o lugar que lhe cabe, que é o de servir ao povo e não servir-se do povo.

 

A frase que foi pronunciada:

“Meu mal-estar originou-se da certeza, personalizada por Lula, de que o Brasil se condenou a vagar num cemitério abandonado de princípios e ideias.”

Mario Sabino

Mario Sabino. Foto: Renzo Fedri/O Antagonista

 

Sem pé nem…

Orlando Silva está preocupadíssimo com a segurança dos servidores da Justiça Eleitoral e mesários que vão trabalhar nas eleições. Pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, prometeu enviar um ofício ao TSE atentando para a necessidade de garantir a segurança dos mesários. Segundo o deputado, ameaças físicas podem até colocar em xeque o resultado final das eleições. Temor que não faz o menor sentido. Durante o resultado final os mesários já estarão no aconchego do lar.

Deputado Orlando Silva. Foto: camara.leg

 

Luz

Foi uma verdadeira aula de Pedagogia, Filosofia, História e Política o encontro no plenário do Senado durante a homenagem ao Instituto Sathya Sai de Educação do Brasil (Isseb). Bem representado pelo senador Girão, o Ceará e seu povo foram assunto na sessão especial com a presença de diretores, coordenadores e alunos.

 

100 Dúvida

Por falar em Paranoá, ontem a candidata ao Senado Damares estava em um palanque móvel com caixas de som. A ex-ministra, atacada implacavelmente pela imprensa, causou um reboliço na cidade. Virou o jogo e, pelos projetos sociais, conquistou o povo.

 

História de Brasília

Bueiros sem tampões em frente ao Clube Unidade de Vizinhança causaram vários desastres durante as festas de Carnaval. Uma moça quase quebra duas pernas. (Publicada em 09.03.1962)

Frankstein

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Jindelt

 

Nada como eventos imprevisíveis e incontroláveis pelos seres humanos para mostrar a viabilidade de outros caminhos, renovando e empurrando velhos conceitos para fora da estrada. Foi assim com a pandemia. De repente, o home office, uma opção de trabalho puramente racional e adequada a um mundo congestionado e superpopuloso, e que parecia longe da realidade brasileira e mundial, ao menos na visão dos antigos modelos burocráticos impostos aos trabalhadores, tornou-se o novo normal, com pessoas cumprindo suas tarefas diárias sem sair de casa, economizando recursos, para si e para o país.

Em certo sentido, essa mudança na direção dos ventos pode ser aplicada também, guardada as devidas proporções, à chamada Federação de Partidos. Instituída pelo Congresso Nacional em 2021, dentro da meia-sola que foi a reforma política, em plena pandemia, permitiu que as legendas pudessem atuar unificadamente em todo o país, no que se pretende ser uma futura fusão de partidos.

Na verdade, a federação foi uma gambiarra feita, de modo improvisado, para impedir que as pequenas legendas naufragassem no quesito representatividade, atraindo-as para as legendas maiores e, com isso, aumentando o tempo de propaganda e de recursos oriundos dos fundos eleitorais e partidários.

Mesmo sendo obrigadas a permanecerem coligadas depois das eleições, não há, evidentemente, afinidades programáticas entre os elementos que formam o conjunto de federações. De fato, ninguém, nem mesmo os eleitores, conhecem os novos estatutos dessas Federações. O que importa aqui é saber que as Federações, mesmo antes do pleito de outubro, demonstram, na prática, a possibilidade concreta de que se estabeleça um novo modelo de representação, em que quatro ou cinco forças políticas, no máximo, tenham assento no Congresso, acabando com a miríade de legendas, a grande maioria, siglas de aluguel e sem importância alguma.

A pandemia, a possibilidade de trabalho remoto dos próprios congressistas, a polarização política, os atentados, como o sofrido pelo então candidato Bolsonaro em Juiz de Fora, e a insegurança geral vão empurrando as campanhas para fora das ruas, longe do contato direto com o público. Nesse novo modelo, as redes sociais ganharam terreno e parecem ditar o jeito atual de fazer campanhas. Todas essas alterações radicais seriam impensáveis até três anos atrás. É a política a reboque da ocasião.

Se, por um lado, a pandemia forçou o aparecimento de novos modelos políticos, no que pode ser chamado de reforma política pandêmica, a reclusão forçada e o medo da doença e mesmo a luta pela vida forçaram os cidadãos a se distanciar do dia a dia da política. Foi justamente, nessa ocasião de recolhimento geral, que ministros do Supremo encontraram, nas filigranas jurídicas, o caminho que desejavam para empurrar, goela abaixo da sociedade, a candidatura de um ex-presidiário, embaralhando e conspurcando as eleições, criando um factoide surreal, que ameaça o próprio futuro democrático do país.

Lula é, de fato, o candidato que os ministros, das altas Cortes, querem de volta à Presidência. Não apenas eles, mas os banqueiros, os empresários, que sempre tiveram no Estado seu cliente mais rentável e outros que enxergam e anseiam pela volta do país ao período pré Operação Lava Jato. Como candidato favorito nas pesquisas pouco detalhadas, Lula afirma que não irá participar de debates. Quando estava na prisão, fez o que pôde e o que não pôde para participar dos debates. Agora diz que não vai se expor. Ao eleitor, que a lei obriga o comparecimento às urnas, não é dada a faculdade de se eximir.

A legislação precisa obrigar os candidatos a participar dos debates. Afinal, essa é a maneira do eleitor conhecer o caráter e as propostas de cada um desses postulantes. Com altíssima intenção de votos, mas sem poder caminhar livremente pelas ruas, e sem participar de debates com outros adversários, Lula tornou-se o candidato de laboratório que, à semelhança da criatura, trazida ao mundo, pelo cientista Victor Frankenstein, no romance de Mary Shelley, de 1818, sonha em reacender os tempos sombrios da era petista.

 

A frase que foi pronunciada:

“Qual a diferença entre o capitalismo e o comunismo? O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O comunismo é o inverso.”

Piada polonesa

Charge: Rayma

 

Sonegação

Com menos R$10,1 bilhões de impostos arrecadados sobre o ISS nos últimos seis anos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sonegação Fiscal do Sistema Financeiro do Distrito Federal, da Câmara Legislativa, encaminhou o documento final assinado pelo relator deputado Delmasso. Foi encaminhado ao TCDF e ao Ministério Público do DF para as tomada de providências. O deputado distrital Delmasso lembra que esse é praticamente o mesmo valor do orçamento destinado à Saúde.

Foto: jornaldebrasilia.com

 

Reguffe

Por falar nisso, mais uma vez o único representante do DF que encara os planos de Saúde vai ao plenário do Senado criticar a ANS por mais um reajuste. A previsão é que o valor seja incrementado em quase 16%. A decisão já foi publicada no Diário Oficial da União. Para quem não sabe, o senador Reguffe abriu mão do Plano de Saúde do Senado, que, como parlamentar, teria o direito vitalício.

Senador Reguffe. Foto: senado.leg.br

 

Agência Senado informa

Controle da poluição e defesa da sustentabilidade. Essas são as razões do Senado Federal estar iluminado pela campanha Junho Verde. A proposta foi dos senadores Jaques Wagner Confúncio Moura e Fabiano Contarato.

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

História de Brasília

Pensei em fazer uma campanha, mas num deles encontrei uma coisa que ninguém encontra noutra parte a não ser em camelôs: barbatanas para camisas. (Publicada em 01.03.1962)